Você está na página 1de 10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema: A Educação em Angola, temos a


destacar aspectos relacionados:

 A Educação Pública antes da Independência: Objectivos,


Conteúdos e estrutura.
 A formação geral dos Liceus: Objectivos, Conteúdos e estrutura.

Temos a dizer antes que: A Educação em Angola tem atravessado


momentos pautados por avanços e retrocessos de política educativa que
condicionaram sua evolução positiva bem como sua afirmação no cenário
internacional e até mesmo regional.

A história da educação tem uma grande relevância no seio da história


geral de um país. Através dela se perfila a evolução alcançada não só neste
campo particularmente, mas também noutros que condicionam o tecido social.

1
A EDUCAÇÃO EM ANGOLA

O ensino escolar teve início em Angola nos séculos XVI e XVII, portanto
muito antes do actual território constituir uma unidade. No decorrer da presença
no Reino do Kongo, os padres católicos presentes na corte de M’Banza Kongo
empenharam-se em divulgar não apenas o cristianismo, mas também a língua
portuguesa e a correspondente escrita, bem como rudimentos de matemática.

Depois da fundação das Praças Fortes de Luanda e de Benguela,


estabeleceram-se algumas escolas de nível básico, inicialmente apenas para
filhos dos colonos brancos, inclusive alguns que tiveram com mulheres
africanas, depois também para um pequeno número de crianças africanas.
Nesta fase, as escolas não constituíam um sistema de ensino e nem sequer
tinham estruturas muito definidas.

A situação mudou no decorrer do século XIX, quando Portugal passou a


ocupar lentamente o território correspondente ao da Angola de hoje e,
paralelamente à acção militar, e muitas vezes a precedê-la, houve uma acção
missionária cada vez mais extensa, tanto católica como protestante. Os
missionários ligavam sempre a cristianização a uma escolarização mais ou
menos desenvolvida. Esta começou, inclusive, a abranger a população africana
urbanizada que se aglomerava em Luanda e Benguela bem como nas vilas que
se foram fundando passo a passo.

A EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTES DA INDEPENDÊNCIA

E educação em Angola teve sempre carácter classista, pois tinha que


corresponder aos interesses da classe dominante em qualquer etapa de luta,
caracterizando antes de 1975 ele dependia da vontade dos colonizadores.

No campo educativo, Norton de Matos defendeu a instrução em Angola


como meio de civilização dos angolanos, utilizando para o efeito a língua
portuguesa, ou seja, ficando proibido o uso de qualquer língua africana no
território.

2
Defendeu, de igual modo, a separação da educação ministrada aos
africanos daquela ministrada aos portugueses. Para o indígena, a instrução
literária limitava-se somente a:

Falar, ler e escrever o português, as quatro operações aritméticas


e o conhecimento da moeda corrente de Angola. Simples palestras
sobre higiene das pessoas e das habitações, contra os vícios e práticas
nocivas, usos e costumes nefastos das vidas dos indígenas sobre a
história de Portugal e os benefícios da civilização portuguesa adequadas
às idades e ao desenvolvimento intelectual dos ouvintes, serão
frequentemente feitas. (Matos, 1926, p. 250-251)

Nas zonas rurais, o ensino era exclusivamente administrado pelas


missões católicas e protestantes, que o faziam com o objectivo de criarem uma
classe de pequenos quadros angolanos, favoráveis a sua ideologia e que
colaborassem na propagação do obscurantismo religioso. Isto unicamente para
o ensino primário.

Prevalecia a instrução técnica e profissional em detrimento da instrução


literária e humanística. Para tal, foram criadas as escolas-oficinas para as
raparigas e para os rapazes, em separado.

Para as raparigas, a instrução ministrada consistia no:

Ensino teórico e prático da instrução literária em grau primário


elementar; ensino de costura e trabalhos domésticos e de quaisquer profissões
compatíveis com o seu sexo; educação moral e cultura física. (idem, p. 103)

De modo semelhante, para os rapazes, a instrução consistia


essencialmente em:

Ensino teórico e prático da instrução literária, em grau primário


elementar; ensino primário técnico de artes e ofícios e educação moral e
cultura física. (idem, ibidem)

3
Os africanos transformaram-se, assim, em súbditos, e não em cidadãos,
pois, tendo muitos deveres, usufruíam de poucos ou nenhuns direitos.

Com o início da luta armada, os colonizadores foram forçados a alargar


a rede de escolas primárias e a criarem escolas secundárias nas cidades e
mesmo uma Universidade.

OBJECTIVOS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTES DA


INDEPENDÊNCIA

A educação do colono tinha suas bases na política educativa em vigor


na metrópole, sendo, contudo, imbuída pela mensagem dos colonizadores,
enquanto agentes da civilização. Em relação à educação dos indígenas, esta
tinha como objectivo a “evolução das sociedades arcaicas/atrasadas no sentido
do progresso civilizacional” (Paulo, 2000, p. 306), continuando sob a
responsabilidade das missões católicas.

CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTES DA


INDEPENDÊNCIA

O ensino era reservado aos filhos dos colonos embora não houvesse
impedimento legal para os angolanos frequentarem.

A escola tudo fazia para destruir a personalidade do colonizado, a sua


tradição cultural, a sua identidade, ao faze-lo desprezar o seu próprio passado
como povo e a sua organização social, de modo a torna-lo um lacaio submisso
do colonialismo e um imitador servil do modo de vida e de pensar europeu.

Para exemplo, basta referir que a Universidade formou quadros


superiores, em nove décimos eram portugueses e que, em consequência,
partiram de Angola com a independência.

A escola colonial de Angola servia os interesses obscurantistas da


minoria colonial e que este passado ainda hoje tem grande peso.

4
ESTRUTURA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTES DA
INDEPENDÊNCIA

O ensino primário é constituído por quatro classes precedidas de uma


classe preparatória e formando um só ciclo, terminando com a aprovação do
exame da quarta classe.

A classe preparatória visa a prática do uso oral corrente da língua


nacional e actividades preparatórias da recetividade para o ensino
escolarizado. (Agência…, 1966, p. 43)

Foram igualmente criadas, por decreto ministerial e por proposta do


Governo-geral de Angola, escolas do magistério primário para a formação de
professores, bem como para a formação de monitores e regentes escolares, de
modo que, em 1965, “cada um dos 14 distritos administrativos tinha cursos
para monitores, sendo frequentados por 2.413 alunos” (Henderson, 1990, p.
340).

No entanto, essa expansão quantitativa não teve tradução equiparável,


em termos qualitativos, uma vez que os objetivos fundamentais dessa política
educativa assentavam na adoção dos valores portugueses, sendo a língua
portuguesa o veículo transmissor de conhecimento. Esse era, porém,
igualmente o maior entrave à ampliação e adequação à política educativa à
realidade angolana. Assistimos, assim, a uma continuidade da política
educativa diferenciadora entre os direitos e os deveres de cada um dos grupos
raciais e consequentemente das classes sociais, uma vez que os mais
favorecidos tinham condições de continuarem os estudos, ao passo que os
menos favorecidos continuavam em situação de desvantagem (Neto, 1997).

5
A FORMAÇÃO GERAL DOS LICEUS

A Escola tem por prioridade a formação do cidadão consciente e crítico,


que através da construção do conhecimento torna-se participante da sociedade
de modo atuante e transformador tanto no aspecto pessoal quanto no coletivo.
Como Escola, assumimos a proposta da mantenedora que é a opção pela
pessoa inserida na comunidade em que vive, exercitando a liberdade com
responsabilidade.

A nacionalização do ensino tinha como objectivos imediatos fazer do


sistema de educação um instrumento do estado e substituir todo o aparelho
colonial da educação e ensino, promovendo no seio da sociedade angolana
uma educação virada para o povo (escola para todos), uma vez que as
autoridades coloniais não a tinham implementado devido a sua política de
exclusão e descriminação da maioria dos angolanos.

O ensino secundário sofre grandes transformações. Em 1975, cria-se o


1º ano do curso geral unificado, constituído pelos 7º, 8º e 9º anos de
escolaridade obrigatória, que unificam os ensinos liceal e técnico e apresentam
um tronco comum nos dois primeiros. O 9º ano, para além desse tronco
comum, inclui uma área vocacional constituída por um grupo de disciplinas
optativas de carácter pré-vocacional.

A escola secundária deve fornecer, pela instrução, os conhecimentos


necessários para o exercício de cada espécie de actividade, e deve formar pela
educação a consciência social do indivíduo (…). Organizar a cultura geral
completa que o ensino secundário deve ministrar, de modo que habilite para os
cursos superiores e que prepare para a vida activa, é das tarefas mais difíceis
que pode ter o legislador” (Sousa, 1903: 4-5).

OBJECTIVOS DA FORMAÇÃO GERAL DOS LICEUS

Constituem objetivos genéricos do ensino secundário:

6
 Assegurar o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão e da curiosidade
científica e o aprofundamento dos elementos fundamentais de uma
cultura humanística, artística, científica e técnica;
 Facultar conhecimentos necessários à compreensão das manifestações
estéticas e culturais e possibilitar o aperfeiçoamento da expressão
artística;
 Fomentar a aquisição e a aplicação de um saber cada vez mais
aprofundado;
 Formar jovens interessados na resolução dos problemas do País e
sensibilizados para os problemas da comunidade internacional;
 Facultar contactos e experiências com o mundo do trabalho;
 Favorecer a orientação e formação profissional;
 Criar hábitos de trabalho individual e em grupo.

CONTEÚDOS

Os Liceus passaram a trabalhar em sintonia com a expansão da


indústria, que então passara a se desenvolver mais rapidamente. Para
sustentar esse crescimento, era preciso formar mão-de-obra qualificada, um
bem escasso no Brasil naquele momento.

ESTRUTURA

O ensino foi estruturado em etapas: Ensino Secundário (I e II Nível).

Um conceito que já tinha sido aplicado pela política educativa colonial.


Seguiam-se mais quatro anos, dos quais dois do II nível (5ª e 6ª Classes) e
dois do III nível (7ª e 8ª classes), que antecediam o curso médio (9ª, 10ª, 11ª e
12ª Classes) ou o PUNIV (9ª, 10ª, 11ª Classes).

Essa estrutura não diferia muito, contudo, da instituída pela política


colonial de ensino. Também nesse caso, como vimos, se manteve a educação
pré-primária, bem como o uso do termo “classes” para designar cada ano
desse nível de ensino.

7
CONCLUSÃO

Contudo, os primeiros anos do século XIX, a educação laica em Angola


era ainda muito limitada e não estava por isso ao alcance de todos, só uma
minoria de europeus abastados e da burguesia africana radicada
principalmente em Luanda, podia frequentar algumas instruções de carácter
privado que existiam no território, principalmente nos aglomerados de
população colonial.

Podemos concluir que a educação nem sempre foi distribuída de modo


equitativo em todos os momentos da construção da história de Angola. Durante
vários séculos que caracterizou a colonização de Angola, a educação esteve à
responsabilidade das Igrejas Cristãs, e que as poucas instituições de ensino
estatal que vieram a existir, em pouco ou nada beneficiaram os nativos
angolanos.

8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NGULUVE, Alberto Kapitango. Educação Angolana: Políticas de Reformas do


Sistema Educacional. S. Paulo 1ª Ed. Biscalchin Editora, 2010.

PRELÓT, Marcel (1974) As Doutrinas Políticas, Lisboa: Presença.          

SANTOS, Fernando Barciela (1975) Angola na Hora Dramática da


Descolonização Portugal-Angola.

VIEIRA, Laurindo. Angola: A Dimensão Ideológica da Educação 1075 – 1992.


Luanda, 1ª Ed. Editora Nzila, 2007.

Trabalho investigativo de estudantes do ISCED-Benguela, curso de Pedagogia


3º Ano/2003-04.

Princípios de base para a reformulação do sistema de educação e ensino na


República Popular de Angola. Luanda, 1978

9
ELEMENTOS DO GRUPO

Nº Nome Completo Nota do Trabalho Nota da Defesa Média


01 Dionísia Maria Mateus
02 Dos Santos Hamuti Morais
03 Emília Tchiquele P. Francisco
04 Fernanda Rosa Pedro

10

Você também pode gostar