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QUILOMBOLAS

QUILOMBOLAS: Remanescentes de um grupo


étnico-racial formado por descendentes de
escravizados fugitivos.

QUILOMBO: são espaços ocupados


historicamente pela população negra
brasileira, tanto no campo quanto na cidade,
desde o período da escravidão.

Comunidade negra da Igrejinha de São Benedito,


localizada em Campo Grande/MS, é definida como
uma comunidade remanescente de quilombo desde
1905 e reconhecida pela Fundação Cultural Palmares
A ORIGEM DOS QUILOMBOS

As comunidades quilombolas foram estabelecidas no


Brasil durante o processo de ocupação do território
nacional por colonizadores europeus, no decorrer do
período de colonização (1500-1822).

Esse período foi marcado pela exploração


e escravização dos povos nativos (indígenas) e
afrodescendentes. Estes eram trazidos das colônias
africanas ao Brasil pelos colonizadores.
RESISTÊNCIA QUILOMBOLA
A degradante situação às quais a população negra e indígenas
eram submetidos geravam, muitas vezes, revoltas por parte
desses grupos. Entre as formas de resistência e reivindicação
de condições de vida dignas estava o agrupamento de
escravizados que fugiam dos seus senhores.

“As comunidades quilombolas representaram, durante o


regime colonial e imperial, uma forte estratégia de resistência
negra e um elemento de desestabilização da lógica escravista,
uma vez que constituíam como ruptura social, ideológica e Zumbi dos Palmares, nasceu em 1655 na
econômica do modelo vigente.” Barbara Oliveira Souza. região da Serra da Barriga – antiga capitania
de Pernambuco- e morreu no dia 20 de
novembro de 1695 (também conhecido
O maior e mais famoso quilombo existente durante a
como Dia da Consciência Negra) após ter
colonização do Brasil foi o quilombo de Palmares, localizado sido delatado por um dos seus, tendo sua
entre Alagoas e Pernambuco. Estima-se que esse quilombo, cabeça cortada, salgada e colocada em
que teve entre suas lideranças Zumbi dos Palmares, existiu praça pública
entre o final do século XVI e o fim do século XVII, e recebeu
cerca de 20 mil pessoas.
DANDARA DOS PALMARES foi uma
quilombola que morou no Quilombo dos Palmares, sendo uma das
lideranças guerreiras dos palmaristas. Os historiadores sabem
pouco sobre a vida dela, e um dos destaques nesse sentido é que
foi casada com Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo, com
quem teve três filhos. Dandara liderou soldados palmaristas na
luta dos quilombolas contra os portugueses e também ajudava
na manutenção do quilombo, trabalhando nas colheitas e na caça.
Foi capturada pelos portugueses, e, para não ser escravizada,
cometeu suicídio em 1694.“

"Dandara dos Palmares" em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/dandara-dos-palmares.htm


OS QUILOMBOS E O FIM DA
Pela Lei de Terras de 1850, a
ESCRAVIDÃO ocupação de áreas só poderia
ocorrer por compra e venda
ou autorização do rei. Terras
Com a abolição da escravidão no Brasil, em 1888, não ocupadas eram de
por meio da Lei Áurea, as comunidades propriedade do Estado. Com a
quilombolas passaram a ter a sua liberdade possibilidade de libertação
garantida. No entanto, os negros no país dos escravos, estes poderiam
continuaram sendo desqualificados e os lugares buscar terras no interior,
em que habitavam, como os quilombos, provocando a falta de mão de
continuaram sendo ignorados pelo poder público. obra em grandes
propriedades.
A primeira Lei de Terras, por exemplo, datada de
1850 mas que continuou em vigor após a abolição,
impossibilitava os africanos da posse e aquisição
de terras.
A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E OS DIREITOS QUILOMBOLAS

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, por meio do seu artigo 68, houve o
reconhecimento da propriedade das terras dos remanescentes das comunidades quilombolas
no Brasil.

Foi a primeira constituição a garantir os direitos dos quilombolas em ter as suas terras e
organizações preservadas por lei. Conforme o artigo: “Aos remanescentes das comunidades
dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva,
devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.

Os artigos 215 e 216 também promovem os direitos dos quilombolas. Há o reconhecimento dos
quilombos como uma forma de organização social com características próprias no uso das
terras, em razão dos seus costumes, tradições e condições sociais que diferenciam esses
grupos dos demais existentes na comunidade nacional.

No ano de 2003, foi elaborado o Decreto n° 4.887: é um instrumento legal que regulamenta e
estabelece os procedimentos para a implementação do direito à terra das comunidades
quilombolas. Esse decreto estabelece os critérios e as etapas para a identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras quilombolas
A Fundação Cultural Palmares (FCP) é importante para reconhecer origens, ampliar direitos e facilitar o acesso das
comunidades quilombolas às políticas públicas, sendo responsável pela certificação de quilombos, participação do
licenciamento de obras de infraestrutura e estimulando a cultura afro-brasileira. Abaixo, vamos conhecer algumas
de suas ações:

•Certificações de comunidades quilombolas: através do Decreto Nº 4.887, de 2003, o processo de identificação,


reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação de comunidades remanescentes de quilombos, que garantirá
o território para essas populações. Cabe a Fundação Cultural Palmares acompanhar o Ministério do
Desenvolvimento Agrário e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nas ações de
regularização das terras;
•Proteção territorial quilombola: no site da Fundação há um formulário destinado aos relatos de casos de
impedimento ou ameaças de terceiros ao livre exercício dos quilombolas ao seu território, para que possam adotar
as providências cabíveis;
•Bolsa Permanência: auxílio financeiro aos estudantes quilombolas, indígenas e em situação de vulnerabilidade
socioeconômica matriculados em instituições federais de ensino superior;
•Promoção da História e da Cultura Africana: para promoção da cidadania e eliminação das desigualdades raciais,
a Fundação Cultural Palmares, desde 2016, vem desenvolvendo o projeto Conhecendo Nossa História: da África ao
Brasil, com base no artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/1996, que tornou
obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, o estudo da História e da Cultura
Africana e Afro-brasileira.
REALIDADE ATUAL DOS QUILOMBOLAS NO BRASIL:

A população quilombola que reside em territórios titulados representa apenas 4,3% do total de
quilombolas do país. Assim, 95,67% dessa população (ou 1.270.360 pessoas) não obtiveram os
títulos definitivos de suas terras no processo formal de regularização fundiária. As maiores
proporções de quilombolas em territórios titulados foram observadas no Pará (28,09%),
Amapá (14.09%) e Goiás (11,61%).

1. Violência: Houve aumento de 350% nos assassinatos de quilombolas entre 2016 e 2017. A falta
de investigação efetiva do poder público é evidente, com cerca de 76% dos casos sem agente
violador descoberto.

2. Dificuldade de acesso à saúde: Devido à dispersão geográfica, os quilombolas enfrentam


obstáculos para acessar serviços médicos. Apenas 32,8% dos domicílios rurais de quilombolas
estão conectados à rede de água, revelando um déficit no saneamento básico.

3. Vulnerabilidade na pandemia de Covid-19: Isolamento geográfico, invasões territoriais e


falta de acesso aos serviços de saúde contribuem para a maior vulnerabilidade dos
quilombolas durante a pandemia. Até 24 de novembro de 2020, 4.646 casos confirmados e 169
mortes de Covid-19 foram registrados entre os quilombolas.
O que é ser quilombola?

Quilombola é se sentir pertencente a uma determinada


comunidade, é se identificar com os valores, costumes e
também ter a ligação com o território, viver próximo de
outros indivíduos que compartilham de um mesmo laço
identitário.
REFERÊNCIAS

Censo 2022. Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas em 1.696 municípios. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/37464-brasil-tem-1-3-
milhao-de-quilombolas-em-1-696-municipios

SOUZA, Bárbara Oliveira. Aquilombar-se: panorama histórico, identitário e político do Movimento Quilombola
Brasileiro. Universidade de Brasília, Brasília: 2008, p.26. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/2130.

REIS, Eduardo de et al. Os direitos dos quilombolas no Brasil. Disponível em:


https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/direitos-dos-quilombolas-no-brasil/. Acesso em: 16/08/2023

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