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Elaborado Por LIC.

Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

TEMA I: DO TRÁFICO DE ESCRAVOS AO COMÉRCIO “ILÍCITO” (1822-


1880)
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1.1. CONTEXTO HISTÓRICO DA ABOLIÇÃO DO TRÁFICO DE
ESCRAVOS NEGROS
Razões Humanitárias

O Tráfico de Escravos africanos para as Américas começou no princípio do


séc. XVI (1510) mas apenas em finais do séc. XVIII começaram a surgir
Movimentos Humanitários a favor da libertação dos escravos.

O séc. XVIII é considerado o “Século das luzes”, devido a uma nova corrente
ideológica “que veio iluminar o espírito das pessoas e mostrar-lhes o poder da
razão do racionalismo”. Certos filósofos europeus (tais como Jhon Lock,
Kant, Voltaire, Jean Jacques Rousseau, Diderot, Montesquieu,
D`Alambert, entre outros), defendiam o poder da razão e do progresso,
procuravam instruir os homens, combatendo a ignorância e a superstição;
defendiam a igualdade social, condenando o desequilíbrio social e os abusos
do poder. Foi então que o sofrimento dos escravos começou a despertar a
atenção dos intelectuais europeus e surgiram os movimentos a favor da
abolição da escravatura.

Na Inglaterra, os Quaquers opuseram-se à escravatura desde 1671, mas os


seus protestos não foram atendidos.

Outra corrente religiosa que condenou a escravatura foi a dos Metodistas


Wesleyens. Apenas a partir de meados do séc. XVIII, os intelectuais britânicos
começaram pronunciar-se contra tão desumana prática, tendo-se destacado,
principalmente, Graville Sharp, Thomas Clarkson e William Wilbeforce. Em
1769 Graville Sharp escreveu uma memória sobre “ A Injustiça e a perigosa
Tendência da Tolerância da escravatura na Inglaterra”.

Esta obra agitou a opinião pública inglesa. Em 1772 foi proibida a escravatura
na Inglaterra. Posteriormente William Wibeforce desencadeou acções com
vista a abolição do tráfico de escravos e fundou em Londres, a “Sociedade
para Abolição do Tráfico de Escravos”

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Na França, filósofos e escritores como Voltaire, Nontisquieu, Bernardin de Saint


Pierre, entre outros, pronunciaram-se abertamente contra a escravatura. Os
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padres Roynal e Gregóire também procuraram mobilizar a opinião pública a
favor da libertação dos escravos.

Em 1788, em França foi criada a “Sociedade dos Amigos dos Negros”, à


qual pertenceram ilustres personagem como Condocert, Mirabeu, La Fayett,
o padre Gregóire, entre outros e que deram um grande impulso à luta contra a
escravatura.

Alguns papas criticaram a escravatura mas não tomaram nenhuma posição


com vista a acabar com tão desumanas prática e apenas no séc. XIX será
empreendida uma grande campanha contra a escravatura mas dirigida
essencialmente contra a escravatura para o oriente.

No entanto, os discursos filantrópicos dos abolicionistas não sensibilizavam os


grandes proprietários de terra, os grandes comerciantes de açúcar e os
grandes banqueiros que exerciam uma forte pressão sobre as decisões dos
respectivos governos. Apenas XIX uma nova conjuntura económica e política
favoreceu a abolição do tráfico de escravos e da escravatura.

Porém, são fundamentalmente os factores económicos que provocaram o


termo da escravatura. Com efeito, a Inglaterra, a primeira potência europeia a
levar a sua revolução industrial.

Razões económicas que Conduziram à Abolição da Escravatura e do


Tráfico de Escravos

A Inglaterra, foi o primeiro país europeu a realizar a Revolução Industrial e, aos


poucos as máquinas tornaram desnecessário trabalho escravo uma vez que
uma máquina podia efectuar o trabalho anteriormente realizado por dezena de
escravos. Por isso, avistaram grandes obstáculos para abolir a escravatura na
Inglaterra em 1772.

A perda das treze colónias inglesas na América (4 de Julho de 1776, os EUA


proclamaram a sua independência) fez diminuir consideravelmente o interesse
britânico pelo tráfico de escravos. Com a proclamação da Independência
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competia aos EUA providenciar a compra dos escravos de que necessitavam


para as colónias do Sul que tinham uma economia assente nas grandes
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plantações.

Com a progressiva industrialização da Inglaterra assistiu-se, nos finais do


século XVII, a um grande aumento da produção, o que fez surgir a necessidade
de se procurar mercados regulares e seguros para escoar os produtos das
indústrias inglesas. “Os pretos que agora interessavam já não eram escravos
mas sim consumidores de tecidos de Manchester e de utensílios de
Birmingham ou Sheffield. A Inglaterra /…/ tinha uma necessidade imperiosa do
comércio mundial, incluindo o africano”.

Por estas razões económicas (Desenvolvimento da indústria Inglesa e perda


das treze colónias na América) a Inglaterra desencadeou uma acção muito
enérgica contra a escravatura e contra o tráfico de escravos, a partir de 1807.
Em 1834 dava liberdade á todos escravos do império.

Com abolição do tráfico de escravos, América já não precisava da mão-de-obra


africana por causa da introdução de máquinas no sistema produtivo, por outro
lado, os africanos eram necessários para produção de matérias-primas e
também consumidores de produtos acabados que saiam da indústria europeia.

Com o arranque da revolução, e fim do tráfico de escravos houve uma invasão


no circuito, a América fica de lado e o comércio torna-se bilateral entre Europa
e África.

1.2. FIM DO CICLO EM ANGOLA


Portugal aboliu o tráfico de escravos nas suas colónias em 1878, mas de forma
não oficial continuou a traficar em Benguela até 1905. Sabendo que a lei tinha
sido proibida desde 1807 e 1811 por outras potências.

Esta atitude portuguesa de continuar com o tráfico preocupou as restantes


potências, o qual culminou com a criação de uma Comissão Mista Luso
Britânica, com o objectivo de fiscalizar, controlar o processo da aplicação das
leis que proibiam o tráfico de escravos, uma vez que máquina tinha substituído

Uma vez abolido o tráfico de escravos os portugueses criaram no seu lugar o


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trabalho forçado. Os angolanos submetidos ao trabalho forçado prestavam


serviço na construção de estradas, linhas férreas, de quartéis, na roça, nas
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fazendas agrícolas e outros.

Além do trabalho forçado os portugueses adoptaram outras formas de coacção


relacionada com a terra e mão-de-obra: a monocultura, a opressão cultural,
trabalho de contracto, racismo e outros.

Deste modo abandonavam as famílias e como compensação recebiam uma


miséria de salário, maus-tratos, pois mesmo doentes deixavam nunca de
trabalhar.

1.2.1. O IMPACTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822-1825) NA


COLONIA DE ANGOLA
Em 1822, o Brasil proclamou a sua independência. Desde essa data, o Brasil
deixou de ser colónia portuguesa e passou a ser um Estado independente. A
independência do Brasil trouxe várias complicações à política angolana pouco
antes da independência, os brasileiros já estavam a pensar em levar Angola
com eles, queriam continuar a receber os escravos de Angola.

Por isso, os colonos produtores de açúcar e os homens ricos do Brasil queriam


a independência e queriam que Angola estivesse ao lado do Brasil e não ao
lado de Portugal. Era desejo dos brasileiros ver Angola independente e
entrasse numa coligação com o Brasil.

E o que queriam as classes ricas da colónia de Angola?

As classes ricas da colónia estavam divididas, porque o capital angolano


porque ainda não forte como o capital brasileiro. Alguns angolanos queriam
que Angola fosse independente, outros queriam que Angola continuasse ligada
a Portugal, outros os que estavam economicamente ligados ao Brasil, queriam
que Angola estivesse independente e entrasse na federação com Brasil.

Em Luanda e em Benguela havia cada vez mais revoltas, protestos e


manifestações contra Portugal, ou então contra o Brasil. Em Benguela o
movimento a favor da independência e da coligação ao Brasil era muito forte.

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Entretanto, Portugal andava bastante preocupado. Estava a ver que na perda o


Brasil também perderia Angola Com a coligação de Angola ao Brasil. A
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escravatura continuava e a Inglaterra que tinha uma grande indústria estava
contra a escravatura.

Com assinatura do tratado de 1825, os movimentos de ligação com o Brasil


desapareceram em Angola depois Angola ficou toda nas mãos dos
portugueses e o Brasil começou a perder as suas vantagens económicas.

1.2.2. A REPRESSÃO AO TRÁFICO


Em todo mundo por causa do trabalho havia muitas opiniões até partidos
políticos alguns queriam que o trabalho de escravos estivesse ligado a grande
agricultura e as minas, outros queriam que o trabalho escravo estivesse ligado
a indústria.

Chegou destes partidos as opiniões de cada país e o grau de desenvolvimento


de proletariado contra a burguesia determinava a posição oficial em relação ao
problema da escravatura. No Brasil a agricultura era ainda mais forte do que
outras actividades, havia grandes defensores da escravatura.

Assim, o Brasil e a Inglaterra não se entendiam e tinham entre eles uma


contradição. A base da contradição política entre Estados era uma contradição

do capital. É claro que a força do operário ingleses lutando contra a


escravatura, ajudava o capital industrial contra o capital agrícola.

Na França, a luta dos operários contra a escravatura na América foi também


muito grande. Fizeram-se muitas manifestações, protestos, a baixos assinados
entre operários de Paris pela abolição da escravatura.

Em 1836, Portugal e a Inglaterra chegaram a um acordo e do povo angolano


contra a burguesia reaccionária do Brasil, dos EUA, etc. Que aboliu o tráfico de
escravos.

Esta luta teve uma certa política, como a luta económica da burguesia liberal
angolana contra a burguesia reaccionária do Brasil.

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1.2.3 A DIVERSIDADE DAS ROTAS COMERCIAS


O comércio externo era dominado pela escravatura e pelo marfim. Em Angola
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só se recebiam produtos para alimentação dos colonos, escravos e produtos
que serviam de meios de troca.

Todos os negócios de Angola se faziam no Brasil e Portugal. Outros países


estavam proibidos de mandar os seus navios à Luanda e Benguela. Por isso,
os portos de Angola estavam, principalmente, nas mãos de brasileiros e
portugueses.

Quando começou apesar a produção de bens materiais, o capital angolano


estava a separar-se do capital estrangeiro. Apareceu a burguesia colonial: a
produção que então se fazia em Angola aniquilou pouco a pouco o comércio
com o Brasil. Por outro lado os países europeus iniciaram com a
industrialização e necessitavam de matéria-prima para suas indústrias.

O nascimento do capital angolano aplicado na produção, enfraqueceu o


comércio com o Brasil, o interesse com os países Industrializados da Europa;
estas foram as razões que fizeram, em 1844 com que os portos de Benguela e
de Luanda fossem abertos há todos os países. Desde aí, aumentou imenso a
exportação de novos produtos e a importação de outros.

Em 1850 se exportavam numerosos produtos tais como: a borracha, a cera,


escravos e marfim. Quando o capital de Angola começou a exigir mais
liberdade na produção e na exportação no séc. XVII o governo português não
cedeu. Pelo contrário, o marfim que era livremente comercializado passou a ser
monopólio do rei de Portugal.

Quanto a escravatura passou-se o seguinte: o Brasil continuava a ter uma


economia agrícola no trabalho de escravos. Os Estados da Europa, já com
grandes indústrias, mostravam-se inimigos do trabalho de escravos e
defendiam o trabalho assalariado.

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1.3. OS AVANÇOS NA OCUPAÇÃO TERRIOTORIAL E OS ENSÁIOS DE


UMA NOVA COLONIZAÇÃO
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A colónia formou-se em 1575, data em que Paulo Dias de Novais trazia
consigo 100 famílias de colonos e 400 soldados que foram postos a cultivar a
cana-de-açúcar. As relações entre a sociedade colonial e a sociedade
tradicional eram somente relações de comércio e de guerra.

Portugal precisava de povoar as terras que conquistava com bastantes


portugueses, para que estes andassem pelos matos a fazer o comércio e para
que fossem soldados logo que fosse preciso.

Mas, além disso, Portugal precisava também de fazer sair das suas terras e na
Europa os ladrões. Assim, para se livrar dos lúpen-proletariados. O rei de
Portugal foi mandando para as colónias todos os homens e mulheres que eram
tão desgraçados e malandros. Por isso, as povoações que se foram criando
chamavam-se presídios. Nesses presídios, os desterrados viviam como numa
prisão: não podiam sair todos os dias. Nas suas saídas, ou trabalhavam para o
presídio ou faziam seu comércio ou andavam na guerra com soldados. Grande
parte dos soldados que lutavam contra os Estados do interior; eram
desterrados homens sem piedade e sem moral.

A partir daí o trabalho dos colonos neste período foi de consolidar o domínio
sobre os povos africanos e integrados nas estruturas coloniais de forma que
perdessem sua unidade política. Para ocupação e colonização do actual
território, os colonos tiveram imensas dificuldades, atendendo a resistência dos
africanos. Os presídios eram os pontos de partida para a agressão e ocupação
do interior. A medida que a guerra de ocupação ia avançando os portugueses
construíam fortes para consolidar os territórios sob seu controlo. Os indígenas
resistira atendendo a supremacia da técnica militar, os colonos superiorizaram-
se até no início do séc. XX o actual território foi ocupado e passou a ser colónia
portuguesa.

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1.4. A SOCIEDADE COLONIAL: OS COLONOS E OS “FILHOS DO PAI”; A


IMPRENSA E A AFIRMAÇÃO DA IMPRENSA AFRICANA.
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O trabalho dos colonialistas neste período foi principalmente de consolidar o
seu domínio sobre os africanos. Foi também o de praticar a integração dos
povos africanos nas estruturas coloniais, capitalistas, de forma que eles
perdessem a sua unidade política. No período entre 1896-1940 caracterizava-
se pela exploração directa dos africanos pela apropriação capitalista dos meios
de produção em geral por uma segregação racial e por negação total dos
direitos do homem.

. O relacionamento entre os europeus e africanos era difícil, atendendo os


métodos brutais como o racismo e a superioridade da raça branca que se fazia
sentir para o enfraquecimento da mentalidade dos indígenas. Para haver
aproximação alguns europeus namoravam com negras em alguns casos
celebravam-se casamentos e nesta união resultava filhos de cor mista
(mestiço), inicialmente os filhos viviam com as mães depois de atingirem uma
certa idade eram acolhidos pelos pais, dando-lhes educação e instrução a
moda europeia; passavam a ter os mesmos direitos dos colonos e passavam
para categorias de assimilados.

. A imprensa europeia fazia relatos das acções praticadas pelos europeus em


África. Toda actividade colonial em África, no domínio da informação, era
controlada pelo Estado. O caso de Angola, a PIDE controlava tudo. As
autoridades dos colonos eram anunciadas frequentemente nos órgãos de
informação, tudo para os jornalistas era positivos: apresentavam os aspectos
positivos e os aspectos negativos não eram publicados. O trabalho forçado,
racismo, torturas execuções forçadas dos nacionalistas africanos não faziam
eco, simplesmente os aspectos económicos comerciais, construção de cidades
e outros eram frequentemente anunciados.

. A Imprensa africana começou afirmar-se em 1945 com o fim da segunda


Guerra Mundial e com a Fundação das Nações Unidas (ONU), os africanos
que participaram nessa guerra perderam o mito da superioridade da raça
branca. Os primeiros órgãos de informação surgiram nas colónias inglesas,
francesas e nas colónias portuguesas houve um, grande atraso atendendo as
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actividades da PIDE, na colónia de Angola surgiram nos meados da década 50,


quando os nacionalistas angolanos publicaram panfletos e jornais duma forma
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secreta.

1.5. AS SOCIEDADES AFRICANAS FACE À MUDANÇA (1880-1822)


1.5.1.CABINDA
Abolida a escravatura os portugueses criaram várias formas de dominação das
populações indígenas como trabalho de contracto, trabalho forçado e
pagamento de impostos. Os colonos residentes em Cabinda incrementaram a
produção agrícola, o trabalho nas roças de café e a exploração da madeira.
Tinham dificuldades em angariar as populações nativas, atendendo as
sucessivas revoltas e a fuga dos cabindas para os países vizinhos, sentiam
imensas dificuldades em possuir trabalhadores controlados. Mais tarde
começaram tirar contratados na região do planalto central, agarrados à força e
encaminhados para Cabinda a fim de trabalharem nas propriedades coloniais.

1.5.2. O ANTIGO REINO DO KONGO


No reino do Kongo, atendendo as revoltas constantes das populações nativas
que ignoravam a obediência das colónias, os portugueses no meio tinham
dificuldades de conseguir contracto para trabalharem nas suas propriedades.
Para agravar a situação introduziram o pagamento de impostos e as melhores
terras foram ocupadas, transformadas em fazendas agrícolas e roças de café.
Temendo a pressão colonial os indígenas foram obrigados a trabalhar nas
propriedades dos colonos para conseguirem dinheiro e pagar os impostos.

O trabalho de contracto passou a ser obrigatório, todo africano que não tivesse
empregado era considerado como vagabundo, o controlo aumentou, os
desempregados era capturados e levados à administração; o chefe do posto
fazia a distribuição destes aos fazendeiros ou nas obras. Os camponeses
receberam ordens para abandonarem as culturas indígenas aderirem as
culturas de acordo à vontade dos portugueses como cana-de-açúcar, batata,
cebola, café, sisal, milho e outros produtos que servissem os interesses
coloniais.

Atendendo a dureza do trabalho forçado as divergências aumentavam todos os


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dias e com elas as revoltas constantes contra a presença portuguesa no seu


território, as populações exigiam o fim do homem europeu no Kongo. As
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autoridades coloniais reforçavam a presença militar para abalar as resistências.
O sofrimento era enorme, alguns habitantes não pagavam impostos,
abandonavam o trabalho de contracto e refugiavam-se no Congo.

1.5.3. O BIÉ E O BAILUNDO


Os reinos do Bié e do Bailundo para a sua ocupação e colonização os
portugueses tiveram várias dificuldades para ai se fixarem. Para os colonos
estas regiões muito povoadas possuíam boas terras para agricultura e para
criação de gado.

Introduziram o comércio como principal actividade económica nas relações


entre africanos e portugueses, mais tarde o pagamento de impostos tornou-se
obrigatório com a intenção de explorar e obrigar estes a trabalharem nas
propriedades coloniais. A produção da borracha e mel aumentou, passaram a
ser os principais produtos comerciais.

Os portugueses incentivaram a produção agrícola, as terras férteis


transformaram-se em fazendas; os africanos perderam as suas terras e foram
obrigados a serem contratados.

Os reinos da região formaram coligações, lutaram contra a presença


portuguesa. Tiveram êxito, mas atendendo a superioridade militar os
portugueses conseguiram controlar e dominar os povos. Com a ocupação
efectiva, os portugueses obrigavam as populações cultivarem produtos de
origem americana e europeia para a comercialização consumo e exportação. O
aumento da produção agrícola na colónia de Angola, os colonos incentivara o
trabalho de angariar trabalhadores capturados para outras regiões.

Organização Territorial
Os reinos do planalto dividiam-se também em províncias, ao Tumbus, e estes
em distritos. Cada Tumbu era constituído por numerosas aldeias e cada uma
delas eram bairros. Os chefes de todas estas organizações eram os Muene. Os
da Província eram nomeados pelo rei, os restantes eram nomeados pelo povo,

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depois de consultado o Conselho de Velhos.


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Organização Económica
As principais actividades económicas eram a agricultura, produziam feijão,
milho e criação de gado bovino, ovino e caprino aproveitavam o leite, as peles
e a carne. Da floresta recolhiam mel e cera e da caça aos elefantes extraiam o
marfim e a pele. Sendo hábeis utilizadores de metalurgia do ferro produzindo
vários instrumentos para diversas actividades.

1.5.4. O COMÉRCIO À LONGA DISTÂNCIA DOS OVIMBUNDU


Os povos do Planalto Central tornaram-se grandes comerciantes através do
comércio a longa distância. Eram conhecidos como os maiores comerciantes
da África Negra, depois dos árabes de Zanzibar. Eles conheciam zanzibar
(Tanzânia) por causa das trocas comerciais que era um grande ponto de
encontro entre árabes e africanos.

Por causa do comércio dos ovimbundu e, principalmente os bailundos e bienos,


os árabes de Zanzibar vinham em Angola realizar as trocas comerciais. O
comércio era feito em grandes caravanas de mercadores locais. Formavam
caravanas e partiam para África Central, Oriental e Austral a vender e comprar
produtos. Entrar numa caravana de comércio era uma obrigação de qualquer
homem do Planalto Central tal como fazer a circuncisão.

1.5.5. O FIM DA EXPANSÃO ECONÓMICA E TERRITORIAL DOS COKWE


(LUNDA)
Devido ao desenvolvimento das forças produtivas, os Lundas e Cokwe faziam
comércio com os povos vizinhos. O reino da Lunda tinha contactos com o
interior da África e faziam comércio com o reino Luba.

Para o interior de Angola, os Lundas faziam comércio com Kassanje, Matamba,


Ndongo e povos do Planalto Central. Eles vendiam tecidos, escravos, marfim,
óleo de palma, etc. Os lundas tiveram várias complicações com o reino de
Kassanje e a um certo momento com os portugueses, porque também queriam
comercializar com os franceses que dominavam Loango.

Além do comércio exterior (com outros povos) o comércio interno estava


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desenvolvido por causa da divisão social do trabalho.


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Os portugueses começaram ocupar a Lunda no séc. XIX quando Henriques de
Carvalho chega na região. Finalmente, em 1920 e deu-se uma grande batalha
entre Cokwe e portugueses em Kalendende. Os portugueses venceram essa
batalha e dominaram os indígenas. No mesmo ano termina a independência da
Lunda e o fim deste reino, passando a ser território português, as autoridades
passaram a depender de Portugal.

1.5.6. O REINO DE NYANEKA HUMBE


O reino Mataman formou-se no séc. XVI. Em 1570, os jagas invadiram
Mataman após a sua expansão no reino do Congo. Os jagas que entraram no
território dividiram este reino em dois; o reino da Huíla e o reino do Humbe.

A história dos muílas está ligada à história humbe. Não se pode estudar uma
sem ver também o que se passou na outra, porque os usos e costumes se
assemelham.

O grupo etnolinguístico Nyaneka-Humbe é composto por dois sub - grupos: os


Ovanyaneka e os Ovankhumbi.

Os Ovanyaneka dividem-se nas seguintes tribos:

- Ovamwilia - encontram-se nos municípios de Lubango, Humpata, Chibia e


uma parte localiza-se no município de Virei e Bibala (província do Namibe)

- Ovangambwe – estão nos municípios dos gambos (Nambwe), Chibia e parte


Leste do Virei.

- Ovatyilengue (Quilengues) – encontram-se no município de Quilemgues,


Chongoroi e uma parte no Caimbambo em Benguela.

O segundo sub-grupo, os ovankhumbi (Himbi), compreendem as seguintes


tribos:

- Os ovahumbi (Quilengues);

- Os Ovahanda de Quipungo e de Mupa (Quipungo e região de Cassinga);

- Os Ovatyipungo (Quipungo);

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- Os Ovankhumbi (Humbi) estão na Matala, Cahama, xangongo; as ultimas


duas localidades pertencem à província do Cunene. Ainda nessa província
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estão os Ndonwenas e os Hingas KwanKhwa.

Organização económica
As principais actividades económicas eram: agricultura, criação de gado e
artesanato.

Agricultura era feita em grandes extensões de terreno e mudavam de terras


constantemente; na mudança de lavra utilizava-se o estrume dos bois.

A criação de gado estava bastante desenvolvida, fazia-se a criação de gado


bovino, suíno e caprino. Aproveitava-se o leite para fabricar manteiga e as
peles eram curtidas para fazer peças de vestuário, tapetes, bolsas e sacos
para transportar flechas e não só.

Organização Social e Politica


Existiam duas classes sociais: aristocracia e o povo.

Aristocracia era formada por rei, ricos, governadores de província, altos


funcionários e chefes militares;

O povo era formado por camponeses, escravos, artesão, kimbandas,


curandeiros, adivinhadores, militares e pastores.

A ocupação e colonização portuguesa contribuíram para o enfraquecimento da


região.

1.5.7. OS OVAMBO
O ciclo dos ovambo compreende a história de todos os povos que habitavam
na região que se situava Entre-Os-Rios kunene e kuvango. Estes povos
entraram no actual território no séc. XVIII vieram da região do baixo Kuvango.
Foi constituído por doze tribos: Donga, Kuambi, Gandjela, Kualuthi, Eunda,
Dombondola, Balantu Kolucatsi Kuamatu, Kuanhama, Evale e Katima.

A base da vida dos ovambo era agricultura a criação de gado e o artesanato.


Além destas actividades dedicavam-se também a caça.
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Na agricultura os principais produtos cultivados eram a massambala, o


massango, milho feijão e ginguba.
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Os principais animais domesticados por eles eram o gado bovino suíno e
caprino.

Quanto a organização social existiam duas classes sociais: a aristocracia e o


povo. A aristocracia era composta pelo rei, funcionários reais, chefes militares,
ricos, governadores de província. O povo era composto pelos camponeses,
artesãos, pastores, escravos, militares e adivinhadores.

A riqueza para os ovambo media-se pelo número de cabeças de gado e pelo


número de mulheres.

TEMA II: ANGOLA NO PERÍODO DA CONQUISTA EUROPEIA DE ÁFRICA


(1880-1915)

2.1. O NOVO CONTEXTO IMPERIALISTA, AS EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICA E


CIENTIFCAS, A CONFERÊNCIA DE BERLIM E O PRELÚDIO PARA A PARTILHA
EUROPEIA DE ÁFRICA

a) Exploração geográfica

A África, cujas costas os portugueses navegavam desde o séc. XV, era ainda
nos meados do séc. XIX um continente quase ignorado pois, desconhecia-se
pouco mais que a orla litoral. Iniciada a exploração do interior na segunda
metade desse século, desvendaram-se a breve trecho os seus segredos
geográficos.

Realizaram-se primeiras e principais explorações geográficas do continente


africano:

- O missionário protestante escocês Livingstone (1850-1873), o qual seguindo


as margens do rio Zambeze até a nascente, percorreu o Niassa, o Tanganica e
o Congo;

- O jornalista americano Stanley (1871-1872) que indo a procura de


Livingstone, de quem não havia notícias atravessou a África Equatorial (desde

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zanzibar à foz do Congo);


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- Brazza, italiano nacionalizado francês, que viajou desde o Congo ao Tchad
(1875 -1882);

- Serpa Pinto dirigiu-se para a nascente do Kwanza, seguiu para sul, passou as
cataratas de vitória, Transval, Pretória e chegou a cidade de Durban (1879).

b) Explorações Científica, económicas e políticas

As grandes explorações que acabamos de ver tiveram consequências


científicas económicas.

- Científica: pois ficou a conhecer-se o principal sobre as ciências geográficas


de África (meteorologia, climatologia, hidrografia, cartografia, geografia
humana).

- Económicas: a Europa encontrou um novo e vasto mercado para as suas


mercadorias e fonte de matérias-primas, o que muito beneficiou
financeiramente a Europa.

- Políticas: em virtude dos atritos provocados entre as potências europeias.

f) Conferência de Berlim

Além da Inglaterra e da França outros países europeus possuíam domínio em


África: Bélgica, Portugal, Espanha e Itália. De 15 de Novembro de 1884 a 23 de
Fevereiro de 1885, reuniram em Berlim (Alemanha) os delegados de catorze
nações, naquilo que se convencionou ser a Conferência de Berlim.

As principais decisões da conferência de Berlim:

1- A fundação do Estado livre do Congo sob a direcção do rei da Bélgica;

2- Liberdade de comércio nos rios Zaire, Níger e Zambeze;

3- Só podiam ter territórios coloniais quem os ocupasse, com gente branca e


militar;

4- Abolição dos direitos alfandegários na entrada de produtos;

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5- Proibição de comércio de vinho com os povos africanos


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6-Proibição completa do tráfico de escravos, que era feito, principalmente no
Norte de Angola pelo Ambriz e portos clandestinos;

7- Obrigação de respeitar os tratados de protectorados com os soberanos


africanos. Os tratados de protectorados punha os sobas e reis africanos sob
protecção de uma outra potência europeia.

Por causa da conferência de Berlim, os portugueses perderam os direitos ao


Norte do rio Zaire, perderam o monopólio de comércio no rio Zaire, perderam
os territórios a Sul do kunene e mais tarde perderam também o território
transcontinental (entre Angola e Moçambique). Em suma, a conferência de
Berlim traçou as regras as regras diplomáticas deviam regular a partilha de
África. A grande triunfadora foi a Inglaterra que passou a dominar u imenso
território do Cairo ao Cabo.

Delimitação das fronteiras de Angola

Contrariamente ao que se diz, as fornteiras de Angola não foram delimitadas


pela conferência de Berlim (1884 – 1885). Elas foram delimitadas por uma série
de acordos bilaterais entre as potências europeias no final do século XIX e
princípio do séc. XX.

Enumeram-se aqui as principais convenções e tratados assinados:

● Convenção entre Portugal e a Associação Internacional do Congo


Assinada em 14 de Fevereiro de 1885. Pela mesma, portuga renucia aos
territórios da margem direita do rio Zaire, conservando apenas o enclave de
Cabinda. Em 25 de Maio de 1891 foi assinada uma oputra convenção com a
Bélgica em relação à fronteira com o Congo.

● Convenção Luso – francesa


Assinada em 12 de Maio de 1886, fixa os limites da fronteira de Cabinda. A
França reconheceu a Portugal o direito de soberania nos territórios situados
entre Angola e Moçambique.

ELABORADO POR: LIC. OLÍVIO HITCHICA ERNESTO “SAMANHONGA”


Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

● Convenção Luso – Alemã


Assinada em 30 de Dezembro de 1886, define a fronteira sul de Angola.
17
Portugal renuncia a favor de Alemanha ao território compreendido entre Cabo
Frio e a foz do rio Cunene.

● Convenção Luso – Britânica


Assinada em 30 de Dezembro de 1905, fixa a fronteira entre Angola e a colónia
britânica da Rodésia do Norte (actual Zâmbia).

Estas convenções foram acompanhadas por campanhas militares para a


ocupação dos espaços africanos face à concorrência de outros países
europeus. Em 1861, o espaço português no actual território angolano era
diminuto, limitando-se a algumas localidades do litoral, nomeadamente no
corredor Luanda – Malange, de Benguela ao Namibe, Mbanza Congo e Ambriz
e Novo Redondo (Sumbe). Até tomar a forma actual, foram necessárias
campanhas militares em toda extensão do território de Angola, a par de outras
medidas como a construção dos caminhos – de - ferro em direcção ao interior,
dos sistemas de comunicação, como o telégrafo, e as estações de
hidrometeoreologia.

2.2. PANORÂMIACA GERAL DOS MODELOS COLONIAIS BRITÂNICA,


FRANCÊS, BELGA E PORTUGUÊS
Teoricamente havia uma diferença fundamental entre as potências coloniais,
britânica e de todas as potências coloniais da Europa continental.

A França, Bélgica, Portugal e Itália mantiveram todos em teoria a doutrina de


assimilação. Em teoria, os senegaleses deviam ser ensinados a
considerarem-se como franceses. Os congoleses como belgas, os angolanos
como portugueses e os somalis como italianos.

Em teoria os africanos franceses e portugueses, sempre que os seus méritos


económicos e educacionais o justificavam, podiam aspirar a transitar de
estatuto de súbdito para o cidadão ligado pelo direito metropolitano como
direito mais essencial do que a representação nos conselhos locais da colónia.
Em nenhum destes países continentais surgiu, entre as guerras, qualquer
proposta séria de que as colónias africanas deveriam em qualquer fase, torna-
ELABORADO POR: LIC. OLÍVIO HITCHICA ERNESTO “SAMANHONGA”
Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

se independentes dos países metropolitanos. Os seus habitantes tornar-se-iam


apenas cidadãos de uma França maior, de uma Bélgica maior de um Portugal
18
maior e de uma Itália mais reminiscente do império romano.

Em contraste, a Inglaterra, entre as duas guerras mundiais não pensava em


termos de uma Inglaterra maior mesmo a COMMONWEAL, era ideia nova
formulada pela primeira vez no estatuto de Westminster em 1930 e, de nenhum
modo se pensava que ela viria a incluir a índia muito menos as colónias
africanas. Não se pensava que os africanos se transformariam em cidadãos
britânicos. Pelo contrário, através da política da autoridade indirecta (indirect-
rule), falava-se de os deixar evoluir nas suas próprias linhas.

2.3. A NOVA POLÍTICA PORTUGUESA


2.3.1 «ULTIMATUM» DE 1890 E O NOVO NACIONALISMO COLONIAL; AS
CONTRADIÇÕES IDEOLÓGICAS: RACISMO E ASSIMILACIONISMO
Em 1886, Portugal assinou acordos com França e Alemanha com objectivo de
criarem uma barreira á expansão inglesa, era reconhecida a Portugal o direito
de exercer a sua influência civilizadora nos territórios que separam as
possessões portuguesas de Angola e Moçambique. Era assim o chamado
“mapa cor-de-rosa”.

A Inglaterra cujo plano dominante era de adquirir um papel de primazia na


região, para assim poder tomar a curva da sua poderosa antagonista Alemanha
e dar realidade ao projecto gigantesco de Cecil Rhodes (ligação do cabo ao
cairo), via com desagrado o desejo português da ocupação do interior africano.

Profundos debates entre as duas potências desenrolavam a volta da questão


até Portugal recebera da Inglaterra um ultimato a 11 de Janeiro de 1890,
Portugal cede e é assinado o tratado Luso Britânico a 28 de Maio de 1891, que
estabeleceu as fronteiras das respectivas possessões da África Austral.
Contudo, a actual fronteira entre Angola e Rodésia do Norte (actual Zâmbia) só
foi definitivamente estabelecida a 30 de Agosto de 1898, a Inglaterra e
Alemanha, assinaram uma convenção secreta para a partilha das colónias
portuguesas, mas o acordo entre ambas não durou o eclodir da primeira guerra
mundial.

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Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

UTIMATO DE 11 / 01/ 1890


19
Últimas condições

apresentadas

Pela Inglaterra
a Portugal

Exigindo

a retirada das forças portuguesas da região entre Angola e Moçambique

As contradições ideológicas: racismo e assimilacionismo

O racismo como forma de discriminação racial foi usado como arma para
convencer os africanos da supremacia do homem branco em relação ao
homem negro; tudo isso para impor respeito a sua maneira e evitar revoltas
destes com relação àquele. A discriminação racial fez-se sentir até mesmo nos
centros hospitalares, escolares etc. Nos hospitais de Angola havia salas de
operações separadas para europeus e para africanos.

A educação nos territórios colonizados era concebida como principal meio de


assimilação cujo objectivo consistia em “nacionalizar e civilizar” os negros.

Neste campo, as missões católicas foram atribuídas grandes responsabilidades

De ensinar a fé cristã.

Até 1953 distinguem-se três categorias na população:

- Os portugueses, automaticamente cidadãos;

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Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

- Os assimilados;
20
- Os indígenas.

Os assimilados deviam preencher numerosas condições, incluindo uma


declaração em que se obrigava a respeitar a ordem constituída, dois atestados
de bom comportamento, assim como um modo de vida europeizado, para
serem reconhecidos como “civilizados”. Sente-se inteiramente igual ao
português, o assimilado era dispensado da guia de marcha para as suas
deslocações, do trabalho forçado, de contrato tinha direito a voto e, para o
trabalho igual, a igualdade de salários com portugueses. Mas em 1950, havia
em Angola apenas 90.000 assimilados numa população de 4 milhões de
habitantes.

2.3.2. A INSTALAÇÃO DO APARELHO POLÍTICO E ADMINISTRATIVO


COLONIAL E AS CAMPANHAS DE OCUPAÇÃO; A RESISTÊNCIA
ARMADA AFRCANA: OVAMBO; AS REVOLTAS NAS REGIÕES RECÉM-
OCUPADAS: MUTU-YAKEVELA, (BAILUNDO) 1902, ÁLVARO BUTA
(KONGO), 1913

Quando começou a primeira guerra mundial as funções dos governos coloniais


eram muito limitadas, quase tudo aumentando o pessoal possibilitado pelo
aumento gradual dos rendimentos até então absorvidos na construção dos
serviços administrativos em territórios do interior, alargavam a rede
administrativa e política.

Por conseguinte, o funcionário administrativo do distrito era o centro de todo


sistema, mesmo a sua influência tinha limites bastantes estritos, as suas
funções principais enquanto representante do governo colonial era manter a lei,
a ordem e fiscalizar a cobrança de impostos.

A penetração e ocupação dos territórios encontrou uma forte resistência


armada. Os africanos para impedirem a ocupação das suas terras organizavam
coligações entre Estados para fortificar a luta e vencer o inimigo comum.

Em 1910 foi implantada a República. O governo quis melhorar o problema o


problema da mão-de-obra em Angola. Foram proclamadas leis que aboliam
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definitivamente a escravatura e punham o trabalho de contracto no seu lugar.


Era um trabalho forçado, mas era temporário. Não era como a escravatura,
21
simplesmente trabalhavam nas propriedades coloniais. A estas medidas o povo
angolano reagiu com revoltas contra o domínio colonial. Em 1902 a revolta do
bailundo (Mutu-ya-kevela). Esta revolta foi contra o trabalho forçado; paralisou
o recrutamento de pessoas no Planalto Central. Mas foi reprimida pelo
exercício português dirigido por Gabriel Moncada.

Em 1913 revolta do soba Álvaro Buta no reino do Kongo contra a exportação


de escravos para são Tomé e Príncipe e para o continente americano. Acusou
o rei D. Manuel que deveria devolver o dinheiro que recebeu em troca dos
escravos. Esta revolta foi reprimida pelo exército colonial, Álvaro Buta é preso e
transferido para Luanda onde veio a falecer em 1915 no hospital vítima de
doença.

De uma forma geral as principais causas da derrota dos autóctones esteve na


base do desequilíbrio material, a fome, a desunião por vezes de alguns reis e a
traição de outros. Mas ficou o exemplo vivo do patriotismo, de solidariedade e
de união como força motriz.

As lutas de resistência a ocupação portuguesa tiveram consequências para


ambas as partes tais como:

- Os portugueses perderam homens e meios materiais

- Os autóctones perderam os melhores filhos, a destruição de infra-estruturas


políticas, económicas e sociais, duma forma geral, o retrocesso dos africanos.

- A colonização dos territórios, apoderando-se de uma forma violenta das


melhores terras como resultado da derrota sofrida pelos africanos.

2.3.3. A MARGINALIZAÇÃO DOS «ANGOLENSES» OS APELOS


AUTONOMISTAS
Começaram aparecer em Angola algumas revista como mensagem (1949), a
Cultura (1957) onde apesar das censuras, os militares conscientes podiam
desenvolver um trabalho de consciencialização. Divulgava-se alguns aspectos
da natureza do fascismo e do colonialismo, de uma cultura nacional. No
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estrangeiro procuravam fazer-se trabalho chamando atenção do mundo para a


miséria do povo angolano sob a exploração do colonialismo.
22
Palavras de ordem, para o encorajamento, começaram a ser espalhadas, tais
como; “luta pela independência de Angola”, “organizações africanas de massa”,
liquidação de barreiras artificiais entre africanos indígenas a assimilados”.

A partir daí surgiram várias organizações independentistas entre elas podemos


destacar a Associação africana do Sul de Angola (1953”Huambo), PLUA, MIA e
MINA a junção destas surgiu a FNLA, o MPLA, ANANGOLA, a UNITA e tantos
outros. Em 1958, a actividade panfletária em Angola aumentou. Falava-se, por
toda parte com particular realce para Luanda onde já se falava de revolução
armada. Saiam igualmente panfletos clandestinos exortando à luta armada pela
libertação de Angola.

Denunciava-se o carácter do colonialismo, chamava-se as massas à revolta.


Nos jornais, nas organizações de massas, em clubes de futebol, nos centros
recreativos a luta anti-colonialista era mais intensa do que nunca.

2.4. A IMPORTÂNCIA ECONÓMICA DE ANGOLA NO ESPAÇO COLONIAL


PORTUGUÊS
A Última parte do período da resistência à ocupação é caracterizada por uma
longa preparação colonial para a colonização que surgiu no período seguinte.
Durante este período os colonialistas prepararam tudo para que se começasse
a espalhar os monopólios (exploração directa do imperialismo mundial). Por
isso era necessárias Aos colonialistas arranjar uma mão-de-obra para a
agricultura e para a indústria extractiva.

A política africana de Portugal estava intimamente ligada a evolução da


metrópole. A proclamação da república, em 1910, não trouxe reformas para as
colónias, antes pelo contrário assistiu-se ao reforço na cobrança de impostos e
na exploração de recursos para o crescimento da economia portuguesa.
Portugal tornou-se rígido no controlo das finanças da colónia de Angola

Do ponto de vista sócio - económico, o governo português praticou uma política


de fomento de emigração portuguesa para a colónia de Angola, o fluxo anual

ELABORADO POR: LIC. OLÍVIO HITCHICA ERNESTO “SAMANHONGA”


Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

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médio de emigrantes era de quinze mil portugueses tal política foi realizada sob
a forma de colonato. O Estado português fornecera aos emigrantes terras e
facilitava a construção de habitações, compra de quinto agrícola, gado, etc.
Tinha por objectivo a implantação de uma minoria branca que se oporia aos
negros e facilitaria assim a exploração colonial.

Para o governo português, a colónia rica era Angola por isto instalaram
monopólios para explorarem as suas riquezas em benefício da economia
portuguesa. Durante o período colonial Angola era considerada como a jóia
portuguesa por causa do contributo a economia colonial.

As riquezas de Angola contribuíram para o atraso da sua descolonização.


Portugal fez alianças com alguns países industrializados que exploravam os
recursos para boicotarem as resoluções das Nações Unidas sobre a
independência de Angola.

NOTAS PESSOAIS

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TEMA III: A ÀFRICA NO PERÍODO DAS GUERRAS MUNDIAIS (1914-1945)


3.1. AS DUAS GUERRAS MUNDIAIS NO CONTEXTO DAS RIVALIDADES
24
IMPERIALISTAS
No início do séc. XX a Europa e o mundo encontrava-se numa autêntica
situação de transformação político-económica e financeira. Vivia-se num
ambiente de “Paz armada”. A Europa dominava quase todos os continentes
com excepção do continente americano. Existiam colónias europeias nos
continentes Africano, Asiático e Australiano.

As grandes potências europeias a Inglaterra, França Alemanha, Bélgica,


Portugal, Espanha e Itália: das quais se destaca a Inglaterra atendendo ao
seu vastíssimo império apesar do domínio europeu no mundo Europa
encontrava-se fragmentada e ameaçada por grandes rivalidades político-
económicas e sociais.

No contexto das rivalidades políticas podemos destacar as democracias e os


impérios autoritários que dominavam várias regiões formando impérios
plurinacionais, agrupando povos, línguas, raças, e religiões diferentes como
império Russo Germânico, Austro-Húngaro e Otomano.

Os movimentos nacionalistas começaram a despontar nas regiões dos Balcãs,


assim como no resto do império Austro-húngaro, Russo e Germano onde as
regiões de Alsácia e lorena queriam regressar a posse da França.

Havia grandes diferenças a nível do desenvolvimento industrial e económico na


Europa rivalidades coloniais conflitos pelo alargamento de domínios e áreas de
influências em África e na Ásia, todos estes aspectos deram origem a I Guerra
Mundial (1914-1918).

Os anos que seguiram a primeira Guerra Mundial foram relativamente


tranquilos até a prosperidade. Mas esta situação alterada pela grande
depressão que se seguiu a “Crise Económica de 1929” que trouxe uma
situação de grande instabilidade económica, política e social. A situação na
Europa era tensa, sentia-se o perigo em alguns países para a resolução desta
crise económica, os seus dirigentes implantaram regimes ditatoriais todos estes
regimes defendiam o nacionalismo, Militarismo, Autoritarismo primazia do
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Estado e dirigismo económico.


25
Perante estes interesses imperialistas e ditatoriais, formara-se alianças ou
acordo entre a Alemanha, Itália e Japão. Estas alianças internacionais que
preparavam a Segunda Guerra Mundial e que encontrou ma Espanha com a
guerra formaram verdadeiro campo de ensaios.

Estes pequenos conflitos internos acabaram por conduzir problemas


internacionais, pois Hitler devia-se apoiar nos nacionalistas e com esta
intenção propõe libertar todas as comunidades de língua alemã e por este
motivo iniciou a II Guerra Mundial e ao mesmo tempo, que se notava o
endurecimento dos nacionalistas a corrida ao armamento era uma facto
evidente o que demonstra o fracasso da Sociedade das Nações (SDN).

3.2. O IMPACTO ECONÓMICO DAS GUERRAS, MUNDIAIS EM ÁFRICA: O


REFORÇO DA EXPLORAÇÃO E O COMÉRCIO MUNDIAL
No período entre a 1ª e 2ª grandes guerras mundiais, os governos coloniais
não mostravam nenhuma pressa especial em relação as colónias africanas.
Existia uma mudança notável na sua concepção das funções de governo, como
resultado da guerra. Nos países metropolitanos começaram por sentir-se que o
colonialismo precisava de um objectivo e uma filosofia justificadora da sua
presença em África.

Durante anos posteriores, a ideia era de que as potências coloniais tinham


obrigação, não apenas de governar com justiça, mas também de fazer avançar
decisivamente os povos africanos nos aspectos económicos e políticos. Tanto
do ponto de vista da Europa como da África, tinham chegado o tempo para o
desenvolvimento económico.

O desenvolvimento económico em toda África devia continuar-se nos povos


indígenas e tinha que começar pelo desenvolvimento dos serviços médicos,
educacionais e agrícolas. Isso obrigaria a possibilidade de criar uma família
saudável com a intenção de melhorar o nível do patrão. Nas áreas rurais
deveria proporcionar cantoneiros africanos à possibilidade de se tornarem
produtores para o mercado mundial e compradores de mercadorias
importadas.
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A dominação, a pilhagem e a exploração dos africanos pelas potências


coloniais, assumiram grandes proporções com a intensificação da actividade
26
agrícola, mineira abertura de vias de comunicação, construção de linhas
Férreas para a exportação e importação de mercadores para o mercado
mundial, contribuí bastante para a recuperação económica da Europa após a II
Guerra Mundial. O continente Africano passou a ser fonte fornecedora de
matéria-prima ao comércio colonial e ao comércio mundial.

O trabalho forçado, o contratado e o pagamento de impostos passaram a ser


prioridades em todas colónias, este método obrigava os colonos a apropriarem-
se das melhores terras em detrimento dos africanos. A procura de
trabalhadores pelos colonos, sobre tudo pelas companhias de plantações e
minas tinha aumentado, tal procura quase satisfeita pela pressão política de
vária ordem.

3.3. O IMPACTO POLÍTICO DAS GUERRAS MUNDIAIS


3.3.1. A MOBILIOZAÇÃO DOS AFRICANOS E A POLITIZAÇÃO DAS
ELITES ASSIMILADAS
A segunda guerra mundial de (1914-1945) teve grande influência no despertar
da consciência dos africanos em geral e dos angolanos em particular,
contribuindo positivamente na criação do nacionalismo.

Milhares de africanos, tinham lutado ao lado dos exércitos da França, e da


Inglaterra em várias frentes, quer no Norte de África, Europa, e na Ásia. Estes
combatentes regressaram às colónias e juntaram as suas vozes ao crescente
protesto político contra o domínio colonial, que era também domínio racista.
Milhares de homens, mulheres e jovens que também tinham recebido as bases
de uma educação, especialmente na África Ocidental, juntavam-se agora as
fileiras da luta política, começando por ser uma ideia de poucos, o
nacionalismo africano tornou-se uma causa popular.

As bombas nucleares lançadas em Hiroshima e Nagasaki e, a consequente


derrota das forças do Eixo Berlim, Tóquio, representou uma viragem decisiva
na história de África, com as centenas de milhares de soldados africanos que
regressavam dos diferentes teatros de operações (Líbia, Itália, Normandia,

ELABORADO POR: LIC. OLÍVIO HITCHICA ERNESTO “SAMANHONGA”


Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

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Alemanha, Médio Oriente, etc.). Estas centenas de milhares de negros tinham
visto destruir “o mito da supremacia” e encontravam em África condições muito
duras para os povos africanos agravadas pelas guerras, e a medida que
aumentava a prosperidade económica dos colonos viam intensificar a
exploração e a fome dos povos colonizados e pior a situação política com a
introdução de medidas de repressão policial.

Os soldados africanos foram artesãos da emancipação. Tanto aqueles que


foram trazidos pelas tormenta como aqueles que regressavam, mutilados ou
não, alguns dos quais tomaram parte activa nos movimentos políticos de
libertação mais avançados dos seus países.

3.3.2. AS DIFERENTES RAÍZES DO PRIMEIRO NACIONALISMO


O nacionalismo africano tem suas raízes mais profundas nas lutas dos povos
contra o invasor colonialista. Essas lutas vêm do século XVI, data em se travou
os primeiros combatentes contra as potências europeias.

Desde essa data as lutas sucederam-se umas as outras, foram tornando cada
vez mais perfeitas, foram ganhando a experiencia umas das outras com essa
acumulação de experiencia, as lutas contra o invasor foram-se desenvolvendo
também noutros campos, no campo político no campo cultural, etc.

As relações entre exploradores e explorados iam-se transformando. Os


exploradores eram cada vez mais exploradores e sabiam explorar cada vez
melhor. Os explorados eram cada vez mais explorados e sabiam lutar cada vez
melhor.

Por isso, temos que compreender o problema da revolução africana como


consequência final de todas estas transformações. Temos que compreender o
nacionalismo como a transformação e a unificação das experiências de luta,
das tomadas de consciência que se faziam neste lugar ou naquele lugar.

Por várias razões históricas o movimento nacionalista iniciou na África


Ocidental Britânica e estendeu-se depois aos territórios sob o domínio francês
que serão seguidos pela África Ocidental Britânica e estendeu-se depois aos
territórios sob o domínio francês que serão seguidos pela África Belga. Os
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territórios britânicos da África oriental e centro serão atingidos pelo sindroma
um pouco mais tarde. Longas e dolorosas serão as lutas, nas zonas ocupadas
pelos portugueses e racista da África do Sul os portugueses foram derrotados
em 1975.

Com o surgimento de grupos de nacionalistas nestes países, deu-se quanto


valeu e soou o eco dos movimentos de libertação nacional dos outros países e
não só, também o papel jogado pelos jovens intelectuais que souberam mesmo
em condições extremamente diferentes dos mesmos das colónias sob o
domínio não português interpretar as inspirações das massas, as mais
sacrificadas em território sob o domínio português.

O movimento de independência africano revelará líderes políticos prestigiados


com Leopold Sengor (no Senegal), Sekou Touré (na Guiné), Kwame Nkrumah
(no Gana), Lumumba (no Congo Belga), Jomo Kenyatta (no Quénia), e Julius
Nyereres (na Tanzânia).

Notas Pessoais
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TEMA 4: O COLONIALISMO PORTUGUÊS E A SOCIEDADE ANGOLANA


NA PRIMEIRA METADE DO SÉC. XX (1914-1950)
29
4.1. ANGOLA (1914-1950): ASPECTOS POSITIVOS
4.1. 1. A FRUSTAÇÃO DA EXPECTATIVA NA COLÓNIA DO PERÍODO DA Iª
REPÚBLICA (1910 – 1926)
Em 1910 em Portugal foi implementada a República. O governo da República
quis melhorar o problema da mão-de-obra em Angola liberalizando o trabalho.
Então foram proclamadas leis que aboliam definitivamente a escravatura e
punham o trabalho “contrato”, no seu lugar. Esse trabalho era um trabalho
forçado, mas como era temporário não era o mesmo que a escravatura além
disso era paga. Estas medidas da república serviam para aumentar o número
de carregadores (diminuindo a resistência popular) e o número de homens
livres, para se começar a construção de estradas para carros. Além disso, a
República queria que houvesse camponeses livres para cultivarem produtos
como o milho a mandioca, etc., que serviriam para alimentar a colónia, a mão-
de-obra e, ainda, para exportar.

Em 1921 deu-se uma desvalorização da moeda. Isso provocou uma grande


confusão no comércio com os povos africanos que ainda havia.

Houve, um golpe de estado em 1926 em Portugal. O exército reaccionário


acabou com o regime da República e instituiu a ditadura militar. O novo regime
passou a chamar-se Estado Novo. Esta ditadura racista era o governo da
burguesia portuguesa monopolista, apoiada no exército.

Angola figura entre os demais países que viveram o domínio português,


mediante a utilização de práticas menos correctas à população autóctone,
aquém trataram vulgarmente de indígenas. A aplicação do trabalho forçado em
substituição da escravatura, era a forma ideal adoptada pelos colonizadores
portugueses para melhor resistir.

“Se não aprendermos a maneira de ou se não conseguirmos tirar vantagens do


seu trabalho, dentro de pouco tempo seremos obrigados a abandonar a África”.

A implantação da República em Portugal, não trouxe melhorias significativas


para Angola nos campos políticos, económicos e social. A construção
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republicana de 1911, mantinha a obrigação de os indígenas trabalharem, mas


limitava os contratos a dois anos e proibia os patrões de utilizar castigos
30
corporais.

O inspector superior colonial em Angola, Henriques Galvão, no seu relatório ao


parlamento português dizia. “Para cobrir o deficit se cometem os mais
vergonhosos desrespeitos etc. Apenas os mortos estão realmente isentos do
trabalho forçado”

4.1.1.1. OS PROJECTOS POLÍTICOS: OS ALTOS-COMISSÁRIOS EO PAPEL


DE NORTON DE MATOS
O trabalho dos colonialistas neste período foi principalmente o trabalho de
consolidar o seu domínio sobre os povos africanos.

Foi também o de praticar a integração dos povos africanos nas estruturas


coloniais, capitalistas de forma que eles perdessem a sua unidade política,
onde ela havia, e não pudessem resistir ao aumento da exploração. Por isso, a
história deste período (1926-1940) é história das lutas finais entre os povos
livres ou quase livres e os colonialistas; é a história da preparação para o ultra
colonialismo que se seguirá no período seguinte e que se caracteriza pela
exploração directa do trabalho dos africanos, pela apropriação, pelos
capitalistas, dos meios de produção em geral; por uma segregação racial e por
uma negação total dos direitos do homem.

Este ultra colonialismo foi trazido pelo fascismo que em Portugal subiu ao
poder em 1926. Em Angola os efeitos do ultra-colonialismo não se começaram
a sentir 1926, isso levou ainda alguns anos. Na verdade, só por volta de 1940
se instituíram as estruturas que vieram dar ao colonialismo português a forma
de ultra-colonialismo.

Antes da chegada do fascismo ao poder em Portugal, já em Angola tinha


havido as tentativas de fazer uma política colonial ultra-colonialista. Mas nesse
tempo, em Portugal, os movimentos liberais e, em Angola, a resistência dos
africanos não permitiam que essas medidas fossem completas. O célebre
Governador da colónia chamada Norton de Matos, parece ter sido ter sido o
autor das medidas ultra-coloniais mais importantes governou primeiro em 1912
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Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

31
e já nessa data ele pensou que era preciso enviar para Angola os excedentes
da população portuguesa, que viviam em Portugal com muita miséria. Essa
medida servia para libertar os capitalistas portugueses de um lúpen-
proletariados e de um campesinato miserável servia para colocar em Angola
muitos brancos com vida melhorada que fossem fiéis ao governo e portanto,
aos grandes capitalistas e servissem de meio de agressões aos africanos,
servia também para também para desenvolver em Angola uma pequena
indústria controlada pelos capitalistas.

Por isso, este período se caracteriza também pela queda precipitada e


desaparecimento quase completo da burguesia angolana (negros, mestiços e
alguns brancos). De 1900 a 1930 a população branca subiu de 9.000 para
30.000 pessoas e este aumento não era senão preparatório. A grande
inundação de brancos iria dar-se entre 1940-1960. Por outro lado, o número de
mestiço quase não aumentava: em 1900 havia 7.000 e em 1930 havia 13.500
mestiços.

Tudo que ficou da antiga burguesia africana foi um certo número de pequenos
funcionários e pequenos agricultores de café vivendo na angustia da
decadência.

4.1.1.2. O FRACASSO ECONÓMICOS


Até 1930, este período foi caracterizado por uma crise económica que teve
altos e baixos, mas que não deixava a colónia progredir. As causas principais
dessa crise eram:

- Dificuldades da mão-de-obra. A economia estava baseada na permuta, quer


dizer, comércio com os africanos;

- A falta de estradas e vias de comunicação o transporte a princípio era feito


pelos carregadores escravos ( com a abolição da escravatura isso acabou); -

- A expansão do capital monopolista internacional. Que controlava os preços e


a produção de artigos em todo mundo e exigia de Angola produtos que ainda
não entravam na sua economia;

- A falta de capital financeiro suficiente em Portugal, que era um país


ELABORADO POR: LIC. OLÍVIO HITCHICA ERNESTO “SAMANHONGA”
Elaborado Por LIC. Olívio Hitchica Ernesto “Samanhonga”

subdesenvolvido.
32
Em 1912 foi proibida a fabricação de aguardente para o comércio com
africanos. Isto causou muitos problemas aos pequenos comerciantes coloniais,
porque perdiam assim o melhor meio de troca que tinham. Era-lhes, por isso,
forçoso começar a comprar com dinheiro.

Em 1911, havia ainda em Santo António do Zaire (Soyo) uma grande frota de
navios grandes que faziam comércio no rio Zaire, entre os produtos que
comercializavam, estavam os escravos. Poucos anos depois, essa frota tinha
desaparecido por toda parte, em 1920, os pequenos comerciantes faliam, ao
mesmo tempo que começavam aparecer as grandes fazendas agrícolas do
café de açúcar, etc. e os monopólios de exploração mineira.

De 1905 a 1930, enquanto a borracha, o marfim, o óleo de palma,


desapareciam do comércio de Angola; o milho, o açúcar e o café, subiam
imenso. Os produtos de maior rendimento estavam nas mãos das companhias:
os produtos de pouco rendimento que serviam para alimentar a mão-de-obra e
para algumas exportações estavam nas mãos dos africanos.

Em 1914 havia uma crise geral por falta de transportes, visto que estes
caminhos-de-ferro só serviam três direcções e não estavam acabados. No ano
seguinte começaram as construções de muitas estradas que duraram até cerca
de 1932. Para construir as estradas foi preciso aumentar o recrutamento de
mão-de-obra, a vítima era sempre o povo.

4.1.2. A PRIMEIRA POLÍTICA COLONIAL SALAZARISTA (1930-1951) A


“MISTICA IMPERIAL”. O REFORÇO DA EXPLORAÇÃO COLONIAL

Em 1928, o General António Óscar de Fragoso Carmona, presidente da


República na altura, convidou o Dr. António de oliveira Salazar para fazer parte
do governo como Ministro das finanças. Mas tarde, isto é, em 1932, Salazar foi
nomeado Chefe do governo (Primeiro ministro). Cargo que manteve durante 36
anos (até 1968), de cuja política administrativa estava profundamente baseada
num regime autoritarista nos domínios políticos, económicos e social
sucedendo a ditadura militar.

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Sob orientação do Dr. Salazar, fez-se uma nova Constituição em 1933, a qual
aprovada em 11 de Abril do mesmo ano. A partir daí instaurou-se em Portugal
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um novo regime que se deu o nome de Estado Novo, que teve a duração de
40 anos (1933-1974).

A constituição de 1933 determinava quatro órgãos de soberania: o Presidente


da República, a Assembleia Nacional, o Governo e os Tribunais. A Assembleia
nacional deixou de ter poderes, o Presidente da República passou a ser o
órgão de soberania com mais poder e decretar a maioria das leis.

O Dr. Salazar na qualidade de chefe de governo, controlava todos ministros e


governava o país de uma forma autoritária e absoluta. Dele dependiam todas
as decisões administrativas e políticas, usando a ditadura.

Durante os anos da “ditadura” não havia liberdade de expressão, liberdade de


reunião e de associação. Foi criada uma comissão de “censura prévia” que
tinha como função de examinar todos os jornais, revistas, filmes teatros, etc. e
contar tudo aquilo que pudesse prejudicar o regime.

Por outro lado, também não era autorizada a formação de partidos políticos.
Todos aqueles que queriam intervir nas actividades políticas do país, tinham de
pertencer a “União Nacional” criada em 1931, o único na altura, considerado
Partido do governo.

Em 1936 foi criada uma polícia que tinha informações secretas e perseguia
todos aqueles que manifestassem ideias contra o governo ou fossem
considerados opositores ao Estado Novo, policia essa, que passou a chamar-
se de Polícia internacional de defesa do Estado (PIDE). Os presos políticos
eram encaminhados para as cadeias consideradas de mais violenta,
nomeadamente Caxias, Peniche e Tarrifal (Cabo Verde).

Nos primeiros anos do Estado Novo, Salazar teve o difícil trabalho de efectuar
uma reorganização geral de Portugal, particularmente nas áreas políticas,
económicas, financeira, social e culturais. O seu principal objectivo era
estabelecer a ordem e estabilidade nacional. Mas, mesmo estas já estivessem
restauradas em Portugal, defendiam que ele iria continuar a Revolução

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Nacional enquanto no país continuasse a haver uma única pessoa sem


condições de vida aceitáveis. Com esta afirmação, ele revelou que não iria
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abandonar o poder.

Quando Salazar chegou ao poder ele efectuou muitas reformas económicas


financeiras, com a diminuição substancial de despesas do país e instituição de
inúmeras taxas, conseguindo assim equilibrar as finanças e aumentando
simultaneamente os preços dos produtos e os salários.

Com o decorrer da guerra colonial portuguesa, a situação económica financeira


de Portugal piorou bastante, devido sobretudo as enormes defesas militares
efectuadas pelo regime.

Por natureza, o Estado Novo é um regime colonialista por isso queria manter a
todo custo o seu ultramar, considerado por este uma das fontes do prestígio e
orgulho nacional.

4.2. FACTORES DO CONFLITO NA SOCIEDADE COLONIAL


4.2.1. TRABALHO FORÇADO, IMPOSTOS E EXPROPIAÇÃO DE TERRAS
Uma vez abolida a escravatura, os colonialistas criaram em seu lugar o
trabalho forçado. O trabalho, sob a forma de contrato consistia no seguinte:

- Indígena que não pudesse provar que trabalhava, pelo menos durante seis
meses no ano anterior, estava sujeito ao trabalho forçado em proveito do
Estado.

O fazendeiro quando precisava de mão-de-obra requeria ao Governo. Por sua


vez, o chefe de Posto ou Administrador da região, mandava o angariador reunir
na sanzala o número de homens solicitados. Estes africanos deixavam as suas
famílias e iam para as terras distantes trabalhar.

Os africanos submetidos ao trabalho forçado prestavam serviços na construção


de estradas casas, quartéis, portos, linhas férreas, nas roças de café, etc.
Deste modo, abandonavam as famílias e como compensação recebiam uma
miséria de salário, maus tratos; pois, mesmo doentes nunca deixavam de
trabalhar. Os homens que resistiam ao trabalho regressavam sem nada, pois

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eram obrigados a gastar o salário na cantina da roça e a pagar o imposto.


Outros não regressavam à terra devido as dívidas ou por morte.
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Em 1906 foi criado o imposto ou taxa de trabalho que servia parar dar dinheiro
ao governo, dificultando assim a vida do camponês e do homem livre e deste
modo, seriam obrigados a assinalar-se. Muitas vezes esse imposto era pago
com produtos, algodão, café, etc.

O fenómeno povoamento branco foi para os colonos de Angola


desestabilização total. Os tão preparados colonatos eram erguidos em terras
anteriormente ocupados por africanos. Durante o povoamento branco estes
instalavam-se nas zonas ocupadas pelos africanos, apropriavam-se das terras
cultivadas desalojando desta forma os angolanos que como solução eram
obrigados a buscar terras ainda mais distantes longe dos portugueses.

Em 1910, um decreto estendia a propriedade do Estado a todas as terras


vagas mas outros decretos subsequentes tentaram reservar espaços para a
população africana. Foram atribuídas a certas companhias vastas concessões
para a cultuara do café, tabaco cana-de-açúcar e outras plantações. Os
angolanos que habitavam esta terra foram despojados.

4.2.2. DESCRIMINAÇÃO SOCIAL E RACIAL; O ESTATUTO DOS IDÍGENAS


E A REPRESSÃO POLÍTICA.
O racismo como fonte de discriminação social e racial foi usado como arma de
convencer os africanos de supremacia do homem branco em relação ao
homem negro, tudo isso para impor respeito a sua maneira e evitar revoltas
deste com relação a ele. A discriminação social e racial se fazia sentir nas
empresas, escolas hospitais, quase em todas zonas desenvolvidas pelos
portugueses na colónia de Angola.

Exemplo; nos hospitais coloniais havia salas de operações separadas para


europeus e para africanos. Outro aspectos da opressão são usados para
opressão cultural são o racismo e o colonialismo de que sistema colonial
português utilizou para dominar, ao afirmar que havia raças que nasceram
simplesmente para mandar e outras para serem dominadas.

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Da escravatura, sistema retrógrado que a humanidade já mais viveu, viu o


trabalho forçado, considerando os africanos de sub - humanos pelos homens
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de etnia branca da época, diziam: “o negro é ainda selvagem, homem da idade
do ferro, cheio de virtudes, simples como uma animal qualquer”. O papel do
homem branco continuava a ser, segundo o Ministério das Colónias em
meados dos anos 30, dirigir e ensinar os “indígenas” a trabalhar juntamente
com eles nos campos.

O trabalho indígena estipulava que o nativo que não executa voluntariamente a


obrigação de trabalhar para o europeu, que é dever de todo português, será
obrigado como vagabundo, a trabalhar pelas autoridades, que adoptam medida
necessárias, tanto para educar como para o civilizar. A vinculação dos
africanos aos interesses económicos coloniais. Foi feita de forma dolorosa e
catastrófica.

A dominação, a pilhagem e a exploração dos africanos e de África pelas


potências coloniais europeias puseram em prática uma frente imperialista
mundial contra os povos africanos. Apesar da superioridade ética dos europeus
a dominação estrangeira nunca chegou a ser completa. Os povos africanos
nunca deixaram de manifestar sob várias formas, um ódio activo ao domínio.

A política dos colonialistas foi evitar a emancipação dos indígenas e ao mesmo


tempo negavam aos africanos e os direitos políticos e individuais. Em Angola, a
orientação exclusiva da administração fascista portuguesa era de recuar
qualquer os direitos políticos individuais. Em Angola, a orientação exclusiva da
administração fascista portuguesa era de recusar qualquer direito político aos
indígenas e procurar evitar o crescimento económico susceptível de fazer
nascer uma classe média mais evoluída. Por outro lado abafar todas as
resistências africanas contra os portugueses.

4.3. A VIRAGEM APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Depois da segunda guerra mundial, quase todas as colónias europeias se


foram tornando independentes. No princípio dos anos sessenta, Portugal
constituía uma excepção do seu império colonial, que incluía os territórios de
Cabo-Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, o chamado “
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Estado da Índia” (constituída por Goa, Damão e Diu), Macau e Timor.


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A partir do final da 2ª guerra mundial, as potências vencedoras estabeleceram
na Carta das Nações Unida o princípio do direito dos povos à
autodeterminação; o equivale ao direito à independência. Inicia-se então a fase
mais intensa do movimento de descolonização.

O governo português, no entanto, recusou-se a proceder a descolonização e


defendeu a tese de que Portugal era um estado pluricontinental e multirracial.
Os territórios dominados foram considerados parte do Estado Nacional, isto é,
províncias ultramarinas (e não colónias) e os seus habitantes foram
declarados, para todos os efeitos cidadãos nacionais. Toda via, esta posição
não conseguiu ser aceite internacionalmente.

Quando, em 1955, Portugal se tornou membro da ONU, foi convidado a


conceder a autonomia às suas colónias. Em virtude de recusa do Governo de
Salazar, a assembleia-geral das Nações Unidas condenou sistematicamente a
atitude colonialista de portuguesa. Em termos internacionais, Portugal ficou
isolado na defesa da sua posição.

Perante a intransigência de Salazar e do seu governo, o descontentamento das


colónias não tardaram. Em 1956, a índia independente desde 1947, exige a
entrega dos territórios portugueses de Goa Damão e Diu. A recusa sistemática
de Portugal responderia a índia com a invasão daqueles territórios, em 1961, e
a sua anexação pela força.

É também a partir de 1961 que se iniciam nas colónias africanas as lutas de


guerrilha pela independência. Angola tornou-se palco de um violento combate
contra a presença portuguesa, liderado pelos movimentos de libertação da
UPA e MPLA, que actuavam, sobretudo, no norte do território angolano.

Em 1963 é a vez da luta anti-colonialista se estender a Bissau, cujo movimento


de libertação, o PAIGC reunia guineenses e cabo-verdianos. No ano seguinte,
a guerrilha estende-se ao Norte de Moçambique, através da FRELIMO. Estes
movimentos, tal como os de Angola, tinham o apoio político e material de vários
países, em especial do bloco socialista, que lhes forneciam armamento e

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preparavam muito dos seus quadros.


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António de oliveira Salazar decidiu a defesa intransigente das províncias
ultramarinas. Quando ocorreram as primeiras revoltas em Angola, ordenou que
o exercício avançasse para Angola, rapidamente e em força. Pouco a pouco,
Portugal envolveu-se numa longa guerra colonial em três frentes (Angola,
Moçambique e Guiné), que se prolongaria até 1974.

A guerra colonial exigiu ao país um enorme esforço humano e económico.


Entre 1961 e 1974 passaram pelas três colónias africanas cerca de 1.300.000
soldados portugueses, à média de mil mobilizados por ano. As perdas
humanas atingiram 6340 mortes e 27 919 feridos, sobretudo mutilados. Isto
sem contar os inúmeros casos de traumatismo psíquicos e morais que uma
guerra sempre provoca.

4.3.1. A PROVICIAQLIZAÇÃO DE 1951 E A POLÍTICA DO FOMENTO


ULTRAMARINO
Em 1951, as colónias passaram a ser de um para outro, províncias
ultramarinas de um Portugal que era um Estado pluricontinental e multirracial.
As potências vencedoras da 2ª guerra mundial estabeleceram na Carta das
Nações unidas o princípio do direito dos povos à autodeterminação. O Governo
português negou que tinha colónias mas as suas possessões em África e na
Ásia eram províncias ultramarinas perante esta atitude a Assembleia-geral das
nações Unidas condenou Portugal que ficou isolado, mas com ajuda de alguns
países conseguiu resistir até 1975.

Tal política de fomento ultramarino foi realizada sob a forma de colonato (zonas
onde o Estado português fornecia aos emigrantes a terra e lhes facilitar a
construção de casas, aquisição de maquinas agrícolas, gado e outros apoios),
ou de uma emigração espontânea mas encarregada. Tinha por objectivo à
implantação de uma minoria branca que se oporia aos negros e facilitaria assim
a exploração colonial. Esta política inspirou-se nos exemplos da União Sul-
africana da Argélia.

A situação de atraso económico que afectava particularmente as populações


rurais, daria origem a um excepcional da emigração. Na verdade, embora a
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emigração fosse uma constante de longa data na sociedade portuguesa sofreu


a partir de 1960 um aumento espectacular. O destino principal deste novo surto
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migratório foi sobretudo para a província de Angola.

O governo colonial português incentivou programas e promulgou inúmeras leis


destinadas ao povoamento branco para estimular a presença europeia em
África. Os colonialistas insistiam na necessidade de intensificar o povoamento
de Angola com portugueses provenientes da Metrópole, ao mesmo tempo que
a imprensa e certos estudos sublinhavam a missão dos portugueses em África
era de dirigir, orientar e organizar, enquanto o Africano executa e se ocupa dos
trabalhos agrícolas mais duros, salvo em certas regiões de clima saudável
reservado ao povoamento europeu.

No jornal “O Século” aparece em vários artigos interessantes entre os quais se


destaca o seguinte extracto: “ Angola, território ideal deste para fixação de
europeus, clima magnífico, as condições do solo são as melhores. Não
somente razões demográficas, climáticas, etc., impõem a colonização de
Angola, mas também razões políticas e estratégias.

4.3.2. MUDANÇAS ECONÓMICAS E SOCIAIS

A evolução económica e social deste período seria condicionada pelo tipo de


regime político implantado: o salazarismo, conservador, autoritário e
repressivo, manteve do qual só a partir dos anos sessenta começaria a sair.

No aspecto económico e financeiro, a guerra exigiu o desvio de vultosas


verbas, em princípio destinadas ao desenvolvimento de Portugal (através de
planos de fomento), para fazer face às despesas militares. De qualquer
maneira, a guerra teve um efeito estimulante sobre a economia das colónias. O
governo central canalizou maiores investimentos para Angola, Guiné e
Moçambique: beneficiaram-se as vias de comunicação e de transportes,
construíram-se barragens, escolas, hospitais etc., as grandes cidades
desenvolveram-se, surgiram novas indústrias, intensificam-se a extracção de
matérias-primas como o ferro, diamantes e o petróleo de Angola; consegue-se
captar investimentos estrangeiros.

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No entanto, isso não impediu a intensificação dos movimentos de guerrilha. Em


1973, a guerra tinha chegado a um impasse, sobretudo em Angola e
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Moçambique. A solução do problema colonial português passava,
necessariamente, pela negociação política. Mas o governo português chefiado
por Marcelo Caetano insistia na tese salazarista da nação pluricontinental-
portuguesa era só um, “Minho ao Timor”

Nos começos do ano de 1973, a situação económica de Portugal reflectia o


esforço de uma década de guerra, com o desvio de avultadas somas para as
pessoas militares. A depressão económica mundial iniciada com o aumento
brutal dos custos do petróleo veio agravar seriamente essa situação. A inflação
sobe, o estudo desvaloriza-se, o custo de vida aumenta. O descontentamento
popular acentua-se e as forças políticas da oposição intensificam a luta. Os
próprios empresários mais esclarecidos manifestavam a sua descrença no
regime, convencidos de que só a democratização do país e a apropriação da
Europa comunitária poderiam encaminhar Portugal para um futuro de
progresso. Seria o exército que tinha estado na origem da ditadura, quem
apressaria o seu fim. A partir de 1973, surge um clandestino em que se
associavam muitos oficiais das forças armadas, sobretudo capitães, é o
movimento das Forças Armadas (M.F.A.).

Perante a falência da solução militar e recusa da solução política, a questão


ultramarina acabaria por ser resolvida através de uma revolução a do 25 de
Abril de 1974, que estudarás no próximo capitulo.

4.3.3. ASSIMILACIONISMO, AUMENTO DE TENSÕES ENTRE


COLONIZADOS E COLONIZADORES E AS PRIMEIRAS ACTIVIDADES
NACIONALISTAS.
A educação nos territórios colonizados era concebido como principal meio de
assimilação, cujo objectivo consistia sobretudo nas missões católicas foram
investidas, tal como aconteceu com a igreja em Portugal, de grandes
responsabilidades. Distingue-se com efeito, o ensino oficial destinado aos
portugueses e assimilados, e o ensino com base nos elementos do ler,
escrever e contar, completado com noções de artesanato ou agricultura, tudo
isto em português.

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O colonialismo português afectou todas as áreas da sociedade angolana, a


violência era uma nota dominante. Acima de todos os interesses estavam os
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interesses coloniais portugueses inclusive a dieta alimentar tradicional
angolana afectaram com implementação das “mono culturas” produtos esses,
exportáveis (matérias-primas), ocupando geralmente os campos que autora
eram utilizados para o cultivo de produtos para a alimentação das populações
angolanas.

Com o aparecimento modo fascismo em Portugal, em 1928, acentua-se a


natureza do colonialismo em Angola através do aproveitamento sendo a maior
parte da sua população condenada de delito comum. Deste modo Angola
passou a ser uma colónia penal nos primeiros anos do salazarismo.

A opressão cultural é o meio pelo qual se procurou destruir a resistência dos


africanos desorganizar as suas estruturas tradicionais. Humilhando e tratando
como inferiores as culturas dos povos colonizados, criava-se um sentido de
inferioridade rejeição dos seus próprios valores, sem que contudo chegasse a
ser aceite como igual na sociedade e cultura do colonizador europeu.

Alguns membros das expedições portuguesas eram missionários cuja missão


era a de cristianizar e de civilizar. Muitas vezes os missionários recorriam aos
militares quando surgisse resistência por parte das sociedades africanas.

A forma de administração que os portugueses utilizaram em Angola foi


“”administração directa”. Os territórios eram governados directamente pelo
aparelho de Estado Estrangeiro, que quer dizer, a Metrópole instala os seus
representantes e a eles está sujeita toda a população. Por isso, as leis e os
chefes tradicionais não tinham qualquer valor.

Tudo isso, como não podia deixar de ser, provocou e alimentou o sentimento
nacionalista, visando a valorização e danificação do homem angolano, e o ano
de 1961 materializou esta corrente de emancipação, depois de algumas
tentativas políticas e culturais a arrogância portuguesa, provocou a
inevitabilidade da via armada para a conquista da dignidade humana,
procurando pôr fim a alienação cultural que as populações de Angola sofriam.

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Notas Pessoais
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