Você está na página 1de 20

CONTÉUDOS:

No tempo do marquês de Pombal: contexto e políticas.

• Sebastião de Carvalho e Melo: percurso político e ascensão social.


• "A cultura das luzes". A consciência do atraso da sociedade portuguesa.
• Terramoto de 1755; Impactos patrimoniais nos edifícios da Coroa, Solares da
nobreza, igrejas e casas particulares.
• Fenómeno natural ou castigo de Deus: o confronto entre a ciência e a religião.
• O Regicídio? (1758); as casas senhoriais que foram acusadas do atentado e que
sofreram exemplares castigos (Caso dos Alorna, dos duques de Aveiro e outros).
• A afirmação do “regalismo”; A expulsão dos Jesuítas1759); Criação da
Intendência Geral da Polícia (1760; O controlo da Inquisição.
• Criação da Real Mesa Censória com atribuição da censura dos livros (1768).
• A repressão brutal do motim no Porto.
Bibliografia: Nuno Monteiro, ob.cit, pp. 357-377. Francisco Ribeiro da
Silva, Absolutismo esclarecido e intervenção popular. Os motins do Porto de 1757.
Margarida Sobral Neto “Poder central e poderes locais na época pombalina”. In
Revista Século XVIII. Lisboa. Vol. X, t. X (2000), pp. 177 – 182
Afirmação do poder pessoal de Pombal.

• Valorização do conselho de Estado.


• Afirmação das Secretarias de Estado como centros de decisão política.
• Intervenção reformadora e autoritária do Estado em vários domínios.
Bibliografia: Nuno Monteiro, ob.cit, pp. 357-377.
A política económica pombalina: a tentativa de aplicação das ideias
mercantilistas.

• A crise agrária e comercial. A diminuição do afluxo do ouro.


• A criação de companhias monopolistas.
Bibliografia: Nuno Monteiro, ob.cit, pp. 357
O reinado de D. Maria I e regência de D. João VI
Os poderes que organizam o território na Época Moderna.

• A Coroa, os senhorios, os concelhos, as companhias de ordenança e a igreja


(dioceses e paróquias).
O poder concelhio na época moderna.

• Enquadramento normativo;
• Tipologia de concelhos;
• composição e perfil social das vereações;
• funcionários das câmaras e prestadores de serviços externos;
• atribuições dos concelhos.
Bibliografia: consultar sumário desenvolvido e, em particular, a obra de Maria Helena
da Cruz Coelho e Joaquim Romero Magalhães intitulada "O Poder concelhio", pp.
45-76
A população portuguesa na época moderna.

• Modelo demográfico de Antigo regime. Fatores estruturais e conjunturais


explicativos do crescimento lento da população.
• Contagens populacionais: os censos de 1527/32 e 1801. Outras contagens.
• Fatores propiciadores de mortalidades excessivas e formas de atuação perante
a doença e as epidemias.
A Sociedade portuguesa de Antigo Regime.

Contexto geral:

Cultura das Luzes: Ideias que fizeram parte da matriz europeia, que vinham já dos gregos.
Esta era a cultura dos intelectuais dos finais do seculo 18, consideravam que era esta que
deveria guiar a humanidade.

O Iluminismo é uma corrente de origem humanista que vai no século XX convergir com os
direitos humanos. Caracterizou-se pela "pluralidade de movimentos nacionais e regionalmente
heterogéneos" inspirado nas ideias de pensadores reformistas que criticavam a "ignorância e o
obscurantismo". Em Portugal, os iluminados, nome dado aos pensadores desta corrente,
tinham a consciência do atraso económico e cultural que tanto atingia o país.

Tais situações em Portugal não aconteceram com o mesmo vigor que em outros países,
estrangeiros e estrangeirados sentiram e tomaram consciência deste atraso, surge a vontade
de introduzir reformas na economia, na sociedade, na cultura e na educação.

• Forte componente humanista e assume uma diversidade de expressões (depende


muito dos autores que refletem sobre estas matérias).
• Os pensadores são reformistas que lutam contra a ignorância e o obscurantismo (Idade
Média/idade das trevas).
• Alguns autores autodenominavam-se os estrangeirados: ou seja, os intelectuais que
viveram no estrangeiro, embaixadores que frequentavam as cortes europeias.
• Em oposição a estes, existia os castiços (de forma pejorativa) aqueles que nunca
tinham passado a fronteira.

NO TEMPO DE POMBAL (Contextos e Políticas)

Século XVIII (em particular 1750-1800).

• Na europa viveu-se um tempo de profundas mudanças económicas e políticas.


• Em Portugal houve a consciência do atraso do país, expresso por estrangeiros e sentido
por intelectuais portugueses (denominados estrangeirados) e a vontade de introduzir
reformas na economia, na sociedade, na cultura, na educação.
o Os viajantes, era algo comum no seculo XVIII que escreviam relatórios do que
viam de cada país. Estes intelectuais de várias nacionalidades davam uma
imagem de Portugal pouco positiva. exemplo: estradas intransitáveis.
o Os viajantes eram pessoas que viajavam pelo mundo e durante o século XVIII o
fenómeno dos viajantes começa a intensificar-se. escreviam nos seus relatórios
aquilo que viam e viviam. Passavam uma imagem muito negativa de Portugal...
diziam que as estradas eram intransitáveis. Um autor italiano, Goren, fica
indignado ao ver uma mulher carregar um molho de lã com a sua cabeça (esta
era uma atitude que não se compreendia- mulheres terem de carregar algo
pesado). Os portugueses liam o que se escrevia e, cada vez mais, começavam a
notar o evidente atraso.
▪ Os “reformistas" duvidavam das vantagens do tratado de Metheu com
a Inglaterra e defendiam a promoção de manufaturas no reino.
▪ Consideravam excessivo o peso das ordens religiosas.
▪ Perceção negativa das estruturas agrárias.
▪ Criticavam a atuação da inquisição.
▪ Gostavam de mudar os métodos de ensino.
▪ Denunciavam o "puritanismo" de algumas famílias da alta nobreza"

Durante D. José I (Sebastião de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal)- Acontecimentos


significativos:

• Terramoto de 1755.
• Regicídio (1758) e afirmação do "regalismo".
• Expulsão dos Jesuítas (1759).
• Criação da Intendência Geral da Polícia (sendo este conceito mais abrangente do que o
conceito atual) 1760.

Contexto político e ascensão social:

• O grande objetivo era ser considerado de 1ªnobreza. Acontece a sua ascendência


nobre, mas não de 1ª nobreza.
• Ingressou na academia real da história 1733.
• Diplomata em Londres e em Viena.
• Secretário de Estado dos Negócios e da Guerra e a partir de 1756 Secretário de
Estado do Reino.
• 1759- Recebe o título de Conde de Oeiras.
• 1770- Recebe então o título de marquês de Pombal.
• 1777- Demissão do marquês de Pombal dos cargos que exercia.

Teve uma carreira política intensa e publicou muitas leis sobre uma multiplicidade de assuntos.
Voluntarismo político dava-lhe força para mudar a organização económica e social.

A época moderna (século 16 aos inicos do seculo 19) caracteriza-se pelo respeito pela tradição.
A nível jurídico os tribunais tendiam a manter a tradição, iam ver as decisões tomadas em
certos assuntos em épocas anteriores como pontos orientadores.
Impactos do Terramoto a nível nacional e internacional.

• 25 a 30 mil mortos
• 20 mil casas destruídas.
• Edifícios das principais instituições destruídos (Rei e nobreza passam a viver em
tendas).
• Desorganização total do governo.
• Confrontos entre a Religião e Ciência.
• Terramoto como castigo de Deus.

O terramoto de 1755 em Lisboa, foi um dos acontecimentos mais marcantes do seculo XVIII,
quer a nível interno quer a nível internacional pelos interesses que trouxe a lisboa (cientistas de
várias partes do mundo). O terramoto teve um grande impacto nas perdas de vidas humanas,
em edifícios destruídos (desde os edifícios do governo aos solares da nobreza portuguesa), o rei
e a nobreza chegam a passar muito tempo a viver em tendas porque ficaram tão assustados que
temiam as replicas do terramoto. Um dos aspetos importantes sobre o terramoto é o confronto
entre religião e ciência. É natural que as conceções providencialistas eram maioritárias (pessoas
acreditavam que Deus intervinha na sociedade) e reforçadas através de membros políticos que
diziam que o terramoto tinha sido um castigo de Deus. Um dos maiores defensores desta ideia
foi o jesuíta Malagrida.

Organização do espaço na Lisboa Pombalina através do 'Racionalismo' arquitetónico, patente


nas ruas traçadas geometricamente.

Mudanças institucionais:

• A afirmação da supremacia da realeza face a outros poderes.


• Reativação do conselho de Estado.
• Afirmação das secretarias de estado (centro da decisão política)
• Vasta legislação.
• Destaca-se a lei da Boa Razão. Leis régias portuguesas tinham supremacia sobre outras
fontes de direito incluindo o romano.
• Reforma (mas não supressão da Inquisição)

O "Terramoto social, político e institucional".

• Repressão dos culpados de intentarem contra a vida do rei.


o Prisão, confisco de bens e posterior execução de membros de algumas famílias
da nobreza.
o Expulsão dos jesuítas do país.
o Controlo do povo: Repressão brutal dos motins do Porto contra a companhia
dos vinhos do Alto Douro. Dissuadir a desobediência do povo.
• Tentativa de controlo de diversos grupos sociais
o Controlo dos bens e privilégios usufruídos pela nobreza e pelo clero.
o Criação da intendência geral da polícia: controlo e proteção social das pessoas
consideradas “marginais”.
o Inquisição passa para tutela régia.
o Criação de uma instituição de censura de livros (Real Mesa Censória)
o Controlo da nobreza e do clero: Criação da Junta das Confirmações em 1769,
com o objetivo de verificar a autenticidade de documentos que legitimavam
títulos de propriedade e privilégios. Não foi levado a cabo pela falta de
recursos e pela dificuldade.
• Oportunidades para a burguesia:
o Concedida á burguesia de vincular terras em morgadio
o Supressão dos atestados de limpeza de sangue (abolição da distinção entre
cristãos velhos e novos)
• Política económica
o Reorganização do comércio de acordo com ideias mercantilistas
o Criação de companhias monopolistas
o A companhia geral da agricultura e dos vinhos do Alto Douro.
o A criação da primeira região demarcado do mundo.
▪ Contestação dos produtores e dos taberneiros

Mudanças nos organismos estatais:

• Reativação do conselho de estado.


• Reforma do Erário Régio em 1761.
• Criação da Intendência Geral da Polícia da Corte e Reino em 1760.
• Criação da Real Mesa Censória e atribuição da censura dos livros (1768).
• Todos os livros que iam ser publicados teriam de passar pela inquisição - pela real mesa
censória. Muitos dos livros só circulavam clandestinamente, ainda que as instituições
possuíssem os livros. (???)
• Inquisição passa para a tutela régia.

Impactos do Regicídio (1758).

• Prisão dos membros das casas dos duques de Aveiro, marqueses de Távora, condes de
Atouguia e outros fidalgos (1758).
• Prisão de Jesuítas (Gabriel Malagrida 1759).
• Execução da sentença de pena capital aos 3º marqueses de Távora, a seus filhos (o 4º
marquês), ao conde Atouguia, ao duque de Aveiro e a criados destes titulares (1759).
• Confisco dos seus bens.
• Acusações feitas ao Jesuítas (Argumentos invocados)

Marca iluminista:

• Estatutos da Universidade de Coimbra inspirados no direito natural.


• Inspiração num humanismo católico.
• “Pombal não era um filho das luzes” (Monteiro)

Atuação dos Jesuítas no Brasil.

• Informações fornecidas por Gomes Freire- atuação dos jesuítas no Sul do Brasil.
• Informações fornecidas por Francisco xavier de Mendonça Furtado (governador do
Pará e Maranhão)
Atuação no Reino.

• Eventual participação no atentado contra D. José


• Controlo do Ensino.

Os jesuítas no Japão começaram a criar clero local, traduções do latim para o japonês,
tinham uma relação mais amigável.

Modelo político: Regalismo


Obra doutrinária

Práticas de Poder:

• Afirmação do poder pessoal do monarca, na prática de Pombal.


• Afirmação das Secretarias de estado como centros de decisão política.
• Intervenção reformadora e autoritária do Estado em vários domínios.

Intensa atividade de Legislação - bom indicador daquilo que Pombal pretendia atingir:

• Lei que proíbe a consolidação de bens eclesiásticos em 1768.


• Lei da Boa razão 1769: lei que determina o uso do direito pátrio como direito
subsidiário.
• Lei testamentária (1769).
• Lei sobre o morgado (1770).
• Lei que proíbe o transporte para Portugal de escravos vindos da África, Brasil e Ásia.
• Abolição do tráfego da escravatura na metrópole: são libertos e forros os escravos que
entrarem em Portugal.
• Lei que determina a supressão dos atestados de limpeza de Sangue (abolição da
distinção entre cristãos-velhos e novos)

O que mudou com Pombal?

• Reconstrução de Lisboa
• Criou a Companhia das vinhas do alto-douro
• Aboliu a distinção entre cristãos-novos e velhos.
• Extinguiu o estatuto de escravo para filhos de escravas nascidos em Portugal.
• Manteve a primeira nobreza.
• Criou condições para a ascensão de estratos superiores da burguesia ao poder

O problema da centralização do poder e do absolutismo


Poder Hando

• Centralização do poder e Absolutismo não são a mesma coisa.

Alexandre Herculano era um defensor do municipalismo e considerava que a partir de D. João


(que se dizia monarca absoluto e centralizador), com a progressiva centralização do poder, o
país tinha estagnado.
O esforço de centralização do poder tinha asfixiado o poder do povo. O caminho que levava o
processo liberal no sentido da centralização do poder, com a criação de uma instância
intermédia: distritos e governos civis. Pela primeira vez na história portuguesa houve uma
instância de poder entre a coroa e os municípios.
Investigação liberal - é quando se dão passos significativos na centralização do poder.

No plano teórico, a criação dos municípios e a atribuição de um conjunto de funções tornava


mais fácil a aplicação (nos municípios) das ordens do poder central. Já no plano prático, os
instrumentos que o poder central dispunha, na época moderna, para exercer o poder
efetivamente e os cargos e instituições que tinham capacidade para executar ordens régias
incluía essencialmente:

• Juízes de fora: magistrados formados pela universidade de Coimbra, atuavam ao nivel


do município e nas câmaras. Eram também os corregedores que verificavam o exercício
da justiça através de uma inspeção anual aos municípios onde verificavam se os
processos judiciais estavam conforme o pressuposto na lei.
• Estrutura que seria eficaz se houvesse, em Portugal, um juiz de fora para cada
município. No século 17 só 20% do território é que tinham juiz de fora. Por sua vez, o
corregedor ia apenas uma vez ao conselho e por vezes não ia a todos os conselhos
(pedia para que lhe levassem a documentação).
Sendo assim, a burocracia régia era insuficiente.
Vicens Vives, historiador, afirmava que era necessário distinguir o poder do mando, ou
seja distinguir o poder do exercício efetivo desse poder.

Os órgãos centrais do poder não tinham informações sobre o território nacional.


Os monarcas diziam-se absolutos, mas a sua ação era condicionada pela falta de
informação.

O conceito de poder e mando são importantes para perceber o exercício prático do


poder.

Crise comercial - a partir de finais da década de 60.


• Pombal governou numa época de crise comercial, decorrida da diminuição progressiva
das remessas de ouro vindas do Brasil.

Maus anos agrícolas + ano chuvoso que destruiu as colheitas. = crise na agricultura,
que O estudo do reino não pode ser desligado das vicissitudes do Império.

A crise agrícola tem reflexos nos preços e rendimentos, assim como nos rendimentos
das casas senhoriais.

Incapacidade das pessoas que trabalham nas terras, de pagar renda aos senhores.

A resposta á crise comercial: A Política do fomento industrial.


• Vitorino Magalhães Godinho refere uma nova depressão culminando em crise em
1768-1771 (anos difíceis). è uma crise mercantil e atlântica tendo haver sobretudo
sobre o Brasil, que conduz á segunda fase do despotismo esclarecido que é a
política industrializadora.
• Corelação entre crise comercial e política industrializadora.
• Mais uma vez o Estado português tenta industrializar o país, perante a escassez de
produtos.
• Em Portugal existia uma rede artesanal dispersa por todo o território, que servia as
pessoas que tinham menos rendimentos e com estatuto social mais baixo.

Surtos industriais (Pombal)


• "Técnica tradicional em oficinas dispersas pelas zonas rurais e centros urbanos, concentradas
por sua vez nas melhores regiões de matérias-primas ou tradicionalmente ligadas a
determinada atividade artesanal: assim era a maior parte da indústria no tempo de Pombal"
Borges de Macedo.

D. Maria I (1777-1816)

Reinado da "Viradeira".

• Tempo de reposição de equilíbrios.


• Tempo de tentativa de reparação dos excessos pombalinos.

Atualmente, tem-se que esta monarca e o futuro D. João VI foram os mais prudentes e
reformistas.

Pombal, com o seu voluntarismo político, quis mudar tudo, tendo sido o período em que se
publicaram mais leis: Explosão legislativa pombalina (Nuno Monteiro).
Estas leis tiveram efeitos perversos, com um determinado objetivo que depois, a sociedade e
particularmente os juristas, utilizaram-nas noutros sentidos. Exemplo: A legislação agrária.

O Reinado de D. Maria I foi então um tempo de equilibrar e averiguar depois de um tempo de


explosão de leis.
Isto não quer dizer que a atmosfera criada por Pombal não tenha tido aspetos positivos, até
porque muitos aspetos foram retomados no reinado da "Viradeira", no entanto, não houve a
prudência necessária.

A seguir á demissão de Pombal houve:

• A libertação dos presos políticos.


• Iniciou-se a revisão dos processos dos Távoras.
• Devolução às casas nobres de privilégios e mercês não renovados.
• Em relação á política manufatureira, perde-se o incentivo, embora houvesse sementes
deixadas por Pombal que tinham germinado, tal como a indústria de vidro da marinha
grande. A prudência falou mais alto, pois Portugal só poderia exportar produtos de
elevada qualidade e que tivessem aceitação no mercado internacional, caso contrário
sem acolhimento nesse mercado igualmente não teriam acolhimento no nacional. As
pequenas manufaturas já satisfaziam as necessidades nacionais, não era necessário
investir.
• Neste campo da política económica, surge pela primeira vez um esforço no sentido do
desenvolvimento da agricultura. Esta campo não satisfazia as necessidades do país,
nomeadamente em cereais que eram a base da alimentação da grande maioria da
população, portanto, há toda uma política de virada no âmbito da conceção liberal da
economia adotando medidas, não mercantilistas, mas fisiocratas (em que se considera
que a verdadeira riqueza do país vem da agricultura).
• Principal apoio da Academia das ciências de Lisboa de 1779, que se dedica aos
problemas agrícolas. Relevo dado às ciências naturais.
Bartolomeu qualquer coisa fala sobre a situação do país, nomeadamente no âmbito da
agricultura. Ora, não se conhece o país, principalmente ao nível da sua capacidade
agricultura, sendo desconhecido o que se poderia produzir, por exemplo, no Algarve.
Não havia nenhum método para dar a conhecer as potencialidades não só do país como
do Império, e assim a Academia encarrega os corregedores de fazer relatórios dos vários
territórios e começavam-se a preparar as "Viagens filosóficas", que eram viagens
científicas, na área da botânica, geologia, desenhistas, etc para elaborar relatórios as
potencialidades das colónias do Brasil. O objetivo era encontrar outros recursos que
pudessem ser aproveitados no Brasil.
• Há um grande esforço para conhecer as potencialidades ainda não aproveitadas do
território nacional e do Império.

D. Maria I e os seus conselheiros tomam duas iniciativas nesta área:

1. Ordena aos corregedores que, durante as correções, promovessem o cultivo da


batata e da criação dos bichos-da-seda.
2. "Obrigar" as pessoas que possuíam terras incultas a cultivá-las, sendo que na altura
os terrenos incultos eram considerados produtivos. Estas iniciativas vieram do
sentido de dinamizar a agricultura, que era pouco explorada e pouco se sabia
cientificamente. D. Maria também vai legislar o campo da justiça.
3. Tentativa de reorganização judicial do território.
4. Ela cria as condições para um debate que dará fruto no liberalismo, no que diz
respeito ao conhecimento do território, às potencialidades económicas
nomeadamente agrícolas, á rede fabril, ao conhecimento pela população, etc.

D. João VI (1816-26)

• O reconhecimento forçado da independência do Brasil.


• A monarquia constitucional

Os poderes que organizam o território na Época Moderna.

A Coroa, os senhorios, os concelhos, as companhias de ordenança e a igreja (dioceses e


paróquias).

Circunscrições administrativas/judiciais, militares e eclesiásticas.


• O poder materializa-se no território e no domínio sobre os recursos e sobre os
homens. Para ascender na carreira necessitava de ter rendimentos provenientes da
terra, portanto tinha de ter um domínio sobre um território.

Os poderes que organizavam o território na época moderna até ao século XIX:

• Coroa
• Senhorios
• Concelho
• Igreja

Circunscrição do poder.

• Províncias:
o Mapa das províncias coincide em parte com o das comarcas.
o As províncias não têm expressão institucional.
o Referências de organização do território.
o Espaços de identidade
• Comarca:
o
• circunscrição administrativa e judicial
• o aumento de comarca é uma tentativa de centralização régia
• ver pp
• Ouvidorias: supervisionadas por um ouvidor escolhido pela casa senhorial. Espaço de
jurisdições (...)
• Provedorias: áreas de exercício do provedor. Circunscrições administrativas e fiscais.

Poder e espaço.

• Senhorios: unidades de domínio territorial e ou jurisdicional de entidades nobres,


eclesiásticas ou ordens militares.
• Tipos de senhorios: Jurisdicionais: territórios onde os senhores exerciam diretos
delegados pelo monarca: exercício da justiça de segunda instância, tutela sobre as
câmaras. Territoriais.
• Concelhos.
• Companhias de ordenança: Já existiam no reinado de D. Sebastião, cujo ordenou o
regimento das ordenanças, objeto de alteração ao longo do tempo. circunscrições de
recrutamento e treino miliciar. Extintas no liberalismo. Recrutadas em tempo de guerra
tinham treino regular. Organizavam-se numa cadeia hierárquica formada por capitães-
mores, capitães e sargentos. Finais do século XVIII- 442 capitais mores e 2650
capitanias.
• Em períodos de instabilidade social, eram responsáveis também pela cobrança de
renda.

Organização eclesiástica:

• Arcebispos (Évora, lisboa, braga).


• Dioceses.
• Comarcas, distritos, arciprestados
• Paróquias: comunidades de fiéis congregados á volta de um pároco e de uma igreja
sob o patrocínio de um santo padroeiro. Era o poder mais sentido pelas
populações. A cobertura do território permite compreender que muitas vezes o
Estado recorria às paroquias. Manteve-se durante o Estado Novo, com o
liberalismo houve indecisões sobre o estatuto das paróquias, que mantinha
eclesiástico ou eclesiástico w civil, até que se decidiu que cada concelho teria
paróquias á sua volta.

O poder concelhio na época moderna

CONCELHOS: A vida municipal portuguesa: alguns traços estruturantes.

Tema que sai na frequência: relembrar ideias principais.

• Os concelhos são a principal estrutura de enquadramento das comunidades no Antigo


Regime, no plano secular, sendo que no plano religioso eram as paróquias (4mil
paroquias). Não temos um número definitivo, mas andariam entre 900 concelhos.

• Têm origem na época medieval, no período da reconquista, continuam na época


moderna, e reorganizam-se administrativamente na época contemporânea.

• Em termos de classificação: Concelhos urbanos e rurais; e os régios (dependentes do


rei) e os senhoriais (dependentes dos senhores, como casas das nobrezas, casas do
clero e das ordens militares). Ainda, no que respeita ao tipo de juiz que exercia funções
nos concelhos, temos o juiz de fora (formados pela universidade de Coimbra e depois
tinham de passar pelo tribunal superior da coroa para exercer a função, juiz ordinário
(na maioria dos concelhos), juízes pedâneos.

• Também há concelhos com e sem termo: Ou seja, conjunto do que hoje são
“freguesias" dependentes de uma sede. A grande maioria dos concelhos tinham termo.
O concelho de Coimbra tinha 100 concelhos, com estatutos diferentes.

• Quadro normativo: as leis que regulavam o funcionamento dos concelhos, neste caso
era o livro primeiro das ordenações filipinas.

• Composição social (do governo municipal): Vereação ou senado, integrava os juízes de


fora ou os juízes ordinários, vereadores, ou procurados do concelho ou do povo ou
Almotacés. Muitos vereados não sabiam ler nem escrever, exceto os das elites, mas
mesmo assim não tinham formação universitária, e assim os mandatos eram de apenas
um ano, ainda que os vereadores poderiam depois, passados 3 anos, voltar ao
exercício da vereação. Os almotacés eram os que verificavam se a legislação municipal
estava a ser ou não cumprida e aplicada.
• Oficiais de justiça: Juiz de fora, ordinários, (juiz do cível, juiz do crime) vereadores mais
velhos, juiz pedâneo, alcaides, quadrilheiro carcereiro.

• Conjunto de funcionários municipais: Alcaide (terras de ...); carcereiro (oficial que


exercia um ofício pouco agradável, sendo que convivia com a pobreza e fome. Na
época moderna o Estado não alimentava os presos - estes eram alimentados ou pela
misericórdia ou pela família - até porque as cadeias portuguesas não estavam boas e os
presos fugiam facilmente, e assim o Quadrilheiro levava com as culpas). Este
quadrilheiro é um termo que com o tempo assumiu uma conotação negativa, ele tinha
definido uma quadrilha que eram por norma comunidades com 80 a 1000 habitantes
onde ele deveria fiscalizar e verificar os crimes e assim levá-los para a prisão, era uma
atividade exercida por pessoas de baixa condição social; Porteiro e outros oficiais como
aferidor e caminheiros.

• Outros servidores: Depositários de sisas, décimas, subsídio literário, real de água e


almotaçaria.
Cobranças de tributos feita através de um conjunto de mercadores que faziam tratados
com as câmaras. Isto dava origem á formação de uma rede clientelar, tinham várias
formas de conseguir obter informação antes dos leilões e dar alguma recompensas aos
vereadores que não tinham salário (recebiam alguns montantes em dinheiro pela
participação em procissões).

Composição social e funções das vereações camarárias.

Apresentar as múltiplas áreas de intervenção das câmaras, no exercício de competências


próprias ou delegadas do poder central, demonstrando, assim, a abrangência de competências
exercidas pela gente nobre da governança local.

• Tinham várias instâncias na Justiça. A primeira era do juiz ordinários e de fora, a


segunda do corregedor, era ainda possível apelar para o desembargo do paço e nessa
medida fazer chegar o processo ao monarca. A justiça era atividade mais honrosa da
época moderna.
o As câmaras eram, na época moderna, as máquinas mais eficientes de cobrança
de impostos, municipais e régios. A delegação régia nas câmaras da cobrança de
impostos é um indicador da cooperação entre poder local e poder central.
o Para alguns autores, a primeira e a principal competência das câmaras era o
exercício da justiça, ao nível da primeira instância, atribuição minuciosamente
regulada no texto das Ordenações.
o Papel dos vereadores no exercício das atividades de julgar, nomeadamente a
possibilidade de os juízes, ordinários e de fora, substituírem vereadores mais
velhos. Importando, igualmente, destacar o papel dos corregedores e ouvidores
no controle da aplicação da justiça.
• Boa gestão do património concelhio.
o Ordenamento do espaço urbano e rural, em termos de construção e reparação
de edifícios e infraestruturas: fontes, caminhos. A referência a esta atribuição
camarária exercida, em muitos casos com a colaboração, ainda que forçada,
dos “munícipes não privilegiados”, pode ser articulada com a problemática das
finanças camarárias e, noutro registo, com o papel das câmaras no
ordenamento paisagístico e patrimonial do território.
• Abastecimento: por exemplo, as padeiras forneciam o pão e os almocreves
transportavam as mercadorias (havia almocreves de instituições, como das
universidades, que estabeleciam ligação com os familiares dos estudantes). Estes dois
abasteciam a cidade ou vila com determinados produtos em datas especificas. Na
época moderna, quando havia escassez de alimento (pão e carne) e os fornecedores
destes produtos não iam aos leilões onde se solicitavam estes contratos, as camaras
poderiam obrigar as padeiras, peixeiras e almocreves a exercer os seus ofícios por um
determinado montante (os "obrigados"). Por exemplo, com a grande necessidade de
carne na guerra da restauração, vemos a circulação de muitos "obrigados".
• Abastecimento (objetivos) em géneros essenciais alimentares e manufaturados
(calçado e vestuário). Os requisitos eram essencialmente quantidade,
qualidade e "preço justo".
• Abastecimento (política). A política municipal em termos de fornecimento de
bens, era um politica virada para o consumidor.
• Os forais manuelinos referem os diversos produtos que tinham em circulação no
país e os preços nos inícios do seculo XVI.
• Ainda na política de abastecimento temos o controlo da produção agrícola,
pecuária e artesanal; Atribuição do fornecimento de alguns produtos a agentes
comerciais (pão e carne) - os "obrigados"
• Organização dos celeiros municipais.

Transformação dos produtos:

• Controlo da produção de moinhos e lagares (escondiam muitas vezes os produtos).

Produção artesanal e manufatureira.

• concessão de licenças para o exercício dos ofícios.


• definição de normas de fabrico e preço dos produtos.

Abastecimento de água:

• Construção e reparação de fontes.


• Definição de normas de utilização da água das fontes e dos rios.

Obras públicas:

• As câmaras tinham e dar licença para construir de raiz ou melhorar edifícios


• Construção e reparação de edifícios camarários (raros os que se preservaram).
• Construção e reparação de estradas, caminhos e pontes.
• Concessão de licenças para a realização de obras particulares.
• Fiscalização de obras.
A população portuguesa na época moderna

Modelo demográfico de Antigo Regime europeu e português:

• Altas taxas de natalidade.


• Altas taxas de mortalidade:
o Índices de mortalidade global 30 a 40‰.
o Mortalidade infantil: 1/3 morria no 1º ano de vida; só 50% completava 7 anos.
o Mortalidade elevada de mulheres no parto.
o Probabilidade de morte subia exponencialmente a partir dos 50 anos.

• Tipos de mortalidade:

o Estrutural

o Conjuntural ou de crise: surtos de mortalidade provocados por doenças,


acompanhadas ou não de crises de subsistência.

Crescimento muito lento da população: causas sociais

• Crises de subsistência: carências alimentares: baixa imunidade.


• Pobreza
• Abandono de crianças (expostos).
• Crises de subsistência: carências alimentares: baixa imunidade.
• Pobreza
• Abandono de crianças (expostos).

Evolução da população:

• “Entre finais do século XV e meados do século XVIII a população portuguesa não chegou
a duplicar. O aumento demográfico do Portugal moderno pautou-se por ritmos
moderados em ciclos de média e curta duração, a que correspondem avanços e recuos
pontuais do número de almas. Os seus efeitos contraditórios permitem compreender a
lentidão de crescimento populacional como um todo, bem como as assimetrias regionais
com que se processa, o que só pontualmente difere da dinâmica que caracteriza a
maioria dos Estados europeus contemporâneos” (Teresa Rodrigues, 1).

Donde provém o conhecimento sobre as dinâmicas da população?

• Fonte mais fidedigna e abrangente:


o Registos paroquiais.
o Batismo
o Casamento
o Óbito

o Censos

▪ Numeramento (1527/32)
▪ Recenseamento Geral do Reino
1801.

o Contagens

▪ Fins militares

▪ Fins fiscais

▪ Religiosas (róis de confessados)

o Outras fontes: informações paroquiais corografias (Padre Carvalho da Costa)


1706-1712.

Contagens populacionais – problemas

• Não abrangem a totalidade de indivíduos de uma comunidade:


• Excluídos: (clero regular, estudantes, expostos, criados, presos, população flutuante e
marginais).
• Diversas unidades de cômputo: fogos, almas de confissão, almas de comunhão;
contribuintes e recrutas.
• Pouco rigor dos registos (números redondos)
• O problema do multiplicador de agregado populacional (fogo, vizinho, morador) (de 3,8
a 5).

Significado dos quantitativos populacionais:

• Onde houver muita gente haverá muita agricultura, arte, comércio e soldados e assim
se fazia a “felicidade” de um reino. Sendo assim, tanto as doutrinas mercantilistas como
as fisiocráticas são defensoras de políticas que fomentassem o aumento da população.

Sendo assim os monarcas portugueses tinham um conhecimento populacional muito deficiente


(Numeramento joanino; Recenseamento de 1801-1802; Contagens militares e fiscias). Como é
que é possível estruturar uma política de desenvolvimento do país sem se conhecer o número
de habitantes?

Demografia histórica:

• Uma das áreas estruturantes da investigação histórica no século XX foi a demografia


histórica. A ela se dedicaram várias equipas de investigação que trabalhavam com
metodologias definidas pelas escolas francesa e inglesa de demografia histórica.
• Um conhecimento profundo da sociedade portuguesa, globalmente considerada, tem
necessariamente que assentar sobre estudos da população (quantitativos,
comportamentos demográficos, tendências de evolução, estruturas da família) que
deveriam cobrir todo o território português.
• Os estudos de população foram introduzidos nas Faculdades de Letras na década de 60
como tema de teses de licenciatura. (cf. Guilhermina Mota, “Teses apresentadas à
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Estudos de População”. População e
Sociedade, nº3, 1997).
• A investigação na área demográfica progrediu ao longo da Segunda metade do século
XX. O numeramento de 1527 e o censo de 1801 constituíram a base das teses de
doutoramento de João Alves Dias Gentes e espaços, Lisboa, 1996 e da de Fernando de
Sousa A população portuguesa nos inícios do século XIX, Porto, 1980).
• Para além disso prosseguiu a elaboração de monografias de freguesias urbanas e rurais
no âmbito de mestrados e doutoramentos. Os comportamentos demográficos, a
estrutura da família, mas também as estratégias de herança são alguns dos temas
construídos com base em registos paroquiais, listas nominativas (nomeadamente róis de
confessados) e registos notariais.

Em relação aos estrangeiros:

• GALEGOS
o Finais do séc. XVIII – 50 ou 60 mil
o Locais de residência:
▪ Lisboa (40 mil)
▪ Entre Douro e Minho
▪ Trás-os-Montes
o Ocupações: criados, jornaleiros, pedreiros …
• INGLESES
o Comerciantes
▪ Vinho do Porto.
o Militares
o Alguns números:
▪ Lisboa (1755) – 900 pessoas
▪ Porto (1750-1787) – batizadas 183 crianças.
• FRANCESES
o Comerciantes
o Militares
o Técnicos (ind. Têxtil e minas).
o 1745 – 1000 pessoas
o 1785 – 8000 pessoas

Meios de circulação da informação sobre doenças contagiosas:

• Meios credíveis:
o Correspondência de mercadores, embaixadores e médicos.
o Correspondência entre a coroa e os municípios.
• Meios menos credíveis:
o Gazeta de Lisboa (nem sempre difundiam notícias sobre doenças para evitar
alarmismos entre nacionais e estrangeiros.
o boatos, panfletos.
A trilogogia mortífera: a fome, a peste e a guerra.

• Mortalidade
o Por doença, infantil e mortalidade feminina no parto.
o Violência dos agentes patogénicos (bactérias, vírus ..), atraso da medicina, más
condições higiénicas, carências alimentares.
• Mortalidades excessivas:
o Decorrentes de crises de subsistência (escassez alimentar)
o Doenças: epidemias
o Guerra

A sasonalidade das doenças:

• Doenças de inverno: gripes, pneumonias


• Doenças de verão: gastrointestinais e outras (febre amarela)
• Impactos socialmente desiguais.

Quem eram os portadores das doenças:

• Pessoas e animais (pulga, mosquito) que chegavam aos portos marítimos (“a morte
que vinha do mar”).
o Mercadores.
o Pessoas que trabalhavam nos navios.
• Pessoas atravessavam a fronteira terrestre: (trabalhadores sasonais e outros viajantes.
• Correspondência vinda do exterior (higienização nas fronteiras terrestres e marítimas)

Terapêuticas: o desconhecimento das doenças

• Pessoas e animais (pulga, mosquito) que chegavam aos portos marítimos (“a morte
que vinha do mar”).
• Mercadores.
• Pessoas que trabalhavam nos navios.
• Pessoas atravessavam a fronteira terrestre: (trabalhadores sasonais e outros viajantes.
• Correspondência vinda do exterior (higienização nas fronteiras terrestres e marítimas)

Comportamentos em tempos de epidemia

• Pessoas e animais (pulga, mosquito) que chegavam aos portos marítimos (“a morte
que vinha do mar”).
• Mercadores.
• Pessoas que trabalhavam nos navios.
• Pessoas atravessavam a fronteira terrestre: (trabalhadores sasonais e outros viajantes.
• Correspondência vinda do exterior (higienização nas fronteiras terrestres e marítimas)

Intervenções das autoridades

• Controlo de viandantes (mendigos)


• Quarentenas e confinamento, em casa, nos lazaretos e nas “instituições de saúde”).
• Limpeza de ruas nos meios urbanos e rurais.
• Controlo da qualidade e quantidade do abastecimento em produtos alimentares.
• Cordões sanitários organizados pelas câmaras sob supervisão dos guarda-mores da
saúde nomeados pelas câmaras
• Cordões sanitários de fronteira organizados pelo estado e compostos por militares
(sobretudo no século XIX)

Mortalidade diferencial

• Os mais afetados:
o Trabalhadores agrícolas, artesanais e do comércio.
o Criados e criadas sem trabalho
o Pessoas que abasteciam as cidades.
o Pobres que viviam em casas e ruas insalubres.
o Mendigos e vagabundos.

A pastoral do medo: O culto de S. Sebastião e S. Roque

• Receita universal ou breve notícia dos santos especiais advogados contra os achaques,
doenças, perigos e infortúnios.

Os espantosos tempos: Na doutrina da Igreja pós-conciliar a doença aparecia como um castigo


de Deus aos pecados dos homens, castigo individual, mas que se podia tomar coletivo no caso
de grandes epidemias. E era também um aviso ou advertência a lembrar a necessidade de
preparação para a morte, então uma permanente ameaça em todos os momentos da vida.

A Sociedade portuguesa de Antigo Regime.

A sociedade portuguesa da Época Moderna: composição e padrões culturais e organizativos.

Objetivos: compreender a organização e os critérios hierarquizadores das Sociedades


de Antigo Regime, sociedade que se hieraquizava nos privilégios.

Conhecer, de forma particular, a organização e as funções da nobreza.

Com a citação de um extrato das Ordenações Filipinas que nos remete para uma sociedade em
que a desigualdade de direitos e de deveres tinha uma fundamentação jurídica,
particularmente visível no campo do direito penal, um poderoso instrumento de diferenciação
social e de construção de uma representação diferenciadora e hierarquizada da sociedade.

Esta sociedade de Antigo Regime organizava-se e auto representava-se em Estados ou ordens.

A sociedade organizava-se de acordo com um modelo funcional, isto é, o critério que presidia à
hierarquização social era a função desempenhada, hierarquizando-se as funções (vida religiosa,
vida militar, vida económica) segundo a honra ou a dignidade que a sociedade atribuía a cada
uma das funções.
1ª ordem – Clero

• Intermediação com o divino

2ª ordem – nobreza

• A defesa do Reino (serviço militar)

3ª ordem - Povo

• Produção, transformação e transporte de bens materiais

A sociedade de Antigo Regime registou mobilidade social, mobilidade que não era de grupo
mas individual. Constituíram-se como factores de mobilidade social os rendimentos
nobilitantes, como eram os de natureza fundiária.

De modo diverso de uma sociedade de ordens, na de classes era o papel desempenhado na


produção de bens materiais, e o capital ganho desse modo, que influenciavam decisivamente a
posição ocupada na hierarquia social.

A sociedade portuguesa, na época moderna, foi integrando progressivamente como critério


hierarquizador componentes de uma sociedade de classes. De notar ainda que proventos de
natureza material auferidos na agricultura, e sobretudo no comércio do grosso trato,
permitiram a aquisição de símbolos sociais nobres (viver à lei da nobreza, adquirir morgadios),
o que proporcionou, por exemplo, uma renovação da nobreza no reinado de D. José.

Características de uma sociedade de ordens.

• Uma sociedade de privilégios e que se hierarquizava em função dos privilégios:


o Privilégio era “uma ley, em favor de hum homem privado, & particular”; “uma
graça, ou prerrogativa, que o Superior concede ao inferior, ou o Soberano ao
subdito, da qual os mais não gozaõ” (Bluteau).
o Concedidos pelo rei, geralmente para premiar serviços, traduziam-se em
vantagens de ordem jurídica, social, económica ou honorífica que colocavam
os que os possuíam em situação favorecida em relação a outros.
o Os privilégios eram, no entanto, transversais aos vários grupos sociais
usufruindo o povo de alguns direitos particulares decorrentes de estarem ao
serviço de outros privilegiados (ex: enfiteutas das casas senhoriais, criados de
estudantes universitários).

NOBREZA

Conceito:

• Nobre era “aquelle que por sangue ou por Alvará de Principe se diferença em honras e
estimação dos plebeus e mecânicos”.
• “Os reis por acrescentar/ as pessoas em valia, /por lhes serviço pagar,/ vimos a uns o
dom dar/e a outros fidalguia” (Garcia de Resende)

A nobreza organizava-se em dois grupos:

1. a hereditária, também chamada de sangue,


2. e a política ou civil, a adquirida em reconhecimento de serviços prestados ao reino ou
de desempenhos nobilitantes.

Constituíam vias de acesso à Nobreza Política ou Civil as seguintes:

• Exercício de cargos militares no reino ou no império.


• Exercício de cargos administrativos e judiciais.
• Desembargo do Paço, Mesa da Consciência, Casa da Suplicação.
• Obtenção de um grau universitário: bacharel, licenciado ou Doutor.
• Aquisição de um hábito de uma ordem militar.
• Exercício de cargos nas vereações municipais

A nobreza era um grupo hierarquizado, sendo a designação dos vários graus de nobreza
particularmente difícil de destrinçar. As Ordenações Filipinas distinguem três categorias:
Fidalgos, Cavaleiros e Escudeiros.

A categoria de fidalgo titular - duques, marqueses, condes, viscondes e barões – é aquela que
tem uma configuração mais clara.

Abaixo desta categoria situavam-se os fidalgos não titulares e um grupo de nobres muito
heterogéneo; alguns distinguiam-se dos plebeus por viveram “à lei da nobreza”, por
ostentarem um conjunto de símbolos sociais que os podiam catapultar à obtenção de nobreza
formal.

• Viver de modo diferente dos plebeus permitia a aquisição de reconhecimento


e de estima social necessários, por exemplo, ao exercício da autoridade de que
muitos nobres estavam investidos no exercício de vários cargos de governo
central, imperial ou local.
• Alguns plebeus/nobres em transição situavam-se no “estado meio”,

Você também pode gostar