Você está na página 1de 3

Sociologia – POVOS TRADICIONAIS - PANTANEIROS

Apresentação – 3ªfeira (02/05)

DIANA
Pantaneiro
É o habitante tradicional do Pantanal. Muitos o chamam de bugre, por ele manter características
de épocas passadas e se identificar como pertencente a uma parcela mais humilde das
populações mais próximas da natureza.

História
O pantaneiro, historicamente, teve seu surgimento ligado a diversas influências, tais como:
bandeirantes, nordestinos, paraguaios, bolivianos, mesclados ou não com negros e com indígenas
das antigas tribos locais.
Mas, tudo começou com os índios há mais ou menos 8.500 anos. Quando grupos de índios
nômades vieram do planalto central brasileiro, do charco paraguaio e da região chiquitania da
Bolívia.
No início do século 16 formaram-se as primeiras sociedades organizadas de indígenas do
Pantanal. Já no século 18 os pantaneiros vieram em canoas através dos rios Tietê, Paraná e
Paraguai, desde o interior de São Paulo, em direção às minas de metais preciosos da região de
Cuiabá. Após a Guerra do Paraguai e esgotadas as minas, alguns partiram para outros garimpos,
mas muitos, desiludidos com a atividade, resolveram ficar e criar gado.
Hoje, com o processo de povoamento do Pantanal vivem na região mais ou menos 3 milhões de
habitantes com diferentes culturas e costumes compartilhando a mesma região.

Onde vivem
O pantaneiro vive no Pantanal, que é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. O
Pantanal é a planície com a maior extensão de área alagada do planeta, e está localizado na
região centro-oeste, nos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, no Brasil, e em
trechos da Bolívia e do Paraguai.
Nele, o regime das águas dita as regras para todos os seres vivos existentes. Homens,
vegetação, fauna, tudo se movimenta de acordo com os ciclos de seca e cheia.
O bioma tem mais de duas mil espécies diferentes de animais, isso sem falar nos animais sob o
risco de extinção, como onças-pintadas, jacarés, veados, araras, quatis e outros. Além de mais de
1.700 diferentes espécies de plantas.

LUCAS
Como vivem
Embora muito se fale da fauna e da flora do Pantanal e suas belas paisagens, uma de suas
maiores riquezas é a cultura do povo pantaneiro. Um povo com um estilo de vida aparentemente
duro e difícil, que com o tempo passou a ser parte essencial do seu meio, onde convive em
harmonia com a natureza, com a família e consigo mesmo.
O pantaneiro entende os fenômenos naturais, sabe quando plantar, colher, e mover o gado. Seus
meios de transporte mais utilizados são o cavalo pantaneiro, e as embarcações de variados
tamanhos e tipos.
Distante dos recursos das cidades, o pantaneiro aprendeu a retirar da natureza substâncias
especiais para utilização medicinal – herança dos índios, paraguaios e bolivianos.
O Pantanal é um lugar de gente corajosa, que entende e respeita com humildade os sinais da
natureza. Pantaneiros e pantaneiras adaptam-se aos períodos das chuvas, que alagam a região
por um longo tempo, e as secas que castigam o solo. Eles conhecem o movimento das secas e
das enchentes, que são responsáveis pela vida na região.
No Pantanal os moradores desempenham diferentes funções. O pantaneiro, além de canoeiro e
vaqueiro, tornou-se um hábil caçador e pescador. Tem nas veias o sangue do bandeirante
português, do sertanista paulista, e dos índios.
Do português herdou histórias para assustar crianças. Dos índios a agilidade física, o
conhecimento da natureza, os gritos, os cantos, os traços fisionômicos, novas comidas, e o
costume da sesta depois de comer. Já o gosto pela música veio dos paraguaios e bolivianos.
Nos últimos anos, com o aumento do turismo, o peão pantaneiro passou a atuar como guia
turístico, já que muitas fazendas estão se transformando em pousadas.
Quanto as pantaneiras, muitas trabalham em casa, mas estão conquistando espaços e
representatividade no turismo, na pesca, e com artesanato.
Já os mais jovens, nem sempre seguem o mesmo caminho dos pantaneiros mais experientes;
pois são atraídos pela realidade da vida urbana.

LARYSSA
O que, e como, produzem
A economia do Pantanal gira em torno de 3 principais eixos: as atividades pesqueiras, o turismo e
a pecuária bovina.
A pesca é muito comum na região pantaneira, com exceção dos meses entre novembro a
fevereiro, época da piracema - período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida.
O turismo se destaca por seus barcos-hotéis, que proporcionam experiências únicas aos
visitantes pelas águas do Pantanal.
Já a pecuária bovina faz parte da tradição pantaneira há mais de 200 anos, e continua sendo a
principal atividade econômica da região. Atrai muitos criadores de gado para o Pantanal pelo
isolamento, e devido às áreas planas e a facilidade para cultivar o pasto. A pecuária extensiva,
com o gado sendo criado em campo aberto, possibilita o equilíbrio ecológico, e a produção de
carne, leite, e o famoso queijo pantaneiro conhecido como Nicola.
Os pantaneiros destacam-se também pela produção de porco, frango e ovos. E o cultivo de roças
para subsistência.
Todo esse comprometimento do pantaneiro, em produzir com sustentabilidade mostra a essência
desse povo, que vive integrado a tudo que o rodeia com respeito e responsabilidade, pois sabem
que são responsáveis pela riqueza e vida no Pantanal.

Importância
O Pantanal não é só um lugar de lindas paisagens, mas também de grande manifestação cultural
e social, onde a conservação e multiplicação da biodiversidade se conectam com as identidades
de povos indígenas e comunidades tradicionais.
O reconhecimento de comunidades tradicionais pantaneiras é fundamental para gestão de áreas
protegidas no Pantanal, pois representam um marco no processo de desaceleração do processo
de urbanização e expansão agrícola. Suas raízes repletas de significados e símbolos dão
continuidade às tradições, e mostram a força e resistência às transformações econômicas,
culturais, sociais e políticas.
Aqui, não poderíamos deixar de falar sobre um verdadeiro espetáculo que os peões pantaneiros
oferecem ao raiar do sol. Com seus berrantes os homens conduzem o gado em comitiva
acompanhando o ritmo das águas do Pantanal. Nas paradas, ao som da moda de viola eles
descansam e se preparam para a longa jornada. Esse trabalho dos peões é uma característica
marcante da cultura pantaneira.
Os pantaneiros representam a sobrevivência e continuidade do bioma, por isso devem ser vistos
como potencializadores da conservação. Valorizar seu conhecimento, e dar condições para
manterem suas atividades dará sustentação à vida e ajudará a buscar soluções aos desafios.
PEDRO
Desafios e Conquistas
Desafios
Nas últimas três décadas, o Pantanal vem sofrendo impactos ambientais e socioeconômicos
causados pelo homem. Isso tem levado o pantaneiro a enfrentar desafios como:
- A falta de alimentos decorrente da falta de trabalho, e dos fortes períodos de seca.
- O combate à incêndios criminosos, e os ocorridos nos períodos de seca - que tem início em maio
e vai até setembro. Causam devastação, matam animais e emitem alerta climático.
- Proteger a sócio-biodiversidade da região de projetos de instalação de usinas hidrelétricas.
- Proteger a paisagem do Pantanal que está mudando devido ao assoreamento, desmatamento e
o fechamento de bacias.
- Manter afastada a caça e pesca clandestinas e a introdução de espécies exóticas na região.
Esses são apenas alguns dos desafios que os pantaneiros tem enfrentado. Mas, mesmo com
todos esses problemas atuais e potenciais decorrentes da atividade humana, o lado positivo é que
muitas conquistas já foram, e estão sendo feitas para vencer esses desafios.

Conquistas
Entre essas conquistas temos:
- A Ecoa – Ecologia e Ação é uma ONG que atua no Pantanal com pesquisas, organização social,
defesa da socio-biodiversidade e monitoramento de grandes obras de infraestrutura e seus
impactos. Ela vem articulando a distribuição de alimentos e água à população.
- Quanto aos incêndios, a Ecoa criou a campanha “Queimada Mata!” e formou 18 brigadas
comunitárias voluntárias para combater o fogo do Pantanal.
- Depois de uma grande campanha contra a instalação de seis represas no rio Cuiabá, o Pantanal
venceu, e conseguiu suspender a instalação de usinas hidrelétricas.
- Em 2007, por meio de um Decreto Presidencial, o Governo reconhece, pela primeira vez na
história, a existência formal de todas as chamadas populações tradicionais, entre elas os
pantaneiros. E institui também a “Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais”.
Diante dessas, e de outras, conquistas os pantaneiros com sua simplicidade e sabedoria, se
mostram esperançosos e continuam a acreditar que onde se convive em harmonia com a
natureza, se vive bem e feliz.

“Ser pantaneiro e pantaneira é ser uma extensão do Pantanal, onde quer que esteja”
Claudia Sala de Pinho, pantaneira

Você também pode gostar