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SEGUNDO REINADO

BRASILEIRO

Prof. Laura Brandão.


• Índio e português como figuras centrais na
formação social do Brasil. Exclusão do
negro (ideias de eugenia e Darwinismo
Social).
Romantismo • Apropriado pelo Estado monárquico como
instrumento político de construção dos
símbolos nacionais.
• Afirmação de valores e identidade
brasileira.

A primeira missa no Brasil


Victor Meirelles (1861).
IHGB
(Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro)

• Investimento nas ciências construção de universidades e o


convite de pintores, artistas e professores de fora do país e a
produção historiográfica (construção do IHGB).
• É no bojo do processo de consolidação do Estado Nacional que se
viabiliza um projeto de pensar a História brasileira de forma
sistematizada.
• O IHGB toma para si a função de sistematizar uma produção
historiográfica capaz de contribuir para o desenho de uma
nação brasileira, inclusive a través da construção de mitos e
representações da História nacional.
• A pintura explorou os
motivos históricos para
realçar o protagonismo
europeu a pureza e
fragilidade do índio. o
negro era uma figura à
margem na pintura
romântica. As obras
exaltavam o Império, o
passado glorioso e a
unidade política.

PEDRO AMÉRICO
Dom Pedro II na
Abertura da Assembleia Geral em 1872.
• Marcada pela atuação de dois partido
Política interna políticos:
• Partido Conservador e Partido Liberal.
1840-1850: Consolidação • Monarquistas.
• Escravocratas.
1850 -1870: Conciliação
1870-1889: Crise
• Partido Conservador (Saquarema) -
termo originário da cidade de
Saquarema, no norte da província do
Rio de Janeiro, importante centro de
políticos conservadores na época.
• Partido Liberal (Luzia) – termo ligado
à cidade de Santa Luzia, Minas Gerais,
importante centro de atividades dos
liberais na época.
1831 1837 1870

RESTAURADORES CONSERVADOR

CONSERVADOR

MODERADOS LIBERAL

LIBERAL

EXALTADOS REPUBLICANO
• O parlamentarismo no Brasil foi diferente do
europeu em função da existência do Poder
Parlamentarismo Moderador. Após a realização de uma eleição,
No D. Pedro II nomeava um político do partido
Segundo Reinado vencedor para o cargo de primeiro-ministro.

Parlamentarismo • Caso a Câmara não tivesse a maioria do


às avessas partido do Gabinete, cabia ao imperador
decidir qual dos dois continuaria a exercer suas
funções. Ou seja, o imperador podia impor o
gabinete de sua preferência. Essa prerrogativa
Em 1847: criação do cargo contrariava os princípios do parlamentarismo,
de presidente do Conselho sistema em que o poder legislativo detém
de Ministros (primeiro- grande influência na formação dos governos.
ministro), chefe do poder
Executivo. • Primeiro ministro é subordinado à autoridade
do Imperador (Poder Moderador). Inversão do
sistema político.
• Diversificação de atividades econômicas, em relação
aos períodos anteriores: cacau, algodão, açúcar,
borracha e o café.

Economia • Economia de exportação de produtos primários


No (modelo agroexportador).
Segundo • Monopólio dos recursos econômicos pelas oligarquias
Reinado rurais.
• Dependência internacional.

• Principais áreas de produção: Vale do Paraíba e Oeste


Paulista.
• Vale do Paraíba: latifúndios; Mão de obra escrava;
Esgotamento do solo; Predomínio até 1870.
• Oeste Paulista: mão de obra livre de imigrantes; Terra roxa;
CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam.
Atlas de História do Brasil. São Paulo:
Scipione, 1993. p.25.
• A expansão do café incentivou a formação de uma malha ferroviária brasileira,
fundamental para o escoamento da produção até os portos do Rio de Janeiro e de São
Paulo.
• A riqueza oriunda do café estimulou a projeção política das elites cafeicultoras
exportadoras do centro-sul, os chamados Barões do café.
• Surgimento de novos setores sociais ligados a outras atividades: profissionais
liberais/urbanização.
• A sociedade do Segundo Reinado não rompeu as estruturas construídas durante o
Período Colonial.
Obstáculos para a industrialização no Brasil:
- Manutenção da mão de obra escrava.
- Privilégios alfandegários obtidos pela Inglaterra.

Tarifa Alves Branco

• Nova tarifa alfandegária sobre os produtos importados. (de 15%


passa para 30% e 60%).
• Acarretou o aumento do preço dos produtos importados e
aumentou o consumo de produtos similares nacionais.
• Incentivou o surgimento de indústrias, bancos, empresas,
ferrovias nacionais.
REPOSTA INGLESA:
BILL ABERDEEN

Refere-se a uma lei aprovada pelo


parlamento britânico em março de
1845 e que concedia à Inglaterra o
direito de aprisionar navios
negreiros que realizassem o
transporte de cativos da África
para as Américas.
OUTROS FATORES QUE FAVORECEM O DESENVOLVIMENTO
DE INDÚSTRIAS NACIONAIS.

1. Lei Eusébio de Queiroz, em 1850: proibiu o tráfico de escravos,


acarretando um excedente de capital que foi investido em outros
ramos da economia, como as indústrias.

2. Lucros provenientes do café: parte dos lucros do café eram


investidos em outras áreas da economia para não provocar a
superprodução e a desvalorização do produto.

3. Iniciativas particulares: pioneirismo de alguns investidores, como


Barão de Mauá.
- Construção das primeiras estradas de ferro.
- Construção de um estaleiro.
- Fundação de bancos.
- Implantação da iluminação pública a gás no RJ.
- Criação de companhia de bondes.
- Construção do primeiro cabo telegráfico submarino ligando Brasil à Europa.
Após as pressões inglesas o governo determina a Tarifa Silva Ferraz

• Reduzia as taxas de importação.


• Desestimulou breve surto industrial.
• Falência das empresas de Mauá.
LEI DE TERRAS, EM 1850

• Proibia a ocupação e doação de terras.


• Regularizou as terras já ocupadas.
• Terras não registradas tornaram-se propriedade pública.
• Aquisição de terras só poderia ser feita pela compra ou doação do Estado.
• Governo determinava o valor das terras.
• Ex-escravos, imigrantes e homens livres não teriam acesso à terra.
• Lei contribuiu para intensificar a desigual estrutura fundiária no país e
privilegiar as elites agrárias.
• As maiores e melhores terras ficaram concentradas nas mãos dos antigos
proprietários e passaram às outras gerações como herança de família.
• Mão-de-obra predominantemente escrava negra, porém com gradativo e
lento processo de substituição por assalariados.

• Sistema de parceria:
• Nicolau de Campos Vergueiro. Fazenda Ibicaba.
• Custeio antecipado de rendimentos, transporte de trabalhadores e
suas famílias e permanência nos primeiros meses.
• Trabalhadores deveriam dar 2/3 da sua produção para o cafeicultor.
• Dívidas contraídas eram aumentadas por meio dos juros.
• Limitação da liberdade dos trabalhadores em função das dívidas
contraídas.
• Fracassou, pelo padrão escravista e por não haver uma reserva de
mão de obra livre no Brasil.
Imigração subvencionada pelo Estado

• Se estendeu de 1870 a 1930


• Garantir fluxo migratório contínua de imigrantes.
• O Estado arcava com os custos do transporte de imigrantes, bem
como o alojamento e o trabalho inicial no campo ou na lavoura.
• Contratos que estabeleciam o local para onde se dirigiriam e
as condições de trabalho a que se submeteriam.
• Branqueamento da população brasileira.
 Final do Império – debate sobre a migração de chineses e sobre a
necessidade de se conseguir “braços para a lavoura” imediatamente,
aprovou um decreto que garantiria por dez anos a vinda de milhares de
chineses.
 Debates sobre imigração de chineses em 1870 naquela Sociedade, o que
estimulou ainda mais a reação anti-chinesa.
 “Negros Amarelos” ou Chins.
 Na Primeira República – Imigração de japoneses para o Brasil.
 Navio japonês - Kasato Maru, em 1908.
 Cenário de superpovoamento no Japão levou o governo local a tratar a
emigração como uma solução para a crise social que se instalava no país.
 Existia o medo de que a imigração asiática desencadeasse degradação
racial - contexto de eugenia e branqueamento.
 A partir da década de 1930 a migração japonesa foi interrompida-
Segunda Guerra Mundial.

“Se a escória da Europa não nos convém, menos nos convirá a da China e do Japão ”.
Jornal Correio Paulistano, 1892.
A sociedade brasileira do Segundo Reinado não rompeu
a realidade constituídas durante o Período Colonial.

Autoridade político-social de um restrito grupo de


latifundiários monocultores permanece até o fim da
Primeira República, em 1930.
Processo de
Abolição da Processo de urbanização que garantiu a formação de
Escravidão uma classe média: profissionais liberais, comerciantes e
funcionários públicos

Mesmo com o advento de novos setores sociais, a


maioria da população brasileira permaneceu
marginalizada, desvinculada da efetiva noção de
cidadania.
• A permanência da escravidão trouxe atrito diplomático com os ingleses, que
pressionavam o governo brasileiro para interromper o tráfico de escravos
para o país.

O empenho britânico em concretizar tal medida se justificava:


1. Promover o fim do trabalho escravo e criar um mercado consumidor
para seus produtos através do estímulo à mão de obra assalariada.
2. Interesse em manter a África isolada de ingerências externas que
viessem a atrapalhar o processo de dominação imperialista que se
constituía no século XIX.

• Assim, a legislação responsável pelo fim do regime escravocrata no Brasil foi


sendo lentamente elaborada, à medida que os eventos externos (pressão
inglesa) e internos provocavam a necessidade de supressão desse tipo de
trabalho.
LEIS ABOLICIONISTAS
“Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati.”
Trecho do samba-erredo escola de samba Mangueira.
• Entre os eventos internos que colaboraram
para a condução do processo abolicionista,
“Não veio do céu estão:
NemJosé
Francisco das mãos de
do Nascimento

Isabel 1. Participação das pessoas que se


situavam fora dos setores agrários e, por
A liberdade é um isso, não estavam vinculadas à escravidão.
dragão no mar de 2. Crescente urbanização propiciava a
Aracati.” expansão das atividades industriais.
3. A introdução do trabalho assalariado e o
crescimento da população livre.
O projeto abolicionista nacional se estruturou dentro de um
diversificado caminho:

• Manifestações de resistência à escravidão ocorridas nas senzalas.

• Esforço internacional ao combate do trabalho cativo do negro no Brasil.

• Criação de grupos para lutar pelo fim da escravidão: Sociedade


Brasileira contra a Escravidão e jornal O Abolicionista, importante
espaço de divulgação das ideias contrárias ao trabalho escravo.

Principais lideranças abolicionistas: Joaquim Nabuco, André


Rebouças, José do Patrocínio e João Clapp.
As ações abolicionistas iam além das leis que
tratavam do tema do trabalho escravo.

• Apoio dado à fuga de escravos por parte de


algumas sociedades abolicionistas, em especial
na região Sudeste.
• A criação de fundos de emancipação, que
conseguiram acabar com o trabalho escravo nas
províncias do Ceará e Amazonas ainda antes da
Lei Áurea;
• O contato com sociedades abolicionistas
internacionais empreendido por Joaquim Nabuco
e José de Patrocínio nas visitas realizadas à
Europa.

Francisco José do Nascimento, Dragão do Mar.


• Lei Áurea foi omissa sobre possíveis indenizações a
serem pagas aos escravos pelos anos de trabalho
gratuito aos seus senhores.
• Continuavam submetidos ao mesmo sistema
econômico que os havia transformado em uma força
de trabalho desqualificada.
• As redes de preconceito e de desvalorização social não
A foram desfeitas.
Construção das • Não houve efetiva integração social e a condição do
ex-escravo permaneceu próxima àquela estabelecida
Desigualdades durante o período anterior à Lei Áurea.
• Muitos permaneceram nas fazendas onde já
trabalhavam como escravos, visto que desconheciam/
não possuíam outras possibilidades.
• Os libertos que buscavam as cidades após a abolição
encontravam poucas opções de trabalho.
• Acabavam, por conta disso, muitas vezes
incorporados à criminalidade.
O que é racismo estrutural?

“ Todo o racismo é estrutural porque o racismo não


é um ato, o racismo é processo em que as
condições de organização da sociedade
reproduzem a subalternidade de determinados
grupos que são identificados racialmente.”
Silvio Almeida
• Conflitos diplomáticos com a Inglaterra.
Pressão pelo fim do tráfico e escravidão;
Bill Aberdeen; Pressão para redução de tarifas
alfandegárias; Questão Christie;

Política Externa • Constante intervenção brasileira nos países


Brasileira fronteiriços da região sul.
Intervenção no Uruguai, Argentina e
Paraguai. Motivada pelo interesse em
garantir o controle dos rios da região e
barrar o desenvolvimento de grupos
políticos opositores ao Imperador.
• Roubo de uma carga do navio inglês Príncipe de
Gales, que havia naufragado na costa brasileira.
• Prisão de alguns oficiais ingleses no Rio de Janeiro,
por estarem promovendo arruaças.
• O diplomata inglês exigiu 3.200 libras de
ressarcimento da carga do navio, além de exigir que
Questão os soldados brasileiros que prenderam os soldados
Christie ingleses fossem encarcerados e ainda um pedido de
desculpas formal do governo brasileiro.
• Ingleses prenderam 5 navios brasileiros no Rio de
Janeiro.
• Brasil pagou a carga roubada e rompeu laços com a
Inglaterra.
• Em 1865, a Inglaterra pede desculpas formais ao
Brasil.
• Principais motivações: Disputa por territórios e controle
da Bacia do Prata entre os Estados recém formados.
• Brasil, Uruguai e Argentina (Tríplice Aliança) X
Paraguai (líder Solano López).
Guerra do • Motivações de cada país para participar do conflito
Paraguai • Brasil: continuar seu domínio na América do Sul
e usar a bacia do prata.
(1864-1870) • Paraguai: Dominar territórios na região e uma
saída para mar para potencializar o comércio.
• Argentina: evitar a perca de duas províncias
(Entre Rios e Corrientes) que estavam em
processo de independência com apoio do
Paraguai.
• Uruguai: evitar a dominação de seus territórios
pelo Paraguai.
• Em 1864, governo paraguaio ordenou o aprisionamento do navio brasileiro
Marquês de Olinda. Governo Brasileiro declara guerra ao Paraguai.
• Paraguai ordena invasão do norte da Argentina.
• Participação da Inglaterra no conflito: Inglaterra apoia a tríplice Aliança
através de empréstimos e apoio militar. o Paraguai era uma potência
econômica na América do Sul, independente das nações europeias. A
Inglaterra queria eliminar um exemplo de sucesso e independência na
América Latina.
• Faz parte do processo de consolidação dos Estados Nacionais da região.
• Debate historiográfico sobre o conflito.

- O Brasil utilizou muitos escravos para compor o


PARTICIPAÇÃO NEGRA exército.
NA GUERRA DO - A participação desses escravizados no conflito permitia a
PARAGUAI. alforria.
- Os senhores de escravos recebiam indenização.
- Exército era pejorativamente chamados de Macacudos.
- Paraguai perde a maior parte das suas
indústrias e abre os seus mercados para os
produtos ingleses. Morte da maioria da
população masculina; Perdeu territórios.
Consequências da - Brasil incorpora territórios importantes para
Guerra do a navegação na região sul; crescimento da
Paraguai. dívida externa e crise econômica.

- O Exército Brasileiro passou a ser uma


expressiva força dentro da vida nacional.
- A escravidão passou a ser mais questionada –
Lei do Ventre Livre (1871).
Jovita Feitosa se vestiu de homem
para lutar na Guerra do Paraguai.
• O Exército Brasileiro passou a ser uma
expressiva força dentro da vida nacional,
inclusive sendo decisivos nos processos
políticos posteriores.
• A escravidão passou a ser mais questionada –
Lei do Ventre Livre (1871).
• Mercado paraguaio se abriu aos produtos
ingleses e o país chegou até a solicitar
empréstimos à Inglaterra, que foi a maior
beneficiada com o conflito.
DA MONARQUIA À REPÚBLICA

- Pressões pelo fim da escravidão (Questão Abolicionista).


Crise do Império - Questão religiosa.
- Questão Militar.
- Questão Republicana.

Efeitos econômicos e sociais da então recente Guerra do Paraguai: aumento


da dívida externa, inflação nos centros urbanos, pressões para a abolição e
para a manutenção da escravidão.
Conjuntura internacional.
Alguns abolicionistas, militares e intelectuais passaram a expressar sua
insatisfação e mobilizar a opinião pública em favor dos ideais republicanos
"Sem a força armada ao nosso lado,
qualquer agitação de rua seria não
só um ato de loucura... mas
principalmente uma derrota de rua
antecipada."
Quintino Bocaiúva

Crise no Segundo Reinado


(charge de Angelo Agostini)
“A mudança será imposta sob a forma de golpe
militar, ficando entretanto contida dentro dos limites
de interesses dos grupos que integram o movimento e
que realizarão apenas as modificações institucionais
necessárias à sua efetivação ao poder e à realização de
uma política econômica e administrativa propícia aos
seus interesses.”

DA COSTA, Emília Viotti. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo,
1977.

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