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Módulo 6

- Civilização industrial - Economia e Sociedade; Nacionalismos e


Choques Imperialistas

UNIDADE 4 – PORTUGAL, UMA SOCIEDADE CAPITALISTA


DEPENDENTE
4.1. A REGENERAÇÃO ENTRE O LIVRE-CAMBISMO E O PROTECIONISMO
(1851-1890)

4.1.1. UMA NOVA ETAPA POLÍTICA

1851 – Golpe de Estado levado a cabo pelo marechal-duque de Saldanha


Depõe Costa Cabral.
- Origem de uma nova etapa política do Liberalismo: Regeneração

REGENERAÇÃO:

Período político em Portugal entre 1851 e o fim do séc. XIX


Objetivo: estabelecimento de concórdia social e política; desenvolvimento
econômico
➢ Período áureo da Regeneração: 1851-1868 (termina com a revolta popular da
Janeirinha contra o agravamento fisca)l
➢ Pretende conciliar diversas facções do Liberalismo e harmonizar os
interesses da alta burguesia com os das camadas rurais e da pequena e
média burguesias
➢ “Nome português do capitalismo” segundo o historiador Manuel Villaverde
Cabral

➢ Revisão da Carta Constitucional – o Ato Adicional de 1852 alarga o sufrágio e


estabelecer
➢ eleições diretas para a Câmara dos Deputados
➢ Assegura-se o rotativismo partidário – alternância no poder dos partidos
políticos
➢ Promoção de reformas económicas – progresso material do país

4.1.2. DESENVOLVIMENTO DE INFRAESTRUTURAS: TRANSPORTES E MEIOS


DE COMUNICAÇÃO
Atenção especial da Regeneração ao desenvolvimento dos transportes e dos meios
de comunicação – infraestruturas fundamentais para o progresso económico e para
a modernização.

FONTISMO:
- Do seu dinamizador António Maria Fontes de Pereira de Melo – engenheiro
que chefiou o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria em 1852
- Construção rodoviária: Expansão da rede de estradas macadamizadas
Revolução ferroviária:
- O primeiro troço de via-férrea inaugurado pelo rei D. Pedro V em 1856
Lisboa-Carregado
- o 1864: ligação à fronteira no Baixo Alentejo (linha do Leste) e a Vila Nova de
Gaia (linha do Norte)
- Nos anos seguintes o comboio chega a outros sítios: Minho (1877), Beira
Alta
(1882), Trás-os-Montes (1883), Algarve (1889) e Beira Baixa (1893)
o No fim do século, todo o país estava unido pela rede ferroviária

Construção de pontes – indispensável para a circulação rodoviária e ferroviária


● Inauguração da ponte D. Maria Pia (1877) – permite a chegada do comboio
ao Porto
● Ponte de Viana do Castelo (rodoviária e ferroviária)
● Ponte rodoviária D. Luís (1886)
● Ponte internacional de Valença (rodoviária e ferroviária) – liga Portugal à
Galiza
● Construção de portos – obras de ampliação no porto de Lisboa, porto artificial
de Leixões, ambos na década de 80
● Instalação do telégrafo (1857) e do telefone (em Lisboa e Porto em 1882)
● Reformas nos correios na segunda metade do séc. XIX – primeiros selos
adesivos em 1853
● Automóvel e carro elétrico comuns no final do século.

RESULTADOS:
● Criação do mercado único nacional – quebrar o isolamento das regiões (até
aí abastecidas pelos mercados locais típicos do Antigo Regime)
● Estradas e caminhos-de-ferro, uniformização dos pesos e medidas – facilita a
ligação de vários espaços interiores entre si e com o litoral
● Garante de abastecimento uniforme
● Estimulação do consumo de massas
● Fomento das atividades económicas (agricultura e indústria)
● Alargamento das relações internacionais (com os transportes e as
comunicações)
4.1.3. DINAMIZAÇÃO DA ATIVIDADE PRODUTIVA

SOB O SIGNO DO LIVRE-CAMBISMO

1852 – Nova pauta alfandegária que visava maior liberação do comércio – descida
das taxas sobre as importações
Orientação livre-cambista da Regeneração durante aproximadamente 40 anos –
intercalada com medidas protecionistas periódicas – livre-cambismo mitigado
Adesão do país ao movimento das exposições internacionais/universais
● Festas de trabalho/festas de civilização
● Participação ao enviar delegações ou promovendo-as
● Proporcionam atualização científica e tecnológica (formas energéticas, de
iluminação e de transporte)
● Proporcionam contactos internacionais para trocas comerciais

EXPLORAÇÃO CAPITALISTA DOS CAMPOS

● Exploração capitalista faz-se sentir da agricultura, com a abertura dos


mercados externos consequentes do livre-cambismo e da dinamização dos
transportes
● Movimento de libertação da terra dos vínculos de caráter feudal
● Extinção definitiva dos morgadios (1863) – permite daí em diante a partilha
de bens da nobreza até aí só transmitidos ao filho varão primogénito
● Abolição dos baldios, pastos comuns e arroteamentos – aumenta a superfície
cultivada
● Redução do pousio e aproveitamento intensivo da terra
● Difusão de máquinas agrícolas e adubos químicos (estes a partir da década
de 60)
● Exposições agrícolas e pecuárias mostram as novas máquinas e técnicas
agronómicas

A produtividade cerealífera mantém-se inferior à europeia.


A inovação tecnológica colide com a falta de poder de compra da maioria dos
agricultores e a pequena dimensão das suas explorações.
A mecanização torna-se mais significativa nas lezírias (arroz) e nas planícies
alentejanas (trigo) do que no norte do país.
As principais produções portuguesas dirigem-se a França e Inglaterra – vinhos
(douro, bairrada, estremadura, ribatejo), gado vivo, casulos de seda, cortiça,
laranjas e frutos secos.
A especialização da agricultura portuguesa está maioritariamente voltada para
mercados externos
– gera insatisfação para a economia portuguesa na década de 80 (crise financeira
de 1880-1890)
INDUSTRIALIZAÇÃO

Progressos:
Criação do ensino industrial (1852) – formação de técnicos
Diversificação dos ramos industriais – juntam-se os setores do tabaco, papel,
moagem, fósforos, indústria corticeira e conversas de peixe às tradicionais
indústrias do têxtil, da metalurgia, da cerâmica e do vidro.
Crescimento em número das unidades industriais e de operários (maior
concentração do setor têxtil, especialmente no Norte – centro da têxtil algodoeira)
Aperfeiçoamento tecnológico – aumento da importação de máquinas industriais e
registo de patentes de invenção; multiplicação da força motriz oriunda do vapor
Abastecimento de matérias-primas – importação de algodão para o setor têxtil
desde 1875
Expansão de sociedades económicas – dinâmica capitalista

Bloqueios:
Fraca competitividade internacional das unidades industriais portuguesas – 10% da
produção era suscetível de ser exportada
Pouca população a trabalhar no setor secundário (em 1890, nem 20% da
população)
Preponderância das oficinas e do trabalho domiciliário
Take-off industrial com um século de atraso relativamente à Grã-Bretanha
Fracas condições para aguentar a concorrência forte das potências
Mercado interno pouco estimulante – pouco poder de compra/quando se encontrava
com algum poder de compra, optava-se pela produção estrangeira
Inexistência ou precariedade de algumas matérias-primas (algodão completamente
importado, carvão de má qualidade, ferro escasso)
Má preparação dos recursos humanos (tanto de empresários como operários) –
atraso na industrialização
Capital: os capitalistas portugueses não se mostram interessados pelo investimento
industrial, mas sim pelos setores imobiliários e financeiros (proporcionavam mais
segurança)

4.1.4. NECESSIDADE DE CAPITAIS E MECANISMOS DE DEPENDÊNCIA


O liberalismo económico vigente em Portugal da altura fomenta a abertura ao capital
estrangeiro.
Política de obras públicas à custa de muitos investimentos externos:
As principais linhas de caminhos-de-ferro foram feitas com o dinheiro do Brasil, da
França, da Espanha e da Grã-Bretanha
Companhias de telégrafos e telefones, fornecimento de gás e água, transportes
urbanos (Carris), seguros, banca e comércio – alimentados por investimentos
estrangeiros.
Também na indústria: extração mineira, atividades corticeiras, tabaco, metalurgia
O historiador Oliveira Martins considera a influência do investimento estrangeiro
nefasta, pois as indústrias e comércios do país que não pertenciam ao Estado
estavam à mercê dos estrangeiros.
A Regeneração acaba por se tornar dependente:
Défice das finanças portuguesas – excesso de despesas relativamente às receitas –
as receitas vão alimentando cofres alheios e as despesas crescem
proporcionalmente às obras públicas, à expansão colonial e ao investimento na
educação.
Aumento dos impostos não basta para solucionar o problema do défice.
Recorre-se aos empréstimos – a despesa cobre-se com os empréstimos e os juros
da dívida
pública pagam-se recorrendo a novos empréstimos – finanças num ciclo vicioso
Resulta no défice orçamental cada vez mais elevado e crónico

4.2. ENTRE A DEPRESSÃO E EXPANSÃO (1880-1914)


4.2.1. A CRISE FINANCEIRA DE 1880-1890

Economia portuguesa passa por momentos bastante difíceis na penúltima década


do séc. XIX devido a:
● Fracos alicerces da política económica da Regeneração
● Circunstâncias externas

COMÉRCIO EXTERNO:
O livre-cambismo da Regeneração favorece as exportações agrícolas – desde a
década de 70 a agricultura perde mercados de exportação tradicionais por causa
dos acidentes conjeturais e da concorrência estrangeira:
● O mercado britânico troca os vinhos do Douro pelo xerez espanhol;
● Substitui o gado português pela compra de carne congelada americana;
● Doenças das plantas; filoxera ataca as vinhas 1876: crise e desaparecimento
da sericicultura – doença dos bichos-da-seda e a preferência dos franceses
pela seda não europeia
● As exportações agrícolas diminuem mas as importações de artigos industriais
não acompanham:
● Apesar da industrialização não seja comparável à de outros países,
● O livre-cambismo inunda o país de produtos industriais estrangeiros (baratos
e competitivos)

Comércio externo resulta numa situação de crise e défice, de saldo negativo entre
exportações - importações (entre 1880-1890 as importações atingem quase o dobro
do valor das exportações).
Em 1890, os banqueiros londrinos() que concordam num grande empréstimo ao
Estado português abrem falência – não há maneira de cobrir o défice das finanças
públicas/défice orçamental que cresceu imenso nos anos anteriores a essa falência.
A economia brasileira em 1888 e 1889 tem algumas dificuldades que resultam da
diminuição das remessas de dinheiro dos emigrantes (dificuldades essas
relacionadas com a abolição da escravatura e proclamação da República)
Situação financeira gravíssima entre 1890-1892

● Portugal decreta inconvertibilidade das notas bancárias em ouro


● Janeiro de 1892 é declarada a bancarrota – confissão pública da
incapacidade de resolver a dívida
● O país tem de repensar o modelo económico do projeto regenerador

4.2.2. SURTO INDUSTRIAL DE FINAL DO SÉCULO

Antecedentes:
● Grave crise financeira
● Fracasso do livre-cambismo
1892 – Publicação de uma nova pauta alfandegária de caráter protecionista
● Procura-se garantir condições vantajosas para colocação de produtos
agrícolas e industriais no mercado nacional e nas colónias
O comércio colonial torna-se fundamental ao desenvolvimento económico português
(1891-1914)

INDÚSTRIA:
Consolidação dos progressos da primeira fase da Regeneração
Difusão da energia e vapor
Prosseguimento da mecanização do têxtil, da moagem e da cerâmica de construção
Introdução das tecnologias e inovações da segunda revolução industrial: indústria
química (adubos e tintas para têxteis), indústria dos cimentos; eletricidade; tabacos,
tintas e vernizes, conservas de peixe e metalurgia – desenvolvimento considerável
Conjuntura de crise empurra a indústria para a concentração – grandes companhias
de acumulação de capital:
● Têxtil – Companhia Aliança
● Tabacos e fósforos – Companhia dos Tabacos; Companhia dos Fósforos
● Cimentos – Companhia de Cimentos do Tejo
● Produtos químicos - Companhia União Fabril – CUF
● Moagem e vidros
● Transportes – Caminhos de Ferro e Carris
● Serviços públicos – Água, Gás, Eletricidade, Telefones
● Seguros – Bonança, Fidelidade
● Bancos e exploração colonial – Companhias dos Caminhos de Ferro de
Benguela, do Niassa, da Zambézia
- Polos urbano-industriais – Guimarães, Braga, Porto, Lisboa, Barreiro e Setúbal
4.3. TRANSFORMAÇÃO DO REGIME POLÍTICO NA VIRAGEM DO SÉCULO
4.3.1. PROBLEMAS DA SOCIEDADE PORTUGUESA E CONTESTAÇÃO DA
MONARQUIA
Alteração da sociedade portuguesa aquando da industrialização fontista.
● Ainda predominância rural
● Crescimento das cidades
● Crescimento das classes médias e operariado
● Massas urbanas mais conscientes, atentas e reivindicativas
● Progressos na instrução, proliferação de jornais – formação da opinião
pública
● Opinião pública tem um papel primordial nas últimas décadas da monarquia

CRISE POLÍTICO-SOCIAL E EMERGÊNCIA DE IDEIAS REPUBLICANAS

Sistema político vigente: rotativismo partidário – alternância no Governo dos dois


principais partidos monárquicos (Regenerador e Progressista)

Resultados:
● Manipulação das eleições e da vida política em geral
● Falta de um programa coerente de governo
● Incompetência de muitos elementos do governo
● Rivalidades e interesses desgastam a imagem da classe pública portuguesa
● Alvo de críticas – as culpas pesavam sobre o rei
● Sensação de desânimo (1880) em relação ao otimismo das primeiras
décadas da Regeneração
● Há uma consciência da debilidade económica do país e sente-se a
aproximação de tempos ainda mais difíceis.
Quadro social:
● Saem emigrantes dos campos mal cultivados para o Brasil
● Nas cidades existe a classe operária miserável – mal alojada e alimentada,
na sua maioria analfabeta
● As classes médias conciliam com dificuldade os salários fracos com a vida
que o seu estatuto lhes impunha
● Pequena alta burguesia com poder político
● Descontentamento geral e espíritos receptivos à mudança como o
republicanismo e o socialismo.

Partido Republicano:
Fundado em 1876
● Capitaliza a seu favor a crise económica e o descrédito me que se
encontravam os partidos monárquicos
● Tom violento e populista
● Violentas críticas ao rei e aos governos – decadência nacional
● Invocam “virtudes cívicas” e o “verdadeiro patriotismo” sobre nomes do
passado como Camões e Marquês de Pombal – espelham-se qualidades
intrínsecas do “génio português” que se encontrava abafado por uma
monarquia que consideravam velha e incapaz de ressurgir o país.
● A expressão eleitoral do Partido Republicado foi crescendo ao longo da
última década do século XIX – cresce também o clima de exaltação patriótica
QUESTÃO COLONIAL E ULTIMATO BRITÂNICO

A questão dos territórios africanos era um dos temas mais falados entre a opinião
pública
● 1881 - Sociedade de Geografia de Lisboa elabora um projeto de ocupação do
território que ligava Angola e Moçambique numa faixa contínua – apelo a
uma subscrição pública para recolha de fundos para o estabelecimento de
“estações civilizadoras)
● “Mapa cor-de-rosa”
● Governos de D. Luís e D. Carlos lutam para se concretizar esse projeto.
● Contactos diplomáticos e exploração e ocupação dos territórios de acordo
com a Conferência de Berlim
● As pretensões expressas no mapa cor-de-rosa chocam com a intenção
britânica de formar também uma faixa contínua de território no sentido
sul-norte (do Cabo ao Cairo”

11 De Janeiro 1890 – Ultimato britânico


● Impõe-se sob pena de corte diplomático a retirada imediata das forças
expedicionárias portuguesas da zona em disputa
● Após reunião imediata entre o Governo e o Conselho de Estado sob a
presidência de D.Carlos, o Governo cede às exigências à Inglaterra, temendo
dar-lhe oportunidade de tirar territórios mais vastos por via da força.
● Vaga de revolta pelo país – tumultos e manifestações anti inglesas
responsabilização monárquica por esta humilhação
Começa a tomar corpo uma ideia de um movimento militar para a substituição do
regime:
31 De Janeiro 1891 – primeira tentativa de derrube da monarquia
● No rescaldo do choque do Ultimato
● Mal organizada
● Carente de apoios financeiros
● Sem cooperação de elites republicanas e de quadros superiores do exército
● Revolta fracassou

DO REFORÇO DO PODER REAL À IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA


A Revolução do Porto agudiza a consciência do desgaste das velhas instituições
públicas.
O sistema rotativista resulta num fracasso – sente-se necessidade de uma
autoridade forte
Clima propício ao reforço do poder real – contraponto ao republicanismo crescente
D. Carlos assuma uma posição o mais interventiva possível:
● Chama ao Governo novas personalidades
● Reformas necessárias
● O seu esforço é invalidado pelo hábito generalizado de contestação de
qualquer ato governativo
ANTECEDENTES DA REPÚBLICA:

● Greves (em especial em 1903 e 1907)


● Tumultos de rua mais frequentes
● Organização de novas associações revolucionárias

o Carbonária foi a mais importante sociedade secreta que visionavam o


derrube da monarquia por meios violentos, incluindo o assassinato político, os
autores do regicídio pertenciam à Carbonária

Discussão à volta da questão colonial

Chefe de governo João Franco (1906) começa por governar de forma liberal (à
inglesa) mas viu-se obstruído pelo Parlamento

Parlamento agitado por escândalos financeiros e agressividade da oposição

Dissolução do Parlamento a pedido do ministro. João Franco passa a governar “em

ditadura” (abril 1907)

Ditadura de João Franco e repressão sobre republicanos atiça ainda mais os


ânimos

Resulta a 1 de fevereiro de 1908 no assassinato do rei D. Carlos e do príncipe


herdeiro D. Luís Filipe

O regicídio coloca no trono D. Manuel (II) de apenas 19 anos – procura governar


num clima de transigência e compromisso sob o lema de “acalmação”

4 de outubro 1910 – eclode em Lisboa uma revolta republicana que saiu vitoriosa

5 de Outubro é proclamada a Primeira República Portuguesa, a partir da varanda da


Câmara Municipal de Lisboa

4.3.2. A PRIMEIRA REPÚBLICA

A Implantação da República levou o Partido Republicano ao poder – foi o partido


que preparou a revolução e era também a única força política capaz de exercer a
autoridade de Constituição do Governo Provisório presidido pelo republicano Dr.
Teófilo Braga. No ano seguinte realizam-se as primeiras eleições para a Assembleia
Nacional Constituinte – elabora a Constituição Política da República Portuguesa em
2 meses, publicada em 21 de agosto de 1911
Manuel de Arriaga é eleito primeiro presidente da República Portuguesa a 24 de
agosto e a 3 de setembro toma posse do primeiro Governo Constitucional.

SISTEMA PARLAMENTAR

O partido republicano define República como “uma nacionalidade exercendo por si


mesmo a soberania, intervindo no exercício normal das suas funções e
magistratura”

A Constituição de 1911 confere um relevo especial ao poder legislativo, já que é


neste que reside a representatividade da Nação. Nos termos da Constituição, o
poder legislativo pertence ao

Congresso da República, composto pelas câmaras dos Deputados e a do Senado –


ambas eleitas por sufrágio direto e universal.

Congresso com várias competências:

Legislação em geral

Matérias de que dependia o exercício regular do Governo e da Administração


Pública

Os ministros eram obrigados a comparecer nas sessões do Congresso, recebendo


votos de confiança ou de censura nas respectivas câmaras.

A superioridade do Congresso é visível na figura do presidente da República, eleito


pelo Congresso por 4 anos em mandato não renovável – o Congresso podia
destituir o presidente.

O controle das ações do Governo e do presidente cabia ao Parlamento – contribui


para uma enorme instabilidade governativa. O congresso obstrui sistematicamente a
ação dos governos que não dispunham de tempo nem autoridade para
concretizarem as suas tarefas, pois eram constantemente substituídos.

CONCRETIZAÇÃO DO IDEÁRIO REPUBLICANO

Obra legislativa do Partido Republicano:

Abolição pela Constituição de todos os privilégios de nascimento, títulos


nobiliárquicos e ordens honoríficas com vista à igualdade social

Laicismo e anticlericalismo – promulgação da Lei da Separação do Estado e das


Igrejas (1911)

O catolicismo deixa de ser religião oficial do Estado Português e é equiparado a

outros cultos
O casamento é definido como um contrato civil suscetível a ser dissolvido

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