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5 Portugal no primeiro pós-guerra


A Primeira República (1910-1926) foi marcada por: lutas políticas, instabilidade governativa, dificuldades económicas
e financeiras que se acentuaram com a participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial.

Dificuldades económicas:

o Insuficiência produtiva (escassez de géneros);


o Inflação (diminuição do poder de compra);
o Recurso a empréstimos;
o Balança comercial deficitária.

Esta situação agrava-se devido à participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial: elevadas baixas militares,
agravamento do défice das contas do Estado, subida do custo de vida, desemprego, aumento da contestação social.

Há assim um descontentamento das classes médias (perdem poder de compra) e uma agitação na classe operária
(aumento do custo de vida e desemprego) realizando greves, manifestações violentas e atentados. Os setores mais
conservadores (poderosos grupos económicos e altas patentes militares), receosos do avanço do socialismo, desejam
um governo forte e autoritário.

Instabilidade política:

o Divergências no interior do partido republicano, dando origem a diversos partidos:


. Partido Democrático (Afonso Costa)
. Partido Evolucionista (António José de Almeida)
. Partido Unionista (Brito Camacho)
o O regime tinha uma forte natureza parlamentar (a inexistência de maiorias no Congresso inviabilizou a
constituição de governos duráveis)
o Em 16 anos, houve 7 eleições para o Congresso, 8 para a presidência e 45 governos
o Laicismo da República originou um anticlericalismo (desagradou muito à generalidade da população e à
igreja)
o Agravamento pela participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial
o Favoreceu experiências ditatoriais:
. (1915) Pimenta de Castro
. (1917-1918) Sidónio Pais – República Nova
o Guerra civil (de janeiro a fevereiro de 1919)
o Monarquia do Norte em 1919 (Paiva Couceiro)
o Em 1919 (março) a Primeira República restauro as suas instituições políticas e regressa ao funcionamento
democrático sem que os políticos e as suas organizações partidárias se entendam
o A par da instabilidade governativa instala-se a violência social, originando as chamadas “revoluções à
portuguesa”

A falência da Primeira República

Com o episódio da “Noite Sangrenta” de 1921, onde foram assassinados três líderes republicanos, a ética republicana
ficou profundamente desacreditada. Crescendo assim a simpatia por um governo forte que garantisse a estabilidade e a
segurança.

A igreja, organizada no Centro Católico Português, tornou-se aliada das fações que se opunham à República. As
classes médias e o operariado, defraudados nas suas expectativas, ansiavam pelo restabelecimento da ordem e da
tranquilidade. Os grandes proprietários (financeiros e industriais) receavam a agitação anarcossindicalista e o perigo
bolchevista, organizando-se em 1922, em torno da Confederação Patronal/União dos Interesses Económicos.

Todo este descontentamento culmina, a 28 de maio de 1926, com a rebelião e marcha a partir de Braga sobre Lisboa,
liderada pelo general Gomes da Costa.
Bernardino Machado renuncia à presidência, o governo foi demitido e o parlamento dissolvido. Instaurando-se assim
uma ditadura militar, sendo Mendes Cabeçadas encarregue de formar governo.

Mendes Cabeçadas (Chefe de governo e Presidente da República) acaba por ser afastado do governo por Gomes da
Costa, em que em resultado a sua tirania e incapacidade governativa levam a que Óscar Carmona deponha os militares
e seja nomeado para Presidente da República (de 1928 a 1951).

Nas primeiras décadas do século XX, enquanto em toda a Europa surgiam novas tendências de vanguarda, Portugal
continuava acomodado aos padrões estéticos naturalistas.

Naturalismo:

o Representação rigorosa do real;


o Utilização de cores fortes;
o Utilização da perspetiva;
o Representação de cenas da vida popular e de denúncia social;
o Proporcionalidade das figuras.

1911 – 1918 – Primeiro Modernismo

O primeiro Modernismo revela-se cosmopolita, afastado do real e recusa a perspetiva e a ideia de proporção. Este
ficou associado a um conjunto de exposições com propósito de sátira política, social e anticlerical.

Dois polos:

o Polo de Lisboa – nasceu a revista Orpheu (1915) e tem como protagonistas Amadeu de Sousa Cardoso,
Almada Negreiros, Santa Rita, Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa.
o Polo do Norte – tem como protagonistas o casal Delauney, Eduardo Viana e Amadeo.

Os primeiros modernistas redigiram o Manifesto Anti Dantas contra o escritor Júlio Dantas associando-o a uma
cultura retrógrada.

O primeiro modernismo terminou com as mortes prematuras de Mário de Sá Carneiro, Santa Rita e Amadeo de Sousa
Cardoso, com o regresso a Paris do casal Delauney e com a partida de Almada Negreiros para Paris.

1923 – 1930 – Segundo Modernismo

O segundo Modernismo ficou associado principalmente a duas revistas: Contemporânea e Presença. Este aproxima-se
de uma arte figurativa com influência da pintura expressionista, tem como inspiração a arte popular portuguesa e
afasta-se do mundo urbano.

No início dos anos 30, o Estado Novo, por ação de António Ferro (simpatizante do modernismo e diretor do
Secretariado da Propaganda Nacional) utiliza o modernismo para a construção da imagem do Estado Novo.

Alguns artistas, em especial, António Pedro demarcam-se desta apropriação evocando a originalidade dos primeiros
modernistas e opõem-se à “arte oficial” dinamizando por exemplo o surrealismo.

O modernismo na escultura portuguesa afirmou-se timidamente, através da simplificação e essencialidade das formas
e volumes. Tem como protagonistas Francisco Franco, Diogo de Macedo e Canto da Maia.

Na arquitetura, o modernismo afirma-se com o predomínio de linhas retas, com o despojamento decorativo das
paredes e com o uso de betão armado. Tem como protagonistas Pardal Monteiro, Cottinelli Telmo e Cassiano Branco.

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