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HISTÓRIA DO ACRE

Começaremos nosso estudo sobre o que julgo ser um dos aspectos mais relevantes de nossa
rica história, pois trataremos tudo acerca dos PRIMEIROS OCUPANTES, do que
posteriormente passaria a se chamar Acre. Aliás, cabe a ressalva de que a origem do nome do
nosso atual Estado vem da palavra AQUIRI, que significa “Rio dos Jacarés”, na língua dos
índios apurinãs, os habitantes originais da região.

OS POVOS INDÍGENAS, compõem o primeiro RAMO ÉTNICO FORMADOR


DO ACRE distribuídos por toda a área territorial. Os troncos linguísticos
indígenas do Acre são dois: PANO e ARUAK.
TRONCO LINGUÍSTICO TRONCO LINGUÍSTICO ARUAK (PURUS)
PANO (JURUÁ) a) Índios Kulinas
a) Índios Kaxinawás b) Índios Ashaninkas (anteriormente
b) Índios Yawanawás denominados de Kampas)
c) Katukinas c) Manchinery:
d) Índios Poyanawas
e) Índios Jaminawás
f) Índios Nukinis
g) Índios Araras
h) Indios Katukinas
i) Índios Nawas

1º Ciclo da Borracha- (1870-1918)

Entre fins do Século XIX e início do Século XX, os seringais da Amazônia, sobretudo, os
acreanos passaram a extrair o látex em grandiosa quantidade, pois, a produção da borracha
garantia uma forte economia para os seringalistas amazonenses e paraenses.

Veja abaixo as razões para esse ciclo iniciar:

A Segunda Revolução Industrial e a necessidade de pneumáticos foram determinantes para o


início do ciclo. Em fins do Século XIX, as grandes potências europeias, bem como os Estados
Unidos da América buscavam novos meios de enriquecimento e a inovação na produção
industrial. Desse modo, passaram a compreender que necessitavam de meios de transportes
eficientes, rápidos e que contribuíssem com o escoamento das mercadorias. Assim, surgiram
a bicicleta, o automóvel, os bondes elétricos, posteriormente o avião, sendo que todos esses
possuem pneus, logo a extração do látex para fazer pneus se tornou um foco enorme das
grandes nações. O processo de vulcanização (1839), de Charles Goodyear e Hancock, tornou
a borracha conhecida nas grandes potências europeias do Século XIX, e nos Estados Unidos.
Quando os botânicos criaram a vulcanização, a atenção dos grandes industriais da época se
voltou para a Amazônia.

MIGRAÇÃO NORDESTINA E OS EFEITOS DO 1º CICLO - SÉCULO XIX E XX

A fuga da seca de 1877 e o desejo de enriquecer estimularam os nordestinos,


PRINCIPALMENTE OS CEARENSES a migrarem para as terras amazônicas, alguns
historiadores afirmam que por aquelas bandas se contavam lendas de que nas terras da
Amazônia seria possível cortar o látex, deitar em uma rede e apenas esperar para o
enriquecimento chegar, a realidade era bem diferente. Porém, muitos morriam nas
embarcações, antes de chegarem em Belém ou Manaus, devido às condições precárias da
viagem, falta de alimentos, doenças.

Alguns historiadores falam que chegaram no Acre, cerca de 54 mil cearenses, somente até
1900. O preconceito com o nordestino, impediu os futuros seringueiros de tentarem a vida nos
cafezais, sem contar a forte presença de escravos na região sudeste. Além de mudar
inteiramente a vida dos nordestinos, o Primeiro Ciclo ou Surto da Borracha modificou a vida dos
indígenas, que tiveram parte de sua cultura atingida. Exemplo maior são as correrias, sendo
ações organizadas pelos patrões, que, enviavam os seringueiros em bando às aldeias,
matavam os homens e algumas mulheres indígenas. Aqueles que sobrevivam eram
vendidas junto com as crianças. As índias adultas e adolescentes que sobreviviam eram
“dadas” como esposas aos seringueiros, e, em outras ocasiões eram transformadas em
prostitutas.

CAUSAS DA DECADÊNCIA DA EXTRAÇÃO- 1º CICLO

• (1876) O botânico inglês Alexander Wickham vem a Amazônia e retorna a Inglaterra levando
consigo, da região de Santarém-Pará, num ato de pirataria, mais de 70 mil sementes de
seringueiras com o objetivo de plantá-las nas colônias britânicas da Malásia. No ano de 1913,
a produção de borracha dos seringais das colônias inglesas na Ásia, supera toda a produção
amazônica, derrubando a cotação internacional do produto. A desvalorização da borracha
aprofunda a crise econômica com o despovoamento dos seringais.

REVOLUÇÃO ACREANA- (1902-1903)

A Revolução Acreana foi a disputa pelo território do que hoje é o Acre entre Brasil, Bolívia e
Peru. O embate entre os três passou para o campo de batalha e gerou um conflito que durou
aproximadamente quatro anos. Os bolivianos que ocupavam a região foram expulsos e o
governador do Amazonas, Ramalho Júnior, organizou uma invasão do território liderada pelo
espanhol Luiz Gálvez Roreíguez de Arias. A expedição de Galvez declarou o Acre como uma
República independente em 1899. Mas o Brasil reconhecia o Acre como território boliviano,
enviou então uma tropa para dissolver a Revolução Acreana. A Bolívia decidiu reagir, organizou
também uma expedição militar para conquistar o território. Foram, no entanto, os seringueiros
que trabalhavam no local que impediram o avanço dos bolivianos. Para completar, o
governador Silvério Néri, do Amazonas, enviou outra expedição de defesa que declarou pela
segunda vez o Acre como uma República independente, em 1900. Rodrigo Carvalho assumiu
o cargo de presidente. Brasileiros e bolivianos, contudo, continuaram em guerra pela região. O
avanço militar dos bolivianos fez com que a segunda República Acreana fosse dissolvida. Já
em 1902, Silvério Néri enviou um militar gaúcho, José Plácido de Castro, para reconquistar o
território do Acre. A investida das tropas lideradas pelo gaúcho caracteriza especialmente a
chamada Revolução Acreana. A nova expedição obteve grande sucesso e conquistou
rapidamente toda a região. Em 1903 foi declarada pela terceira vez a República do Acre, mas
dessa vez dois importantes indivíduos declararam apoio à independência, o
presidente Rodrigues Alves e o Ministro do Exterior Barão do Rio Branco, (José Maria da
Silva Paranhos Júnior). O Acre foi ocupado então por um governo militar sob comando do
general Olímpio da Silveira. Os bolivianos mais uma vez tentaram reagir, novas tropas foram
enviadas pelo general Pando. Todavia, a diplomacia brasileira não permitiu que combates
significativos acontecessem nesta ocasião. Antes das batalhas, representantes dos governos
do Brasil e da Bolívia se reuniram para assinar no dia 21 de março de 1903 um tratado de paz
inicial. Ao final do mesmo ano, em 17 de novembro, o tratado definitivo foi assinado. O Tratado
de Petrópolis estabeleceu o fim do confronto entre brasileiros e bolivianos pelo território do
Acre. A negociação de paz foi muito bem conduzida pelo ministro Barão do Rio Branco e
resultou na concessão, por parte da Bolívia, da região acreana. Em troca, o Brasil cedeu parcela
do território do Mato Grosso e ainda pagou dois milhões de libras esterlinas. A Bolívia ainda
requisitou a construção da ferrovia Madeira-Mamoré para permitir o escoamento da produção,
especialmente marcada pela borracha.

ELEVAÇÃO DO ACRE À ESTADO

Em 15 de Junho de 1962, o Presidente João Goulart, assinou em Brasília a Lei nº 4.070, que
determinou a ELEVAÇÃO DO ACRE À CATEGORIA DE ESTADO. Com a Elevação, o Acre
passaria a ter o Direito de escolher seus representantes, arrecadar impostos, estabelecer suas
leis e elaborar uma Constituição interligada à Federal; Eleições para Governador e Deputados,
logo após a Elevação; 120 dias para elaborar uma Constituição Estadual. Em 1º de março de
1963, foi promulgada a Primeira Constituição Estadual e o cruzeirense Profº. José Augusto de
Araújo (PTB) foi eleito pelo voto popular como o PRIMEIRO GOVERNADOR DO ESTADO.

2º Ciclo da Borracha- (1842-1945)

• O 2º Ciclo está inteiramente ligado ao contexto da Segunda Guerra Mundial, quando os


japoneses bombardearam a Malásia. No contexto de Guerra, os EUA principal comprador de
borracha da Malásia para produção de pneumáticos, recorre ao Brasil. Com a extração do látex
nos seringais acreanos, surgem os termos “Batalha da Borracha” e “Soldados da Borracha”.
Enquanto a Guerra Armada ocorria na Europa, no Acre os seringais tinham a obrigação de
abastecer o bloco dos Aliados, sobretudo, os EUA com uma grande quantidade de borracha.
“SOLDADOS DA BORRACHA”: Termo designado aos trabalhadores rurais, isto é,
seringueiros, que eram responsáveis pela extração do látex, nos seringais acreanos para
ser exportado para os EUA, e, manter esse país na 2º Guerra Mundial;

A ECONOMIA AGROPECUÁRIA

• Entre 1970 e 1980, muitos seringalistas somente tiveram como alternativa, venderem seus
seringais à preços baixos para os PAULISTAS, para que assim pudessem sanar suas dívidas
com o Banco de Crédito da Amazônia. A partir da compra de seringais e dos incentivos
fiscais, inúmeros empresários advindos do Centro- Sul do Brasil passaram a investir na
pecuária, eles eram os “novos donos”, chamados de PAULISTAS OU SULISTAS. O termo
“Empate” vem de “empatar”, que significa impedir alguém de realizar ato danoso a um
determinado grupo. OS EMPATES: Resistência contra o desmatamento para a adesão da
atividade pecuária e a expulsão dos seringais. Durante o Empate, era comum os
seringueiros cantarem, rezarem e viverem momentos de solidariedade. Para empatar a
derrubada, é colocada em prática, de imediato, a intervenção física humana na área onde
homens e mulheres e crianças se posicionam entre as árvores ameaçadas de desmate, cercam
os peões, dialogam, pedem para que parem com os serviços. Quando os trabalhos das
derrubadas são paralisados, momento em que os peões baixam os motosserras, os
seringueiros constroem acampamentos na área e esperam pelo desenrolar das negociações;

Wilson Pinheiro

• Wilson Pinheiro foi presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e da


Comissão Municipal do recém criado Partido dos Trabalhadores. Em 1979, liderou o
‘‘Mutirão contra a Jagunçada’’, movimento que reuniu centenas de trabalhadores marcharam
contra jagunços armados que ameaçavam os posseiros da região amazônica. Os trabalhadores
unidos tomaram mais de 20 rifles automáticos dos jagunços e entregaram ao Exército em Rio
Branco. “No dia 21 de julho de 1980, por volta de 20h30, o presidente do Sindicato de
Trabalhadores Rurais de Brasileia e presidente da Comissão Municipal do PT nessa cidade,
Wilson de Souza Pinheiro, foi assassinado pelas costas, quando se encontrava reunido com
outros trabalhadores na sede do sindicato.”.

CHICO MENDES

• Em 1975, Chico Mendes iniciou sua atuação como sindicalista, foi nomeado secretário geral do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Basileia. No ano seguinte iniciou sua luta em defesa da
posse de terra para os habitantes nativos da região. Em 1977 participou da fundação do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Nesse mesmo ano foi eleito vereador pelo MDB.
Recebeu as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros. Em 1981 assumiu a direção
do Sindicato de Xapuri, tornando-se presidente. Em 1982 candidata-se a deputado federal pelo
PT, mas não consegue se eleger. Em outubro de 1985 Chico Mendes liderou o Primeiro
Encontro Nacional de Seringueiros, quando apresentou a proposta da “União dos Povos da
Floresta”, um documento que reivindicava a união das forças dos índios, trabalhadores rurais e
seringueiros, em defesa e preservação da floresta Amazônica e das reservas extrativistas em
terras indígenas. Durante todo o ano de 1988, Chico Mendes recebeu ameaça de morte por
grupos ligados às organizações clandestinas que desmatavam a região. Após inúmeros
conflitos, Chico Mendes foi assassinado, com tiros de escopeta, ao sair de sua casa em Xapuri.
Em 1990, os acusados de sua morte, o fazendeiro Darly Alves da Silva, o mandante, e seu filho
Darci Alves da Silva, o executor, foram julgados, condenados a 19 anos de prisão e levados
para a Penitenciária de Rio Branco. Três anos depois, eles fugiram, sendo recapturados em
1996. Em 1999 conquistaram liberdade condicional.

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