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Os bijagós, que representam 80 a 90% dos 34 mil habitantes, vivem em casas de adobe
e palha, em tabancas (aldeias) concentradas no centro das ilhas.
Os bijagós, que representam 80 a 90% dos 34 mil habitantes, vivem em casas de adobe
e palha, em tabancas (aldeias) concentradas no centro das ilhas. No litoral, o rasto de
presença humana resume-se aos acampamentos temporários erguidos para o cultivo do
arroz ou para a extracção do óleo de palma, usados em quase todos os pratos da cozinha
bijagó, e do vinho de palma, bebida alcoólica barata servida nas cerimónias religiosas e
nas festas tradicionais.
Origem do nome
A designação terá provindo da junção de “Be” e “odjogo” que, na língua local, significa
pessoas inteiras, íntegras.
História
A primeira descrição detalhada dos bijagós aparece no Tratado Breve dos Rios da
Guiné, escrito em 1594 por André Álvares d'Almada. Este comerciante cabo-verdiano,
natural da Ilha de Santiago, que navegava pelo Rio Senegal em direcção à Serra Leoa, é
um observador fiável dos costumes dos países que atravessa. Descreve os bijagós como
guerreiros, perpetuamente em luta contra os buramos (brames, papéis e manjacos) e
os beafadas, ou ainda entre eles, os de uma ilha contra os de outra.
Kañako (uma espécie de arpão) é a arma tradicional dos bijagós e constitui ainda hoje a
insígnia dos chefes.
Organização Social
As aldeias
Cada aldeia é constituida entre 100 a 200 pessoas ,sendo considerada uma entidade
política, económica e religiosa autonoma .
Caracterização social
Em comparação com outros grupos étnicos da região, os Bijagós são de pele muito mais
escura, sendo um dos grupos mais conservadores do país na preservação da sua cultura.
A Organização Social
A organização social é baseada em classes etárias ,devendo os jovens atravessar um
conjunto de etapas para obterem o estatuto de adultos.
A transição entre classes etárias
Para transitar de uma classe etária para outra ,os jovens devem fazer um conjunto de
cerimónias de iniciação onde efectuam pagamentos ritualizados aos anciãos.
Geralmente esse pagamentos são constituídos por moluscos, peixes, carne de tartaruga,
vinho de palma ..... , a fim de obterem em troca os segredos do conhecimento. Nestes
rituais aquele que oferece tem como objetivo obter o estatuto de adulto e com ele o
direito à terra, ao casamento, e a perspetiva de uma viagem serena para o outro mundo.
Os Rituais
Os rituais e oferendas aos espíritos teem como função exaltar as forças da
natureza ,expressar vitalidade e coesão da comunidade.
Arte
A maioria dos objetos de carácter ritual apresenta esculturas zoomórficas em madeira:
bancos cerimoniais, bengalas, colheres, diversos recipientes são decorados com cabeças
de animais emblemáticos como o hipopótamo, o tubarão-martelo ou o íbis-sagrado. Os
trajes de dança, máscaras, adereços dorsais, braceletes representam as forças da natureza
como touros, tubarões ou peixes-serra. As pinturas murais, particularmente aquelas que
decoram os santuários, representam as mesmas espécies mas, também motivos
geométricos originais.Os bijagós fabricam cerâmica sem roda de oleiro.
Ilhas sagradas, poderes do além, rituais e mitos ancestrais. Para lá das praias de areia
fina e dos canais de águas mornas, bordejados por palmeiras e mangais, há segredos
Apenas 21 ilhas são ocupadas em permanência. As restantes são sagradas, habitadas por
divindades e espíritos ancestrais. Fortemente animistas, os bijagós acreditam que os
deuses se manifestam na natureza e que punem quem a destrói. É a “maneira tradicional
de conceber a conservação”, diz Augusta Henriques.
Nas suas investidas, estes pescadores “apanham grandes quantidades de peixe, capturam
acidentalmente tartarugas, manatins e até peixe-serra”, espécie importante na
cosmogonia bijagó mas atualmente extinta no Atlântico: os últimos exemplares de
peixe-serra foram avistados nos canais do arquipélago há dois anos. Os parques “não
acabaram com a pesca ilegal, mas conseguiram contê-la”, diz o investigador.
Num lugar onde a vida sempre correu ao ritmo das marés, trava-se agora uma luta
contra o tempo para não perder a pureza original deste paraíso africano.
Referências