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Progrma de História da 11ª. Iº Trimestre.

Tema1- Do Tráfico de Escravos ao Comércio Licito (1822-1880)


1.1-O contexto histórico da abolição do tráfico de escravos negros.
1.2- O fim do ciclo em Angola.
1.2.1- O impacto da Independência do Brasil (1822-1825) na colónia de
Angola.
1.2.2- A repressão ao tráfico.
1.2.3- A diversidade das rotas comerciais.
1.3- Os avanços na ocupação territorial e os ensaios de uma nova
colonização.
1.A- A sociedade colonial: os colonos e “os filhos do país”; a imprensa e a
afirmação da imprensa africana.
1.5- As sociedades africanas face à mudança.
1.5.1- Cabinda.
1.5.2- O antigo Reino do Congo.
1.5.3- O Bié e o Bailundo.
1.5.A- O comércio a longa distância dos Kimbundos.
1.5.5- O fim da expansão económica e territorial do Tchokwe (Lunda).
1.5.6- O Reino de Nyaneka Humbe.
1.5.7- Os Ovambos.
Tema 2- Angola no Período da Conquista Europeia de África (1880-1915).
2.1- A conferência de Berlim e o prelúdio para a partilha Europeia de
África.
2.2- Panorâmica geral dos modelos coloniais britânicos, francês e belga.
2.3- A nova política portuguesa;
2.3.1- « O ultimatum» de 1890.
2.3.2- A marginalização dos «angolenses» e os apelos autonomistas.
1.2- O fim do ciclo em Angola
Quando se desenvolveu a campanha abolucionista à nível internacional e,
embora em Angola as receitas alfandegárias fossem contudo 90%
provenientes da exportação de escravos, Portugal foi pressionado a aceitar
o que as potências dominantes de então acordaram entre si:
- Abolir o transporte de escravos entre a Costa de África e América.
Com este protesto a Inglaterra interferiu várias vezes na política colonial
portuguesa e fez algumas tentativas de ocupação da Costa de Luanda
( Cabinda e Ambriz).
O Brasil proclamou a sua independência, retirando à Portugal uma imensa
fonte de riqueza e o comércio português perdeu o seu principal cliente.
Subt. Medidas para a abolição.
A 1ª medida foi a publicação do Decreto Abolucionista em Portugal por Sá
da Bandeira, Ministro das colónias, em 10/12/1836 (contudo esse decreto
não foi cumprido.)
A partir de 1845, o governo colonial português tomou medidas mais
eficazes na repressão do contrabando que vão diminuir progressivamente o
tráfico, tais como:
- A existência de um destacamento de forças navais portuguesas que a
partir de Luanda capturavam alguns barcos negreiros;
- A agressividade da marinha Britânica que patrulhava o litoral de Angola;
- A implementação de uma comissão mista e de harbitragem Luso-
Britânica em Luanda, a partir de 1844;
- A proibição de entrada de escravos pelo governo brasileiro em 1850.
Subt. Consequências da Abolição.
Com a perda do Brasil, os governantes portugueses voltaram-se para as
colónias de África, a fim de compensar a perda e dinamizar o
desenvolvimento da indústria e do comércio português: tomaram medidas
administrativas para a abolição de escravos e tentaram atrair capitais para
iniciativas agrícolas e minerais.
Ainda enviaram mais colonos que se fixaram nas terras e houve isenção de
impostos para os produtos que circulassem entre Portugal e África.

1.2.1- O impacto da independência do Brasil na colónia de


Angola (1822-1825).

Em 1822, o Brasil proclamou a sua independência. Desde esta data o Brasil


deixou de ser uma colónia de Portugal, e passou a ser um Estado
independente.
A independência do Brasil trouxe muitas complicações à política angolana.
Antes da sua independência, os brasileiros já estavam a pensar em levar
Angola com eles. Queriam continuar a receber escravos de Angola e fazer
destes um mercado dos produtos brasileiros.
Os colonos de açúcar e os homens ricos do Brasil queriam a independência
e, era intenção que Angola estivesse ao lado do Brasil e não ao lado de
Portugal.
Se Angola fosse uma colónia sem capital próprio, os brasileiros pensariam
somente em transformar Angola numa colónia do Brasil. Mas issso não foi
possível, porque, Angola já tinha um pouco de capital. O que os brasileiros
queriam é que Angola tivesse também a independência e entrasse numa
coligação ou federação com o Brasil.
As classes ricas da colónia de Angola estavam decididas, porque o capital
angolano ainda não era tão forte em relação ao capital brasileiro.
Portanto, alguns que tinham capital, queriam que Angola ficasse
independente, outros queriam que Angola continuasse ligada à Portugal. Os
que estavam economicamente ligados ao Brasil, queriam que Angola
entrasse na federação com Brasil se tivesse a independência.
Ainda em 1822, houve um golpe de Estado em Luanda (mudança de
governo). Criou-se uma Junta Provisória de 7 membros, presididos por um
Bispo, porém, este estava muito ligado ao Brasil, mas ao mesmo tempo
tinha feito muito pelo progresso de Angola.
A Junta Provisória tomou poder, mas, encontrava-se dividido. A maior
parte dos membros estavam a favor da independência de Angola, mas,
esitavam(indecisos) entre ficar sozinho ou juntar-se ao Brasil.
Em Luanda e Benguela havia cada vez mais revoltas, protestos,
manipulações contra Portugal e Brasil. Porém, em Benguela, o movimento
a favor da independência e a favor da ligação à Brasil era muito forte.
Houve muitas revoltas, das quais a mais importante foi a revolta chefiada
por Aurélio de Oliveira, que estava ligado ao Bispo e ao ouvidor . Todos
estes homens eram liberais, quer dizer, estavam a favor da liberdade
política, de palavra e de comércio.
Portugal estava preocupado, porque, percebia que ia perder o Brasil e
Angola. A Inglaterra também estava preocupada, porque, com a
independência do Brasil, ia perder as suas grandes vantagens comerciais
nos portos do Brasil. A escravatura continuava e, a Inglaterra que tinha
uma grande indústria , estava contra a escravatura.
Assim, em 1822, o rei de Portugal chamou à Lisboa para conversações os
representantes de todos os territórios portugueses.
Os angolanos elegeram o deputado Queiroz Coutinho, homem que tinha
sido juiz em Benguela e vivia no Brasil a muito tempo. Aqui se percebe
que quem ganhou essa eleição foi partido favorável ao Brasil, ainda foram
eleitos outros deputados, tais como: Patrício Correia de Castro ( contra o
Brasil) e Amaral Gurgel ( a favor do Brasil). Neste aspecto se nota a
divisão dos angolanos, que já era intensa.
O deputado Gurgel comunicou-se com a junta e pediu a junção ao Brasil. O
deputado Patrício protestou e preferiu ligar-se à Portugal.
Pouco tempo depois o Brasil proclamava a Independência e assinou um
Tratado com Portugal. Neste Tratado, o Imperador do Brasil, Don Pedro Iº,
afirmava que, não havia de arrastar as colónias portuguesas, não havia de
aceitar a união de Angola com o Brasil. Este Tratado foi assinado em 1825
e , a Inglaterra esteve imediatamente de acordo com o Imperador.
Com a assinatura do Tratado de 1825, os movimentos de ligação com o
Brasil desapareceram em Angola. Mas o desejo de independência ficou.
Foi este desejo que esteve sempre nos escritos dos grandes jornalistas e
escritores de 1896.

1.2.2- A repressão ao tráfico


Depois do Tratado de 1825, Angola ficou toda nas mãos de Portugal e o
Brasil começou a perder as suas vantagens económicas. Em 1830, o
comércio de Angola deu um grande salto pelo aumento da produção, quer
dizer, a repressão ao comércio de escravos começa e transforma um pouco
a economia mercantil de Angola numa economia de produção. Em 1836, o
negócio de escravos era oficialmente abolido por influência das forças
progressistas angolanas daquele tempo: o povo e a burguesia colonial
angolana, por influência da Inglaterra (a burguesia industrial inglesa) e por
influência de todas as forças progressistas daquele tempo no mundo.
Em 1844, os portos de Angola eram abertos para os navios estrangeiros e,
as economias de Angola e mesmo a sociedade angolana transformaram-se.
Por isso, não há dúvida de que os resultados do Tratado de 1825
representam o progresso para Angola. Eles foram uma victória das forças
progressistas angolanas, embora não tenham sido uma victória completa. O
espírito nacionalista só havia de nascer em 1896.
As únicas forças progressistas que souberam cumprir o seu papel foram os
escravos em Angola, que se revoltaram constantemente, os sobados
dominados, que protegiam os escravos e se revoltaram também contra o
colonialismo, os Estados do Planalto, principalmente o Bailundo com o rei
EkuikuiII,
Estes escravos, sobados dominados e Estados do Planalto eram as forças
progressistas, porque lutavam com armas na mão contra a escravatura,
contra a exploração colonial em todas as suas formas e, pela sua própria
independência.

A Diversidade das Rotas Comerciais


Existiam diversas rotas comerciais que, facilitavam os portugueses a terem
cada vez mais necessidade de escravos por causa das plantações no Brasil
Os Estados do Kuango (lunda norte e sul)não podendo comercializar em
boas condições através do Ndongo, acabavam de estabelecer uma nova rota
comercial, que era a seguinte:
Kassanje(Malanje, linda norte e sul)- Matamba
Matamba- Dembos(Bengo)
Dembos- Loango(Cabinda), agora Congo brazaville
No reino do Loango estavam os franceses que eram os compradores. Os
preços dos franceses no Loango eram mais altos do que os preços pagos
pelos portugueses em Mpungu-a-Ndongo(Malange) ou em Luanda.
A rota de Loango era melhor para os Estados do Kuango do que a rota de
Luanda. A Rota de Loango era ao mesmo tempo uma rota que trazia muitos
prejuísos aos portugueses. Esta rota prejudicava também o reino de Luanda
que tinha que suportar muitos intermediários (Kassanje, Matamba, Dembos
e o Congo).
Por volta de 1769, Luanda estabeleceu uma nova rota que passava pelo
Mpumbu(região de onde saiam os pombeiros e que ficava da província de
Nsundi no reino do Congo) descia o rio zaire e acabava também no
Loango. Com esta rota, o comércio de Luanda não passava pelos
intermediários do Kuango.
Um sistema organizado de comércio, apoiado na cidade de Luanda, nas
feiras e nos presíduos do interior, fazia confluir no litoral os produtos e
escravos obtidos por pombeiros e enviados as ordens de armadores e
comerciantes da cidade.
Uma das rotas utilizadas era o rio Kuanza durante o seu percurso
navegável, outra era a que através do Libolo( município do kwanza sul)
começou então a desenvolver-se, ligando o Ndongo ao Planalto Central. No
Dondo reuniram-se caravanas que vindas do Sertão desciam até Luanda.

Os avanços na ocupação territorial e os ensaios


de uma nova colonização
Os avanços na ocupação territorial tiveram início com a fase de ocupação
que teve início em 1575 com a fundação da cidade de Luanda pelo capitão
português, Paulo Dias de Novais, e terminou em 11|11|1975 com a
proclamação da Independência. Foi a fase em que os portugueses decidiram
ocupar o território angolano para a exploração das matérias primas de que
as indústrias europeias necessitavam para o seu desenvolvimento.
A presença portuguesa ao longo de mais de 300 anos no litoral, permitiu a
Portugal controlar para o interior um território cujos limites não estavam
bem definidos.
Ao se analisar a extensão, a população e o grau de obediência dos
territórios e das zonas de influência comercial que os portugueses
controlavam, é importante distinguir os territórios sob controlo português
em 1845-1848 e os que não estavam nestas situações.
A fronteira norte estava oficialmente (ocupada) fixada pelos portugueses no
rio Ambriz, mas, de facto , nem as bacias de Ambriz, nem os Dembos
estavam ocupados pela autoridade colonial. Ao sul a fronteira proclamada
pelo governo colonial situava-se junto ao porto Alexandre. Para o interior,
a partir de Luanda, a zona de influência colonial ia até onde começava o
Estado de Cassanje- era o chamado Reino de Angola.
No que respeitava ao Reino de Benguela, os mapas coloniais de então,
consideravam como fronteira as vertentes do Planalto Central. Do ponto de
vista administrativo, a colónia de Angola era composta pelos reinos de
Angola e de Benguela, ambos dependentes de um governador residente em
Luanda.
As subdivisões(administrativas) eram os distritos e os presíduos(praça
militar) diridgidos por regentes, chefes ou capitães(chefe militar) mores.
Segundo a terminologia colonial, os sobas avassalados (incapaz de
expressar opinião ou vontade prória, mas apenas a da pessoa ou instituição
à qual está subordinada) eram os que pagavam a autoridade colonial o
imposto, enquanto que, os reis ou os sobas independentes não pagavam
tributos, como pelo contrário, recebiam tributos dos comerciantes que os
visitavam ou que se instalavam nos seus domínios.
A presença dos portugueses no interior de Angola, durante a maior parte do
séc.XVI, era representada pelos sertanejos que eram comerciantes com uma
loja no interior (no sertão), frequente vezes associados a parceiros
africanos. Essa vida oferecia-lhes não só riquezas como um estatuto
especial.
Alguns sertanejos portugueses abriram caminho a posterior a ocupação
militar colonial, fornecendo informações sobre os chefes africanos, as rotas
mais favoráveis, os recursos da região, pedindo mesmo a intervenção
militar quando a concorrência africana se revelava perigosa para o seu
negócio. Foi o que ocorreuu por exemplo no Bié, no fim do séc. XVI,
quando Ndu-Nduma e o seu reino foram atacados por tropas portuguesas.

A sociedade Colonial: Os colonos e os «fihos do


país»;a imprensa e a afirmação da Imprensa
africana.

As reivindicações autonomistas do séc. XIX em Angola ficaram


conhecidas como proto- nacionalismo e foram protagonizadas pelos filhos
da terra que vinculam(ligam) o seu discurso na imprensa daquela época.
Dessa imprensa oitocentista avultam(intensificam) discursos de reformistas
e independentistas. Entre os jornais que exprimiam as ideias dos «filhos da
terra», temos o Echo de Angola (1881-1882), o Futuro de Angola (1882-
1891), A Verdade (1882-1888), Muen”exi- palavra Kimbundu que
significa Senhor da Terra (1889) e Kamba Dya Ngola (1898). O historiador
angolano Fernando Gamboa destaca o Futuro de Angola.
De um modo geral,os artigos que no Futuro de Angola abordavam a
questão da independência de Angola tinham a aasinatura de José de Fontes
Pereira. A leitura dos vários números desse periódico deixa clara a
existência de um discurso nacionalista já no último quartel do séc.XIX.
Nessa altura, a situação económica e social da burguesia colonial deteriora-
se bruscamente, o que contribuiu para a proliferação de jornais contendo
temas de crítica social, alguns dos quais chegando a abordar a questão da
independência de Angola. À medida que a situação económico-social desta
comunidade se deteriorava, ao longo da década de 80 do séc.XIX, devido à
nova política colonial de Portugal, que consistia no afastamento dos filhos
do país dos lugares-chaves da administração, vão se tornando cada vez
mais claras as aspirações independentistas.
O discurso proto-nacionalismo só se manifestou grças ao período liberal
em Portugal como resultado da Revolução de 1820. Abriu-se o campo ao
exercício da livre comunicação de pensamento materializado nos
movimentos associativos, na eloquência parlamentar e na literatura política.
A transposição de princípios e noções da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, a proclamação de que a lei é igual para todos
acoaram de imediato nos meios letrados das sociedades colonizadas. As
igrejas, particularmente os Institutos Missionários, as Escolas e o Exército
foram os alfobres(viveiros) dos primeiros letrados em Angola. Na ausência
de liceus e universidades, existiam essencialmente auto-didactas e
reprodutores de um saber essencialmente instrução e do jornalismo de
intervenção.
Esta elite nativista, que foi marginalizada social e politicamente,
reivindicava a sua representatividade no parlamento da metrópole e do
Conselho Legislativo da província e a sua integração na sociedade colonial.
Nesse combate reivindicativo, papel importante foi desempenhado pelo
Partido Nacional Africano que, defendia um esquema institucional
advogava a constituição de uma entidade jurídica autónoma para cada um
dos povos de Portugal e a organização destes últimos numa federação , com
um Parlamento e a constituição de uma Confederaçõ com Portugal. Em
1930 preconizou a transformação de Portugal e de África numa grande
pátria de raças livres que fraternizam sem privilégio de dominação ou de
soberania de umas sobre as outras. Os representantes da elite nativista
alimentavam a esperança de que a Nova Constituição Portuguesa a
consagrasse juridicamente. Mas isso foi um sonho que esbarrou contra o
muro de princípios do Estado Novo.

AS SOCIEDADES AFRICANAS FACE À


MUDANÇA
CABINDA ( NGOIO, REINO DO KAKONGO, REINO DO
LOANGO)

As populações de Cabinda são da área sócio-cultural bantu, mais


especificamente BaKongo.
Os três principais estados de Cabinda eram:1º O Ngoio, 2º o reino de
Kakongo, 3ºo reino de Loango.
Antes do séc. XV, a sociedade Cabinda, tal como as outras comunidades
bantu, eram predominantemente animistas (a crença de que um espírito ou
divindade reside dentro de cada objecto) e politeístas (sistema religioso que
admite a existência de vários deuses em contraposição ao monoteísmo, que
só admite a existência de um único Deus), tendo diminuído gradualmente
com a introdução do Cristianismo pelos portugueses. Apesar da influência
cristã, as populações mantiveram as suas tradições culturais e linguísticas.
A presença portuguesa na região data de 1491, com a instalação de
feitorias (mercado) cuja actividade fundamental foi o comércio de
escravos.
De 1580 até 1648, a Holanda dominou o território. O domínio português
foi restabelecido e em 1680 a actividade comercial foi retomada nos portos
locais (Soyo, Cabinda, e Malembo) com visitas frequentes de navios
portugueses, franceses e ingleses. A igreja católica instalou-se através dos
Capuchinhos e estes bateram-se para o fim do tráfico de escravos na região,
o que provocou a ira dos ingleses, que invadiram o reino do Ngoio em 1685
e em 1722; os franceses e ingleses degladiaram-se (discutir, disputar) pela
posse de mais escravos. Só uma acção dos portugueses em 1722 veio repor
o seu domínio na região.
Em 1768, os padres franceses da missão de Cacongo, na área de Tando-
Zinze, reuniram 300 marinheiros da sua nacionalidade para marcar a sua
presença e obrigaram Portugal a construir, em 1783, o forte de Santa Maria.
Os militares portugueses que aí se encontravam tornaram-se vulneráveis ao
paludismo e alguns deles morreram. Novamente, uma esquadra francesa
ataca os portugueses, daí resultando um conflito diplomático entre os dois
países, que só foi resolvido através da Convenção (acordo) de Madrid de
1786, que reconhece a soberania portuguesa sobre Cabinda.
Entretanto, com as transformações económicas, políticas e até mesmo
culturais da região, o termo Cabinda foi sofrendo sucessivas mudanças,
nomeadamente:
- Até meados do séc. XVI, o território era conhecido por Kiona, grafado
muitas vezes Tchioud, que significa mercado.
- Em fins do séc. XVI e inícios do séc. XVII, surgiram os nomes de
Kapinda e Kabinda.
- No séc.XIX, o território ficou conhecido pelo nome Porto Rico.
- A partir de 1885 e após a Conferência de Berlim, o território passa a ser
designado por «enclave de Cabinda» e em 1887 passa a ser a sede (capital,
centro) do recém-criado Distrito do Congo.
Em 1896, Cabinda foi baptizada como «Vila Amélia» pelo governador
Serpa Pimentel e permaneceu com este nome até 1910. Mas em 1917
Cabinda deixa de ser a sede do Distrito do Congo, passando para Maquela
do Zombo. Em 1956, Cabinda foi elevada à categoria de cidade.
O ANTIGO REINO DO CONGO
Ao Norte do rio Zaire, na região do Vungo, a leste da actual província de
Cabinda, existia uma chefatura dirigida por Nimi-a-Nzima . Um filho deste,
Nimi-a-Lukeni, motivado pelas ambições de criar um Estado ou reino
maior do que o do seu pai, ambicionou logo a região do rio Zaire, fácil de
conquistar, dada a fragilidade das inúmeras chefaturas nela existentes. A
formação do reino do Congo desenvolveu-se com a acção político-militar
do grupo conduzido po Nimi-a-Lukeni muito antes do séc. XIII.
Lukeni, atravessou o Zaire e apoderou-se dos terrenos entre a fronteira de
Angola e o Zaire, região que passou a ficar conhecida por Província de
Nsundi, tendo-se fixado na localidade que posteriormente se viria a chamar
Mbanza Congo, onde vivia o Mani-Congo, um importante chefe religioso
com quem fez um tratado de amizade e coexistência pacífica.
O reino do Congo foi o primeiro Estado bantu a constituir-se na costa
Ocidental de África e tinha como capital a cidade de Mbanza Congo.
Estava dividido em seis províncias, das quais cinco estavam subordinadas
aos seus próprios manis. A província de Mpemba era governada
pessolamente pelo rei e pertencia-lhe.. As províncias que lhe eram
fronteiriças eram as seguintes: Nsundi a norte; Mbata a este; Mpangu a
nordeste; Mbamba a sudoeste e soyo na costa atlântica, a oeste da capital.
A mais poderosa das províncias era Mbata, pois fora um importante reino
antes dos clãs Bakongo terem estendido a sua autoridade à região sul do rio
Zaire. Embora o mani da província fosse escolhido pelo rei do Congo, ele
era sempre um príncipe da velha família real de Mbata. Nenhum outro
nobre do reino tinha o direito de comer à mesma mesa que o rei. A outra
importância da província de Mbata era a sua posição estratégica de
fronteira oriental do Congo.
Na Monarquia (forma de governo em que apenas uma pessoa detém o
poder soberano) do Congo, que foi hereditária, o novo rei era escolhido
pelos princípios do Direito Matrilinear.
Para além das províncias havia reinos tributários como o Ndongo, a
Matamba, Nambuangongo, Kakulo Kaenda, etc.
A crise dinástica (sucessão de soberanos, pertencentes à mesma família,
por diversas gerações) no reino do Congo, aberta com a morte do Ntotela
Henrique II, ocorrida em 23 de Janeiro de 1857, veio permitir que os
portugueses se aproximassem de S. Salvador. Enquanto um grupo de
eleitores africanos de Mbanza- Congo escolheu o Don Álvaro Makadolo,
sobrinho do rei difunto, chamando-lhe Don Álvaro XIII, os portugueses
inicialmente indecisos, optaram por apoiar as pretensões de outro sobrinho
Don Pedro Lefula (marquês de Catende). Em 7\08\1859, Don Pedro Lefula
foi coroado em Mbanza-a-Puto, povoação tradicional dos portugueses, fora
das portas da capital, por dois missionários portugueses que lhe deram o
nome de Don Pedro V. Em 16 de Setembro de 1860, S. Salvador foi
conquistado (Mbanza Congo).

O Bié e o Bailundo
O Bailundo tornou-se conhecido por toda a Áfica Oriental e Central, pela
importância do seu comércio, sobretudo devido a elavada produção do
milho.
No Planalto Central, os portugueses começaram por colher informações
pouco a pouco.
Devido a sua explosão(crescimento rápido/ populacional) demográfica, os
portugueses pensavam que o planalto central era uma parte ideal para fazer
guerras de Kuata-Kuata para captua de escravos e para o comécio de
marfim, ou para conseguir uma mão-de-obra barata.
Foi assim traçado o plano militar de ocupação daquelas terras, que
provocaram a revolta dos indígenas.
As revoltas no planalto central iniciaram logo depois da Abolição da
Escravatura, em 1899 e instituído o trabalho coercivo.
Entre as inúmeras revoltas destacam-se as de Ekuikui II, que se alinhou ao
rei do Bié Ndu-Nduma Iº e prepararam-se para os anos de guerra.
Os prtugueses atacaram o Bailundo de surpresa, para evitar que se
organizassem melhor e ao Bailundo se unissem os estados da região.
Em 1893 morre Ekuikui II e a sua morte levou os portugueses a pensarem
que haviam dominado o Bailundo. Mas o seu sucessor, Numa II, continuou
com a guerra. Assim , em 1902 surgiu uma outra revolta conduzida por
Mutu-ya-Kevela, estendendo-se por todo planalto central, paralizando o
recrutamento forçado de trabalhadores e o comércio.
Esta revolta foi dominada por um grande exército conduzido por Cabral
Moncada. Depois de um forte combate, em Tchipinde, a A de Agosto de
1902, morreu Mutu-ya-kevela.
Com o exército de Mutu-ya-kevela vencido, os portugueses prepararam
outra ofensiva no interior do Bailundo, na região do Bimbe, onde um
poderoso chefe Samavaka se opunha com toda a sua força e saber à
ocupação e submissão. Foi necessária uma forte coluna expedicionária
portuguesa para dominar a revolta do Bimbe e dos pequenos sobados do
yakwanda e Tchinai.

O comércio à longa distância


O comércio à longa distância consistiu em direcções diversificadas. A
região em que se fazia as viagens naquele tempo, ainda não havia sofrida
influência directa dos europeus.
No séc.XIX, o principal estímulo ao comércio angolano à longa distância
partia dos portugueses.
Os produtos de importação chegavam no interior através das casas
comerciais e das suas sucursais.
As pessoas que trabalhavam para as casa comerciais portuguesas ,
realizando viagens de caravanas à regiões distantes, eram Ovimbundu,
Tchokwé e sobretudo os Ambaquistas (naturais de Ambaca e chamados
Luso-Africanos).
Os Ambaquistas e mais os outros, na maior parte das vezes eram os
primeiros a descobrirem as novas rotas, antes do seus patrões brancos os
inaugurarem oficialmente.
Os Ambaquistas eram chamados de luso-africanos porque usavam roupas e
calçados europeus, consideravam-se cristãos, falavam português e a sua
língua Kimbundu (que é a língua materna africana). E muitos deles sabiam
ler e escrever.

Rotas do Comércio à Longa Distância

Estes Ambaquistas faziam longas viagens para o interior de África,


arriscando suas vidas, fazendo o comércio.
Eles direccionavam-se em vários sentidos:
- Para o leste (Kuango, Lunda, Luba);
- Para o sudeste, ao zambeze até junto dos Luí e dos Kilolo;
- Para o nordeste até junto dos Luluwa e dos Kubas.

Produtos do Comércio à Longa Distância


Os principais produtos de importação do litoral incluíam armas de fogo e
missangas, e do interior consistiam sobretudo em escravos, sal, ferro, cobre
e gado bovino. Para o litoral, os principais produtos de exportação incluíam
escravos, cera, marfim, borracha, bem como os belos tecidos feito de fibra
de ráfia.

1.5.5. O FIM DA EXPANSÃO ECONÓMICA E TERRITORIAL DO


LUNDA TCHOKWÉ

Um dos obectivos
fundamentais dos Lunda Tchokwé é o comércio, que lhes permitiu instalar-
se em toda parte, sobretudo para fornecer o marfim e a borracha, que eram
então os seus dois grandes argumentos económicos.
As suas principais exportações eram o marfim e a cera, porém no auge do
tráfico de escravos, estes produtos eram difíceis de transportar e menos
lucrativos do que os escravos.
A cera dos Tchocwé ia para os mercados de Cassanje e proximidades, na
rota para Luanda e também para o Bié, com o objectivo de ser enviada para
Benguela.
A floresta dos Tchokwé era a região onde havia muitos elefantes no final
da década de 18 40. Assim poderam dedicar-se a uma caça intensiva do
marfim.

O aumento da prosperidade dos Tchokwé teve como consequência


primordial o aumento da sua população. O marfim que obtinham da caça
era convertido em mulheres. Estas eram compradas às caravanas de
Cassanje e do Bié a preços cada vez mais favoráveis a medida que a
procura de escravos e sobretudo de mulheres escravas diminuía. A
agicultura prosperou, as famílias cresceram e na década de 1850 começava
a sentir a falta de terras cultiváveis, o que originou um lento processo de
expansão migratória em direcção ao norte.

1.5.6. O REINO DE NYANEKA HUMBE

O grupo etno-linguístico Nyaneka Humbe é composto por dois sub-grupos:


Os Ovanyaneka e os Ovankumbi.
Os Ovanyaneka dividem-se nas seguintes tribos:
- Ovamwilia- encontram-se nos municípios de Lubango, Humpata, Chibia e
uma parte localiza-se nos municípios de Virei e BiBala (província do
Namibe).
- Ovangambwe- estão nos municípios de Gambos, Chibia e parte leste do
Virei.
- Ovatylengue- encontram-se no município de Quilengues, Chongoroi e
uma parte no Caiambambo em benguela.

Esta etnia era formada por uma população de criadores e pastores de bois,
detentores de importante capacidade de orientação.

Actividade económica
A tribo Humbe possui uma dupla actividade económica: a agricultura e a
criação de gado. O terreno de cultivo não constituía propriedade individual.
Os pastos eram igualmente comuns.

Nesta região, a agricultura estava dependente da épova chuvosa.


Cultivavam-se principalmente dois tipos de cereais: o milho e o massango.
Davam moior preferência ao milho, por ser um cereal menos exigente
quanto à natureza do solo e por ser de maior resistência ao calor.
Nos Humbe observava-se a alternância no cultivo: um dia trabalhava-se no
campo do marido e nele tomavam parte todas as mulheres, para no dia
seguinte, cada esposa ocupar-se do seu próprio terreno, e assim
sucessivamente.
Aos profissionais da pastorícia pedia-se-lhe que soubessem escolher as
melhores pastagens para o seu rebanho e, no Humbe, por exemplo, deviam
levar o gado para o local onde se encontrasse com abundância pelo menos
de uma das três qualidades de ervas, de grande valor nutritivo. Tinham
como principal função cuidar das manadas, isto é, levar os animais para o
pasto nos bosques.

Organização social e política

Este grupo apresenta um tipo de autoridade orientada por chefes régulo


(pequeno rei) e pelos criadores mais importantes. Politicamente, o régulo
exercia o seu poder executivo e judicial, assistido pelos seus ministros e
conselheiros. Os ministros residiam perto da corte, a fim de se poderem pôr
a disposição do soberano em qualquer altura.

Exercício do poder judicial


Na administração da justiça, as instâncias supremas eram o soba e o seu
ministro propostos aos julgamentos. O adultério cometido com a primeira
mulher de um soba era punido com confiscação de todos os bens do
prevaricador e a entrega de uma rapariga para servir de escrava. De igual
modo, existiam outros casos que eram julgados directamente diante do
tribunal do régulo, como: letígios entre dois régulos, ou ministros do
régulo, ou crimes praticados por qualquer chefia de cantão ( região
administrativa).

Por conseguinte, quando alguém fosse injustamente acusado, suicidava-se


por desespero e também para provar publicamente a sua inocência,
recaíndo neste caso, sobre o acusador a condenação de pagar a vida da
vítima, caso se tratasse de um homicídio.
1.5.7. Ovambos

Os Ovambos compreendem a história de todos os povos angolanos que


habitavam a região que fica entre os rios Cunene e Kubango e a fronteira
sul de Angola.

Pensa-se que este povo entraram no actual território de Angola no séc.


XVIII. Vieram da região do baixo Kubango.

O nome de Ova-Mbo ( que dá Ambó) era utilizado pelos Helelos para


designarem este grupo de povos.

O ciclo do Ovambo é constituído por 12 tribos:

- Donga
- Kuâmbi
- Gandjela
- Kualuthi
- Balântu
- Kolukatsi
- Eurda
- Bombondola
- Kamatui ( que se chamam a si mesmos por Ombadya)
- Kwanhama
- Evale
- Kafina
Quando os Ambós chegaram em Angola, costituíram tribos. Cada tribo foi
formado apartir de um clã que dominou os outros. Porém, estes clãs
dominantes, as vezes eram estrangeiros à tribo que governavam.

Tema 2- Angola no Período da Conquista Europeia de África (1880-


1915).
2.1- O novo contexto imperialista, as explicações geográficas e
científicas, a Conferência de Berlim e o prelúdio para a partilha
europeia de África.
A foz do rio Zaire mereceu no último quartel do século XIX, a atenção de
alguns países europeus interessados na partilha do continente africano,
particularmente da França e da Bélgica, que aí tinham mandado dois
exploradores: Pierre de Brazza, ao serviço da França e Stanley, ao serviço
de Leopoldo II, monarca belga.
Portugal seguiu com bastante preocupação a crescente disputa entre a
França e a Bélgica a propósito da bacia do Congo, o que chocava com os
chamados direitos históricos portugueses.
Perante esta concorrência franco-belga, Portugal viu a necessidade de dar
início a um conjunto de acções diplomáticas para afastar os dois
concorrentes, ou chegar a um entendimento pacífico. Por isso, Portugal
teria de consultar a sua velha aliada, a Inglaterra. Este país toma nota da
ameaça franco-belga na região e comunica em Dezembro de 1882, que
estava disponível a negociar um acordo com Portugal que envolvesse, entre
outros assuntos, a questão da bacia do Congo. Das negociações havidas
entre Portugal e a Inglaterra resultou o tratado do Zaire, rubricado pelas
duas partes em Londres, em 26/02/1884.
Depois do conhecimento público do tratado, a Alemanha, França, Holanda
e Estados unidos da América contestaram algumas das suas cláusulas por o
considerarem uma manobra inglesa para utilizar Portugal como tampão do
Congo, fechando a foz do rio Zaire e condenando os novos ocupantes da
bacia do Zaire a ficar na dependência inglesa.
Na Bélgica, Leopoldo II, desencadeou uma campanha contra o tratado, cujo
objetivo principal era a sua anulação e as propostas portuguesas para
futuras negociações foram rejeitadas pela parte belga.
As pressões da imprensa e da opinião pública fizeram com que o governo
britânico abandonasse o tratado.
Em Junho de 1884, o governo alemão procurou ouvir as potências
europeias com interesse na zona do Congo, sobre a possibilidade de se
convocar uma conferência internacional para se debater o assunto. O
primeiro país a aceitar foi a França, que se mostrou disponível e, em
Outubro de 1884, convidam Portugal a participar no encontro. A 15 de
Novembro dava-se início à Conferência em Berlim.
Depois de muitas discussões, que duraram três meses, a Conferência de
Berlim não chegou a acordo acerca de quem deveria ficar com a bacia do
Congo. Estabeleceu apenas as regras para a ocupação efetiva dos territórios
africanos e adoptou várias declarações:
- Declaração relativa

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