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BRASIL COLONIAL
DESCOBRIMENTO, IMPACTOS,
CONFLITOS E CICLOS ECONÔMICOS
SHEILA DE SOUZA
INTRODUÇÃO
HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL -
DESCOBRIMENTO, IMPACTOS, CONFLITOS E CICLOS ECONÔMICOS
ESTUDO QUE ABRANGE TODO O PERÍODO PRÉ COLONIAL E COLONIAL, DE 1500 ATÉ
1822.
O BRASIL JÁ ERA
HABITADO QUANDO OS
DESCOBRIMENTO
PORTUGUESES CHEGARAM
Assim como em diversas partes do globo,
o nosso continente já era habitado por
seres humanos que foram
desenvolvendo o próprio modo de vida
com suas peculiaridades, língua e
cultura.
Aqui no Brasil, a altura do seu "descobrimento" pelos portugueses, eram os povos indígenas
que vivam desde a costa até o interior desse novo mundo, usufruindo de suas riquezas e
clima, em número expressivo e com certo grau de organização político-hierárquica.
DESCOBRIMENTO
Tribos índigenas
O objetivo era ir até a Índia, mas Cabral tinha A tripulação liderada pro Pedro Álvares cabral
ainda a missão de explorar se havia terras no Sul desembarca na costa no dia 23 de abril com o
da América. capitão Nicolau Coelho, onde é hoje a atual
Cidade de Porto Seguro.
As embarcações seguiram a rota e pararam pra
abastecer nas Ilhas Canárias e no Arquipélago de O relato desse momento está presente na carta
Cabo Verde. de pero vaz de Caminha. (a seguir)
CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
PRIMEIRO DOCUMENTO DO BRASIL
[...]Foram 21 dias de abril, neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito.[...]
[...] E o Capitão-mor mandou em terra, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito
ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas
vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e
Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e
um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com
uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal
grande de continhas brancas.[...]
Pintura retratando o momento em que os índios são convidados a visitar uma das embarcações.
Fonte da imagem: https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/primeiros-contatos-entre-portugueses-e-indigenas
3,5
MILHÕES
Cerca de 3,5 milhões de índios
habitavam o Brasil na época do
descobrimento, em 1500.
700
Já em 1650 o número havia baixado pra
cerca de 700 mil indígenas, resultado
majoritário de conflitos constantes e
doenças trazidas pelos europeus.
MIL
PERÍODO PRÉ-COLONIAL
PROCESSO DE OCUPAÇÃO
Foi a primeira fase da colonização do território brasileiro. Estendeu-se de 1500 até 1534,
quando foram criadas as capitanias hereditárias.
O grande destaque desse período se deu com a larga exploração do Pau-Brasil por meio de
três feitorias que serviram como local de armazenamento instaladas em Cabo Frio, Porto
Seguro e Igarassu.
A primeira grande exportação da madeira aconteceu em 1511, com cerca de 5 mil toras da
árvore sendo enviadas a Portugal em embarcações. Os índios permitiram a exploração do Pau-
Brasil em troca de ferramentas, utensílios, espelhos e outros agrados.
Toda essa dinâmica acontecia ao mesmo tempo que os franceses tentavam dominar parte
desse novo mundo e os portugueses de viam obrigados a retaliar e resistir.
ÍNDIOS COMO AGENTES DE SEU DESTINO
Na cultura indígena e memória popular desse povo, é comumente defendido de que foi
por interesse deles mesmo que houve essa abertura para os exploradores. "A gênese do
homem branco nas mitologias indígenas difere em geral da gênese de outros
estrangeiros."(Cunha, pg 24. 1992). Logo, podemos perceber que os índios foram agentes
de seu destino, ainda que tenham feito escolhas erradas e até ingênuas que os levaram a
sérios prejuízos.
Chegada dos franceses a Divisão do Brasil em
fim de explorar o território capitanias hereditárias.
1504 1534
1500
1532
Descobrimento
Martin Afonso instala
pelos portugueses
o primeiro engenho.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
O objetivo era pacificar a disputas desses reinos, que já investiam massivamente nas
grandes navegações,
O fim do tratado se deu com a formação da União Ibérica (1580-1640), quando os reinos
de Portugal e Espanha foram unificados.
1º CICLO ECONÔMICO: PAU BRASIL (1500-1530)
O pau-Brasil foi explorado no período pré-colonial. A árvore nativa foi encontrada em abundância no
território recém descoberto e os índios a utilizavam para fazer uma tintura e pintar os corpos com a cor
vermelha extraída da planta.
Como as árvores estavam localizadas em toda a região costeira a sua extração e embarcação era fácil,
sendo enviada para países da Europa como planta tingidora.
Foram organizadas três grandes expedições para explorar o pau-Brasil que ocorreram em 1502, 1503 e
1504. Após anos de exploração a árvore começou a entrar em processo de extinção e ser difícil de
encontrar. Passaram então a contar ainda mais com a ajuda dos índios em troca de presentes para os
nativos. Posteriormente passaram a escravizar e obrigar os índios a explorarem o pau-Brasil a todo e
qualquer custo.
A longo prazo a extinção da matéria prima levou os portugueses a buscarem outras formas de
enriquecimento.
ESCRAVIZAÇÃO DOS ÍNDIOS 1534
A princípio a mão de obra indígena era utilizada a partir do escambo (trocas), posteriormente passaram a
ser capturados para trabalhar à força na exploração do pau-Brasil.
Outra forma usual de obter escravos indígenas era comprando os prisioneiros de conflitos entre as tribos
nas guerras intertribais, denominada como “compra à corda”.
Em 1532 Martin Afonso instala o primeiro engenho na Vila de São Vicente, atual Estado de São Paulo. A
produção açucareira gerou grandes lucros nas décadas seguintes.
Com o passar do tempo, o valor da colônia se concentrava cada vez mais na produção açucareira, então os
senhores de engenho acabaram por se valer da mão-de-obra- indígena, pois era mais barato capturar os
nativos que comprar e trazer escravos de outro continente.
Entre 1540 e 1570 foi o auge da escravidão indígena nos engenhos, especialmente em Pernambuco e Bahia.
Em 1550 tem início o tráfico negreiro para suprir a alta demanda dos engenhos.
PRIMEIRO GOVERNO-GERAL DO BRASIL - 1548
Após a escravidão dos índios começar a gerar inúmeras baixas devido as mortes por doenças
como varíola, transmitida pelos próprios portugueses; rebeliões geradas pelos índios; fugas;
1550 restrições criadas pelo jesuítas para escravizarem os nativos; entre outros fatores, teve início o
tráfico negreiro.
No século XV os portugueses começaram a ter contato com diferentes povos africanos, dentre
Inicia a criação de gado os bens comercializados estavam os trabalhadores.
no Brasil, com chegada de Os escravos africanos eram provenientes de embates entre os próprios africanos ou vendidos
espécies. como presos que cometeram algum delito como roubo ou adultério, porém, nesse primeiro
momento, o custo para adquirir um escravo africano ainda era cerca de três vezes maior que um
Em Salvador chega a indígena.
primeira leva de escravos
vindos da África. Apesar de ter tido início em 1550, foi somente em 1720 que a população de africanos
ultrapassou a de indígenas, já que "entre 1701 e 1720, desembarcaram nos portos brasileiros
cerca de 292 mil africanos escravizados, em sua maioria destinados às minas de ouro"
(MARQUESE, 2006), mas todo o processo de trazer africanos se deu já nas lavouras de cana-de-
açúcar, e só posteriormente teve aumento significativo devido ao ciclo do ouro.
O tráfico negreiro no Brasil durou cerca de 300 anos, estima-se que
quase 5 milhões de africanos tenham sido trazidos a força para
serem escravizados.
Primeira tentativa dos franceses de implantarem uma colônia no Brasil, aconteceu no Justificativas para atacar os
Rio de Janeiro, na atual Bahia de Guanabara. indígenas, entre elas recusa à
conversão pelos jesuítas,
A França manteve-se constantemente em conflito com os portugueses pelo controle hostilidade contra vassalos,
do comércio do pau-Brasil. quebra de pactos, rituais
antropofágicos (comer inimigos
Franceses se aliaram aos Tamoios contra os portugueses, mas os jesuítas conseguiram vencidos em batalha), entre
negociar com os índios em troca da promessa de não serem mais explorados pelos outros.
portugueses. Sem esse apoio os franceses não conseguiram resistir e foram expulsos
em 1567.
Início do domínio espanhol,
também chamado União Ibérica. Os franceses invadem o Maranhão e
fundam a França Equinocial.
1580
1612
Após a morte do rei de portugal sem deixar descendentes Segunda tentativa de formar colônia no Brasil,
houve uma crise sucessória (Crise da Dinastia de Avis) que dessa vez um forte em São Luís do Maranhão.
resultou a passagem do trono português para a coroa
espanhola. Já haviam dominado quase todo o Leste do
Pará e boa parte do Amapá, quando em 1615
Portugal permaneceu sob domínio espanhol e adquiriu foram expulsos pelos portugueses, que
com isso os inimigos desse reino, que incluía a Holanda. aproveitaram pra estender o cultivo da cana
até lá.
CRISE DA DINASTIA DE AVIS, UNIÃO IBÉRICA E HOLANDA EXCLUÍDA
O rei de Portugal morreu sem deixar herdeiros diretos, o que ficou conhecido como a Crise da
Dinastia de Avis. Houve uma disputa e Filipe II, da Espanha, foi coroado rei de Portugal.
As coroas foram unificadas, esse processo ficou conhecido como a União Ibérica.
Como a Espanha estava em guerra com a Holanda desde 1568, as relações diplomáticas da Holanda
com Portugal ficaram comprometidas, mesmo embora os holandeses tenham sido parceiros
comerciais dos portugueses até então.
1640
GUERRA DE RESTAURAÇÃO
Procuradores da Capitania de
São Vicente expulsam os jesuítas
Após o afastamento dos representantes espanhóis sobre Portugal devido a Guerra dos 30 anos
(Guerra de restauração).
que a Espanha travava, Portugal, agora sob comando do rei D. João IV, iniciou o processo de
Chega ao fim o domínio espanhol.
retomada do poder.
Teve início em 1640 e terminou em 1668 com o Tratado de Lisboa. A expulsão dos espanhóis se
deu por meio de mobilização popular.
HOLANDA NO BRASIL
1630-1637 dominaram o Nordeste. 1637 chegada de Mauricio de Nassau que estabeleceu a colônia
holandesa, incentivou e investiu na cultura local. 1643 a colônia holandesa veio a falência, Nassau volta
para a Holanda.
1654 Esquadra portuguesa cerca Recife e retoma a região. É a expulsão definitiva dos holandeses.
A reconquista portuguesa também acontece simultaneamente na África em territórios que haviam sido
tomados em 1630.
1680
Eclodiu a partir da insatisfação da O ciclo do ouro mudou a ocupação do território, ocorrendo uma grande movimentação de
população de São Luís do Maranhão com pessoas para a região das minas de ouro. As jazidas foram divididas em lavras (lotes para
o monopólio exercido pela Companhia de exploração aurífera). O enriquecimento da região fez surgir uma elite letrada já que os
Comércio do Maranhão (ficou conhecido filhos dos exploradores puderam ser mandados para a Universidade de Coimbra.
como estanco) e ação dos jesuítas sobre A exploração do ouro passou a ser a atividade mais lucrativa da colônia.
a escravização dos índios, já que desejam A descoberta dessas minas de ouro fez com que diversos portugueses viessem para o Brasil
catequiza-los e explorar o trabalho deles com o intuito de explorar e enriquecer.
em prol da igreja.
CICLO DO OURO (1690-1850)
Os portugueses enfrentaram uma forte concorrência pelo comércio da cana-de-açúcar contra os ingleses e os
holandeses que também cultivavam a matéria prima do açúcar no Caribe. Intensificaram a exploração do
território e encontraram jazidas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Com o objetivo de garantir o controle sobre a extração do ouro, Portugal instituiu vários impostos e transferiu
a capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763).
A exploração gerou o maior momento do controle de Portugal sobre o Brasil, e aqueles que desviavam ouro
sem pagar as taxas devidas recebia duras penalidades.
Guerra dos Emboabas. Guerra dos Mascates Coroa Portuguesa cria o 1720 - Revolta de Filipe dos
(conflito entre senhores de "quinto" (imposto sobre o Santos, também conhecida como
Os bandeirantes vindos de São
engenho de Olinda e ouro encontrado no Brasil) Revolta de Vila Rica (contra a
Paulo foram os primeiros a
comerciantes portugueses e as Casas de Fundição. cobrança do "quinto").
descobrirem as minas de ouro
de Recife).
e pediram aos portugueses
exclusividade em sua
Revolta do Sal em Santos
exploração. Os estrangeiros,
(SP) devido ao monopólio COBRANÇA DO "QUINTO" SOBRE O OURO
aqueles que chegaram depois,
do sal por parte de poucos
também queriam explorar. O
comerciantes (em sua O ouro destinado ao imposto era cobrado já nas casas de fundição, que
termo "emboaba" significa
maioria portugueses) por só foram oficialmente abertas em 1725, passagem obrigatória para
estrangeiro em tupi. Entre
um preço abusivo. registrar os "certificados de recolhimento".
1708 e 1709 paulistas e
O quinto era tão odiado pelos brasileiros que passou a ser chamado de
emboabas se confrontaram. Os
"O quinto dos infernos".
emboabas ganharam e assim
Apesar da coroa portuguesa fiscalizar duramente a exploração, os
exploradores passaram a vir
desvios aconteciam de diversas formas, inclusive com os jesuítas que
em massa de diversas partes
tinham passe livre pelas minas.
do Brasil.
1730 1750 1755 1759
Fim definitivo da
Descoberta das primeiras Assinatura do Tratado de Após seu fracasso é extinto
escravidão indígena.
minas de Diamantes na Madri, entre Portugal e o sistema de Capitanias
Ocorreu em dois
região do Vale do Espanha, que cancelou o Hereditárias.
momentos:
Jequitinhonha (Minas Tratado de Tordesilhas e
1755, com uma lei válida
Gerais). Inicia-se o período definiu o território
apenas para o Estado
de exploração de brasileiro de acordo com a
Grão-Pará e Maranhão, e
diamantes no Brasil ocupação estabelecida até
1758, quando a lei foi
Colonial. aquele ano.
estendida para todo o país.
CICLO DO DIAMANTE (1730-FINAL DO SÉCULO XIX)
Teve início por volta de 1730 com a descoberta de minas de diamantes no Arraial do Tejuco (atual Diamantina),
Comarca de Serro Frio e Vale do Jequitinhonha (MG).
O ciclo durou até o começo do século XIX, período em que as minas já estavam saturadas de exploração, ainda
assim, apesar de quase dois séculos de exploração, o ciclo de diamantes era secundário em relação ao ciclo do
ouro.
Com a crise na economia açucareira desde o século XVIII, Portugal investiu pesado na exploração das minas de
ouro, diamantes e esmeraldas. Além de Minas Gerais, haviam ainda minas em Mato Grosso, Bahia e Goiás, o que
fez surgir muitas Cidades em função do trabalho empregado e lucros obtidos com a exportação.
Em 1771 surgiu a Real Extração, novo sistema de exploração que era realizado diretamente pela Coroa
portuguesa, o que mantinha o total controle das áreas diamantíferas. Para aumentar o controle foi criado o
Distrito Diamantino e a Intendência dos Diamantes com o intuito de controlar, regularizar e cobrar impostos.
Utilizou, majoritariamente, mão de obra escrava. Os portugueses alugavam os trabalhadores africanos para os
donos das minas, o que gerou ainda mais retorno financeiro para a Coroa.
1763 1765 1771
O cultivo para a larga produção de café teve início no Rio de Janeiro, mas o esgotamento das terras fez
com que migrassem até encontrar o interior de São Paulo, que nesse momento passou a crescer em
ritmo acelerado.
O auge aconteceu no segundo Império (1840-1889), o Brasil chegou a exportar mais 50% do consumo
mundial, mas em 1888 ocorreu uma grande crise cafeeira no Brasil proveniente da abolição da
escravatura.
1789 1792
TIRADENTES
Inconfidência Mineira Tiradentes, líder da
(tentativa de tornar o Inconfidência Mineira, é Joaquim José da Silva Xavier (1746), nascido em Minas Gerais, era dentista
Brasil independente de enforcado em praça pública. amador, o que lhe rendeu o apelido de "tiradentes". Trabalhou em diversas
Portugal). funções ao longo da vida devido a pouca instrução.
Em 1720 já havia ocorrido a Revolta de Vila Rica, assim como outras manifestações visando diminuir as
taxas, já a inconfidência mineira foi a primeira com o intuito de separar a capitania da Coroa portuguesa.
O Marquês de Pombal havia aumentando as cobranças com o objetivo de reconstruir Lisboa recém
afetada por um terremoto (1755). Isso foi minando ainda mais a relação dos portugueses com os
colonos, até que em 1780 começaram a organizar uma resistência. Além de obter a desvinculação da
coroa, a elite econômica conspirou ainda pelo ideal de separar Minas Gerais e transforma-la em uma
República.
Toda a trama foi descoberta em 1789, então o Visconde de Barbacena suspendeu a "derrama" e iniciou
uma investigação sobre a conspiração. Todo o drama se estendeu por três anos. Vários dos envolvidos
foram condenados à forca e absolvidos, exceto um: Tiradentes, já que o mesmo era o maior
propagandista do motim e a Coroa queria utiliza-lo como exemplo.
CICLO DO ALGODÃO: (MEADOS DO SÉC XVIII - INÍCIO DO SÉCULO XIX)
Com a Revolução Industrial na Inglaterra (1760 - 1820) a necessidade de algodão para o setor têxtil
levou a larga exploração da matéria prima.
Essa fase ficou conhecida como "renascimento agrícola", já que a mineração começou a entrar em
decadência e foi o momento em que o país passou ainda a cultivar e comercializar produtos tropicais
simultaneamente com o algodão visando suprir o mercado externo como forma de obter outras fontes
de lucros.
A produção acontecia em grandes fazendas cultivadoras (latifúndios), utilizando mão de obra escrava
africana, a produção era voltada em maior parte ao mercado externo, especialmente Inglaterra. O
Maranhão foi a principal região de produção, mas também Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia,
Ceará e Pará.
1798
CONJURAÇÃO BAIANA
Também conhecida como "Revolta dos Alfaiates" (por seus principais líderes, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, serem
alfaiates) ou "Conspiração dos Búzios", tinha como objetivo desvincular a Bahia de Portugal, atender diversas exigências da camada
pobre e abolir a escravatura.
Um dos principais fatores que levaram a revolta foi o fato de, após a capital do Brasil ser transferida para o Rio de Janeiro, a população de
Salvador ter sido abandonada a própria sorte.
Reflexos da Revolução francesa chegavam ao Brasil com força, e os maçons tiveram forte influência nessa disseminação, bem como na
participação da conjuração.
Após a distribuição de panfletos divulgando a conjuração, as autoridades agiram rapidamente e acabaram prendendo diversas pessoas
que foram condenadas a morte e esquartejadas. Os maçons envolvidos tiveram penas mais brandas.
Apesar do desfecho negativo, o movimento influenciou outras ações que levaram a conquista da independência em 1822.
1808 1815 1817 1821
Fuga da corte portuguesa D. João traz para o Brasil a Após a derrota de Napoleão para a
Brasil é elevado a Reino
para o Brasil. missão artística francesa. Inglaterra e a desocupação de Portugal
Unido de Portugal e
pelas tropas francesas, a corte
Algarve.
Abertura dos Portos às portuguesa retorna para Portugal.
Nações Amigas.
Portugal buscou manter um posicionamento neutro a respeito Já existiam inúmeras desigualdades sociais no Brasil, mas a vinda
dos conflitos entre França, na época governada por Napoleão da Corte portuguesa só agravou o problema e a aumentou ainda
Bonaparte, e Inglaterra, mas acabou sofrendo retaliações por mais a insatisfação local.
desrespeitar ordens de Napoleão mantendo contato comercial
com a Inglaterra. Houve aumento de impostos para alimentar os luxos da família
Em novembro de 1807, quando Portugal estava prestes a ser Real e para financiar campanhas militares, além de nomeação de
invadida por Napoleão, a família Real embarcou com destino ao servidores portugueses para ocuparem posições importantes,
Brasil, chegando em janeiro de 1808. prejudicando as elites locais.
CORTE PORTUGUESA NO BRASIL - NAPOLEÃO
Nesse período França e Inglaterra eram países capitalistas
industriais, enquanto Portugal era mercantilista, mas estava
atrelado a Inglaterra política e economicamente devido ao
"Tratado de Methuen" (Panos e Vinhos, de 1703, onde
portugueses consumiriam produtos têxteis ingleses, e ingleses
os vinhos portugueses ).
O rei voltou em 1821 mas no Brasil a insatisfação foi geral, já que Portugal deixava clara a intenção de manter
os laços coloniais e dinâmica de exploração. Pedro de Alcântara ficou como regente do Brasil.
Posteriormente, em 1822, Portugal exigiu o retorno de D. Pedro, o que desagradou e fez surgir o Clube da
Resistência no Brasil: coletaram 8 mil assinaturas e entregaram ao príncipe regente exigindo sua permanência
no Brasil. Motivado pelo ato, D. Pedro disse a celebre frase: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da
Nação, diga ao povo que fico."
Em agosto de 1822, D. Pedro e seus ministros foram acusados de traição, já que gozavam de certos privilégios
e fizeram valer uma série de medidas em favor do Brasil. As exigências de Portugal eram absurdas e D. Pedro
viu a necessidade de romper de vez com Portugal. Em 7 de setembro proclamou a Independência do Brasil.
GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Todo o processo que resultou na Proclamação de Independência do Brasil não foi pacífico em
nenhum momento, bem menos após a recusa de D. Pedro em retornar a Portugal e desvincular-se
dos interesses que favoreciam o Brasil.
No próprio Brasil houveram movimentos "não adesistas" que deixava clara a insatisfação de muitos
nessa desvinculação e mantinham-se leais a Portugal.
Nas províncias do Pará, Bahia, Maranhão e Cisplatina (atual Uruguai), houve a criação de campanhas
militares para combater as revoltas dos que não aderiram à independência eclodindo na "Guerra de
Independência do Brasil".
Com a Proclamação da República do Brasil surge então o Brasil como nação independente, o
nascimento da nacionalidade "brasileira", e um endividamento de dois milhões de libras como
indenização aos portugueses.
COLONIZAÇÃO E CICLOS ECONÔMICOS CONCOMITANTES
Sabemos então que quando os portugueses chegaram esse novo território que hoje é o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Brasil já era habitado por índios, e que esses deram abertura para uma relação pautada no
escambo. Posteriormente os portugueses se aproveitaram dessa ingenuidade chegando
inclusive a escravizar os índios e dizimá-los em conflitos diretos ou por doenças trazidas
pelos homens brancos. Até hoje existem conflitos entre os indígenas e aqueles que
desrespeitam seu direito à terra.
D. Pedro I
Reconstituição do rosto de D. Pedro I.
Criador: MAURICIO DE PAIVA
Moritz, Lilia M. Brasil: uma biografia. 2ª Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018
MARQUESE, Rafael de Bivar. Artigo Scielo: “ A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII
a XIX”. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/xB5SjkdK7zXRvRjKRXRfKPh/
BAUER, Caroline Silveira. "História do Brasil Colônia". Editora SAGAH. Porto Alegre, 2020.
COSTA, Marcos. "A história do Brasil pra quem tem pressa". Editora Valentina. Rio de Janeiro, 2016.
“Genocídio no Brasil: mais de 70% da população indígena foi morta” Disponível em:
https://observatorio3setor.org.br/noticias/genocidio-brasil-mais-de-70-da-populacao-indigena-foi-morta/. Acessado em
07/03/2023
CUNHA, M.C. da. História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras/ Secretaria Municipal de Cultura/Fapesp, 1992.