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Manifesto dos Intelectuais Fascistas (1925)

Giovanni Gentile
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As origens

O fascismo é um movimento recente e antigo do espírito

italiano. Está intimamente ligado à história da nação
italiana, mas não é desprovido de interesse ou significado
para outras nações.

Suas origens imediatas devem ser rastreadas até 1919,

quando um punhado de veteranos das trincheiras
se reuniram em torno de Benito Mussolini, determinados a
combater energicamente a então dominante política demo
socialista. O socialismo democrático estava cego para
todos, exceto um lado (o das consequências
materiais imediatas) da Grande Guerra, da qual o povo
italiano emergiu ao mesmo tempo cansado e vitorioso.
Diminuiu o valor moral do
guerra, quando não recorreu à negação total, apresentando-
a aos italianos sob uma luz grosseiramente individualista
e utilitária. Alegou que o conflito tinha sido pouco mais do
que a combinação de
sacrifícios, pelos quais cada uma das partes deveria ser
reembolsada de acordo com uma avaliação precisa de seu
sofrimento. Essa reivindicação resultou em uma justaposição
arrogante e ameaçadora de indivíduos ao Estado; a negligência
da autoridade do Estado; uma redução de
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o prestígio devido ao rei e ao Exército - símbolos de uma Nação

que transcende os indivíduos e
categorias sociais individuais—; o desencadeamento de
paixões e instintos básicos, que trazem desintegração
social, degeneração moral e um espírito egocêntrico e
irracional de rebelião contra todas as formas de disciplina
e lei.

A oposição de indivíduo e Estado é a expressão política típica

de uma corrupção tão profunda que não pode aceitar nenhum
princípio de vida superior, porque isso informaria e conteria
vigorosamente os sentimentos e pensamentos do indivíduo.

O fascismo foi, portanto, um movimento político e

moral em suas origens. Ela entendia e defendia a
política como um campo de treinamento para a abnegação
e o auto-sacrifício em nome de uma ideia, que daria aos
indivíduos sua razão de ser, sua liberdade e todos os seus
direitos. A ideia em questão é a da Pátria. É um ideal que é um
processo contínuo e inesgotável de atualização histórica.
Representa uma encarnação distinta e singular das tradições
de uma civilização que, longe de murchar como uma memória
morta do
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passado, assume a forma de uma personalidade

centrada no fim para o qual se empenha. A Pátria é,
portanto, uma missão.

Fascismo e Estado

Daí o caráter religioso do fascismo.

Essa religiosidade intransigente explica as

táticas de luta adotadas pelo fascismo de 1919 a
1922.

Os fascistas eram minoria, no país e no

Parlamento, onde um pequeno núcleo de deputados se
assentou após as eleições de 1921.

O Estado constitucional era, portanto, antifascista e

necessariamente assim, porque refletia sua maioria.
Ao fascismo se opunha precisamente este Estado
que se autodenominava "liberal", mas cujo liberalismo
era do tipo agnóstico e renunciante que só presta
atenção às liberdades exteriores.
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Este Estado se considera "liberal" porque é

estranho à consciência de seus cidadãos livres e

reage mecanicamente às ações dos indivíduos.

Escusado será dizer que este dificilmente era o Estado que os

socialistas tinham imaginado. Os representantes desse
socialismo híbrido, manchado de valores democráticos e
parlamentarismo, estavam se conformando com essa concepção
individualista da política.

Tampouco foi o Estado que alimentou os ideais de

a pequena minoria que operava no tempo heróico do nosso

Ressurgimento, porque aqueles que lutavam por ela eram
animados pela força de uma ideia à qual os indivíduos se
haviam submetido de várias maneiras. Essa época heróica
fundou um Estado com o grande plano de fazer italianos, depois
de lhes conceder a independência e a unidade.

Este foi o Estado contra o qual o Fascismo assumiu, armado

com o poder de sua própria visão que, graças ao apelo que
exerce qualquer idéia religiosa convidando ao sacrifício, atraiu
um grupo crescente de
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jovens adeptos. Tornou-se, assim, o partido dos jovens (assim

como o movimento Jovem Itália de Mazzini havia surgido dos
tumultos de 1831 para preencher um
vazio político e moral).

A festa teve até um hino à juventude que os fascistas

cantavam com corações alegres e exuberantes!

O fascismo tornou-se, como a Jovem Itália de Mazzini, a fé de

todos os italianos que desdenhavam o passado e ansiavam por
renovação.

Como outras fés, ela confrontou uma realidade totalmente

atualizada que deve ser destruída e derretida em um
cadinho de novas energias e forjada de acordo com um novo
ideal ardente e intransigente.

Foi a própria fé que amadureceu nas trincheiras e na

reflexão sobre os sacrifícios que

aconteceu nos campos de batalha pelo único objetivo digno:

o vigor e a grandeza da Pátria.
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Era uma fé enérgica, violenta, que não queria respeitar

nada que pudesse impedir o vigor e a grandeza da Pátria.

Foi assim que surgiu o esquadrismo.

Jovens determinados, armados, vestidos de camisa preta e

organizados à moda militar, colocaram-se contra a lei para
instituir uma nova lei – lutar contra o Estado para fundar o novo
Estado.

O esquadrismo visava os apologistas da desintegração

nacional, cujas ações culminaram na greve geral de julho
de 1922 e, finalmente, ousaram montar uma insurreição em
28 de outubro de 1922, quando colunas armadas de fascistas
primeiro ocuparam prédios públicos nas províncias e depois
marcharam sobre Roma .

A Marcha sobre Roma causou algumas baixas durante suas

fases de preparação e execução, particularmente no vale do Pó.
Como todos os eventos corajosos inspirados pelos mais altos
objetivos morais, foi saudado primeiro por
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maravilha, depois por admiração, seguida por aclamação

universal.

Parecia, por um tempo, que o povo italiano havia recuperado

a unanimidade entusiástica que sentira à beira da guerra,
mas redobrada pela consciência da recente vitória da Nação
e revigorada pela crença de que a Nação vitoriosa estava agora
à beira da guerra.
caminho para recuperar sua integridade financeira e moral.

Esta Pátria é a rebatização daquelas tradições e

instituições que, no meio da perene renovação das
tradições, continuam a ser características constantes da
civilização.

É também incita a subordinação de tudo o que é particular

e inferior ao que é universal e superior. É o respeito à lei e à
disciplina; é a liberdade a ser conquistada pela lei, renunciando
a tudo o que vem da escolha individual e dos desejos irracionais
e perdulários.

Esta Pátria representa uma filosofia de vida austera, marcada

pela profundidade religiosa; isso não separa
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teoria da prática, dizer do fazer; e não propõe ideais magníficos,

mas totalmente irrealistas, que nada mudam na miséria da vida
cotidiana.

Em vez disso, é um esforço assustador idealizar a vida e

expressar as próprias crenças por meio de ações ou palavras
que são, elas mesmas, ações.