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,História Educação em Angola

Introdução
A educação em Angola diz respeito ao conjunto de elementos formais que se somam
para formar do sistema de ensino do país, que mescla estabelecimentos de ensino
público, privado e comunitário/confessional.
Dada a característica do país, de colonização e independência tardia, o sistema
educacional angolano demorou sobremaneira para desenvolver-se, pautando-se em
ciclos de franca expansão, com períodos de praticamente dormência. A independência
da nação e sua subsequente vinculação ao bloco socialista, bem como as guerras
colonial e civil, influiu bastante no sistema de ensino da jovem nação.

Desenvolvimento histórico
Período pré-colonial
Ao chegar a bacia do congo, em 1481, Portugal encontrou uma série de Estados
africanos que dominavam a região. Esse contato deixou registrado que naqueles
territórios já havia uma educação formal[4], pelo menos voltada às cortes reais locais, aos
chefes tribais e aos indivíduos mais influentes daquelas sociedades.
No Reino do Congo os portugueses tanto se impressionaram do grau de instrução das
pessoas que ali viviam que, depois de se familiarizarem, os chamaram de "gregos de
África". Já no século XV existiam escolas de mestres em Mabanza Congo, a capital do
reino, fato que levou os portugueses a levar alguns daqueles cidadãos do Congo para
ministrar aulas de humanidades na metrópole[5]. Em contrapartida, a comitiva de Diogo
Cão, com autorização do rei João I do Congo, partiu com um grupo de nobres do Congo
"a fim de serem educados em Portugal e instruídos e baptizados na fé cristã"[6].
Período colonial antigo (1482 a 1926)

Escola de Missionários Batistas, em 1911, no norte de Angola.


O ensino escolar de influência portuguesa em Angola teve início no século XVI,
portanto muito antes do actual território constituir uma unidade. No decorrer da sua
presença no Reino do Congo, os padres católicos presentes na corte de Mabanza
Congo empenharam-se em divulgar não apenas o cristianismo, mas também a língua
portuguesa e a correspondente escrita, bem como rudimentos de matemática.[7].
Em 1514, já existiam no Reino do Congo escolas masculinas de influência católico-
portuguesa em Sundi, Quimbamba, Bambata e Pango. Uma irmã do rei ensinava
meninas numa escola de Mabanza Congo. Essa geração de mestres eram compostos
também por congoleses formados em Portugal nos Lóios e as cartilhas de ensino
impressas nas oficinas congolesas[8]. Em 1548, o padre Diogo Gomes foi mandado ao
Congo, abrindo uma escola para 600 estudantes.
Depois da fundação das Praças Fortes de Luanda e de Benguela, estabeleceram-se lá
algumas escolas de nível básico, inicialmente apenas para filhos dos colonos brancos,
inclusive alguns que tiveram mulheres africanas, depois também para um pequeno
número de crianças africanas. Nesta fase, as escolas não constituíam um sistema de
ensino e nem sequer tinham estruturas muito definidas[9].
Entre 1548 e o século XIX o ensino foi basicamente capitaneado pelos missionários
católicos. A primeira viragem ocorreu no ano de 1699, quando foi iniciada a Aula de
Geometria e Fortificação, o primeiro curso de Engenharia da África Subsaariana,
voltado para os militares portugueses, tendo como finalidade preparar os mesmos para
erguer as edificações da colônia[10]. Em 24 de Abril de 1789 foi criada a Aula de
Medicina e Anatomia de Luanda, pela Carta Patente de D. Maria I, sendo a
predecessora reclamada da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto[11].
Em 29 de Dezembro de 1836 a Aula de Medicina passou a denominar-se Escola
Médico-Cirúrgica de Luanda[11] e, em 2 de Abril de 1845, alterou-se finalmente a
denominação para Instituto Prático de Medicina da África Ocidental Portuguesa.[10]
A situação mudou no decorrer do século XIX, quando Portugal passou a ocupar
lentamente o território correspondente ao de Angola de hoje e, paralelamente à acção
militar, e muitas vezes a precedê-la, houve uma acção missionária cada vez mais
extensa, tanto católica como protestante. Os missionários ligavam sempre a
cristianização a uma escolarização mais ou menos desenvolvida. Esta começou,
inclusive, a abranger a população africana urbanizada que se aglomerava em Luanda e
Benguela bem como nas vilas que se foram fundando passo a passo.[12]
Assim, apenas em 1845 foi instituída em Angola uma estrutura oficial do ensino, pelo
decreto de 14 de agosto de 1845, criado por Joaquim José Falcão, ministro do Estado,
da Marinha e do Ultramar, e assinado pela rainha D. Maria II. Falcão criou algumas
escolas, tal como a Escola Principal de Instrução Primária, e constituiu um Conselho
Inspetor de Instrução Pública[13][14].
O final deste ciclo pode-se dizer que ocorreu com a instalação do
primeira liceu angolano, o Liceu Central de Luanda (atual Magistério Mutu-ya-Kevela),
em 22 de fevereiro de 1919[15], somente equiparado ao regime jurídico dos liceus da
metrópole em 13 de dezembro de 1923[15].
Período colonial clássico (1927 a 1961)

Mapa do mundo com azulejos portugueses, em uma das paredes do Edifício Liceu
Nacional Salvador Correia, sede do Magistério Mutu-ya-Kevela, em 2013.
No início do século XX, delimitado no essencial o território colonial, iniciou-se a
construção de um Estado colonial e, inclusive, de um incipiente sistema de ensino: ao
lado das escolas missionárias, criaram-se nos ambientes urbanos escolas básicas do
Estado e, pouco a pouco, alguns liceus. Em meados dos anos 1920, com o advento
do Salazarismo em Portugal, houve uma primeira sistematização deste sector, que durou
30 anos e que, no período do "colonialismo tardio", cedeu o lugar a um sistema
inteiramente reformulado. Para o período de ocupação colonial podem, portanto,
distinguir-se duas fases no domínio da educação escolar, uma de 1928 a 1958, e outra
de 1958 a 1975.[16]
O primeiro período caracteriza-se pela aplicação ao ensino de uma política de separação
por raças que chegou a ser apelidada de apartheid branda. Para o nível primário e
secundário geral foi introduzida uma distinção e separação entre escolas que obedeciam
ao modelo introduzido em 1927 em Portugal, reservados aos "civilizados" (brancos, a
maior parte dos mestiços, um ínfima parte dos negros) e escolas para "indígenas" que,
geralmente, não iam para além da segunda classe. Na primeira categoria, as escolas
eram na sua maioria estatais, mas numa parte significativa (a partir dos anos 1930)
também privadas ou de comunidades religiosas. O número de alunos do ensino primário
nesta categoria, cerca de 4000 em 1929/30, chegou a mais de 35 000 em 1959/60, sendo
pouco menos da metade brancos, perto da quarta parte mestiços, e mais da quarta parte
negros. O desenvolvimento a nível secundário foi mais lento e acentuou-se apenas nos
anos 1950. Para além de liceus em Luanda e no Lubango houve sobretudo os seminários
menores da Igreja Católica. Em 1960, o total dos alunos de nível secundário era de
cerca de 11 000, na sua grande maioria brancos.[16]
No desenvolvimento do ensino para "indígenas" podem, durante este período,
distinguir-se duas fases. De 1926 a 1941 ele teve pouca expressão: em 1929/30 contava
apenas com cerca de 2000 alunos, metade nas "escolas-oficinas", metade nas "escolas
rurais". Em 1937 estes tipos de escolas públicas foram extintos e substituídos por
"escolas elementares de artes e ofícios". Entretanto ocorreu neste domínio uma mudança
incisiva pelo facto de o Estado Português encorajar as Missões Católicas a aumentarem
a sua actividade no ensino para indígenas, permitindo o mesmo às Missões Protestantes.
Em 1929/30, havia pouco mais de 3000 alunos no ensino católico, e dez anos depois
eram cerca de 7000. Durante esta fase, o número de alunos no ensino protestante
manteve-se estável, pouco acima de 9000.
Uma situação nova dá-se com a assinatura, em 1941, do chamado Acordo
Missionário [17][18]. Este acto entrega às Missões Católicas a responsabilidade integral do
ensino para indígenas, então designado como "ensino rudimentar" (e mais tarde como
"ensino de adaptação"). As suas escolas são reconhecidas como oficiais. A manutenção
do mesmo tipo de escolas é permitida às Missões Protestantes, mas sem reconhecimento
como oficiais. O Estado retira-se desta área, exceptuando as poucas escolas de artes e
ofícios, que em 1949/50 tinham menos de 400 alunos.
Durante os anos 1940 e 1950 verifica-se nestes sectores um crescimento contínuo,
embora lento. Em 1959/60 encontram-se quase 70 000 alunos nas escolas de adaptação.
As escolas normais de adaptação, entretanto fundadas, têm mais de 300 alunos. As
escolas de artes e ofícios têm cerca de 1500 alunos. Perto de 290 000 crianças
frequentam as escolas de catequese das Missões Católicas, que não fazem parte do
sistema "oficial e oficializado" de ensino.
Expansão colonial tardia (1962 a 1975)

Estudantes durante atividade recreativa no pátio do Colégio P.S.V., em Lubango, em


2011.
Já nos últimos anos 50, houve alterações no sentido de uma flexibilização do sistema.
Registou-se uma maior articulação entre os sistemas primários "regular" e "de
adaptação", em termos de programas e de possibilidades de passar do segundo para o
primeiro. Em reacção às primeiras manifestações de uma resistência anti-colonial
armada, ocorridas em 1961, Portugal adoptou medidas radicais, concebidas para opor às
ideologias nacionalistas o modelo de uma real integração. Em 1962 foi abolido
o Estatuto do Indigenato, reconhecendo a todos o estatuto de cidadão. No domínio do
ensino primário, houve uma unificação: a uma classe pré-primária seguiam-se quatro
anos regulares. As escolas elementares de artes e ofícios mantiveram-se a título de
excepção.[19][16] Em consequência destas medidas, houve uma verdadeira explosão
primeiro do ensino primário, a seguir do ensino secundário. Além disto, foram fundados
alguns institutos profissionais de nível médio, bem como a Universidade de Luanda
(com uma faculdade no Huambo). Em 1972/73, o total dos alunos tinha quadruplicado
em relação a 1961/62: o seu total era ligeiramente superior a 600 000 - mais de 500 000
no ensino primário, cerca de 75 000 no ensino secundário, mais de 3000 no ensino
normal (preparação de professores do ensino primário) e um número sensivelmente
igual no ensino superior.[20]
Importa salientar que a nível primário a taxa de insucesso escolar era extremamente
alta: apenas cerca de 10% dos alunos que ingressavam na classe pré-primária
conseguiam concluir o 4º ano. A razão principal residia no facto de apenas uma pequena
minoria dos professores ter as habilitações regulares (frequência de uma escola de
magistério), mas também que estes estavam sem excepção concentrados nas áreas
urbanas. Uma segunda categoria eram os "professores de posto", com uma formação
pedagógica básica. Além disto havia os "professores auxiliares" (alguma formação
secundária) e os "monitores" (apenas a 4ª classe), ambos sem formação profissional. Em
1970, no universo rural menos de 10% eram professores de posto, enquanto mais de
40% eram professores auxiliares e outros tantos monitores.[21]
De 1961/62 a 1972/73, o aumento do número dos alunos do ensino secundário e médio
foi de 500%.[16]. A razão principal residiu, naturalmente, na abertura à procura por parte
dos anteriormente "não civilizados". Contribuiu ao aumento também a criação de
Escolas Preparatórias que representavam uma uniformização, e autonomização
institucional, dos dois primeiros anos do ensino secundário (liceal, técnico, comercial).
Uma terceira razão foi o aumento do número de liceus, essencialmente em resposta a
uma pressão por parte das pequenas burguesias de todas as raças.
Foi esta mesma pressão que levou à introdução de algumas instituições de ensino
superior. A mais importante foram os chamados "Estudos Gerais Universitários",
criados em Luanda em 1962/63 e mais tarde transformados em Universidade de Luanda,
com faculdades de economia e medicina em Luanda e uma faculdade de agronomia no
Huambo. Ao mesmo tempo foi dada à Igreja Católica a permissão para acrescentar um
curso superior ao Instituto Pio XII de Educação e Serviço Social.
Sob a égide socialista (1976 a 1990)

Instituto Médio Politécnico Alda-Lara, em 2016, na Província de Luanda.


Ao conquistar o poder e declarar a independência do país em 1975, o MPLA optou ao
mesmo tempo por uma tentativa de combinar a construção nacional com a construção
de uma sociedade socialista, tal como definida pelo Marxismo-leninismo. Nesta
perspectiva adoptou uma política educacional inteiramente subordinada a estes
objectivos.[22]
Durante anos, uma alta prioridade foi dada a uma ampla campanha de alfabetização de
adultos que utilizou a técnica didática, mas não a metodologia de base do educador
brasileiro Paulo Freire. Para além da transmissão de conhecimentos instrumentais
básicos, a campanha teve por objectivo a promoção sistemática de uma identidade
social abrangente ("nacional") e uma mentalização política destinada a obter a aceitação
do regime estabelecido. Não são conhecidas estatísticas fiáveis quanto a esta campanha,
mas pode ser dado como certo que ela atingiu centenas de milhares de pessoas[22].
Paralelamente procedeu-se a uma reestruturação e expansão do sistema do ensino geral,
concebido para, ao menos tendencialmente, abranger a totalidade da população. Na sua
versão regular, destinada à população em idade escolar, este sistema passou a
compreender oito anos: quatro de ensino primário, dois de ensino pós-primário e dois de
ensino complementar. Na sua versão para adolescentes e adultos que não frequentaram
a escola enquanto crianças, um programa comprimido era ministrado em seis anos. Este
sistema chegou a ser implantado na quase totalidade do território, sendo para o efeito
essencial a cooperação cubana que, de certo modo, substituía os luso-angolanos que,
durante o período colonial, tinham sido o suporte indispensável de todo o ensino, mas
que haviam deixado o país na altura da independência.[23]
Na continuação deste ensino básico, foi estabelecido um ensino médio de quatro anos
(9ª a 12ª classes). Boa parte das respectivas escolas tinham como objectivo uma
formação técnico-profissional nos mais diversos ramos, inclusive no da formação de
professores. A conclusão da 12ª classe dava acesso ao ensino superior. Criaram-se
também a nível médio escolas de ensino pré-universitário (PUNIVs), especialmente
desenhadas para, em menos tempo, levar ao acesso a estudos superiores em letras e
ciências naturais.[23]
Para o estudo superior existia apenas a Universidade de Angola. Esta era a sucessora da
Universidade de Luanda e passou em 1979 a chamar-se Universidade Agostinho Neto.
Embora ela compreendesse várias faculdades, situadas em Luanda e no Huambo, esta
universidade não tinha condições para corresponder à procura gerada pela expansão do
ensino, antes e depois da independência - tanto menos como o seu corpo docente ficou
drasticamente reduzido com a saída dos professores luso-angolanos, só parcialmente
substituídos por "cooperantes" cubanos, alemães (da RDA) e russos. Por esta razão, o
MPLA estabeleceu um sistema de bolsas que permitiu, no decorrer dos anos, a vários
milhares de alunos de realizar estudos universitários em diferentes "países socialistas" -
principalmente em Cuba, mas também na União Soviética, na República Democrática
Alemã e na Polónia.
Período recente (1991 - presente)

Alunos numa escola danificada pela guerra civil, em 2007, no Cuíto


Depois de o MPLA ter abandonado, em 1991, a experiência socialista e a ideologia
marxista-leninista, o ensino passou por uma nova remodelação.[24]
Apesar de, na lei, a educação em Angola ser compulsória e gratuita até os oito anos, o
governo reporta que uma cerca percentagem de estudantes não está matriculada em
escolas por causa da falta de estabelecimentos escolares e professores.[25] Estudantes são
normalmente responsáveis por pagar despesas adicionais relacionadas a escola,
incluindo taxas para livros e alimentação.[25]
Ainda continuam a ser significante as disparidades na matrícula de jovens entre as áreas
rural e urbana. Em 1995, 71,2% das crianças com idade entre 7 e 14 anos estavam
matriculadas na escola.[25] É reportado que uma porcentagem maior de garotos está
matriculada na escola em relação às garotas.[25]
Durante a Guerra Civil Angolana (1975-2002), aproximadamente metade de todas as
escolas foram saqueadas e destruídas, levando o país aos atuais problemas com falta de
escolas.[25] O Ministério da Educação contratou 20 mil novos professores em 2005, e
continua a implementar treinamento de professores.[25] Os professores tendem a receber
um salário baixo, são inadequadamente treinados, e encontram-se sobrecarregados no
seu trabalho (às vezes ensinando dois ou três turnos por dia). [25] Há também relatos de
professores que recebem subornos diretamente dos seus estudantes.[25] Outros fatores,
como a presença de minas terrestres, a falta de recursos e documentos de identificação,
e a fraca saúde também afastam as crianças de atender regularmente às escolas.
[25]
 Apesar dos recursos alocados para a educação terem crescido em 2004, o sistema
educacional da Angola continua a receber recursos muito abaixo do necessário.[25] A
taxa de alfabetização é muito baixa, com 67,4% da população acima dos 15 anos que
sabem ler e escrever português. 82,9% dos homens e 54,2% das mulheres são
alfabetizados, em 2001.[carece  de fontes] Desde a independência em 1975, uma quantidade
considerável de estudantes angolanos continua a ir todos os anos para escolas,
instituições politécnicas e universidades em Portugal e no Brasil ao abrigo de acordos
bilaterais entre os governos.
Entretanto o sistema universitário passou, essencialmente desde 2000, por uma
expansão muito notável. A Universidade Agostinho Neto passou a dispor de cerca de 40
faculdades, espalhadas pelas principais cidades do país e a funcionar em condições
frequentemente precárias.[26] Nos anos 2000 houve duas alterações incisivas neste
panorama. Por um lado, a Universidade Agostinho Neto foi desmembrada em 2009,
passando a constituir nove novas universidades: as suas faculdades nas diferentes
províncias passaram a constituir instituições autónomas, ficando a Universidade
Agostinho Neto limitada a Luanda. Por outro lado, o número de universidades privadas
aumentou muito significativamente.
Como era de esperar, estes desenvolvimentos maciços e incisivos trouxeram consigo
inúmeros problemas que a esta altura (2011) em muitos casos ainda não estão
resolvidos. No sector das universidades provadas observa-se, desde já, em Luanda que a
procura global foi sobre-estimada, e que não está garantida a viabilidade do conjunto
das instituições actualmente existentes. De referir ainda que existem algumas
universidades privadas que não foram oficialmente reconhecidas e cujos diplomas não
são por conseguinte válidos.

Organização e indicadores gerais


Desde a edição pela Assembleia Nacional da Republica de Angola da Lei de Bases do
Sistema de Educação, Lei nº 13/2001, de 31 de Dezembro de 2001, o sistema de ensino
angolano passou a configurar-se em seis subsistemas, a saber: Subsistema da Educação
Pré-escolar, Subsistema do Ensino Geral, Subsistema do Ensino Técnico-Profissional,
Subsistema de Formação de Professores, Subsistema da Educação de Adultos e
Subsistema do Ensino Superior.
Educação Pré-escolar
Em Angola institucionalmente a responsabilidade pela prestação de cuidados e
educação à primeira infância é repartida entre os Ministérios da Assistência e
Reinserção Social e o Ministério da Educação, como estabelece a Lei nº 13/2001, já
que, define a educação pré-escolar como um subsistema de educação e ensino a que têm
direito todas as crianças sem qualquer discriminação[27].
Os indicadores, no entanto, apontam que este nível de ensino ainda está muito aquém de
ser considerado universal, principalmente quando se considera a zona rural do país[27].
Mais de 100 mil crianças estão matriculadas em Centros de Infância (CI's), sendo que
em 2012 13% destes eram públicos, 20% privados e 67% comunitários/confessionais[27].
Ensino Geral
Pela Lei de Bases o ensino geral passou a se configurar da seguinte maneira[28]:

 Um Ensino Primário de 6 Classes (básico obrigatório);


 Um Ensino Secundário que integra dois ciclos (formação profissional
básica/formação intermédia e educação regular/educação de adultos), com duração
de 3 anos cada.
Para o ensino Primário definiu-se um conjunto de 10 disciplinas consideradas
fundamentais para o desenvolvimento harmonioso e multifacético das crianças,
distribuídos em função ao nível de escolaridade, a saber: Língua
Portuguesa, Matemática, Estudo do Meio (somente até a 4ª classe), C. da Natureza (a
partir da 5ª classe), História (a partir da 5ª classe), Geografia (a partir da 5ª classe), Ed.
Moral e Cívica (a partir da 5ª classe), Ed.M.e Plástica, Ed.Musical e Educação Física[28].
De acordo com as estatísticas do Inquérito sobre o Bem-Estar da População (IBEP), em
2009, a frequência do ensino primário era estimada em 76.3%, com cerca de 23.7% da
população em idade escolar fora da escola. Igualmente ao subsistema pré-escolar, o
acesso à escola é mais baixo nas zonas rurais, alcançando apenas 66.8% de
frequência[28].
A evasão escolar ou o atraso escolar são muito grandes, principalmente na zona rural. A
percentagem da população com 6 ou mais anos de idade que nunca frequentou a escola
é de 20%. E, dentre os que nunca frequentaram a escola, cerca de 26% são crianças na
faixa etária dos 6-9 anos[28].
Talvez o maior gargalo do país esteja no fato de que mais de 60% das crianças que
terminam o ensino primário não transitem para o ensino secundário e existe um elevado
número de crianças fora do sistema escolar[28].
Em números absolutos, o número de alunos matriculados no ensino primário em 2012
era de 5.022.144, que inclui também crianças e jovens com atraso escolar (ou seja, sem
que estejam na faixa etária dos 6-12 anos corresponde ao ensino primário). Os dados do
IBEP estimam que 58,5% das crianças e adolescentes dos 12 aos 17 anos frequentam o
ensino primário, em vez de estarem no secundário, indiciando um alto nível de atraso
escolar[28].
Ensino Técnico-Profissional

Prédios do Instituto de Investigação Agronômica, no Huambo, em 2011.


Para superar o nefasto quadro em que se encontrava o ensino técnico no país, foi criado
o programa de Reforma do Ensino Técnico Profissional (RETEP), dentro da Lei de
Bases, que entre outras coisas previa a reforma curricular dos cursos técnico-
profissionais, a reabilitação e a criação de infraestruturas, o apetrechamento de
laboratórios e oficinas e o aumento do corpo docente e a sua formação[29].
Desde a edição da Lei de Bases em Angola houve uma verdadeira explosão do número
de estabelecimentos de ensino vocacionados para a educação técnica-profissional,
passando de quatro institutos técnicos em 2003 (Instituto Médio Politécnico de Cabinda,
Instituto Médio Industrial de Luanda, Instituto Médio Industrial do Prenda e Instituto
Médio Industrial de Benguela) para 41 instituições em 2010[29], abrigando cerca de 120
mil alunos. Foi um crescimento extraordinário, que possibilitou formar uma nova
geração de profissionais para o país, num esforço muito grande de superação dos efeitos
da guerra civil.
Formação de Professores
O subsistema de Formação de Professores estrutura-se nos seguintes níveis com duração
de 4 a 6 anos, respectivamente[28]:

 Médio Normal;
 Superior Pedagógico.
Compreende ainda acções que se enquadram na formação permanente[28]:

 Agregação Pedagógica;
 Aperfeiçoamento.
No que diz respeito à melhoria da qualidade do ensino, a formação de professores é um
elemento fundamental, sendo que, no período 2008-2012, foram formados 59.525
professores. O universo de professores que lecionavam nos vários sub-sistemas de
ensino em 2012 era de 245.979. Porém, o número de professores formados em 2012
(12.854) representa apenas 5,2% do número total de professores[27].
Educação de Adultos
O subsistema de Educação de Adultos foi criado para extirpar o fantasma do
analfabetismo que pairou sobre o país, principalmente após este abandonar
a planificação socialista e adotar um sistema de mercado. Embora tenha sofrido revés na
década de 1990, vale a pena destacar que a erradicação do analfabetismo de adultos foi
muito vigorosa, pois em 1975 estimava-se que 85% da população era analfabeta, contra
apenas 33% em 2009[30]. Os piores indicadores quanto à alfabetização são registrados
nas províncias do Bengo, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Cuando-
Cubango e Cunene, acompanhado principalmente as famílias e indivíduos em situação
de extrema pobreza[27].
A "taxa de alfabetização" permanece baixa entre os que se formam no sistema de ensino
angolano, refletindo os problemas de qualidade e terminando naquilo que é conhecido
como o analfabetismo funcional. Considerava-se, ainda, que dos cerca de 2.500.000
alfabetizados nas sucessivas etapas, cerca de 45% (maioritariamente mulheres) estivesse
nessa condição[27].
Estima-se que 58.5% dos estudantes estejam em situação de atraso escolar de pelo
menos um ano, ou seja, pode-se considerar que quase metade das crianças e jovens na
faixa etária dos 12 aos 17 anos não se encontram integrados adequadamente em
programas de ensino correspondentes a sua idade. Ou seja, cerca de 2 milhões de
pessoas estão atrasadas escolarmente. Este grupo cria um "gargalo" no sub-sistema de
ensino geral[27].
Ensino Superior

Cidade Universitária da Universidade Agostinho Neto, em 2011.


No subsistema do ensino superior, Angola experimentou uma transformação muito
profunda, no que toca ao acesso (no sentido de quantidade de matrículas propriamente
dito), dos docentes e da qualidade[31].
Para efeitos de comparação, o país pôde ter sua primeira universidade em 1962 (embora
já dispusesse de cursos esporádicos e isolados desde o século XVII), sendo que, em
1964, tinha registrado 531 matrículas, e; em 2011 alcançou surpreendentes 140.016
estudantes matriculados nas instituições públicas e privadas. Os fatores que
possibilitaram esse expressivo aumento foram a divisão (e consequente aumento) da
oferta de cursos pelas novas universidades públicas regionais[32]. A divisão deu origem a
sete novas universidades e sete novos institutos. Por outro lado, a criação de várias
instituições privadas, que, em 2011, somavam 10 universidades e 12 institutos
politécnicos superiores[31].
No que diz respeito a docentes do ensino superior, os dados do período dão conta da
existência de 839 profissionais no ano de 2000, saltando para 5.499 já em 2011,
registrando uma elevação de 655,42%. Ainda assim, a razão professor-aluno é grande
para a média da OCDE[31].
Numa visão qualitativa, porém, há um reconhecimento de que existe uma má qualidade
de ensino em níveis inferiores, que força para baixo os indicadores, visto haver a
necessidade de nivelamento. Outros fatores incluem a ausência de investigação, bem
como de divulgação científica, assim como de estruturas de suporte à investigação,
como bibliotecas e laboratórios. Ainda é destacado como problema sério a fraude
acadêmica e a corrupção, como a exigência de pagamento para ingresso no sistema
público até ao pagamento para elaboração de trabalhos de licenciatura, passando por
suborno para atribuição de notas acadêmicas e promoções na docência sem a
qualificação necessária[31].
Em relação aos Institutos Superiores Politécnicos e às Escolas Superiores não afiliadas
às universidades públicas, foi fundado o Ministério do Ensino Superior, para que este
desse suporte ao crescente número de vagas nos mesmos[33].

Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa
%C3%A7%C3%A3o_em_Angola#:~:text=Assim%2C
%20apenas%20em%201845%20foi%20institu
%C3%ADda%20em%20Angola,Ultramar%2C%20e
%20assinado%20pela%20rainha%20D.%20Maria
%20II.

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