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A SOCIEDADE DE ANTIGO REGIME EM PORTUGAL

 Preponderância da nobreza fundiária

A restauração da independência, em 1640, por iniciativa da nobreza, concedeu a estes grandes


proprietários de terras um papel social importante, reforçado pelos cargos na governação, na
administração ultramarina e no comércio. Assim, a sociedade de ordens em Portugal
caracteriza-se pela preponderância política da nobreza de sangue e pelo afastamento da
burguesia do poder.

A debilidade da burguesia portuguesa deveu-se, em grande parte, à centralização das


actividades mercantis nas mãos da Coroa e da nobreza e à perseguição de judeus e cristãos-
novos pela Inquisição.

 O cavaleiro-mercador

Em Portugal, a nobreza mercantilizada (que se dedica ao comércio) dá origem ao “cavaleiro-


mercador”, que investe os lucros do comércio não em actividades produtivas mas em terras e
bens de luxo. Isto tem duas consequências: a difícil afirmação da burguesia portuguesa (que só
no século XVIII, já com o Marquês de Pombal, ganhará preponderância) e o atraso económico
de Portugal em relação a outros países da Europa.

 Relações entre o aparelho burocrático e a centralização do poder

Ao longo dos séculos XVII e XVIII os reis portugueses procederam a uma centralização do
poder:

Século XVII – Depois do domínio filipino, D. João IV reestrutura os órgãos da administração


central para enfrentar a guerra. Não sendo um rei de tipo absolutista criou órgãos em quem
delegava poderes (Secretarias e Conselhos). Ao longo do século XVII as resoluções tomadas em
Cortes tinham cada vez menos importância para a governação do reino, que a sua convocação
foi-se tornando cada vez mais rara (até se extinguirem, praticamente, a partir de 1697).

Século XVIII – a figura mais marcante do absolutismo português, o rei D. João V, teve um papel
muito interveniente na governação, remodelando os órgãos do aparelho de estado e
rodeando-se de colaboradores de confiança. Contudo, o Estado não se tornou mais eficiente
para os súbditos: faltava a ligação entre a administração central e a administração local e a
dependência de todas as decisões da aprovação do rei, tornava qualquer pedido num processo
muito lento. Na prática, a burocracia afastava o povo do rei.

 Características do absolutismo joanino

O fenómeno da “encenação do poder” também estava presente na monarquia absoluta


portuguesa, em particular no reinado de D. João V. Tal como Luís XIV, D. João V realçava a
figura régia através da magnificência (luxo) permitida pelo ouro e diamantes do Brasil, da
autoridade e da etiqueta, de que se salientam os seguintes aspectos:
- Subordinação das ordens sociais (não reúne Cortes);

- Apoio às artes e às letras (criação da biblioteca da Universidade de Coimbra e da Real


Academia de História);

- Envio de embaixadas ao estrangeiro;

- Distribuição de moedas de ouro pela população (o que lhe valeu o cognome de “o


Magnânimo” – o generoso);

- Política de grandes construções (em especial a do palácio-convento de Mafra, obra que se


tornou no símbolo do seu reinado).

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