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O Mapa cor-de-rosa e o Ultimato inglês

O interesse crescente das potências europeias pela posse de colónias em África m


otivou a realização da Conferência de Berlim em 1884-85. Nessa Conferência, o pr
incípio da ocupação efectiva dos territórios substituiu o direito histórico aleg
ado por Portugal para justificar a posse dos territórios no continente africano.
Após a Conferência de Berlim, Portugal apercebeu-se da urgência em delimitar as
possessões em África. Logo em 1885, começaram negociações com a França e a Alema
nha para definir os limites dos territórios portugueses. O tratado com a França
foi assinado em 1886. Nele foi incluído, como anexo, a primeira versão oficial d
o "mapa cor-de-rosa" que pretendia unir os territórios entre Angola e Moçambiq
ue apesar de a França não ter interesses naquele território. No tratado com a
Alemanha, concluído em 1887, o mapa "mapa cor-de-rosa" foi novamente apenso,
Informada desta pretensão portuguesa, a Grã-Bretanha reagiu de imediato, enviand
o em 11 de Janeiro de 1890 um ultimato a Portugal, uma vez que as pretensões por
tuguesas entravam em conflito com o projecto inglês de unir o continente african
o, ligando, através de uma rede ferroviária, o Cairo à Cidade do Cabo. O ultimat
o exigia a Portugal a retirada das tropas portuguesas dos territórios entre Ango
la e Moçambique.
O recuo de Portugal face às exigências britânicas foi vista como uma humilhação
nacional pelos republicanos portugueses, que acusaram o governo e o rei D. Carlo
s de serem os seus responsáveis. O Ultimato britânico levou à queda do governo e
gerou uma onda de ódio e revolta contra os ingleses, tendo inspirado Henrique L
opes Mendonça, na letra da canção patriótica "A Portuguesa”,a marchar contra os
bretões, ao som da música de Alfredo Keil. "A Portuguesa", composta em resposta
ao Ultimato inglês, foi apropriada pelos republicanos e tornou-se hino nacional
mediante decreto de Junho de 1911, embora tivessem colocado a palavra canhões no
lugar de bretões.
O Ultimato contribuiu para o descrédito da monarquia, favoreceu o crescimento do
movimento republicano e foi considerado por historiadores e políticos da época
como a acção mais escandalosa e infame da Grã-Bretanha contra aquele que era con
siderado o seu mais antigo aliado.

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