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História de Alagoas | Material de Apoio

Professor Rodrigo Donin

História de Alagoas
Sumário
História de Alagoas ................................................................................. 1
Período Pré-Colombiano ...................................................................... 1
Colonização .......................................................................................... 3
Os Engenhos......................................................................................... 4
Terra Prometida ................................................................................... 6
As Vilas ................................................................................................. 7
Palmares – Grito de liberdade ........................................................... 10
Calabar – Herói ou Traidor? ............................................................... 13
Rumo à Independência ...................................................................... 15
A Traição que deu Certo..................................................................... 16
A Província de Alagoas ....................................................................... 18
Maceió, capital de Alagoas ................................................................ 20
Guerras e Guerrilhas .......................................................................... 21
Os Pioneiros e a Industrialização em Alagoas .................................... 24
A Era Vargas ....................................................................................... 27

Período Pré-Colombiano
Quando o Brasil foi descoberto, a terra que constitui hoje o Estado de
Alagoas, era um mundo de mata virgem, onde viviam índios nativos.
Rios perenes, muito peixe, frutas, animais soltos. Enfim, a flora e a
fauna exuberantes, enchiam os olhos dos portugueses que foram
chegando para iniciar o processo de colonização.
A grande quantidade de lagoas em seu litoral, fez com que os
colonizadores batizassem logo a região de Alagoas. Elas continuam
embelezando a paisagem típica do Estado, se constituindo em pontos
de atração turística e ainda em sustento de milhares de alagoanos, que
tiram dela, o peixe e o sururu, molusco típico, consumido não só pelos
pobres, mas presente na mesa dos ricos, da classe média e dos bares e
restaurantes.

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Esse pedaço de terra brasileiro, entre o Litoral e o Sertão, pertencia a


Capitania de Pernambuco, comandada pelo donatário Duarte Coelho,
que em visita ao Sul, deparou-se com o rio São Francisco. Lá, edificou
um forte e deu origem a cidade de Penedo, comprovadamente o
primeiro núcleo habitacional de Alagoas. Hoje, é uma cidade das mais
importantes do Estado. Durante várias décadas, foi a mais progressista
do interior. Perdeu para Arapiraca na segunda metade deste século.
Mas continua imponente, com seu casario colonial, seu povo culto, seu
potencial turístico e sua economia que cresce a cada dia.
Imaginemos Alagoas nos tempos do descobrimento do Brasil! Da foz
do São Francisco a Maragogi: índios nativos como os Caetés e os
Potiguaras. Nus, livres, vivendo da caça e da pesca, falando língua
própria, usufruindo dessa beleza natural, com rios e lagoas sem
poluição. Um povo festeiro, cultuando suas tradições. Era feliz e livre
da presença do branco português, que aqui chegou para marginalizá-
lo, exigir que aprendesse sua língua, sua religião e seus costumes.
Todos perderam a identidade, e se tornaram escravos da ganância dos
colonizadores, que só queriam extrair a riqueza da terra e enviar para
Portugal.
Nossos índios eram vaidosos, festeiros e valentes. Adoravam se pintar
com várias cores, dançar e cantar. Achavam o nariz chato um
importante requisito de beleza. No Sul eram os Caetés e suas sub-
tribos, como a dos Caambembes, instalada em Viçosa. No Norte, os
Potiguaras.
Esses nativos alagoanos eram bronzeados do sol escaldante, moravam
em cabanas de palha, reunidas em forma de aldeias e viviam da caça e
da pesca. Promoviam festas, utilizando-se de instrumentos musicais
como corneta, flauta e maracá. Em combate, atiravam sobre o inimigo,
flechas envenenadas e sobre as aldeias, flechas com algodão
inflamado, para incendiá-las.

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As índias alagoanas trabalhavam muito. Fiavam algodão para


confeccionar cordas e redes e ainda fabricavam vasos de barro para
uso doméstico. O adultério era considerado crime.
Nas aldeias, todos se reuniam em forma de República. O chefe maior
era o Cacique, escolhido entre os mais velhos e respeitados. O Pajé era
o conselheiro espiritual. Nas grandes crises, eles se reuniam em
conselhos, denominados Carbés.

Colonização
A primeira expedição ao Sul da Capitania de Pernambuco, foi
conduzida pelo próprio donatário, Duarte Coelho, que saiu do Recife
beirando o litoral até chegar a foz do rio São Francisco. De lá, rio acima,
deparou-se com um local privilegiado pela natureza, com o rio cheio de
pedras. Edificou um forte e deu origem a povoação de Penedo.
Duarte Coelho, segundo os historiadores, era dotado de muita
capacidade administrativa e devotado a causa do governo português.
Suas cartas ao Rei Dom João III, eram verdadeiros relatos sobre a
riqueza da capitania, suas paisagens e os índios. Fundou Olinda, fez
aliança com os índios e iniciou o plantio da cana-de-açúcar, dando
origem aos primeiros engenhos.
Mas toda essa extensão de terras, entre o Litoral e o Sertão precisava
ser colonizada. Aí surge a figura de um alemão: Cristhovan Lintz, depois
aportuguesado para Cristovão Lins. Ele vivia em Portugal, onde casou-
se com Adriana de Hollanda, filha do holandês Arnault de Hollanda e
da portuguesa Brites Mendes de Vasconcellos Hollanda. O casal
desembarcou no Recife, na primeira metade do século do
descobrimento (XVI) e ganhou uma imensa sesmaria, compreendendo
o Cabo de Santo Agostinho até o vale do rio Manguaba.
O segundo colonizador foi o português Antonio de Barros Pimentel,
casado com Maria de Hollanda Barros Pimentel, irmã da mulher de
Cristovão Lins. Ele chegou ao porto da Barra Grande (Maragogi), ainda
com a roupa que usava na Corte, em Lisboa. Era um nobre,
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descendente de uma das mais importantes famílias de Portugal,


originária da cidade de Viana, mas com os seus ancestrais surgidos na
Espanha. Ganhou uma sesmaria que compreendia as terras entre os
rios Manguaba, passando pelo Camaragibe e chegando ao rio Santo
Antonio, em São Luiz do Quitunde. Construiu engenhos de açúcar e
criou gado.
A sesmaria que compreendia às margens das lagoas Mundaú e
Manguaba, pertencia ao português Diogo Soares, enquanto em São
Miguel dos Campos, o dono das terras era Antônio de Moura Castro e
as de Penedo, comandadas por Rocha Dantas. Outras sesmarias de
menor porte, foram surgindo em vários pontos de Alagoas.

Os Engenhos
A História de Alagoas é a história pela posse da terra. Doadas as
sesmarias, os novos proprietários procuraram logo fazer a derrubada
das matas e plantar cana-de-açúcar, surgindo os engenhos banguês
que sustentaram a economia alagoana durante quatro séculos, até
serem substituídos pelas usinas.
Os primeiros engenhos surgiram nos vales dos rios Manguaba,
Camaragibe e Santo Antônio, na região Norte de Alagoas. A terra fértil,
logo adaptou-se a essa nova atividade. E, assim, começa a formar-se a
chamada aristocracia açucareira, com as grandes famílias dominando a
economia.
O escritor Manoel Diegues Júnior, em seu livro O Banguê das Alagoas,
faz um relato apaixonado dessa atividade que iniciou o processo de
desenvolvimento sócio-econômico e cultural da Comarca, Capitania e
Província de Alagoas. Mostra os costumes e tradições, a religiosidade,
o domínio político, o folclore saído dos engenhos, enfim, um estudo de
sociologia rural, que deveria ser lido por todos aqueles que realmente
se interessam pela História desse povo bom, trabalhador, honesto e
hospitaleiro, que é o alagoano.

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Os engenhos banguês das Alagoas eram movidos a animais. Produziam


o açúcar, o mel e a rapadura. Logo que eram construídos, seus
proprietários procuravam também edificar uma Igreja. A casa grande
emoldurava a beleza da paisagem típica da região. Algumas eram
luxuosas, com móveis e objetos importados. A senzala, onde viviam os
escravos amontoados; a bagaceira; a casa de purgar; o armazém
(empório comercial) e outras edificações, formavam um povoado.
Os primeiros engenhos foram construídos por Cristovão Lins, o alemão
que se constituiu no verdadeiro colonizador de Alagoas. Ele batizou
logo com os nomes de Escurial, Maranhão e Buenos Aires. Ficavam no
atual município de Porto Calvo, que ele também fundou na segunda
metade do século XVI.
Depois foram surgindo outros engenhos, já com o segundo
colonizador, Antônio de Barros Pimentel, casado com Maria de
Hollanda, irmã da mulher de Cristovão Lins. Esse casal fixou-se às
margens do rio Camaragibe, terras hoje pertencentes aos municípios
de Matriz de Camaragibe e Passo de Camaragibe. Mas a sua sesmaria
atingia ainda o vale do rio Santo Antônio, onde também edificou
engenhos, como o próprio Engenho Santo Antônio, que funcionou por
mais de três séculos, até ser transformado na atual e moderna Usina
Santo Antônio, em São Luiz do Quitunde, desde a década de 1950,
pertencente a família Correia Maranhão.
Outros engenhos foram surgindo nos vales dos rios São Miguel,
Coruripe, Mundaú e Paraiba. E a atividade dominou a economia
alagoana. O açúcar seguia para a Europa através do porto do Francês,
saindo dos engenhos em lombo de boi ou burro, atravessando montes
e rios, até chegar a vila do Pilar, e daí, seguindo em barcaças, passando
pela velha capital (atual Marechal Deodoro) e atingir o porto.
Hoje, o transporte é rápido e seguro. Das usinas, saem os caminhões-
tanque, com o açúcar a granel, atravessando estradas asfaltadas e
chegando à Maceió, onde é descarregado no Terminal Açucareiro do
Porto de Jaraguá em fração de minutos, saindo por uma esteira rolante
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e chegando ao porão dos navios, para daí seguir para a Europa,


América do Norte, Ásia, África e outros Continentes, garantindo a
Alagoas uma boa posição (segundo lugar a nível nacional) na produção
de açúcar, perdendo apenas para São Paulo.

Terra Prometida
A fertilidade da terra que depois transformou-se em Capitania,
Província e Estado de Alagoas, atraía muita gente. E, com o avanço da
invasão de outros povos europeus ao Brasil, logo esse pedaço da então
Capitania de Pernambuco, ficou muito visado.
Primeiro foram os franceses, que chegaram para explorar o pau-brasil.
Não passaram muito tempo, mas deixaram uma marca: a construção
do primeiro porto, que ficou conhecido como Porto dos Franceses,
aproveitado depois como único porto da região, para o transporte do
açúcar em demanda a Portugal. E foram quase três séculos com esse
local contribuindo decisivamente com o progresso de Alagoas, até o
surgimento do Porto de Jaraguá. Hoje, ainda existe um resquício
aquela época: a carcaça de um navio francês, que, quando a maré está
baixa, fica bem visível. E esse curto período vivido pelos invasores,
imortalizou-se na História e está com o nome na “boca do povo”. É a
praia do Francês, a mais badalada do litoral alagoano, conhecida no
país e no mundo, como uma das mais bonitas do Brasil. Pertence ao
município de Marechal Deodoro, distante poucos quilômetros da
capital.
Mas a fase mais duradoura dessas invasões, foi mesmo a dos
holandeses, que transformaram a Capitania de Pernambuco no Brasil
Holandês. E muito contribuíram para o seu desenvolvimento, embora
Alagoas não tenha experimentado essa fase de apogeu, que restringia-
se mais ao Recife e Olinda. Por aqui, foi mais destruição, como ocorreu
com a Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul (atual Marechal
Deodoro), completamente incendiada pelos holandeses, que ainda
tentaram fazer o mesmo em Santa Luzia do Norte, não conseguindo,
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devido a ação rápida de seus moradores, liderados por dona Maria de


Souza. Em Penedo, construíram um forte, depois destruído pelos
brasileiros e portugueses, que não queriam qualquer lembrança dessa
fase.
Um outro episódio que marcou a presença dos holandeses em Alagoas,
foi a Batalha da Mata Redonda, uma alusão ao local (hoje pertencente
ao município de Porto de Pedras) onde ocorreu a mais sangrenta
batalha entre holandeses, portugueses e brasileiros, vencida pelos
primeiros, por ter um maior arsenal e maior contingente de homens.
Mas os holandeses liderados por Maurício de Nassau, muito fizeram
por Pernambuco. A cultura, a educação, o avanço na agricultura e na
pecuária. Enfim, uma civilização que eles queriam formar, e
transformar numa colônia desenvolvida. Construíram pontes (ainda
existentes), teatros e outras grandes obras no Recife, cidade que ainda
hoje lembra esse período de desenvolvimento cultural e econômico. É
notório o gosto pela cultura do povo pernambucano, notadamente de
Recife e Olinda. Por lá, surgem movimentos culturais que se expandem
Brasil afora. O próprio frevo é criação dos pernambucanos.
Os holandeses eram protestantes (evangélicos), mas não impunham
essa religião aos brasileiros que eles já dominavam. Assim a religião
católica continuou sendo forte na Capitania. Preocupavam-se com a
educação, implantando métodos avançados de alfabetização para
crianças e adultos.
Maurício de Nassau, foi inegavelmente o maior administrador que o
Brasil já teve. Era organizado, trabalhador e extremamente ético,
qualidades que os demais donatários portugueses não possuíam,
optando mesmo pela exploração, a escravidão dos negros e índios e o
aumento da produção de açúcar para enviar a Portugal.

As Vilas
Quando o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte
Coelho visitou o Sul do seu domínio, deslumbrou-se com a região do
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baixo São Francisco, parando num local e dando início a povoação de


Penedo. Lá construiu um forte , e daí em diante, foram surgindo novos
moradores, culminando com o aparecimento da primeira vila fundada
em Alagoas.
No século XVII, já despontando como a mais importante vila do Sul da
Capitania de Pernambuco, foram sendo construídas as primeiras
Igrejas e o convento, além de prédios diversos. Terra fértil, logo foi
atraindo agricultores que plantavam todo tipo de lavoura, além do
crescimento rápido da pecuária. O comércio expandiu-se. Penedo já
era a mais importante vila, bem mais desenvolvida do que a chamada
“cabeça-de-comarca”, a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro).
Hoje, Penedo esbanja progresso. Detém um comércio bem
movimentado, várias agências bancárias, ligações com o país e o
mundo através do DDD/DDI, indústrias de álcool e outros setores; uma
sólida formação cultural, com várias escolas de primeiro e segundo
graus, além de uma Faculdade, jornal, rádios, teatro e festas
tradicionais. O Relatório Estatístico de Alagoas, de 1998, aponta uma
população de 40.554 habitantes na cidade e mais 13.888 na zona rural.
É tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Durante vários anos, foi
a mais desenvolvida cidade do interior alagoano, perdendo esse posto
para Arapiraca, na década de 1960. Sua decadência, começou quando
foi construída a ponte sobre o rio São Francisco, em Porto Real do
Colégio, ligando Alagoas a Sergipe. A travessia de carros e passageiros,
ainda continua na cidade, ligando-se ao outro lado do rio, através do
rio. Mas o movimento mais intenso mesmo ficou por conta da ponte
rodoferroviária.
Mas aos poucos, a cidade foi soerguendo sua economia, e hoje é
importante centro econômico e de turismo cultural. Durante alguns
anos, realizava o Festival de Cinema, atraindo artistas e intelectuais de
várias partes do país. Mantém o Festival de Tradições Culturais, a Festa
do Bom Jesus dos Navegantes, Gincana de Pesca e Arremesso, Penedo
Fest e outros eventos de significativa importância socioeconômica,
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como seminários, congressos, simpósios, peças de teatro, etc. Suas


Igrejas, seus sobrados e a beleza do rio São Francisco atraem muitos
turistas, que dispõem de bons hotéis, restaurantes e passeio de barcos
pelo rio, indo até a foz, na praia do Peba.
Ainda no século XVII, emancipa-se o Povoado de Porto Calvo,
tornando-se a segunda Vila. Sua Igreja, concluída em 1610, garantiu o
título de primeira Freguesia fundada em Alagoas, antes da de Penedo.
Preserva ainda seu alta-mor, todo em madeira, com a imagem de
Nossa Senhora da Apresentação (sua padroeira), do Cristo crucificado e
de Nossa Senhora da Conceição.
Palco da luta dos holandeses pela colonização de Pernambuco, Porto
Calvo ergue-se em uma colina, onde abaixo um imenso vale cortado
pelo rio Manguaba, é ocupado por canavial, pastagem e lavouras de
vários tipos. Terra fértil, logo foi atraindo novos moradores. E a vila
cresceu, esbanjou progresso, mas foi decaindo ao longo dos séculos,
somente ressurgindo no atual. Hoje, detém um comércio em franca
ascensão, agências bancárias, sistema de telefonia fixa e celular e toda
a infraestrutura para se desenvolver mais ainda. O Relatório Estatístico
de Alagoas, versão 1998, aponta uma população de 24.150 habitantes,
sendo 12.798, na cidade. Pouca coisa lembra o seu passado. A Igreja
de Nossa Senhora da Apresentação, é a única construção secular.
Alguns sobrados construídos no início do século XX e, ainda o Alto da
Forca, onde dizem ter sido enforcado um dos seus filhos mais ilustres:
Domingos Fernandes Calabar.
A terceira povoação fundada em Alagoas, foi Santa Maria Madalena da
Lagoa do Sul, alusão a lagoa Manguaba, onde está edificada às suas
margens. A Lagoa do Norte, é a Mundaú, que banha Maceió, Coqueiro
Seco, Santa Luzia do Norte e Satuba. A vila foi crescendo e, logo no
século XVIII tornou-se cabeça-de-comarca, espécie de capital. Quando
da invasão holandesa, foi quase toda destruída, com suas casas sendo
incendiadas pelos invasores. Mas, recuperou logo, e cresceu
novamente. Na emancipação política de Alagoas, já com o nome de
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Alagoas, foi escolhida como capital da nova Capitania. Perdeu espaço


para Maceió, que surgiu no século XVII, através de um engenho
banguê.
Seu patrimônio histórico é rico em beleza arquitetônica, como o
Convento e o Museu de Arte Sacra; a matriz de Nossa Senhora da
Conceição; o Palácio Provincial; a casa onde nasceu o marechal
Deodoro; a cadeia pública e tantos outros monumentos, além do
casario colonial e a beleza da lagoa Manguaba.
Hoje, é uma cidade em pleno desenvolvimento socioeconômico, com
boa rede de educação e saúde (possui uma Escola Técnica Federal e
colégios de primeiro e segundo graus), além de hospitais e postos de
saúde. Detém o Distrito Multifabril, com várias fábricas, gerando
empregos e impostos para os cofres públicos, além da usina Sumaúma
(açúcar e álcool). Figura entre o quarto maior município arrecadador
de ICMS. É importante centro turístico, com seu patrimônio histórico
intocável, e a praia do Francês, conhecida em todo o país. Sua
população, segundo o Relatório Alagoas, é de 28.215 habitantes, sendo
17.451, na área urbana.
A quarta povoação fundada, foi Santa Luzia do Norte, às margens da
Lagoa Mundaú. Quase era destruída pelos holandeses, mas a força de
sua população liderada por dona Maria de Souza, impediu a invasão.
Eles recuaram e a vila continuou em seu ritmo normal. Muitos anos
depois, foi rebaixada condição de vila, ficando pertencendo à Rio
Largo, só se emancipando na década de 1960. Hoje, dispõe de uma
importante fábrica de fertilizantes e investe também no turismo.
Detém uma população de 6.397 habitantes, sendo 5.139, na cidade.

Palmares – Grito de liberdade


Os negros africanos, que chegavam aos montes aos engenhos de
Alagoas, logo que foi autorizado o tráfego negreiro, viviam como
escravos, sendo maltratados, e trabalhando para enriquecer o patrão

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branco. Obviamente que eram revoltados e procuravam a todo custo,


conquistar a liberdade.
Era preciso que surgisse um líder da raça, que incentivasse os demais a
lutar pela tão sonhada liberdade. E, assim entra em cena, Ganga
Zumba, que levou um grupo de negros para um local distante dos
canaviais, no alto da Serra da Barriga, no atual município de União dos
Palmares. Os engenhos localizavam-se nos vales dos rios Manguaba,
Camaragibe e Santo Antônio. A notícia foi se espalhando e a cada dia,
chegavam mais negros fugitivos.
Logo batizaram o local de Quilombo dos Palmares. Terra fértil, boa
para o plantio de qualquer tipo de lavoura, foi se tornando um
importante centro produtor. Os negros construíram uma verdadeira
civilização, assim como era na África. Ganga Zumba se constitui-a no
Chefe de Governo e tinha seus Ministros. Formou-se então uma
verdadeira República Parlamentarista. Um avanço na época. Lá, eles
viviam livres, falavam seu próprio idioma, não eram maltratados pelos
brancos e podiam cultuar suas tradições religiosas e festivas.

Vez por outra, os portugueses, brasileiros e até os holandeses,


tentaram acabar com esse refúgio dos negros. Não conseguiram. A
população negra era mais numerosa e organizada. O tempo foi
passando, e Ganga Zumba já não conseguia ter forças para liderar a
comunidade. Na tradição africana, a hereditariedade era passada de tio
para sobrinho. E, assim ele escolheu um desses sobrinhos: Zumbi, um
jovem negro, forte, educado por um padre de Porto Calvo, que logo
afeiçou-se a causa da liberdade, integrou-se ao Quilombo, e tornou-se
o maior líder revolucionário da História do Brasil, finalmente
reconhecido por decreto assinado pelo presidente Fernando Henrique
Cardoso, em 20 de novembro de 1995, exatamente quando o país
reverenciava os 300 anos de sua morte.
Zumbi era um líder nato. Sua companheira Dandara, uma mulher forte,
guerreira, que liderava o grupo feminino. Organizado, logo pôs ordem
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no Quilombo, nomeando seus assessores e distribuindo tarefas para


toda a população, que era preparada para a batalha. Quando esse dia
chegava, ninguém dormia. O quilombo fervia. Eram homens, mulheres
e crianças de prontidão para o ataque. E foram vários.
Por quase um século o Quilombo dos Palmares resistiu. Mas em
novembro de 1695, os brancos conseguiram subir à Serra da Barriga.
Era um grupo numeroso e fortemente armado, liderado por Domingos
Jorge Velho e Bernardo Vieira. O sangue jorrou. Milhares de negros
foram barbaramente assassinados. Zumbi conseguiu fugir
acompanhado de alguns de seus companheiros. Lutou até o fim,
quando viu tudo que construiu ser destruído e seus irmãos de cor,
sendo mortos. Um quilombola, Antônio Soares, foi capturado e,
mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria libertado
em troca da revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e
morto em uma emboscada, a 20 de novembro de 1695. A cabeça de
Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça
pública no Pátio do Carmo, no alto de um mastro, para servir de
exemplo a outros escravos.
Existem duas versões sobre a morte de Zumbi. A primeira é a de que
ele suicidou-se, pulando de um precipício na Serra da Barriga. Mas os
historiadores da época, afirmam que ele foi assassinado mesmo,
depois de alguns dias da destruição total do Quilombo. Sua cabeça foi
cortada e levada ao Recife, para ser exposta ao público como um
troféu. Depois de três séculos, essa data vem sendo lembrada como o
Dia Nacional da Consciência Negra. A cada ano, centenas de negros e
brancos sobem a Serra da Barriga nesse dia, para reverenciar Zumbi e
sua raça.
O local é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Mas precisa
melhorar sua infraestrutura. Foi construída uma vila cenográfica,
lembrando o próprio Quilombo. No alto da serra, existe uma estátua,
lembrando a figura do líder maior, mastro para bandeiras e muito
espaço, com o verde predominando por todos os lados. Além, é claro,
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de um bonito visual para toda a zona da Mata. É uma das mais altas
serras do Estado.

Calabar – Herói ou Traidor?


A sociedade açucareira foi o grande motor da economia da colônia nos
primeiros tempos. A Coroa até relegava a propulsão da produção a
parceiros econômicos. A Holanda tinha, acima de tudo, a
responsabilidade do investimento, do refino, do transporte e da
comercialização do produto na Europa. Isso irá possibilitar que a
Holanda enquanto parceira comercial da coroa portuguesa permaneça
com amplos interesses até o controle dos territórios metropolitanos e
coloniais por parte da Espanha. Era o início da União Ibérica ou
Hispania, período relacionado a crise de sucessão do trono português
pelo desaparecimento de dois Reis D. Sebastião (que desaparece
numa batalha no Marrocos sem deixar herdeiros) e seu sobrinho D.
Henrique (que também deixa o trono sem herdeiros)
O período da Hispania, de 1580 a 1640, representa para o Brasil e
Portugal um período bastante conturbada que afeta diretamente os
privilegiados na produção do açúcar e gera como consequência a
tomada dos territórios brasileiros pela Holanda (Invasões Holandesas)
e o declínio da produção do açúcar e sua respectiva substituição pela
economia aurífera, como descobrimento do Ouro em 1693 na região
das Minas Gerais.
Chamava-se Domingos Fernandes Calabar, um mulato filho de dona
Ângela Álvares, nascido na Vila de Porto Calvo. Estudado, rico e com
espírito de liderança, avançou no seu tempo. Mesmo assim, ainda era
discriminado pelos brancos portugueses e brasileiros, por sua condição
de mestiço e filho bastardo. Possuía engenhos de açúcar, muito
dinheiro, estudou em Olinda, era culto e muito bem informado.
Quando da Invasão Holandesa à Porto Calvo, lutou ao lado de seus
conterrâneos contra esses invasores. Mas logo foi percebendo que eles
tinham um projeto de colonização muito mais avançado e ético do que
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o dos portugueses. Não contou conversa: passou para o lado dos


holandeses.
Começa então, a história desse bravo alagoano, que alguns
historiadores afirmam ter sido traidor, mas que ele próprio nunca se
considerou assim. Deixou uma carta-testamento, mostrando a sua
decisão. Nela, alegava que não se considerava traidor, porque o Brasil
não era uma pátria. E que o projeto dos holandeses era muito melhor
para os brasileiros. Mas não foi compreendido, obviamente.
Calabar viveu as experiências mais desastrosas daquelas época.
Acompanhava os holandeses em suas batalhas, destruindo engenhos e
fazendas. Sabia que tudo aquilo que acontecia era porque seus
conterrâneos não aceitavam a proposta de colonização dos invasores,
optando mesmo pelos portugueses, já que eram descendentes destes.
Por conhecer Recife e seu avançado projeto de desenvolvimento
econômico-cultural, queria que tudo aquilo fosse implantado em Porto
Calvo e Penedo. Não conseguiu. Seus conterrâneos venceram. Mas ele
deixou bem patente em sua carta, que preferia derramar seu sangue
por uma causa justa, que ele abraçou, do que viver sob o domínio
mesquinho dos portugueses, que só queriam mesmo explorar os
brasileiros. Foi morto e esquartejado, com partes do seu corpo
distribuídas pelas ruas da Vila de Porto Calvo. Mas, os holandeses
conseguiram recuperar tudo e fizeram o seu enterro com honras
militares. Passou para a História da Holanda, como herói. A História do
Brasil, o considera um traidor. Mas era escrita pelos portugueses. Na
Holanda, ele é um herói. Existe até uma praça no Centro de Amsterdã,
com seu nome, além de livros e documentos que comprovam as idéias
de colonização desse bravo alagoano.
Hoje, Porto Calvo só tem como monumentos para lembrar a sua
importância na História de Alagoas, a Igreja Matriz de Nossa Senhora
da Apresentação, inaugurada em 1610 (existe no alto de sua fachada,
essa data), com seu alta-mor em madeira, originalíssimo e as imagens
da sua padroeira, de Cristo crucificado, de Nossa Senhora da Conceição
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e outras. É a mais antiga freguesia de Alagoas. Para lembrar Calabar,


existem: o chamado Alto da Forca, onde dizem que ele foi enforcado, o
Fórum, além de um clube, um bar e restaurante que levam o seu
nome. Mas, o importante mesmo é a luta dos filhos da terra para
resgatar a memória desse conterrâneo. São publicados livros e outros
periódicos, enaltecendo a sua figura. A esperança é de que um dia, ele
seja finalmente considerado Herói Nacional, como foi Zumbi, outro que
os portugueses também consideravam como traidor.

Rumo à Independência
O progresso do Sul da Capitania de Pernambuco conhecido como
Alagoas, fez com que sua população fosse logo desejando a
independência. Mas nada era fácil. No início da segunda década do
século XVIII, foi criada a Comarca de Alagoas, sob a jurisdição da
Capitania de Pernambuco, e nomeado o primeiro Ouvidor Geral: José
da Cunha Soares.
Por não existir cursos jurídicos no Brasil, esse cargo era destinado a
quem fosse mais letrado, com espírito de liderança. Transformava-se
em comandante da Justiça, da Política e da Economia. E no período de
mais de um século, entre 1711 a 1817 (ano da sua emancipação
política), Alagoas teve 17 ouvidores-gerais.
Foi exatamente na segunda metade do século XVIII, que surge Maceió,
de um engenho de açúcar denominado Massayó. A palavra é de origem
indígena, significando terra alagadiça, que deu origem ao riacho com o
mesmo nome. O engenho, de propriedade de Apolinário Fernandes
Padilha, localizava-se na atual Praça Dom Pedro II, com o engenho
propriamente dito, a casa de purgar, a senzala, a casa grande e a
capelinha em louvor a São Gonçalo, que ficava no meio do morro do
Jacutinga (Ladeira da Catedral). Durou poucos anos. Ficou em fogo
morto e o povoado foi crescendo. Surgiram novos moradores, que logo
foram construindo suas casas e formando um arruado. Em 5 de

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dezembro de 1815, o povoado é elevado a categoria de Vila,


desmembrando-se da Vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro).
Surgiram ainda as povoações de Anadia, Atalaia, Camaragibe, São
Miguel dos Campos, Poxim e Porto de Pedras. A Comarca tinha como
sede a vila de Alagoas, atual Marechal Deodoro, uma espécie de
capital, já com suas Igrejas monumentais, ainda hoje preservadas.
Penedo, Porto Calvo e Santa Luzia do Norte, eram as outras vilas, que
continuavam crescendo e atraindo novos moradores.
Ainda no século XIX existiam em Alagoas as vilas de Água Branca, Mata
Grande, Pão de Açúcar, Traipu, Piranhas, Palmeira dos Índios, São
Miguel dos Campos, Quebrangulo, Assembleia (Viçosa), Imperatriz
(União dos Palmares), São José da Laje, Murici, São Luiz do Quitunde,
Coqueiro Seco e Pilar.

A Traição que deu Certo


A Comarca de Alagoas já esbanjava progresso, provocando ciumeira
em meio as lideranças da Capitania de Pernambuco. Nas duas
primeiras décadas do século XIX, já apresentava-se em condições de se
tornar independente. Mas os donatários não aceitavam. Afinal, era
daqui que eles abocanhavam uma boa parcela da arrecadação de
impostos, além da grande produção de açúcar dos nossos engenhos.
O Ouvidor Batalha, sempre sonhava em transformar Alagoas em
Capitania e, ser o seu primeiro governador. Aproveitou a Revolução
Pernambucana, que tinha como objetivo libertar-se de Portugal e,
iniciou seu plano. Os revolucionários já haviam conquistado o apoio da
Paraíba e Rio Grande do Norte. Faltava Alagoas e Sergipe (Comarcas),
além da Bahia e Ceará.
Um emissário foi enviado do Recife a Salvador, para tentar conquistar
esse tão sonhado apoio. Passando por Alagoas, propagava os ideais
revolucionários e conquistava alguns adeptos. Mas o Ouvidor Batalha
não se encontrava na sede da Comarca e sim na vila de Atalaia, já em
campanha em prol da emancipação política de Alagoas.
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O emissário que trouxe a notícia para Alagoas e seguiu para Sergipe e


Bahia, foi o Padre Roma. Aqui, encontrou um apoio de peso: o
Comandante das Armas, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca,
que atendendo ao pedido do Padre Roma, autorizou a destruição dos
símbolos de Portugal e colocou em liberdade todos os presos. Passou
por cima da autoridade maior da Comarca: o Ouvidor Batalha. Escreveu
ao Conde D’Arcos, governador da Bahia, informando sobre os ideais da
Revolução Pernambucana e seu apoio, pedindo o dele. Não conseguiu.
Arrependeu-se de ter seguido os conselhos do Padre Roma. Era tarde
demais.
Em Atalaia, o Ouvidor Batalha, aproveitando os tumultos, escreve ao
Conde D’Arcos comunicando-lhe das medidas que resolveu tomar:
desmembrou a Comarca de Alagoas da jurisdição da Capitania de
Pernambuco, enquanto durasse a revolução, e auto-nomeou-se
governador provisório. Contou com o apoio que precisava, e venceu a
batalha. Dias depois, Alagoas separou-se definitivamente de
Pernambuco. Mas ele não conseguiu o que tanto sonhava: ser seu
primeiro governador.
O decreto assinado por Dom João VI, em 16 de setembro de 1817,
emancipando Alagoas de Pernambuco, transformando a Comarca em
Capitania, estabeleceu como capital a vila de Alagoas (atual Marechal
Deodoro) e nomeando como primeiro governador, o português
Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de governar a
Capitania do Rio Grande do Norte.
Ao desembarcar no porto de Jaraguá, o governador encantou-se com a
vila de Maceió. Foi recebido com muitas festas e, hospedou-se no
sobrado de um português na esquina das ruas do Comércio e
Livramento, onde hoje funciona a Ótica Flamengo.
Sua posse aconteceu na matriz de Nossa Senhora da Conceição, na
capital, numa solenidade com muita pompa, autoridades diversas e
muitos discursos. Mas o governador não gostou muito do aspecto
urbano da antiga vila, sempre priorizando Maceió.
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E essa opção pela vila ao invés da capital, fez com que várias
autoridades protestassem. Os de Alagoas (Marechal Deodoro) não
aceitavam sob hipótese alguma, a instalação de repartições públicas na
vila de Maceió, enquanto o próprio governador e várias outras
personalidades políticas, econômicas e culturais, preferiam mesmo que
os principais órgãos públicos fossem instalados em Maceió, por ser
mais desenvolvida que a capital, possuir um movimentado porto e toda
a infra-estrutura de uma capital. E assim foi feito.
Melo e Póvoas instalou a Junta de Administração e Arrecadação da
Real Fazenda, o Quartel Militar e a Alfândega. Ciumeira geral.
Maceió crescia a olhos vistos. O governador, mandou que fosse
elaborada uma planta urbana, para proporcionar um novo visual a vila.
O traçado das ruas e das praças e os melhoramentos necessários. E
assim surgiram as ruas do Comércio, do Sol, Livramento, Boa Vista,
Moreira Lima, Augusta, Nova, Alegria e as praças Dom Pedro II e
Martírios. O traçado continua o mesmo. Nunca houve alargamento,
mudando apenas a arquitetura das casas.
O governador afastou-se do cargo em fevereiro de 1822, retornando à
Portugal. Criou-se uma junta governativa formada por Antonio José
Ferreira, José de Souza Melo, Nicolau Paes Sarmento, Manoel Duarte e
Antonio de Hollanda Cavalcante, que permaneceu até a independência
do Brasil, quando a Capitania foi transformada em Província.

A Província de Alagoas
Quando da independência do Brasil, Alagoas já esbanjava progresso,
tendo o açúcar, como seu carro-chefe. Dezenas de engenhos
produziam e exportavam através do Porto de Jaraguá. Os governadores
passaram a ser denominados presidentes. E o primeiro deles, nomeado
por Dom Pedro I, foi o pernambucano Nuno Eugênio de Lossio, que
instalou o Conselho de Governo e autorizou as eleições para deputados
e senadores.

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O segundo presidente, foi o mineiro Cândido José de Araújo Viana


(Marquês de Sapucaí), que ficou no cargo apenas cinco meses, período
em que instalou o Correio Provincial. É substituído por Miguel Veloso
da Silveira Nóbrega e Vasconcelos, que determinou a criação de
câmaras municipais nas cidades e vilas.
E novos governantes, chegavam e saiam em pouco tempo. Eram
baianos, pernambucanos, mineiros, paulistas, gaúchos e de outras
províncias, que não se adaptavam por aqui e terminavam renunciando.
Novas vilas foram surgindo nessa primeira fase de Alagoas como
Província. Em 13 de outubro de 1831, emanciparam-se de Atalaia, as
vilas de Assembleia (atual Viçosa) e Imperatriz (União dos Palmares),
ambas na zona da Mata alagoana.
Também nesse período, ocorreu a chamada Cabanada Selvagem,
revolta dos índios de Jacuípe, na região Norte da Província, contra o
assassinato de seu cacique, provocando muitos conflitos e
assassinatos, além de destruição de engenhos e fazendas.
Em 1831, surge o primeiro jornal impresso de Alagoas, mais
precisamente em Maceió: o Iris Alagoense. Teve duração curta, porque
o coronelismo imperava naquela época. Seu principal redator sofreu
um atentando, escapando por milagre e, decidindo-se mudar-se para
Recife. Depois, o nome foi substituído por O Federalista Alagoense, já
impresso em Maceió. A vila já estava com ares de capital. Tinha até
jornal, enquanto a capital propriamente dita (Alagoas, atual Marechal
Deodoro) entrava em processo de decadência. Em 1849, mais uma
conquista de Maceió (já como capital): o primeiro estabelecimento de
ensino secundário: Lyceu Alagoano, ainda hoje funcionando com nome
original, depois de se chamado Colégio Estadual de Alagoas.
Nos primeiros anos do Brasil independente, Alagoas “fervia”. Eram
constantes conflitos entre brasileiros e portugueses. A Confederação
do Equador, que explodiu em Pernambuco, chegou por aqui, tendo o
apoio do senhor de engenho Manuel Vieira Dantas e sua mulher Ana
Lins, de São Miguel dos Campos. Houve muita perseguição aos
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revolucionários e ela entricheirou-se em seu engenho em São Miguel


dos Campos, lutando até o fim do conflito, tornando-se uma das
heroínas de Alagoas.
A notícia da abdicação de Dom Pedro I, chegou a Alagoas e provocou
mais brigas entre brasileiros e portugueses. Os primeiros,
representando a imensa maioria, em caminhada pelas ruas de Maceió,
atacam o Quartel, apoderando-se de munições e chegam a prender
lideranças portuguesas. Os manifestantes apoiavam a abdicação, por
ser Dom Pedro II, brasileiríssimo. Enfim, o trono do Brasil, com um
brasileiro.
Dessa época (1822-1831), restam poucas reminiscências: Igrejas e
conventos em Penedo, Marechal Deodoro e Porto Calvo. Em Maceió, o
antigo forte de São João, atualmente um quartel do Exército, no Centro
da cidade; o próprio traçado das ruas (obviamente que, com as
edificações com arquiteturas diferentes); o porto de Jaraguá: a Igreja
daquele bairro e, só. Tudo foi mudando aos poucos, preservando-se
apenas os monumentos mais importantes.

Maceió, capital de Alagoas


Desde os tempos do primeiro governador, Sebastião Francisco de Melo
e Póvoas, Maceió já esbanjava progresso, provocando ciumeira entre
os habitantes da velha Alagoas, a capital da Capitania e depois
Província. O próprio governador, passava mais tempo na vila do que na
capital. E, decidiu instalar as principais repartições públicas em Maceió.
As mais importantes lideranças políticas daquela fase, eram: Tavares
Bastos (na capital) e Cansanção de Sinimbu (em Maceió). Chegou-se a
se formar uma verdadeira guerrilha, que ficou conhecida como Lisos e
Cabeludos, provocando tumultos generalizados e mortes.
No governo de Agostinho da Silva Neves, a situação agravou-se. Ele
também permanecia mais em Maceió do que na capital da província. O
ano de 1839 foi o pior de todo o período dessa administração. O
presidente, chegou a ser preso por ordem do major Mendes da
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Fonseca, na capital. Solto, encaminhou-se ao porto do Francês, com


ordem para deixar Alagoas. Mas pediu ao condutor do navio que
fizesse o caminho de volta, dirigindo-se ao porto de Jaraguá. Ao
chegar, foi recebido com muita festa pela população, liderada por
Sinimbu, já auto-nomeado presidente da Província, enquanto na
capital, Tavares Bastos, considerava-se também, presidente. Mas o
titular, resolveu a questão de uma vez por todas. No dia 9 de dezembro
de 1839, assina o decreto transferindo a capital da velha Alagoas
(Marechal Deodoro) para Maceió. O fim de um sonho que tornou-se
realidade, por justiça mesmo. Afinal, a vila era muito mais importante
do que a capital da Província.
A cada dezembro, os maceioenses comemoraram duas datas festivas:
o dia 5, lembra 1815, quando o povoado foi elevado a categoria de vila
(município de hoje) e o dia 9, a transferência da capital, a data mais
importante, porque era o acontecimento mais esperado naquela
época.

Guerras e Guerrilhas
Alagoas sempre foi palco de conflitos e sua fama de terra violenta
correu o país. No século XIX, surgiram vários desses conflitos. Na briga
pela disputa da capital entre Marechal Deodoro e Maceió, consagrou-
se dois alagoanos: Cansanção de Sinimbu e Tavares Bastos. Surgiu daí a
chamada Guerra dos Lisos e Cabeludos, respectivamente
conservadores e liberais. Era uma espécie de partidos políticos.
Os Lisos, comandados por Tavares Bastos, denunciavam que
Cansanção de Sinimbu queria dominar Alagoas, formando uma
verdadeira oligarquia. O dia 4 de outubro de 1844, foi “um dia de cão”
em Maceió. Os Lisos invadiram Maceió e comandaram um tiroteio no
Centro, que durou duas horas.
Ainda na década de 1840, surgem os temidos irmãos Moraes, que, para
vingar a morte do pai, formaram um bando semelhante ao de Lampião,
espalhando o terror por toda Alagoas. Para alguém morrer, bastava
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que o bando desconfiasse que este pertencia ao partido dos


Cabeludos. A primeira vítima foi um tenente de Quebrangulo.
Os irmãos Moraes, dividiam o ódio pelos assassinos do pai, aos
integrantes dos Cabeludos. Tentaram matar o Barão de Atalaia, que
diziam encontrar-se no Sertão de Pernambuco. Não encontraram o
alvo, mas mataram um rapaz inocente, que estava na casa onde
deveria se encontrar o Barão.
Durante a Guerra do Paraguai, Alagoas enviou cerca de 3 mil homens
para combate, inclusive toda a família Mendes da Fonseca (Deodoro e
seus irmãos). A mãe, dona Rosa da Fonseca, vibrava com as notícias de
vitória do Brasil, e demonstrava essa alegria, exibindo panos brancos
nas janelas de sua casa na velha cidade de Alagoas. Mas três de seus
filhos morreram em combate. Para ela, um ato de heroísmo. No final, o
Paraguai ficou destruído. O que importava para o Brasil era mesmo
acabar com aquele pequeno país, que na época adotava um sistema
semelhante ao socialismo do século XX. O povo paraguaio, sempre teve
espírito cívico. Quando surge algum ditador, procura derrubá-lo do
poder. Assim fizeram com Alfredo Stroesner e mais recentemente com
Raul Cubas. Ambos se refugiaram no Brasil.
Nas décadas de 1920/30, o terror foi espalhado no Sertão alagoano
com as sucessivas passagens de Lampião e seu bando, que evitavam as
cidades por onde o trem passava. Mas, foi a polícia alagoana, que
conseguiu acabar com essa fase de violência, matando Lampião, Maria
Bonita e quase todos os cangaceiros, numa gruta, do outro lado do rio
São Francisco, na localidade conhecida como Angicos.
Os chefes políticos sempre dominaram Alagoas, espalhando a violência
em várias regiões. Sempre ficavam impunes. Detinham o poder político
e econômico. Muitos episódios marcaram a História de Alagoas,
envolvendo famílias violentas. Os Malta, de Mata Grande, fizeram
história, brigando entre si: Maia, de Pão de Açúcar; Teixeira, de Chã
Preta; Mendes, de Palmeira dos Índios; Novaes, de Santana do
Ipanema; Fidelis, de Pindoba; Calheiros, de Flexeiras; Tenório, de
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Quebrangulo (de onde surgiu o lendário Tenório Cavalcante, mais


conhecido como o “homem da capa preta”, que migrou para o Rio de
Janeiro, aterrorizando a Baixada Fluminense, com sua famosa
metralhadora: a Lourdinha.
Essas famílias, brigavam entre sí, por questões de terra e política.
aterrorizando os moradores das cidades, que, temiam ser mortos. Em
Mata Grande, os Malta brigavam entre primos, irmãos, tios e outros
parentes, provocando tiroteios em plena rua. Ninguém se atrevia a
abrir a porta. Sempre foram temidos e se orgulhavam disso. Pindoba,
sempre foi dominada pelos Fidelis, que aterrorizaram a pequena
cidade. Não é mais. Muitos morreram, outros estão presos e, os
sobreviventes, já não seguem o que seus antecessores fizeram.
Matavam friamente os pobres coitados, que “olhassem atravessado”
para um deles. Mas, essa fase também vem acabando. Muitos desses
valentões já morreram, e os descendentes, já não mais seguem essa
atitude burra, em desuso no mundo moderno em que vivemos.
Outro episódio que ficou na história, ocorreu mais recentemente,
envolvendo as famílias Calheiros e Omena, com sucessivos crimes,
aterrorizando Maceió. O cabo Henrique, da Polícia Militar, para vingar
a morte do pai, juntou seus irmãos (Omena) para matar os integrantes
de uma porção violenta da família Calheiros, que assinam-se Cavalcanti
Lins, com base na cidade de Flexeiras. Assassinatos sucessivos entre as
duas partes, eram manchetes dos jornais na época.
No Sertão alagoano, surgem dois personagens, que aterrorizaram o
Estado com sucessivos crimes: Floro e Valderedo. Iniciaram a matança
por questão de vingança, e aos poucos, os assassinatos foram se
sucedendo, culminando com uma espécie de bando, quase semelhante
ao de Lampião.
No final do século passado, surgiu um outro bando, que aterrorizou o
Sertão. Era de Marcos Capeta, um jovem revoltado, que assassinou
dezenas de pessoas em várias cidades de Alagoas, Sergipe, Bahia e

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Pernambuco. Sempre conseguiu fugir da polícia. Mas foi morto pela


PM baiana em agosto de 1999.
Vez por outra, surgiam famílias que dominavam a política e a economia
em seus municípios, envolvendo-se em questões de terras, culminando
com muita violência. Aos poucos, o coronelismo vai acabando, graças a
democracia, com a liberdade de imprensa e as denúncias feitas,
envolvendo figuras importantes do mundo político e econômico, que
acabam abandonando esse lado violento e engajando-se ao mundo
globalizado, competitivo e criativo, ao lado dos chamados emergentes,
que são pessoas pobres, que cresceram economicamente e se
tornaram líderes e poderosos.

Os Pioneiros e a Industrialização em Alagoas


Na época da colonização de Alagoas, os pioneiros foram: o alemão
Cristovão Lins, fundador dos três primeiros engenhos, em Porto Calvo,
e o português Antônio de Barros Pimentel, que fundou engenhos nos
vales dos rios Camaragibe e Santo Antônio. Depois foram surgindo
novas famílias, como os Mendonça, com seus engenhos de açúcar e
fazendas de criação de gado.
Mas só no século XIX, surge a indústria urbana em Alagoas. Em 1859, o
Barão de Jaraguá, fundou a primeira fábrica de tecidos: a de Fernão
Velho, ainda hoje existente. É o avanço da industrialização em Alagoas.
Depois foram surgindo outras fábricas têxteis, como a de Saúde, da
família Nogueira (Maceió): Vera Cruz, em São Miguel dos Campos
(Contonifício João Nogueira) ainda funcionando: Alexandria, em
Maceió, da família Lôbo e outras em Penedo e Pilar. Rio Largo cresceu
com o avanço dessa atividade, através do comendador Teixeira Basto
(duas fábricas), avançando mais ainda depois da administração do seu
genro Gustavo Paiva, um verdadeiro construtor do progresso de
Alagoas, que implantou naquela cidade, a mais avançada legislação
trabalhista do Estado. Os operários tinham moradia, com conforto e
toda infraestrutura (energia elétrica e água canalizada), escolas de boa
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qualidade para os filhos; assistência médica; cinema, clube social,


quadras de esportes, com piscina (uma novidade na época) e a garantia
de salários e dia e todos os benefícios sociais possíveis.
Outro pioneiro da indústria em Alagoas, foi o português Jacintho Nunes
Leite, que se estabeleceu em Bebedouro (ainda existe o casarão da
família, bem preservado). Instalou indústrias (foi proprietário da
fábrica de Fernão Velho); Os primeiros bondes da capital; energia
elétrica e água canalizada, em Bebedouro e outros benefícios. O bairro,
era naquela época (e até as primeiras décadas do século XX) o mais
nobre de Maceió. Verdadeiras mansões emolduravam a paisagem que
margeava a lagoa Mundaú, proporcionando um bonito visual aos
passageiros do trem que passava pelo local.
Na última década do século XIX, é a vez das usinas. Já havia sido
abolida a escravidão. Os engenhos estavam enfrentando uma grave
crise, com os escravos livres, tendo que ser remunerados. Os velhos
coronéis abandonavam a atividade, procurando outras mais rentáveis e
que empregasse menos gente.
Em 1891, surge a primeira usina de Alagoas: a Brasileiro, em Atalaia,
fundada pelo Barão de Vandesmant, um francês, que apaixonou-se por
Alagoas e aqui implantou uma moderna tecnologia, com a usina
dispondo de toda a infraestrutura tecnológica importada da Europa. E,
deu um novo perfil a atividade: os trabalhadores passaram a ser
operários, com moradia bem estruturada, assistência médica,
extensiva aos familiares: legislação trabalhista avançada e
aposentadoria. A usina funcionou até 1958.
Na mesma década de 1890, surge a segunda usina: Leão, no antigo
Engenho Utinga, em Rio Largo. A família Amorim Leão, também avança
no tempo, implementando um novo estilo de produção, com base no
incentivo ao trabalhador. Venceu. Ainda hoje a usina é comandada
pela família, já na quinta geração e misturada a família francesa
Dubeaux.

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A terceira usina fundada em Alagoas, foi em São José da Laje: Serra


Grande, aproveitada de um antigo engenho banguê. O coronel Carlos
Benigno Pereira de Lyra, foi outro pioneiro na industrialização
alagoana. Pernambucano, fixou-se com a família naquela região e fez
História. Dava total assistência aos seus empregados, produzia um
açúcar de excelente qualidade, e já com a usina em poder de seu filho,
Salvador Lyra, na década de 1930, lançou-se no mercado, o álcool
como combustível, com a marca Usga (iniciais da usina). Foram
instaladas bombas em São José da Laje, Maceió e Recife. Um sucesso,
que incomodou as multinacionais. Com o poder de pressão, esses
estrangeiros exigiram do então presidente Getúlio Vargas que acabasse
com esse projeto da usina alagoana. Foram atendidos. E o álcool
deixou de ser combustível, para só retornar na década de 1970, com a
criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), pelo então
presidente Ernesto Geisel.
Também no início do século XX, surge outro verdadeiro pioneiro da
indústria em Alagoas: o cearense Delmiro Gouveia, que havia saído do
Recife, depois que provocou muita confusão por lá, fruto de sua
audácia, inteligência e criatividade, que incomodavam os empresários
e políticos locais. Lá, na capital pernambucana, ele fundou o Mercado
do Derby, uma espécie de shopping center do século XIX.
Desembarcando em Penedo, navegou rio acima até chegar próximo à
Cachoeira de Paulo Afonso, encantando-se com a paisagem e resolvido
ficar. Bem próximo, no povoado Pedra, fundou a primeira fábrica têxtil
do Sertão alagoano. Também incomodou os estrangeiros, já que
concorria com a linha Corrente (inglesa). Implantou uma verdadeira
revolução industrial em plena região da seca. Venceu. Pedra tornou-se
uma cidade industrial, com a vila operária e toda a infraestrutura
moderna, onde os operários eram bem tratados pelo patrão,
recebendo toda assistência social possível. Luz elétrica, um avanço no
início do século XX. Nem a capital dispunha desse benefício. E Delmiro
levou a energia elétrica a Pedra, através da Cachoeira de Paulo Afonso,
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onde ele fundou a primeira Hidrelétrica do Nordeste, hoje ainda


esbanjando progresso e tecnologia. Foi assassinado em 10 de outubro
de 1917, quando lia jornal na varanda de seu chalé. O crime chocou
Pedra e todo o Sertão alagoano. Dois suspeitos, foram presos (ex-
empregados da fábrica). Mas a dúvida continuava. Ninguém achava
que fossem aqueles pobres coitados, admiradores do ex-patrão e até
compadres. Tinha “costa quente” por trás de tudo. Mas foram esses
ex-operários que pagaram a conta. Um morreu na cadeia e o outro
ficou até o fim da sua pena. Mas a família nunca se conformou e
reabriu o processo, já depois dele morto. Venceu. Foi a primeira
sentença pós-morte, onde o culpado foi julgado inocente. Coisas de
Alagoas mesmo.
A fábrica de Delmiro Gouveia passou por vários donos. Na década de
1980, chegou ao estágio de pré-falência, levando o proprietário ao
suicídio. Mas, recuperou-se. Foi adquirida pelo empresário Carlos Lyra,
e hoje é uma das mais modernas do país.

A Era Vargas
Quando o Brasil foi sacudido pela Revolução de 1930, levando o
gaúcho Getúlio Vargas ao poder, Alagoas era governada por Álvaro
Paes. A agitação política se restringia mais as grandes cidades. Inicia-se
a fase dos interventores nomeados pelo presidente da República.
Foram nove, em 15 anos da Era Vargas, que exerciam o cargo
obedecendo as decisões do chefe da Nação.
O primeiro desses interventores foi o sergipano Hermílio de Freitas
Melro, que passou um ano no poder, sendo substituído por Luiz de
França Albuquerque, alagoano de Viçosa, seguido do capitão Tasso
Tinoco, Afonso de Carvalho e Temístocles Vieira de Azevedo. As
eleições para deputados são realizadas em 1933, elegendo-se seis
alagoanos: Manoel de Goes Monteiro, Izidro Teixeira de Vasconcelos,
José Afonso Valente de Lima, Antonio de Melo Machado, Armando

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Sampaio Costa e Álvaro Guedes Nogueira, representantes do Estado,


na Assembléia Constituinte, que promulgou a Constituição de 1934.
Quem mais se destacou como interventor, foi o jurista Osman Loureiro,
também eleito governador nas eleições de 1935, permanecendo no
cargo até 1937 quando deu-se o Golpe do Estado Novo. Nesse período
de dois anos, como representante eleito pelo povo, fez várias obras e
liberou recursos para as áreas de educação, saúde e segurança pública.
Depois, já na ditadura, voltou a ser interventor.
Passaram ainda pela interventoria: José Maria Correia das Neves, Ismar
de Goes Monteiro e Antonio Guedes de Miranda. Acaba assim a Era
Vargas em Alagoas, iniciando-se o processo de redemocratização, com
as eleições gerais de 1946.
A ditadura de Vargas provocou muitas prisões de alagoanos, que
defendiam a democracia. O escritor Graciliano Ramos, já famoso na
época, foi preso no Rio de Janeiro. Esse episódio, gerou o livro
Memórias do Cárcere, um best-seller.
Apesar da ditadura, o povo adorava Getúlio, que implantou a
Legislação Trabalhista, criou o salário mínimo (muito valorizado na
época) e o voto da mulher. Alagoas viveu nas interventorias,
satisfatoriamente. No Estado Novo não existia Congresso nem
Assembléia. Portanto, gastos com deputados e senadores não era
preocupação do governo. A arrecadação servia para pagar
suficientemente os salários dos funcionários públicos

Fonte: ALAGOAS, Estado de. Disponível em: http://www.estado-de-


alagoas.com/historia-de-alagoas-guerras-e-guerrilhas.htm. Acesso em:
Fev. de 2017.

Exercícios Complementares – História de Alagoas


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Estado de Alagoas: colonização, povoamento, sociedade e indústrias.

1) No território alagoano, os engenhos de açúcar:

a) dependiam da participação da mão-de-obra escrava.


b)estavam dominados pelos interesses do mercado interno.
c) conseguiram se desenvolver com a ajuda do trabalho indígena.
d) pouco representaram para a economia do Nordeste.
e) tiveram seu auge na economia do século XVI.

2) Minha profissão é ser alagoano, já que, no momento, estou sem


trabalho e passo os meus dias jogando baralho. Sou um homem do
povo. Meu nome é ninguém.
Ledo Ivo, Calabar (Um poema dramático)

Analisando a formação e povoamento de Alagoas, podemos afirmar


que:
a)Penedo foi um dos primeiros povoamentos colonizados, fundado em
1575, dando inicio à civilização do couro.
b)Porto Calvo foi o primeiro povoamento na zona da mata, baseado no
trabalho escravo de índios, onde a cultura da cana de açúcar foi
iniciada, mas logo substituída pela criação de gado.
c)A civilização de couro, em Alagoas, se inicia com a expansão da
colonização de Penedo, que não conheceu a escravidão negra e sim a
servidão do índio de aldeia, baseada na lavoura da cana de açúcar e
dos seus engenhos.
d)Fundada como Vila Madalena de Sumaúna (hoje, Marechal
Deodoro), teve seu povoamento fortalecido por sua proximidade com
o mar, onde servia de entreposto para o transporte de gado e açúcar.

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e)Em Porto Calvo o povoamento ocorreu movido pela força do


trabalho escravo, desenvolvendo a civilização do couro (expressão do
historiador Capistrano de Abreu).

3) No século XVII, no atual território do estado de Alagoas, ocorreu a


maior revolta de escravos realizada no Brasil e que se tornou
célebre pela capacidade de estruturar economicamente a
comunidade de libertos e de resistir ao cerco dos senhores e das
autoridades.
Esse importante fato
histórico corresponde
A) à Revolta de Penedo, cujo líder foi Duarte Coelho.
B) à Revolta dos Emboabas, sob a liderança Caramuru.
C) ao surgimento do Quilombo de Trindade, cujo líder foi Arariboia.
D) à Revolta dos Malês, cujo líder foi Ganga.
E) ao surgimento do Quilombo dos Palmares, cujo líder foi Zumbi.

4) Tendo pertencido a Pernambuco na maior parte do período colonial


brasileiro, Alagoas adquiriu autonomia em 1817, quando se
transformou em província por decisão do governo central, sediado no
Rio de Janeiro. Essa emancipação política da região foi
interpretada como
A) forma de incentivar a introdução da cultura da cana-de-açúcar na
região.
B) recompensa ao donatário Duarte Coelho por sua lealdade ao rei.
C) estratégia para derrotar os quilombolas de Palmares.
D) gesto de gratidão do rei pela luta do povo alagoano para
expulsar os holandeses do Nordeste.
E) represália do poder central à Insurreição Pernambucana de 1817.

5) Movida por disputas pelo controle político da província de Alagoas,


Maceió assistiu a um conflito, em que não houve participação
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popular, mas que promoveu grandes tumultos para a população. O


fato narrado acima pode ser descrito como:
a)Guerra contra os papa-méis.
b)Guerra dos cabanos.
c)Cabanagem.
d)Revolta dos lisos versus cabeludos.
e)Revolta do Quebra-quilo.

6) O Quilombo dos Palmares foi o mais célebre dos locais de


resistência criados pelos africanos escravizados no Brasil. Assinale a
alternativa abaixo que indica a localização correta do Quilombo dos
Palmares:
a) Serra da Mantiqueira
b)Serra do Mar
c) Serra da Barriga
d) Serra da Canastra
e) Serra dos Pirineus

7) O quilombo dos Palmares se transformou em um importante fato


histórico através do qual, atualmente, o movimento negro brasileiro
buscar manter viva a memória da resistência dos africanos
escravizados contra a exploração vivenciada durante toda a história de
ocupação do território que hoje chamamos de Brasil.
Sobre os fatos relacionados ao quilombo dos Palmares, indique a
alternativa abaixo que está incorreta:
a) Em 1694, sob a liderança do bandeirante paulista Domingos Jorge
Velho, as forças oficiais começaram a impor a desarticulação de
Palmares.
b) O governador de Pernambuco, Aires Sousa e Castro, e Zumbi,
importante líder palmarino, assinaram o chamado “acordo de 1678” ou
“acordo de Recife”.
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c) A prosperidade e a capacidade de organização desse imenso


quilombo representaram uma séria ameaça para a ordem escravocrata
vigente. Não por acaso, vários governos que controlaram a região
organizaram expedições que tinham por objetivo estabelecer a
destruição definitiva de Palmares.
d) Instalado na serra da Barriga, atual região de Alagoas, Palmares se
transformou em uma espécie de confederação, que abrigava os vários
quilombos que existiam naquela localidade.
e) Pelo acordo de Recife, o governo pernambucano reconhecia a
liberdade de todos os negros nascidos em Palmares e concedia a
utilização dos terrenos localizados na região norte de Alagoas em troca
da promessa de que o quilombo não recebesse mais nenhum africano
fugido.
Letra B. O líder palmarino que assinou o acordo de Recife foi Ganga
Zumba, e não Zumbi.

GABARITO

1. E) ao surgimento do Quilombo dos Palmares, cujo líder


foi Zumbi.
2. E) represália do poder central à Insurreição Pernambucana de
1817.
3. a) dependiam da participação da mão-de-obra escrava.
4. a)Penedo foi um dos primeiros povoamentos colonizados,
fundado em 1575, dando inicio à civilização do couro.
5. d)Revolta dos lisos versus cabeludos.
6. c) Serra da Barriga
7. b) O governador de Pernambuco, Aires Sousa e Castro, e Zumbi,
importante líder palmarino, assinaram o chamado “acordo de
1678” ou “acordo de Recife”.

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