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Primeiros habitantes
Por volta do século XVI, o litoral do atual estado de Alagoas foi invadido por
povos de língua tupi procedentes amazônicos. Eles expulsaram os antigos
habitantes, falantes de línguas do tronco linguístico macro-jê, para o interior do
continente. No século XVI, quando os primeiros europeus chegaram ao litoral
de Alagoas, ele era habitado pela nação tupi dos caetés.
A guerra holandesa
Criação da comarca
Já então apresentavam as Alagoas indícios de prosperidade e
desenvolvimento, quer do ponto de vista econômico, quer do cultural. Sua
principal riqueza era o açúcar, sendo além disso produzidos, embora em menor
escala, mandioca, fumo e milho; couros, peles e pau-brasil eram exportados.
As matas abundantes forneciam madeira para a construção de naus. Nos
conventos de Penedo e das Alagoas os franciscanos mantinham cursos e
publicavam sermões e poesias. Tudo isso justificou o ato régio de 9 de outubro
de 1710, criando a comarca das Alagoas, que somente se instalou em
1711. Daí em diante, a organização judiciária restringia o arbítrio feudal dos
senhores, e até o dos representantes da metrópole. A comarca desenvolvia-
se. Já em 1730 o governador de Pernambuco, propondo a el-rei a extinção da
decadente capitania da Paraíba, assinalava a prosperidade de Alagoas, com
seus quase cinquenta engenhos, dez freguesias, e apreciável renda para
o erário real. Ao lado do açúcar, incrementou-se a cultura do algodão. Seu
cultivo foi introduzido na década de 1770; em 1778, já se exportavam
para Lisboa amostras de algodão tecido nas Alagoas. Em Penedo e Porto
Calvo, fabricava-se pano ordinário, para uso, sobretudo, de escravos. Em
1754, frei João de Santa Ângela publicou, em Lisboa, seu livro de sermões e
poesias; é a primeira obra de um alagoano. A população crescia, distribuindo-
se em várias atividades. Um cômputo demográfico mandado realizar em 1816
pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha registrava uma população de 89.589
pessoas.
Capitania independente
D. João VI de Portugal
Alagoas torna-se um distrito judiciário em 1711 e se separa oficialmente de
Pernambuco em 1817 para se tornar uma capitania independente, decreto
assinado pelo Rei de Portugal, Dom João VI. Esta separação se deu, dada a
importância de Alagoas para a Corte Portuguesa. Do ponto de vista econômico,
Alagoas possuía a cultura da cana de açúcar, latifúndios, fazia divisa
estrategicamente com a Bahia e Pernambuco (onde estava estourando o
movimento republicano, que assumiu o poder em Pernambuco, traindo a
coroa).
Para o Rei Dom João VI, firmar uma base política em Alagoas era muito
importante para o reino de Portugal, uma vez que economicamente falando era
um distrito rico, tanto que o rei assinou um decreto elevando o distrito de
Alagoas a Capitania de Alagoas (totalmente independente da Capitania de
Pernambuco).
Muitos livros contam de forma errônea a história da emancipação política de
Alagoas, o qual, sempre é contada do ponto de vista dos historiadores
pernambucanos. Alagoas aparece sempre como um sujeito passivo, fruto de
um heroísmo pernambucano, e como um prêmio aos alagoanos por não terem
aderido a revolução de 1817. A Revolução Pernambucana de 1817, também
conhecida como Revolução dos Padres, teve influência na separação do
distrito de Alagoas da Comarca de Pernambuco.
Três anos depois, em 1819, novo recenseamento acusou uma população de
111 973 pessoas. Contavam-se, então, na província, oito vilas.[28] Alagoas já se
constituíra capitania independente de Pernambuco, criada pelo decreto real de
16 de setembro de 1817. A repercussão da Revolução Pernambucana desse
ano não teve relevância na facilitação do processo de emancipação. O ouvidor
Batalha foi o principal mentor do povo alagoano, desmembrando a comarca da
jurisdição de Pernambuco e nela constituiu um governo provisório. Esses atos,
somados a importância de Alagoas para o Reino de Portugal, foram suficientes
para abrir caminhos que levaram o Rei, D. João a sancionar o
desmembramento. Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, governador
nomeado, só assumiu o governo a 22 de janeiro de 1819.
Acentuou-se a partir de então o surto de prosperidade de Alagoas. Em 17 de
agosto de 1831 apareceu o Íris Alagoense, primeiro jornal publicado na
província, assim considerada a partir da independência do Brasil e organização
do império. É certo que os primeiros anos de independência não foram fáceis.
Uma sequência de movimentos abalou a vida provincial: em 1824,
a Confederação do Equador; em 1832-1835, a Cabanada; em 1844, a rebelião
conhecida como Lisos e Cabeludos; em 1849, a repercussão da revolução
praieira.
Mudança da capital
Visconde de Sinimbu
Em 1839 a capital, então situada na velha cidade das Alagoas, foi transferida
para a vila de Maceió, localizada à beira-mar, no caminho entre o norte, o
centro e o sul da província. No processo de mudança defrontaram-se as duas
facções políticas mais importantes, uma chefiada pelo mais tarde visconde de
Sinimbu, outra pelo juiz Tavares Bastos, pai do futuro pensador Tavares
Bastos, nascido, aliás, nesse ano de 1839. Naquele momento a província
possuía oito vilas. Desde 1835 funcionava a assembleia provincial.
No governo da província sucediam-se os presidentes nomeados
pelo imperador, nem sempre interessados pelos destinos da terra, outras vezes
envolvidos por lutas partidárias. A província, contudo, progredia. No campo da
economia, vale salientar a fundação, em 1857, da primeira fábrica alagoana de
tecidos, a Companhia União Mercantil, no distrito de Fernão Velho. Idealizou-a
o barão de Jaraguá, contribuindo dessa forma para o fomento da economia
regional. Trinta anos mais tarde, fundou-se a Companhia Alagoana de Fiação e
Tecidos, que em 15 de outubro de 1888 se instalou em Rio Largo. Seguiu-se a
esta, em 30 de setembro de 1892, a fundação da Companhia Progresso
Alagoano, em Cachoeira. Em seguida, em 1924, nasce a Companhia de Fiação
e Tecidos Norte-Alagoas, a "Fábrica de Saúde". Dessa atividade têxtil
surgiram, com grande prestígio nacional, as toalhas da Alagoana.
Escola Normal de Aracaju.
O ensino recebeu incentivo com a instalação em 1849, do Liceu Alagoano,
destinado ao nível médio; é hoje o Colégio Estadual de Alagoas. O ensino
primário, já beneficiado em 1864 pelo estabelecimento de uma escola normal,
hoje funcionando sob a denominação de Instituto de Educação, recebeu
expressivo impulso com a criação de novas escolas. Com a fundação, em
1869, do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, hoje Instituto Histórico
e Geográfico de Alagoas, desenvolveram-se os estudos históricos e
geográficos. Do final do império ao início da república, incrementou-se o
movimento para a construção de engenhos centrais e aperfeiçoamento técnico
da fabricação de açúcar, o que iria dar origem às usinas, a primeira delas
constituída, todavia, já no período republicano.
Os movimentos abolicionista e republicano dos últimos anos da monarquia
atingiriam a província, o primeiro deles através da Sociedade Libertadora
Alagoana[42] e dos jornais Gutenberg e Lincoln. A campanha abolicionista
mobilizou a intelectualidade alagoana, sem entretanto chegar aos excessos da
violência. Professores e jornalistas atraíram a mocidade para a campanha, e
após a abolição, em 1888, foi um mestre como Francisco Domingues da Silva
que teve a iniciativa da criação de um instituto de ensino profissional, destinado
aos filhos dos ex-escravos.
República