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Walfredo Tadeu

1. Marcos Iniciais da Conquista e ocupação da Amazônia durante a Fase


Colonial.
A ocupação européia na Amazônia de forma efetiva inicia-se no séc. XVII, provocado
pelo temor da presença de holandeses, franceses e ingleses que em busca de riquezas,
penetraram no território amazônico.
• Os espanhóis alteraram a estrutura social, mas utilizaram formas de exploração
presentes naquelas nações.
• Os portugueses desarticularam a estrutura de trabalho do indígena, através de
três formas:
• O descimento, que consistia no "convencimento" do indígena a descer para as
missões;
• O resgate, que consistia na troca de mercadoria por prisioneiros de guerra inter-
tribais;
• A Guerra justa, que consistia na condução violenta do indígena a descer para as
missões;
• Vários grupos indígenas (Mura, Torá, Pacaas Novas) deslocaram-se para a
região do Madeira - Guaporé, provocando conflitos inter-tribais pelo domínio
territorial.
• O Tratado de Tordesilhas (1494) marco da Partilha Colonial entre portugueses e
espanhóis estabeleceu a posse do Amazônia para os Castelhanos.
• O 1º Tratado de Utrecht (1713), assinado entre França e Portugal, confirmando o
Oiapoque com fronteira entre aqueles países.
• O 2º Tratado de Utrecht (1915), assinado entre Portugal e Espanha, deixou sem
solução a questão do Oeste, promovendo novos focos de tensão;
• O Tratado de Madri (1750), que justificado pelo "uti possidetis de facto"
(usucapião) ou seja a terra pertence a quem ocupa de fato. Esse tratado fixou a
linha de fronteira no extremo norte e oeste, a partir dos Cursos dos rios Guaporé
e Mamoré, até o curso intermediário do Madeira, na altura da atual cidade de
Humaitá, consolidando as fronteiras lusitanas nas margens orientais;
• Desde o séc. XVII, os lusitanos construíram diversas fortificações na fronteira
norte e oeste entre eles estão Forte Príncipe do Beira, O Forte Coimbra e o Forte
de Macapá.
• No Rio Madeira, após a penetração de diversas expedições e principalmente a de
Raposo Tavares (1647 - 1650), os jesuítas fundaram uma missão na foz, do
mesmo rio, chamada de tupinambarana.
• A parte do oeste extremo brasileiro foi colonizado pela mineração, gerando
contendas e conflitos entre as coroas ibéricas;
• No ano de 1730, seguindo os cursos do ouro do centro - oeste, os irmãos
Fernando e Artur Paes de Barros, encontraram o metal precioso no Vale do
Guaporé;
• Em 1748, a coroa lusitana, desmembrou de São Paulo a Capitania do Mato
Grosso, visando fiscalizar de forma mais rigorosa a extração de ouro.
• Em 1752, Antonio Rolim de Moura fundou a capital Villa Bella, o Forte Nossa
Senhora da Conceição e promoveu a colonização da região.
• Em 1759 é fundado o povoado de Nossa Senhora do Salto Grande do Rio
Madeira (atual Teotônio) sob os auspicíos do Juiz-de-fora Teotônio da Silva
Gusmão.
• A Economia Colonial tinha com o sustentáculo a mineração, mas praticava-se a
agropecuária, que era uma atividade complementar e ainda subordinado aos
interesses da mineração e da política de proteção das fronteira. A mão-de-obra
era escravo-silvícola. Além disso, ocorreu o comércio, a capitania importava
escravos, tecidos, utensílios e alimentos. O transporte era feito pelos rios e no
trecho terrestre em lombos de burros (tropas de muares). A região exportava
ouro, drogas do sertão. O Monopólio do comércio era da Companhia de
Comércio do Grão Pará e Maranhão (1756 - 1777), realizado pela rotas de
monções do norte (Amazonas, Madeira e Guaporé).
• A Sociedade Colonial do Guaporé era comandada por uma elite branca, que
controla as minas e lavras e ainda os altos cargos da administração pública. Era
uma sociedade escravista e com pouca mobilidade social, onde a posição social
era definida pela cor. Abaixo da camada, dominante aparecia um grupo médio,
dominado pelos mestiços, que possuíam pequenas propriedades e pequenos
grupos de escravos ou ainda funcionários de baixo escalão. Na parte baixa
apareciam os índios, que tiveram utilidade como braço de trabalho.
• As doenças, tropicais assolavam a região principalmente a malária, febre tifóide,
febre amarela, pneumonias e máculo. Além disso, várias vezes a região foi
impregnada por epidemias de varíola, sarampo, beribéri e tifo.
• Outro traço marcante foi a servidão negra que ativou a economia regional, a
colonização e a fixação portuguesa na região. O maior Quilombo da região foi o
do Piolho ou Quariterê, na fase da Rainha Teresa de Benguela

1. O Imperialismo do século XIX na Amazônia brasileira.


• A corrida imperialista do século XIX desenvolvida pelos potências européias
(Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Itália) E.U.A e Japão em busca de
matérias primas e mercados consumidores de produtos industrializados atingiu a
Amazônia brasileira pela atuação de ingleses e norte-americanos que na busca
do látex e do controle da navegação fluvial, visava dominar setores estratégicos
da economia amazônica.
• Nesse contexto estudiosos e viajantes que passaram pela Amazônia defendiam
sua internacionalização em benefício da melhoria da comercialização da
produção econômica do Noroeste Boliviano.
• Em 1852 sob pressão dos E.U.A e da Bolívia, o imperador Pedro II concedeu ao
Visconde de Mauá, o Monopólio da Navegação dos rios da Amazônia.
• Em 1867, foi assinado o Tratado de Ayacucho, entre Brasil e Bolívia, que
definia a livre navegação pelos rios da Amazônia e concedia ao Brasil em
definitivo, a região do Alto Madeira.
• Em 1874, a Companhia Amazon Steam Navigation, de capital norte-americano,
monopolizava a navegação fluvial do Amazonas, Madeira, Beni, Guaporé e
Mamoré.

1. A Economia no Oeste Amazônico


• O 1º Ciclo da Borracha
• a descoberta da Vulcanização em 1839, por Charle Goodyear acelerou o
interesse mundial pela hevea brasiliensis (denominada por La Conda-Mine),
desencadeando uma corrida imperialista em busca da borracha amazônica.
• A exploração do látex levou a formação de vastos seringais dominado pelos
seringalistas ou coronéis de barranco. Os trabalhadores eram os seringueiros,
que podiam ser nativos (mansos) ou nordestinos (brabos). O regime do toco ou
barracão, era a forma de trabalho, utilizada, que condenava o seringueiro a
dúvida eterna do seringalista.
• O Comércio era realizado pela casas de aviamento de Belém e Manaus.
• A exploração da borracha, nos vales do Madeira Mamoré e Guaporé era
realizado por seringueiros bolivianos, entre eles estavam a Empresa Suarez &
Hermano D. Ramon, D. Inácio Arauz, D. Pastor Oyola e Santos Mercado.
• Durante este 1º Ciclo, os Nordestinos ocuparam e interiorizaram a exploração da
borracha pelo Oeste Amazônico, desbravando os vales do Rio Juruá, Purús,
Acre, Madeira e Javari.
• A concorrência da borracha da Malásia e Cingapura derrubou os preços da
borracha Amazônica, a partir de 1912.

1. A borracha e as tentativas de Construção da E. F. M. M


• A idéia de ligar a Bolívia ao oceano atlântico, remonta aos meados do século
XIX, quando os bolivianos perderam o canal de Antofogasta para o Chile, região
de acesso dos produtos bolivianos para o oceano pacífico.
• Foi o General Quentin Quevedo que em 1861, levantou duas hipóteses para
ultrapassar o trecho encachoeirado do Madeira, a sua canalização ou a
construção de uma ferrovia.
• Em 1871 é criada a Madeira Mamoré R. Companny sob a direção de George
Earl Church.
• Entre 1873 e 1881 foram realizadas duas tentativas de construção da ferrovia a
primeira pela Public Works, inglesa e a Norte Americana PeT. Collins. Esta
última assentou 7km de trilho.
• O governo brasileiro impede a falência da M. M. R. CO.

1. O Tratado de Petrópolis e a Construção da Ferrovia Madeira Mamoré.


• A questão do Acre (1899-1902), promoveu a assinatura do T. de Petrópolis em
1903 que definia a compra da Região do Acre por 2 milhões de libras esterlinas
e viabilizava a construção do E. F. M. M por parte do governo brasileiro,
interessado na borracha do Acre e do noroeste boliviano.
• As obras foram reiniciadas em 1907, pela empresa May, Jekill e Randolph, que
pertencia a Percival Farquar, americano que comprara a concessão de construção
do Engenheiro Joaquim Catramby.
• As condições sanitárias de Santo Antônio, fizeram com que a Empreiteira
transferi-se para 7km abaixo do ponto inicial da Ferrovia, surgindo daí a cidade
de Porto Velho.
• No ponto final da ferrovia encontra-se a cidade de Guajará-Mirim, que possuía
vastos seringais explorados pela Guaporé Rubber Company, capitaneado por
Paulo Saldanha.

1. A LINHA TELEGRÁFICA MATO GROSSO - AMAZONAS


• A Comissão Rondon realizou a obra de ligação telegráfica entre Cuiabá e Santo
Antônio do Rio Madeira, promovendo a ruptura do isolamento foram do, oeste
amazônico.
• Os trabalhos iniciaram no ano de 1907, no governo Afonso Pena e foram
concluídas no ano de 1912 no Governo Hermes da Fonseca.
• As picadas abertas na mata, serviriam anos depois para a trilha da Br - 029 (atual
364) e proporcionou o surgimento de povoados que transformaram-se em
municípios do Estado (Vilhena, Pimenta Bueno e Jarú).
• O ponto Final da linha telegráfica ultrapassou Santo Antônio do Rio Madeira e
chegou a Porto Velho (Estado do Amazonas).

1. A E. F. M. M e o Município de Porto Velho.


• A May, Jekill e Randolph transferiu o pátio de operações para 7km abaixo da
Corredeira de Santo Antônio, dando origem ao povoado de Porto Velho, que foi
transformado em município em 02 de outubro de 1914, subordinado ao Estado
do Amazonas.
• O primeiro superintendente foi o Major Fernando Guapindaia de Souza
Brejense, que teve problemas com os administradores da Ferrovia.
• A cidade iniciava-se na linha divisória (atual Presidente Dutra), possuindo
aproximadamente 1.500 habitantes e os bairros Alto do Bode, Baixada União,
Triângulo e Olaria.

1. O TERRITÓRIO FEDERAL DO GUAPORÉ.


• A Elevação da região em Território Federal está intimamente ligado a liderança
e atuação de Aluízio Ferreira, que articulou as forças para atingir a emancipação.
• A Crise da Borracha Amazônica provocada pela concorrência da Malásia,
originou o abandono dos seringais e a conseqüente retirada da empresa de
Farquar da administração da E. F. M. M.
• Em 10 de julho de 1931 inicia-se a intervenção do governo brasileiro na
Ferrovia, já em 1937 o contrato é rescindido e a Ferrovia é estatizada.
• A Ferrovia funciona até 1972, quando é sucateado pelo 5º Batalhão de
Engenharia e Construção.
• Durante a Crise da Borracha amazônica nas décadas de 1920 e 1930, nem os
grandes empreendimentos resistiram, como é o caso da Ford lândia, grande
projeto de produção do henes no Pará de propriedade do norte americano Henry
Ford.
• O advento do 2ª Grande Guerra e o controle japonês sobre a Malásia e
Cingapura, promoveram nova corrida pela borracha amazônica.
• Em 1942 foram assinados os acordos de Washington, que visavam implementar
um programa denominado guerra pela borracha.
• Grandes levas de nordestinos chegaram a região, foi ainda criado um programa
de sanitarização de algumas regiões.
• O Governo Brasileiro criou o Banco da Borracha, a Rubber Corporation e a
Sava (Superintendência de Abastecimento do Vale Amazônico) com o intuito de
quebrar a estrutura arcaica do aviamento, mas não obtiveram sucesso.
• Em 13 de Setembro de 1943, foi criado o Território Federal do Guaporé, com
terras desmembradas do Mato Grosso, e do Amazonas, contando, com 04
municípios: Porto Velho (capital), Lábrea, Guajará-Mirim e Santo Antônio.
• O primeiro governador foi o Major Aluízio Ferreira que logo após tornou-se
Deputado Federal pela região, e chefe do grupo político Cutuba (situação), que
conflitava-se com os Peles Curtas, sob a liderança de Joaquim Vicente Rondon e
Renato Medeiros.
• Em 1944 ocorreu a reorganização do mapa do território do Guaporé, que passou
a contar com 02 municípios - Porto Velho e Guajará-Mirim.
• Em 1956, o Território do Guaporé passou para Território Federal de Rondônia
na mesma época do Governo J.K foi iniciado a abertura da BR - 029 (atual -
364) que auxiliou no novo surto migratório para a região juntamente com os
garimpos de Cassiterita e pedras preciosas.

1. O ESTADO DE RONDÔNIA
• Os surtos migratórios da década de 70 ao longo da Br - 364, os garimpos de
cassiterita e pedras preciosas, a crise estrutural do sistema de territórios federais
foram fatores determinantes para desencadear campanhas em prol da elevação
de Rondônia à categoria de Estado.
• A partir do governo do Coronel Humberto da Silva Guedes já denotava os
caminhos profícuos para a emancipação, culminando com a criação de novos
municípios e o fortalecimento da imagem de Eldorado da Amazônia.
• Em 1979 chega a Rondônia, indicado pelo ministro Mário Andreazza, com total
respaldo do Pres. João Figueiredo, o condutor da elevação do Território em
Estado, o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que toca a preparação final da
estrutura e conjuntura para a grande salto.
• Em 22 de dezembro de 1981 é criado Estado de Rondônia, e em 04 de Janeiro de
1982, O Estado é instalado, tendo como seu 1º governador o Cel. Jorge Teixeira.

BIBLIOGRAFIA
Hugo - Victor - Desbravadores. Rio de Janeiro. C. B. A. G - 1991.
Pinto - Emanuel Pontes, Rondônia, Evolução Histórica, A Criação do T. F. G, Fator de
Integração Nacional, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1993.
Teixeira - Marco Antônio Domingues & Fonseca, Dante Ribeiro, História Regional
(Rondônia), Porto Velho. Rondoniana. 1998.

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