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política, economia e sociedade

Golpe da Maioridade:
a estabilização interna
do Império do Brasil

Por subir Pedrinho ao trono,


Não fique o povo contente;
Não pode ser coisa boa
Servindo com a mesma gente.

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Queremos Pedro II,
Ainda que não tenha idade.
A nação dispensa a lei.
Viva a Maioridade!
 Sob a liderança de D. Pedro II é formado um Ministério
Liberal – o Ministério dos Irmãos – jul./1840:
 “Eleições do Cacete” – vitória do Partido Liberal.
 No início de 1841, diante de várias pressões contra a
violência nas eleições, o Imperador dissolveu o
Ministério Liberal e nomeou outro formado por
Conservadores - “Regresso Conservador”.
 A Revolta Liberal de 1842 deflagrada em MG e SP foi
motivada pela dissolução da Câmara eleita em 1840
(não foi dada a posse aos eleitos nas “eleições do
cacete”).
 Em 1848 ocorreu a última revolta nas províncias: a
Praieira de 1848 – em PE.
Política da Conciliação
 Para diminuir a tensão entre liberais e
conservadores foi formado o “Ministério da
Conciliação” (1853 – 57):

 liderança de Honório Carneiro Leão, o Marquês de


Paraná;

 a unidade entre os grupos estava em seu perfil


aristocrático, latifundiário e escravagista;

 a política da “Conciliação” durou até 1870 quando um


novo partido entrou na cena política – o Republicano.
O Gabinete da Conciliação – 1853 a 1857
Parlamentarismo às Avessas

 Outra importante característica política do


período foi o “Parlamentarismo às Avessas”:

 o Imperador nomeava o Presidente do Conselho de


Ministros;

 o presidente do Conselho nomeava o Ministério;

 ‘blindagem’ do Imperador – irresponsabilidade do


‘poder real’.
Tarifa Alves Branco (1844):
 mudou a política tributária sobre a importação;

 as mercadorias que não tinham concorrente

nacional pagavam 30%;


 as mercadorias importadas que tinham
concorrentes nacionais podiam ser tributadas em
até 60%;
 criou dificuldades nas relações Brasil – Inglaterra.
O tráfico transatlântico de africanos escravizados
O “Tumbeiro”
Lei Euzébio de Queiróz (1850):
 proibiu o tráfico transatlântico de escravos para o

Brasil;
 foi uma resposta às pressões da Inglaterra que:
 exigiu o fim do tráfico quando reconheceu a
independência do Brasil, resultando na lei de 1831
(“lei pra inglês ver”);
 aprovou o Bill Aberdeen (ago/1845) autorizando a
marinha inglesa a apreender navios negreiros em
“águas internacionais”.
Bill Aberdeen, 1845 – a Inglaterra patrulha os mares
Lei de Terras (1850):
 transformou toda terra desocupada em propriedade do
Estado;
 estabeleceu o tamanho mínimo (latifundiário) de
propriedade que podia ser comprada junto ao Estado;
 fixou prazo para que os proprietários declarassem em
cartório o tamanho de suas propriedades:
 auto-declaração = aumento da área verdadeiramente
ocupada.

 dificultou a compra da terra pelos imigrantes e


brasileiros ‘livres pobres’:
 ausência de uma política de crédito.
 Foi a principal atividade econômica do país durante o
século XIX.
 As principais áreas de cultivo foram:
 Baixada fluminense (Corte – Rio de Janeiro);
 Vale do Paraíba fluminense e paulista;
 Zona da Mata mineira (Juiz de Fora);
 Oeste paulista (Campinas).
 De um modo geral, a cafeicultura no Vale do Paraíba
começou a dar sinais de esgotamento a partir da
década de 1870:
 empobrecimento do solo e;
 dependência do trabalho escravo.
 Foi no oeste de São Paulo que os cafezais atingiram
maior produtividade devido à:

 geografia da região (terra ‘roxa’ e plana);


 introdução do trabalho livre de imigrantes a partir de
1850;
 surgimento de uma “burguesia” cafeeira;
 deslocamento do eixo econômico do Vale do Paraíba para
o Oeste paulista;
 destaque para a região de Campinas (Princesa do Oeste).
A cafeicultura avança para o Oeste
Vapor, Rio São Francisco, séc. XIX
Irineu Evangelista – o empreendedor brasileiro, Mauá

Baronesa, 1ª locomotiva a vapor do Brasil - Estrada de Ferro RJ – Petrópolis, 1854.


 Tarifa Alves Branco (1844): dificultou (encareceu) a importação de
produtos industrializados;
 Lei Euzébio de Queirós (1850): liberou capitais do setor agrário que, em
grande parte, foram investidos no setor financeiro, mercantil e industrial.

 Destaque para o empresário de Irineu Evangelista, o


(Barão) Visconde de Mauá, que foi proprietário de:
◦ período chamado de “Era Mauá” – 1850 a 1860.
◦ bancos e financeiras;
◦ fundição (siderurgia);
◦ estaleiros;
◦ companhias de transporte (ferrovias, bondes e navegação
à vapor);
◦ iluminação pública (incluindo Londres);
Teófilo Otoni foi um
grande empreendedor
mineiro responsável pelo
desenvolvimento dos vales
do Jequitinhonha e Mucuri.
Selo comemorativo do
bicentenário de Teófilo Otoni.

Além das
empresas de
ferrovia e
navegação a vapor,
foi também um
incentivador da
imigração
Navegação no Rio Mucuri, 1850. europeia.
 O trabalho de africanos escravizados continuou sendo a
principal base da mão-de-obra até 1870, conservando
características do período colonial.

 A partir de 1850, foi iniciada a política de atração de imigrantes


europeus (espanhóis, italianos, alemães, portugueses...);
 o senador Nicolau Vergueiro (SP) foi pioneiro na contratação de
imigrantes;
 em 1856 enfrentou uma revolta liderada pelo suíço Thomaz
Davatz (que escreveu um livro sobre o movimento), na sua
fazenda em Ibicaba/SP;

 A imigração voltou a crescer na década de 1870 com a expansão


das lavouras de café e das atividades urbanas.
A Revolta de Ibicaba,
1856, ou Revolta dos
Parceiros, foi feita por
imigrantes europeus
na Fazenda Ibicaba,
em Limeira, contra o
sistema de parcerias.
 As principais formas de trabalho dos imigrantes
europeus foram:

 o sistema de parceria (meeiro): recebiam lotes de terras


para cultivar e dividiam os lucros da lavoura com os
proprietários rurais e;

 o sistema de contrato (colonato): eram contratados por


companhias especializadas no recrutamento na Europa e
vinham como assalariados.
 Processos motivado por pressões externas e internas
 Inglaterra – Lei Bill Aberdeen – 1845
 Lei Euzébio de Queirós – 1850;
 Movimento abolicionista (escritores, intelectuais, classes
urbanas, alforriados...);
 Abolição a conta-gotas
Questão Christie
 Está relacionada a dois fatos:
 o saque e naufrágio do navio Princes of Gales,
encalhado no litoral do RS (1861) e;
 a prisão de dois oficiais da marinha britânica por
motivo e desordem nas ruas do Rio de Janeiro
(1862);
 William D. Christie, diplomata inglês, exigiu um
pedido formal de desculpas e a indenização pelas
mercadorias saqueadas:
 D. Pedro II não atendeu as exigências e rompeu
relações diplomáticas com a Inglaterra.
Guerra do Paraguai (1864 – 1870):
Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) X Paraguai:
 Brasil e Argentina haviam enviado tropas ao Uruguai em
apoio ao golpe de V. Flores (Colorado) que depôs Aguirre
(Blanco) aliado de Solano Lopez (Paraguai);
 os paraguaios, em retaliação, apreenderam o navio
brasileiro Marquês de Olinda que levava o presidente do
Mato Grosso e invadiu aquela província;
 a Batalha do Riachuelo (jun/1865) marcou o fim do
protagonismo paraguaio no conflito, e seu território
começou a ser invadido;
 derrotados na Batalha de Humaitá (1868), a capital
Assunção ficou vulnerável e foi invadida em 1869;
 Solano Lopez foi morto em 1870 na batalha de Cerro
Corá.
 De um lado está a tese de que tudo começou por
conta do imperialismo da Inglaterra, que não
poderia permitir que um Paraguai desenvolvido
e autossuficiente prosperasse no Cone Sul;

 Do outro, historiadores que voltaram aos


documentos concluindo que os atritos
começaram por conta do processo de
consolidação das fronteiras nacionais, além da
disputa pela navegação e hegemonia no Rio da
Prata.
O pensamento
abolicionista
ganha força no
Exército após a
Guerra do
Paraguai
 As pressões políticas e sociais decorrentes da
Guerra do Paraguai (1864-1870) e a favor da
abolição da escravidão levariam à formação de
novos grupos políticos, com destaque para a
fundação do Partido Republicano, em 1870:

 o movimento republicano encerra a dinâmica do


‘bipartidária’ - Liberal e Conservador -, da política
imperial criando novos arranjos que levariam à
queda da monarquia em 1889.
Ângelo
Agostini –
Revista
Ilustrada.
Crítica ao
bipartidaris
mo e o
imperador.
 A partir da década de 1860 ocorreu um crescimento das
críticas contra o governo Imperial;
 Em 1870, grupos republicanos elaboraram o “Manifesto
Republicano”, publicação através da qual estes setores
oficializavam a oposição ao Império brasileiro;
 Anos depois, surgiriam diversos partidos como:
 Partido Republicano Paulista (PRP) - 1873;
 Partido Republicano Mineiro (PRM) - 1888.
 Estas agremiações políticas representavam grupos
variados que rejeitavam a administração monárquica,
como alguns setores urbanos e das oligarquias agrárias.
Manifesto Republicano, 1870
[...] A autonomia das províncias é, pois, para nós, mais do que um interesse imposto
pela solidariedade dos direitos e das relações provinciais, é um princípio cardeal e
solene que inscrevemos na nossa bandeira. O regime da federação, baseado, portanto,
na independência recíproca das províncias, elevando-as à categoria de Estados
próprios, unicamente ligados pelo vínculo da mesma nacionalidade e da solidariedade
dos grandes interesses de representação e da defesa exterior, é aquele que adotamos no
nosso programa, como sendo o único capaz de manter a comunhão da família
brasileira.
[...]
Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua
essência e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados
americanos. A permanência dessa forma tem de ser forçosamente, além da origem de
opressão no interior, a fonte perpétua da hostilidade e das guerras com os povos que
nos rodeiam. Perante a Europa passamos por ser uma democracia monárquica que não
inspira simpatia nem provoca adesão. Perante a América passamos por ser uma
democracia monarquizada, aonde o instinto e a força do povo não podem preponderar
ante o arbítrio e a onipotência do soberano. Em tais condições pode o Brasil considerar-
se um país isolado, não só no seio da América, mas no seio do mundo. O nosso esforço
dirige-se a suprimir este estado de coisas, pondo-nos em contato fraternal com todos os
povos, e em solidariedade democrática com o continente de que fazemos parte.
 Questão militar:
 o Exército buscava maior prestígio em relação à Guarda Nacional
e à Marinha (Armada);
 influência dos ideais positivistas (república) entre os oficiais e
cadetes do Exército;
 contrários à proibição dos militares manifestarem suas opiniões
políticas nos jornais (Sena Madureira e Cunha Matos).
 Questão religiosa:
 em 1864 o Papa Pio IX ordenou que fossem excomungados os
católicos maçons;
 os bispos de Olinda e Belém (jan/abr, 1874) resolvem obedecer ao
Papa, e são condenados à prisão pelo Imperador.

 Questão abolicionista:
 a Lei Áurea de 13/05/1888 – a abolição da escravidão sem a
indenização aos proprietários de escravos.
Abaixo a Monarquia Abolicionista!
Viva a República com Indenização!
O Golpe de
15 de
Novembro
1889
“Havia no Brasil pelo menos três correntes que
disputavam a definição da natureza do novo regime: o
liberalismo à americana (liberal-federalista), o
jacobinismo à francesa e o positivismo de Augusto
Comte, defendido por Benjamin Constant. As três
correntes combateram-se intensamente nos anos iniciais
da República até a vitória de uma delas” – [a liberal-
federalista].

Fonte: CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas – O imaginário


da República no Brasil. São Paulo, Cia. das Letras, 1990, pp. 9-11.
“O povo assistiu aquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o
que significava, muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma
parada militar”.
(Aristides Lobo – Diário Popular, RJ, 15/11/1889)

 Nasceu do Golpe civil-militar do 15 de Novembro de 1889;


 Foi presidido pelo Marechal Deodoro da Fonseca;
 Realizou eleições para a Assembléia Nacional Constituinte
que estabeleceu:
 o regime federalista – descentralização;
 a separação Estado – Igreja;
 a exclusão eleitoral dos analfabetos, mulheres, padres e soldados;
 o voto aberto;
 e indicou Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto como
presidente e vice constitucionais.

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