Você está na página 1de 16

TRABALHO NA LAMA: UMA ETNOGRAFIA DE MARISQUEIRAS EM DUAS

COMUNIDADES TRADICIONAIS PESQUEIRAS DO BAIXO SUL BAIANO1.

WORKING IN THE MUD: AN ETHNOGRAPHY OF SEAFOOD IN TWO TRADITIONAL


FISHING COMMUNITIES IN THE LOWER SOUTH OF BAHIA.

Submetido em: 16/05/2013.


Aprovado em: 01/07/2013.

Laita Santiago Nogueira2


1
Esta pesquisa é produto da Iniciação Tecnológica e Industrial/CNPq através do
Laboratório de Ecologia Costeira e Maricultura - ECOMAR/Instituto de Biologia -
IBIO/UFBA. Apresentada ao Departamento de Antropologia e Etnologia da FFCH/UFBA
na monografia “Caldo de Lambreta: Uma etnografia das catadoras da Lucina Pectinata
(GMELIN, 1791) na Vila de Garapuá – Cairu - BA”, sob orientação do Prof. Dr. Ordep
Trindade Serra; e nos eventos I e II SEC - Seminário Nacional Espaços Costeiros, VII.
Fórum Brasileiro de Educação Ambiental e IX ENECULT - Encontro Nacional de
Estudantes de Cultura.
2
Estudante de Antropologia – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas -
FFCH/Universidade Federal da Bahia - UFBA. E-mail: laitasantiago@hotmail.com.

RESUMO

As condições de existência das marisqueiras têm sido agravadas pela perda de habitat,
degradação ambiental e sobrepesca, acarretando transformações produtivas e culturais
em comunidades pesqueiras. Este estudo etnográfico tem como objetivo a produção de
conhecimento de base socioantropológica sobre práticas empíricas de marisqueiras de
dois povoados do Baixo Sul baiano e tem como produto um inventário do seu estoque
de conhecimento acumulado sobre a dinâmica da reprodução ambiental do complexo
ecológico e das práticas tradicionais de manejo dos recursos naturais. A gestão da
produção condicionada pelas fases da lua, fluxo das marés e caráter agreste do
ecossistema permite jornada semanal de trabalho de cinco turnos de quatro horas
diárias no manguezal ou na beirada. Em Garapuá, a principal fonte proteica animal de
exploração feminina é a lambreta coletada com mão ou facão, enquanto em Barra dos
Carvalhos o siri é capturado com petrechos como gaiola, gereré, manzuá ou ripichel e o
aratu com vara e linha. Para incrementar a renda, desenvolvem atividades como o
beneficiamento. É com base neste "saber prático" que define o sentimento de pertença
a um grupo social que se pretende criar subsídios para políticas destinadas à promoção
do trabalho feminino na pesca, que as reconheça como produtoras de alimentos

81
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

extraídos de um ecossistema estigmatizado, levando-as a incorporar o valor econômico


e social do meio que exploram.

Palavras-chave: pescadoras artesanais - marisqueiras, saberes da tradição, memória,


patrimônio cognitivo, manguezal.

ABSTRACT

The conditions of existence of seafood have been exacerbated by habitat loss,


environmental degradation and overfishing, leading productive and cultural
transformations in fishing communities. This ethnographic study aims at the production
of anthropological knowledge based on empirical practices of seafood from two villages
in the Southern Lowlands of Bahia and its product inventory of his stock of accumulated
knowledge about the dynamics of reproduction of the complex ecological and
environmental practices of traditional management of natural resources. The
management of production conditioned by moon phases, tidal flow and rawness of the
ecosystem allows weekly working five shifts of four hours daily in the mangroves or on
the edge. In Garapuá, the main protein source farm animal female scooter is collected
with hand or machete, while in the Oak Bar (Barra dos Carvalhos), the crab is caught
with fitting equipment such as cage, gereré, manzuá or ripichel and aratu with rod and
line. To increase income, develop activities such as processing. Based on this "practical
knowledge" that defines the feeling of belonging to a social group that aims to create
subsidies for policies aimed at promoting women's work in fishing, which recognize them
as food producers extracted from an ecosystem stigmatized, leading them to incorporate
the social and economic value of the environment they exploit.

Keywords: artisanal fishers - seafood, traditional knowledge, memory, cognitive


heritage, mangrove.

INTRODUÇÃO

Ao tratar do modo de vida e trabalho de marisqueiras de duas comunidades costeiras


do Baixo Sul baiano, este trabalho se abriga na ideia de outra territorialidade da
antropologia marítima ou costeira de Diegues (2004), que visa o estudo da
“complexidade dos sistemas técnicos, sociais e simbólicos elaborados pelas
populações litorâneas no processo de apropriação do espaço marinho de onde tiram
sua subsistência”. Com ênfase na coleta da lambreta na Vila de Garapuá – Cairu, Área
de Proteção Ambiental (APA) Tinharé-Boipeba, e na pesca do siri e do aratu em Barra
dos Carvalhos – Nilo Peçanha, APA de Pratigi, investigou ainda as limitações

82
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

enfrentadas pelas marisqueiras no processo produtivo diante da redução dos estoques


naturais de espécies animais exploradas nos maguezais e estuários, dentro de um
contexto de abandono social e institucional, expansão da especulação imobiliária e
exploração de gasodutos.

Entre as comunidades pesqueiras do Brasil tem sido observado um declínio dos


estoques naturais de espécies animais comestíveis que ocorrem nas áreas de
manguezais e adjacências, acarretando consequências tais como perda de renda e
descaracterização cultural, com o afastamento das populações de sua ocupação
tradicional, migração para outras atividades, uso de práticas de pesca predatórias e
êxodo rural (Neto et. al., 1997; Donaldson, 1997, citados por Accioly, 2005). Para
Accioly (2005), esta situação é característica da região do Baixo Sul baiano,
caracterizada por uma costa entrecortada por estuários e baías com extensos
manguezais e muitas ilhas, onde as comunidades ribeirinhas apresentam baixos níveis
sociais, quadro que tem se agravado com a redução dos estoques pesqueiros. Os
homens realizam a pesca com barco de peixes e do camarão no mar, enquanto as
mulheres realizam a mariscagem de espécies de organismos da cadeia alimentar que
vivem na lama e nas massas de água estuarinas adjacentes e ainda participam do
beneficiamento do camarão e do pescado.

Woortmann (1992) lembra que terras não apropriadas privadamente utilizadas para
lavoura, criatório solto, retirada de lenha e coleta eram um dos pressupostos de
reprodução dos grupos pesqueiros no Nordeste brasileiro. Essas terras foram
privatizadas, reduzindo o espaço produtivo da mulher e a mariscagem passa assim de
atividade complementar a atividade principal. O estudo do IBAMA (1995) traz aspectos
importantes do processo produtivo da mariscagem como: 1. O caráter do manguezal
enquanto território de livre acesso, a prática de gestão acumulada ao organizarem o
processo de trabalho; 2. A dinâmica ambiental do manguezal variável pelo fluxo das
marés determina sua rotina de trabalho e parte da vida social comunitária; 3. O

83
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

conhecimento acumulado sobre a dinâmica reprodutiva dos recursos do manguezal e


suas práticas tradicionais de manejo.

O valor proteico dos alimentos produzidos pelas marisqueiras, a


importância cultural dos mariscos para a indústria turística [...], o valor
ecológico do sistema que exploram, a singularidade da organização da
sua produção e da reprodução social condicionada pelas fases da lua e
pelo fluxo das marés, a longa jornada de trabalho no manguezal e as
precárias condições de vida a que são submetidas são razões
suficientes para torná-las beneficiárias de políticas públicas destinadas à
promoção do trabalho feminino e da mulher (IBAMA, op. cit., p. 12).

Oliveira (1993) diz que o imaginário social percebe o ecossistema mangue como
espaço geográfico desordenado e insalubre, imagem que “mediatiza grande parte das
relações sociais e o ecossistema no Brasil, onde visão semelhante é reservada às
zonas de prostituição femininas, também chamadas de mangue”.

Os povos e comunidades tradicionais são uma variedade de grupos étnicos que possui
vínculo territorial, identificação com um ecossistema específico, modo de produção que
entra em conflito com a marcha do agronegócio e forte expressão cultural. Esses
grupos querem estar integrados e reivindicam reconhecimento de seus direitos. Apesar
da grande relevância econômica e social da coleta dos mariscos, a invisibilidade da
categoria pescadora artesanal já chamada por Blume (2009) de subalterna, espécie
indireta de violência crônica a mulheresem situação de carência aguçada, evidencia
ausência de seriedade na elaboração de políticas ambientais e de desenvolvimento
social para comunidades tradicionais pesqueiras na Bahia. As marisqueiras podem
viver dos gêneros alimentícios que extraem, mas possuem outras fomes ao serem
tratadas como subcidadãs, conforme fala uma liderança do Movimento dos Pescadores
e Pescadoras da Bahia, “[...] não existe um projeto para a pesca artesanal, o projeto de
pesca do estado é para a pesca industrial. [...] o que chega pra gente são doenças,
poluição, prostituição e drogas”1. Ela quis dizer que o projeto do governo do estado é

1
Srª Eliete Paraguaçu da Associação de Marisqueiras de Ilha de Maré na mesa redonda “Pescadores
artesanais e marisqueiras, direitos, diversidade e atividades impactantes ao meio ambiente e às águas”

84
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

voltado para a maricultura industrial, uma vez que segundo Accioly (informação verbal)2
na Bahia não há como implantar pesca industrial, por serem as águas oceânicas
baianas as mais pobres do país em quantidade de pescado.

Segundo Loureiro3 (informação verbal) é por causa da importância da pesca artesanal,


de onde vem setenta por cento do pescado consumido no mundo, que há interesse em
“esmagar” esta modalidade por parte das indústrias petroquímicaque traz impactos
negativos na forma de ocupação terrestre e marítima evidenciados em todas as suas
fases da produção; do turismo que se expande em locais onde estão territorializadas as
comunidades tradicionais com sua expulsão direta, levando à descaracterização da
tradição cultural, segregação étnica e destruição dos ecossistemas costeiros; além da
indústria da pesca. Para Beck (1983), a expansão urbana e o turismo levaram a
“favelização” das comunidades pesqueiras, que veem diminuírem as suas
possibilidades de achar alternativas que lhes permitam a superação do quadro de
pobreza. A Carta do I Congresso Internacional de Direitos dos Povos e Comunidades
Tradicionais denuncia a atuação do governo brasileiro em atos e projetos que
desrespeitam os povos e comunidades tradicionais:

[...] o incremento do racismo institucional e ambiental4 , em particular


com a autorização e implantação sistemática em unidades de
conservação de proteção integral de [...] monoculturas, carcinicultura,
[...], portos, gasodutos, especulação imobiliária e outras formas de
invasão dos territórios dos povos e comunidades tradicionais (ROCHA et
al. 2012, p. 46).

no I Congresso Internacional de Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais realizado em


11/05/2012 na Reitoria da UFBA, Salvador - BA.
2
Prof. Dr. Miguel Accioly na mesa redonda “Pesca e aquicultura: modelos de produção nos espaços
litorâneos” do II Seminário Nacional Espaços Costeiros realizado em 05/06/2013 no Instituto de
Geociências da UFBA, Salvador - BA.
3
Prof. Dr. Carlos Henrique Loureiro, Coordenador do Laboratório de Investigações em Educação,
Ambiente e Sociedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro na mesa redonda “Pescadores
artesanais e marisqueiras, direitos, diversidade e atividades impactantes ao meio ambiente e às águas”
no I Congresso Internacional de Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais realizado em
11/05/2012 na Reitoria da UFBA, Salvador - BA.
4
Pacheco (2007) define como Racismo Ambiental as injustiças sociais e ambientais que recaem sobre
etnias e populações vulneráveis. Este racismo se configura através de ações que tenham impacto racial,
não obstante a intenção que lhes tenha dado origem seja racista.

85
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

Segundo Rocha 5 , as políticas de licenciamento ambiental, parciais ao grande


empreendimento, têm estimulado a implantação de investimentos de carcinicultura,
resorts e outros empreendimentos imobiliários que têm impactos diretos em
comunidades pesqueiras. Existe risco para os territórios de pesca, que estão sendo
reduzidas com a nova Lei de Concessão de Áreas Públicas. Ainda não há plano de
manejo das unidades de conservação (APAs). Para consolidar os direitos de
pescadores e marisqueiras é preciso manutenção dos estoques pesqueiros com
cogestão sustentável, recuperação de habitats, despoluição e garantia de territórios;
manutenção de renda com estruturação das populações, manutenção da cultura,
produção confiável e melhor abastecimento de alimentos; manutenção da cidadania
com titulação das terras, direito a saúde ocupacional e previdência (Accioly, informação
verbal)6.

De acordo com o NEIM/IBAMA (1992), o estudo da dinâmica da reprodução ambiental


não pode prescindir da compreensão dos seus usos e do saber acumulado em seu
patrimônio cognitivo resultado destas práticas artesanais, uma vez que é na relação
entre comunidade pesqueira e os recursos naturais, que se cria e recria um saber
denominado de ecológico-empírico, que permite aos habitantes destes grupamentos
deterem o mínimo de controle sobre os recursos naturais e explorá-los como forma de
sobrevivência. Seuarsenal culturalencerra um saberque permite a inserção da mulher
pescadora no complexo ecológico marinho e estuarino. Para dar conta dos limites deste
estudo, buscou-sedar indicações sumárias de seus conhecimentos ambientais usados
no processo produtivo, através da análise dos saberes tradicionais construídos na
relação com o meio ambiente sobre artes e instrumentos de pesca utilizados; melhores
condições de tempo e maré para a pesca; saúde ocupacional e organização laboral de
marisqueiras. Espera-se que o conhecimento produzido sobre este saber transmitido

5
Entrevista ao Prof. Dr. Julio Rocha, coordenador do grupo de pesquisa Historicidade do Estado e do
Direito da Faculdade de Direito - UFBA.
6
Prof. Dr. Miguel Accioly, coordenador do ECOMAR/IBIO-UFBA na mesa redonda “Pescadores
artesanais e marisqueiras, direitos, diversidade e atividades impactantes ao meio ambiente e às águas”
no I Congresso Internacional de Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais realizado em
11/05/2012 na Reitoria da UFBA, Salvador - BA.

86
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

através da oralidade, ajude a dar visibilidade às suas memórias e condições de vida e a


subsidiar aincitação de processo de discussão sobre a necessidade de propor políticas
públicas para o segmento da mariscagem.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo etnográfico com marisqueiras das duas comunidades


pesqueiras do Baixo Sul Baiano, com duração de onze meses (2005 - 2006), utilizando
oito entrevistas semi-estruturadas, cinco realizadas em Barra dos Carvalhos e três em
Garapuá, registro em diários de campo e fotográfico realizados dentro das atividades do
projeto MARSOL - Maricultura Familiar Solidária no Baixo Sul Baiano – MARSOL
(CNPq proc. 506196/2004-6) do Laboratório ECOMAR – IBIO/UFBA, que atua na
região em projetos de extensão destinados a transmissão de tecnologias em
maricultura artesanal, e que contava com duas agentes comunitárias nativas vinculados
ao seu quadro técnico que atuaram como interlocutoras-chave nesta investigação, pois
além de dar seus depoimentos, foram de grande ajuda no mapeamento amostral, ao
apresentarem outras entrevistadas, tradicionais e experientes marisqueiras com
diferentes faixas etárias, estados civis e nº de filhos. A identificação dos elementos da
amostra se deu mediante a técnica bola de neve, segundo a qual uma informante indica
outra e assim sucessivamente. Na análise dos dados qualitativos foram mostradas
versões do mesmo fato e feitas categorizações, agregando por afinidade elementos
recorrentes nos discursos, em torno das quais os dados foram analisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A iniciação na pescaria se dá aos sete ou oito anos de idade acompanhando familiares


ou vizinhos. Os principais animais explorados pelas mulheres são o aratu (Goniopsis
cruentata) o siri (sem identificação) e a lambreta (Lucina pectinata) mas são realizados

87
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

em menor grau e caráter sazonal a captura do guaiamum (Cardisoma guanhumi),


coleta do chumbinho (Anomalocardia brasiliana) pesca de peixes de várias espécies de
linha, do camarão com redinha – nas águas das comunidades são encontradas as
espécies Rosa (Penaeus brasiliensis), Pistola (sem identificação) e Tanha ou Sete-
barbas (Xiphopenaeus Krogeri) –, extração da ostra (sem identificação), do sururu
(Mytella charruana) e do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) de andada7. Os resultados
apontam ainda participação feminina de pequena escala em artes de pesca
majoritariamente masculinas como na extração do caranguejo-uçáde braço, captura do
polvo-verdadeiro (Octopus vulgaris), pesca de arrastão e de calão. A organização do
trabalho na mariscagem é autogestionária e embora se reúnam em grupos para realizá-
lo como estratégia de proteção, o ato da coleta e produto do trabalho é individual.
Sempre levam uma roupa para troca, além de alimentos. Conhecem as marés cheia,
seca, “tardeira”, “cedeira”, “de lançamento”, “vazante”, “morta”, “maré de mosquito”,
“maré de lua” e “cabeça d’água”. A melhor maré apontada para a realização do trabalho
no mangue foi a “maré grande” por alagar todo o mangue, encher e vazar cedo, assim
como no trabalho de Esteves (2007) “a melhor maré para tirar lambreta [...], pois a água
lava o mangue e assim mostra melhor os olhos [da lambreta]”.

Outra importante atividade exercida é o beneficiamento e secagem de peixes e do


camarão proveniente da pesca masculina de arrastão, realizado de forma rudimentar
em precárias condições de higiene. Em sua dupla jornada de trabalho, a mulher
pescadora permanece imbuída de sua atribuição histórica de cuidar da casa e dos
filhos, mas exerce ainda serviços domésticos em casas de veraneio no caso de
Garapuá ou casas de outros moradores, costura, trabalho como tesoureira para colônia
de pesca, preparo e venda de salgados e doces.

7
Período do ciclo reprodutivo em períodos intercalados, que dependem da lua, maré, salinidade da água
e outras condições climáticas, em que fêmeas e machos saem das tocas para o acasalamento e nas
andadas seguintes, as fêmeas liberam as larvas, que se desenvolverão transformando-se em nova
geração de caranguejos.

88
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

As marisqueiras não dispõem de estrutura de estocagem e transporte, reduzindo seu


poder de barganha e obrigando-as a vender a intermediários a preços abaixo do
mercado, dificuldades que as têm levado a adotar estratégias para continuar com a
atividade como trabalhar apenas esporadicamente no mangue, migrando para outras
atividades como o beneficiamento, o trabalho na piaçava, no artesanato e nos serviços
domésticos. Tais condições têm feito com que essas mulheres percebam seu trabalho
no mangue como estigmatizado e desvalorizado e não incentivem seus filhos a
aprendê-lo, trazendo à tona a questão da autoestima da marisqueira e alterando assim
a dinâmica local de transmissão do conhecimento.

Savoir-faire8 de lambreteiras e de pescadoras de siri e aratu

A lambreta é apontada como principal fonte de renda para muitas mulheres da


comunidade de Garapuá. As lambreteiras são facilmente identificadas pela própria
organização do trabalho em grupos fixos com quatro a cinco integrantes cada
compostos em sua maioria por mulheres de diferentes faixas etárias, mas com a
participação de alguns homens. A extração do molusco é realizada durante todo o ano,
numa média de quatro horas de trabalho quase diário, em quatro a cinco turnos
semanais. Preferem realizar a coleta no verão, pois a chuva por vezes inviabiliza o
trabalho, porém o inverno é apontado como período do ano em que o molusco é
encontrado em maior quantidade, fato relacionado pelas entrevistadas ao movimento
da espécie no mangue, que com a lama fria sobe para a superfície, enquanto no verão
a lama esquenta e ela desce para a parte profunda do mangue. Como vestimenta,
usam short para facilitar o deslocamento na lama e além da roupa que é levada para
troca, o “arrodilho” e um lenço usado na cabeça para proteger os cabelos da lama.
Integra ainda a rotina de preparação para o trabalho no mangue o uso do óleo diesel

8
O know how, conhecimento tradicional mais artesanato ou conhecimento processual, é o conhecimento
de como executar uma tarefa. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Know-how>. Acesso em 7 maio
2013.

89
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

que é chamado de “óleo de barco” em todo o corpo e rosto com o objetivo de repelir
mosquitos.

As técnicas utilizadas são a coleta com a mão ou com o facão e para localizá-la
atentam ao que chamam de “suspiro da lambreta”, “olho da lambreta” ou “olho d´água”
(Esteves, 2007), borbulho d’água na superfície provocado pelo molusco e que indica
sua presença. Na coleta com a mão devem tatear embaixo de “quizambas” ou
“quizangas” (Rhizophora mangle) até encontrar o animal enquanto na coleta com o
facão a mão só é levada à lama quando o facão toca o molusco.

A gente cava mais debaixo das raízes, tem o suspiro que é um ‘olhinho
d’água’ em cima da lama, você cava ali, ela ta ali nem que seja uma
filhinha. A gente cava muito em pé de raízes, em beira de rio assim que
tem muita lambreta(Valdete, marisqueira e pescadora de Garapuá, 33
anos, casada, 3 filhos).

É necessário habilidade para equilibrar-se ao caminhar sobre quizambas com o


“samburá” na cabeça. Além de buscar áreas de manguezais cada vez mais distantes e
menos exploradas, evitam partes recentemente trabalhadas do mangue que sabem
reconhecer através de pegadas deixadas na vegetação e da consistência da lama. Os
depoimentos trazem um conhecimento empírico através do qual é possível construir
mecanismos de controle sociais autogestionários de exploração, onde grupos
constituem estratégias para uma etnoconservação, a exemplo da realização de
revezamentos diários ou semanais nos mangues explorados e controle interno do
número de jornadas semanais de trabalho no mangue, que não devem ultrapassar a
cota de cinco turnos, coletando dez a catorze dúzias do marisco por jornada. Depois da
coleta, a lambreta conserva-se até quatro dias fora do mangue, algumas estratégias de
conservação apontadas foram: a.Colocá-la no chão do banheiro, local mais frio e
úmidoda casa; b.Espalhá-la no chão sobre um saco para que fiquem menos próximas;
c.Colocar a lambreta imersa em água salgada em casa; d. Colocá-la por quatro dias
dentro da água do mar, na praia, dentro de um samburá coberto com palhas de
coqueiro que nessa situação é chamado de “morão” (Mendes, 2002); e. Colocá-la em
um saco enterrado à beira-mar, onde conserva-se por até trinta dias. O produto é

90
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

vendido a donos de quiosques que compõem a cena da praiaou a atravessadores, e


levado de barco para Valença.

Em Barra dos Carvalhos as mulheres trabalham principalmente na captura do siri e do


aratu, e a mariscagem e se configura enquanto trabalho familiar da mulher com seus
filhos pequenos. Além do manguezal, algumas artes de pesca são realizadas também
no bioma9 beirada10. A captura do aratu requer cuidado adicional para subir no alto de
quizambas e equilibrar-se durante horas, prática que deve ser silenciosa. Uma corda é
amarrada em uma vara fina de uns dez centímetros, na ponta da linha é usada a isca
preferida do crustáceo, a moreia, também capturada no mangue, mas também são
usados pedaços de peixe seco de várias espécies, de carne de boi, de frango, o
pequeno crustáceo chamado de tamaru (sem identificação) ou até um outro tipo de
crustáceo (sem etnoclassificação e sem identificação científica)que se assemelha ao
próprio aratu só que em tamanho bem menor. O aratu pode ser capturado ainda com
“manzuá” ou com uma lata. Costumam conseguir quinhentos gramas de aratu ou de siri
por turno.

A gente pega, marra na linha, aí a gente sobe num pé de mangue, lá em


cima a gente sorta a linha pra baixo, aí onde eles tiver por ali, vem
devagazinho, todo escabriado, aí a gente deixa um balde lá no chão. Aí
ele vem com uma lerdeza pra gente ficar ali esperando... Anda, pára,
espia pra um canto, espia pra outro... A gente tem que ter paciência pra
pegar o aratu, aí quando ele vem, pega naquela isca amarrada na linha,
a gente suspende e joga dentro do balde (Diana, marisqueira de Barra
dos Carvalhos, 22 anos, solteira, sem filhos).

Na captura do siri com manzuá a parte interna da cabeça do caranguejo é utilizada


como isca enquanto na captura com “gereré”, instrumento de pesca colocado no fundo
da maré põem uma redinha com pedaços de peixe usados como isca. Já na captura do
siri com “gaiola”, que é deixada no meio do rio, fazem uma ou duas mariscadas por dia,
uma à tarde conforme a maré e outra pela manhã e se a maré não permitir, mariscam

9
Região caracterizada pela relação ecossistema e clima.
10
Reentrâncias costeiras cobertas de manguezais, com alta produção de mariscos e pescados, onde se
assentam comunidades pesqueiras tradicionais.

91
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

no dia seguinte. A captura do siri ocorre ainda com o “ripichel”. Ao chegarem do


mangue aratus ou siris são lavados, escaldados, despeitorados, catados e ensacados
para a venda. A atividade de catar camarão emprega muitas mulheres desta
comunidade e aqui se pode observar mais intensamente o processo de migração da
mulher da mariscagem para o beneficiamento, abandonando a profissão de
marisqueiras.

A pescadora pesca a dor? Saúde ocupacional das marisqueiras

As dificuldades na captura têm causado preocupação a esses grupos de mulheres, que


temem a extinção de espécies e da atividade e é gerado um impacto negativo na
qualidade de vida ao passarem a percorrer maiores distâncias na intenção de encontrar
partes do mangue ainda menos exploradas e aumentar a quantidade de horas de
trabalho, ficando mais expostas aos perigos do ambiente como sol e chuva, o risco de
picada de cobras como a jibóia (Boa constritor), a surucucu (Lachesis muta) e a
jaracuçu (Bothropsjararacussu), e de animais como o caramuru (sem identificação) e
moreati (sem identificação); risco de cortes com o facão, conchas de lambreta e de
ostras, buzano (Teredo navalis), vegetação do mangue e detritos como vidros
quebrados, risco de afogamento, quedas, picada de insetos como a mutuca (Tabanus
sudeticus).

Eu tava tirando chumbinho lá na coroa e não tinha buraco, não tinha


nada, quando eu vi sair aquele negoço assim fazer ‘tic’, se entocou aqui.
Aí eu olhei pro dedo, não doeu na hora, eu digo ôxe, disse que tem um
negoço que chama moreati que é um trem de veneno, mas disse que dói
pra danar e não ta doendo... daqui a pouco, não levou uma hora
começou minha cabeça a me doer, aí eu comecei a sentir frio, a tremer,
num guentei... Isso aqui me doeu vinte e quatro horas(D. Maria,
marisqueira e pescadora de Barra dos Carvalhos, 53 anos, separada, 9
filhos).

Como estratégia de cuidado e proteção contra picada de insetos fazem uso de dois
shorts ao mesmo tempo confeccionados com tecido grosso, geralmente jeans, camisa
comprida, camisa de manga, calça comprida, luva e improvisam uma máscara com

92
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

tecido deixando descoberto apenas a abertura dos olhos; para efeito repelente uso na
pele de óleo diesel, que na falta pode ser substituído por querosene, gás natural ao
qual pode ser adicionado azeite de dendê para mudar a textura, uso de creme
hidratante na pele tanto para ir ao mangue como para aliviar o ressecamento e danos
causados pela exposição a sol e ao óleo diesel; contra acidentes e outros perigos, o
trabalho em grupo é apontado como importante estratégia de proteção, evitando
afastar-se quando estão sozinhas ao pescar na beirada e no riacho; para prevenir
quedas devem andar com cuidado para não cair e retirar o excesso de lama dos pés
antes de subir na quizamba; o cuidado com efeitos da picada do moreati citado foi a
retirada do veneno por enfermeira do posto de saúde. Do mesmo modo, além de serem
frequentemente vitimizadas por quedas, percebemos grande incidência de doenças
ocupacionais como problemas crônicos relacionados à ergonomia com seus esforços
repetitivos e modos de posicionar o corpo durante o trabalho com o tronco totalmente
curvado, reumatismos e dores no corpo, problemas de coluna, varizes, inchaço nas
pernas, hipertensão pelo contato muito direto com o ambiente salino, hérnia, problemas
ginecológicos sendo a causa associada por elas com a exposição às temperaturas da
lama no inverno ou verão, a que chamam de “quentura” ou “friagem” do mangue,
inflamação nos dedos das mãos causada por fungos, cortes e quedas de unhas, cortes
e cicatrizes na pele, alergias e manchas na pele causadas pela excessiva exposição ao
sol, água salgada e pelos efeitos do uso de óleo diesel.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reza a tradição em antropologia da pesca que há uma dualidade homem-mar versus


mulher-terra na divisão sexual do trabalho nas comunidades pesqueiras, sendo as
atividades no mar exercidas por homens e as atividades na terra e mangue exercidas
por mulheres, e sendo o mangue identificado com a terra, alguns estudos constatam a
cada vez maior presença dos homens na mariscagem. O que pôde ser observado em
ambas as comunidades confirma parcialmente essa tese, pois ainda se encontra o

93
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

modelo tradicional de mulheres em terra e mangue e homens no mar, mas algumas


dessas fronteiras são flexibilizadas na medida em que a partir das dificuldades
econômicas e crise da pesca artesanal, o homem passa a ocupar o mangue não mais
apenas para a captura do caranguejo, mas também de espécies tradicionalmente
exploradas pelas mulheres. Essas fronteiras, como uma via de mão dupla, também
levam a mudanças e transformações de hábitos culturais femininos, e além da
mariscagem e do beneficiamento, algumas mulheres passam a exercer também artes
de pesca tradicionalmente masculinas como a pesca de calão e de arrastão, a captura
do polvo e a extração do caranguejo, ainda que como atividade complementar e não
como atividade nuclear.

As mudanças percebidas na mariscagem expressas como sendo mudanças negativas


em suas condições de vida. Todos os moradores necessitam direta ou indiretamente
dos recursos do mar e/ou do mangue para sobreviver, o que inquieta as marisqueiras
entrevistadas. Propõem um estabelecimento de limites e controle na quantidade e
qualidade do processo de exploração dos recursos ambientais marinhos e estuarinos e
diante desse quadro a maricultura artesanal foi apontada como uma alternativa
produtiva e um ponto de apoio e convergência no enfrentamento às duras condições
encontradas com a sobrepesca e escassez dos bancos pesqueiros.

GLOSSÁRIO
Arrodilho – Tecido torcido Buzano – Teredo (Teredo Caramuru – Peixe carnívoro
usado na cabeça para ajudar navalis). Molusco de corpo com formato de serpente e
no apoio ao carregar o alongado e vermiforme que mordida perigosa. Habita
samburá. perfura madeiras submersas. cavidades rochosas e frestas
em recifes de corais. Moréia.
Gaiola – Instrumento para Gereré – Artefato feito com Lambreta – A Lucina
captura do siri feito de palha bordas de ferro, garrafas pet pectinata (GMELIN, 1791),
de canabrava (Erianthus conhecidas na comunidade molusco bivalve filtrador
sccharoides). como buião encaixadas em comestível com conchas
cada lado de uma tela, as ovais semelhantes de cor
garrafas são cortadas,são branca e opaca, medindo
depositados pedaços de peixe cerca de 9 cm de
como isca, depois tampadas. comprimento.
Manzuá – Petrecho utilizado Moreati – Peixe peçonhento Mutuca – Mosca (Tabanus
na pesca do siri que tem o que vive sobre a lama do sudeticus) encontrada

94
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

formato de cone ou saco, cuja mangue e que causa próxima a corpos d'água. As
boca é voltada para cima, frequentes acidentes pela fêmeas hematófagas podem
possui uma haste por onde é inoculação de veneno através picar o homem com picadas
manuseado. de espinho sobre o corpo. doloridas que coçam.
Pesca de Arrastão – Pesca Pesca de Calão – Rede de Quizambas ou Quizangas –
geralmente de camarão com pesca de malha larga, que Raízes do mangue vermelho
rede arrastada a grandes tem três lados retos com boias (Rhizophora mangle),
profundidades com barcos e um curvo e munido de uma das principais espécies
motorizados puxadas para pesos, pra pescar nas praias. arbóreas do mangue, própria
que peixes e mariscos sejam de solos lodosos, com raízes
retidos. aéreas, suporte de fixação
de moluscos.
Ripichel – Artefato usado na Samburá – Cesto construído Suspiro da Lambreta, Olho
pesca do siri e do aratu feito com cipós trançados para da Lambreta ou Olho D’água
de palha de canabrava por carregar peixes e mariscos. – Filete de água que
artesãos da própria borbulha na superfície
comunidade. partindo de uma cavidade do
animal.

REFERÊNCIAS

ACCIOLY, Miguel da Costa. 2005. Maricultura Familiar Solidária no Baixo Sul Baiano –
Marsol, Salvador: Ecomar/Ciags, da Universidade Federal da Bahia. 22p. (CNPq.
Seleção Pública de propostas para apoio a projeto de tecnologias apropriadas à
agricultura familiar. Edital CT – Agro/MCT/MDA/CNPQ n°022/2004. Processo:
506196/2004-6). Projeto concluído.

BECK, Anamaria. Comunidades pesqueiras e expansão capitalista. O mar e seus


recursos ictícos, Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina/ Pró-Reitoria
de Assuntos Estudantis e de Extensão/Núcleo de Estudos do Mar-Anhatomirim, Série
Didática, n. 2, p. 53-66. 1983.

BLUME, Luiz Henrique dos Santos. 2009. Memória Popular: dialogando com narrativas
orais de pescadores e marisqueiras de Ilhéus-BA, 1960 a 2008. Mnemosine, Vol. 5,
Rio de Janeiro: Departamento de Psicologia Social e Institucional – UERJ, nº 2, p.53-
79.

DIEGUES, Antonio Carlos. 2004. A socioantropologia das comunidades de pescadores


marítimos no Brasil. In: DIEGUES, A. C.A pesca construindo sociedades: leituras em
antropologia marítima e pesqueira. São Paulo: NUPAUB – USP. Cap.3, p.65-102.

DONALDSON, E. M. 1997. The role of biotechnology in sustainable aquaculture. In:


Bardach, J. E. (ed.), Sustainable aquaculture, John Wiley & Sons, p. 101-126. Apud
ACCIOLY, 2005.

95
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.3, n.1, p.081-096. jun./jul., 2013.
http://www.revistaouricuri.uneb.br | ISSN 2317-0131

ESTEVES, Uliana. Saberes do mangue: Relação “mulher - ambiente” na comunidade


pesqueira de Batateira, Cairú - BA. Salvador, 2007. 95 f. Monografia (Bacharelado em
Antropologia) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da
Bahia, Salvador, 2007.

IBAMA. 1995. Projeto de desenvolvimento da mulher na atividade pesqueira.


IBAMA.

MENDES, Liana Pereira. Etnoecologia dos pescadores e marisqueiras da vila de


Garapuá/BA. 2002. 97f. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas – Recursos
Ambientais) – Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002.

NEIM/IBAMA. 1992. Diagnóstico socioeconômico e ambiental da mulher


pescadora no Recôncavo Baiano. NEIM/IBAMA.

NETO, J. D.; CHAGAS, L. D.; FILHO, S. M. 1997. Diretrizes ambientais para o setor
pesqueiro: diagnóstico e diretrizes para a pesca marítima.Ministério do Meio Ambiente,
Brasília. 124 p. Apud ACCIOLY, 2005.

OLIVEIRA, Neuza Maria. 1993. Rainha das águas, dona do mangue: um estudo do
trabalho feminino no meio ambiente marinho. Revista Brasileira de Estudos
Populacionais, v. 10. Campinas, nº 1 e 2, p.71-88.

PACHECO, Tania. Desigualdade, injustiça ambiental e racismo: uma luta que


transcende a cor. I Seminário Cearense contra o Racismo Ambiental. Fortaleza: 2006.

ROCHA, Júlio César de Sá; SERRA, Ordep Trindade; SANTANA FILHO, Diosmar
Marcelino (orgs.). 2012. Relatório do I Congresso Internacional de Direitos dos
Povos e Comunidades Tradicionais. Salvador: UFBA. 48 p. (Série Povos e
Comunidades Tradicionais, v. 1, n. 1).

WOORTMANN, Ellen F. Da Complementaridade à dependência: espaço, tempo e


gênero em “comunidades pesqueiras” do Nordeste. 1992. Revista Brasileira de
Ciências Sociais. Rio de Janeiro: ANPOCS, ano 7, nº 18, p.41-61.

96

Você também pode gostar