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2 Pesca artesanal da Tainha

1 - Vinheta: UFPR-Litoral- A Educação é a nossa praia, ARPUB-


Associação de rádios públicas brasileiras, MINC- ministério da cultura e
Petrobras apresentam:

Programa Mar Aberto

Uma seqüência de programas que mostrarão as relações que a costa


paranaense propicia a seus habitantes desde tempos imemoriais.
Nestas series mergulharemos no tempo e navegaremos no espaço
buscando saberes, ritmos e idéias.

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Programa Mar Aberto – mergulhe em idéias

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2- Bem vindos a bordo marujos.


Em nosso segundo programa vamos navegar pelo tempo-espaço do
litoral do Paraná e lançaremos âncora no paralelo 25, um lugar chamado
Pontal do Sul, para saber mais sobre como a vida acontece por lá e como se
pesca e saboreia esse peixe chamado tainha, velho conhecido das
populações costeiras do sul e sudeste do Brasil.
Preparem-se para o frio do inverno, época da tainha. Navegaremos
atrás delas e vamos saber como pescar e saborear esse peixe que
sazonalmente percorre a costa sul e sudeste do Brasil aparecendo como
uma dádiva para inúmeras localidades.
Conversaremos com ictiólogos e ictiófagos, sábios, professores e
pescadores, que nos contarão sobre a tainha.... duvidas, certezas, idéias e
sabores.
A maré está alta e o vento a nosso favor, segurem-se marujos que
vamos partir.
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3 - Naquele lugar, chamado Pontal do Sul, contam que antigamente, no
inverno, alguns lanços de rede cercavam tamanha quantidade de tainhas
que não se tinha o que fazer.....
O pessoal se juntava para trabalhar... Enquanto uns limpavam os
peixes, outros já iam salgando e pendurando para secar. Tinha também
aqueles que tocavam fandango e animavam o trabalho. Era uma festa,
durava ate secar ou defumar todo o peixe...
No ano de 1587, esteve na costa brasileira o “emissário” português
Gabriel Soares de Souza que descreveu diversas espécies de peixes, como
pescá-los, prepará-los e seu sabor. Nestes relatos o autor fala sobre o uso de
linhas e redes feitas com fibras de tucum e dos anzóis de espinha de peixe e
ferro utilizados naquela época. E sobre a tainha Gabriel Soares relata:

“no tempo das águas vivas se tomam numas tapagens de pedras e paus a
que os índios chamam de camboa.”

“e juntam-se muitos índios e tapam a boca de um estreito com varas e


ramas e, como a maré está cheia, tapam-lhe a porta e põem-lhe redinhas
ao longo da tapagem(...) carregam uma canoa de tainha.”

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4 -A viagem foi ótima, e agora que chegamos em nosso porto, vamos


baixar ancora para saber mais sobre uma técnica de pesca e criação de
peixes, herança indígena, mas ambientalmente conflitiva...

O cerco
Durante muito tempo, a pesca na região foi auxiliada pelos chamados
cercos que são estruturas circulares montadas nas margens de mangue no
sul de São Paulo e norte do Paraná. Estas estruturas compostas de feixes de
taquara são amarrados com fibras formando uma espécie de tecido. A
montagem se dá a partir da margem onde se constrói uma barreira com
estas taquaras, terminando num grande cerco arredondado mais no centro
do canal de mangue. Nesta parte arredondada existe um sistema comum
nos covos, uma válvula, também de taquara, que permite apenas a entrada
do peixe e não a saída
(covo, segundo o Aurélio se trata de um redil de pesca formado por
esteiras armadas em paus e munidas de sapatas de chumbo).
Para as populações habitantes da baía de Paranaguá, o cerco sempre
foi uma atividade amplamente aceita e serviria para incrementar a
alimentação, a renda e a conservação do pescado. Os responsáveis pelos
cercos não fazem a despesca total, deixam os peixes se criarem na água,
mantendo-os vivos e em processo de engorda.

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E datada de 1720 a primeira lei promulgada em Paranaguá que proíbe a


pesca com redes de malha miúda devido a escassez de pescado....Hoje, no
Parque Nacional do Superagui e na Área de Proteção Ambiental de
Guaraqueçaba, a construção de cercos e proibida.

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Stuart Marks em The Imperial Lion escreve:

”os ocidentais procuram preservar as paisagens pela única forma que


podem, separando seus habitantes das atividades cotidianas através dos
parques nacionais onde os humanos pudessem entrar em férias (...) a
proteção da vida selvagem, como qualquer outra política imposta, levou
com ela o uso da força em operações quase militares e de sanções.”

Hoje, a ecologia aparece ocupando um lugar particular da realidade,


constituindo aquela realidade exterior ao humano, com o poder de dizer o
direito natural, a ordem e a importância dos seres. A crise ecológica estaria
localizada na dúvida e incerteza na fabricação de objetos, em particular, os
exteriores ao mundo social.

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5 - Como contrapeso para nossa embarcação vamos levar na memória
conversas com pessoas que podem ilustrar e adicionar idéias aos marujos.
O Sr. conhece tainha? Quando que tem? Porque? Onde ela fica no verão?
Como é que pesca? Sabe uma receita?
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A viagem esta chegando ao fim, devemos partir e como despedida escutem


Antonio Vieira dos Santos em 1850.
Parece que Netuno, esse Deus maritimo junto a bela Doris e as lindas
ninfas Naiades e Nereidas, de proposito fizeram suas habitacoes nestas
formozas baias. Turbilhoes de tainhas entram do grande oceano pela barra
adentro, principalmente na barra do sul, entre os mezes de maio e agosto
vindos de corrida da costa sul, de Laguna para o norte.
E entao o tempo mais divertido, para quem quiser ir ver o modo e a
maneira como os pescadores dao seus lancos de rede em que apanham dois,
tres e ate doze mil tainhas...Toda essa manobra e praticada em mudo
silencio. Observam a direcao dos cardumes e com sinais telegraficos de
umas para outras canoas, sabem a ocasiao mais oportuna de lancarem as
redes. Outros lancos iguais pegam miraguaias, pescadinhas, parati, bagre..
Lambari, acara, badejo, cacao, curvina caranha, dourado, jundia,
mero, palombeta, papa terra, paru, raias, robalo, sargo, sardinha, e a
tainha....

Obrigado pela companhia marujos e agora vamos saborear um par de


tainhas que estamos levando deste porto. Com farinha de mandioca faça a
farofa de banana e a tainha...e... e...tire a barrigada, jogue na grelha com
escama e tudo, espere assar e delicie-se.

Para contatos em alto mar acessem


www.ufprlitoralemmaraberto.podomatic.com

7- vinheta final: O programa mar aberto é produzido pela UFPR-Litoral- A


Educação é a nossa praia, com apoio da - Associação de rádios públicas
brasileiras, do ministério da cultura com financiamento da Petrobras
Programa Mar Aberto – mergulhe em idéias

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