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O sítio Floresta das Imbuias e sua relação com a arqueologia e a etnohistória dos

grupos pré-ceramistas do Alto rio Iguaçu


André Essenfelder Borges

O sítio Floresta das Imbuias foi localizado e parcialmente estudado durante os


trabalhos de monitoramento e salvamento arqueológico efetuados nas obras da Linha Verde,
antiga BR 116, em seu trecho urbano no município de Curitiba. Durante o segundo semestre
de 2007 o monitoramento se atentava prioritariamente às movimentações de maquinário,
abertura de vias e canais de drenagem. Em ocasiões onde estes procedimentos não estavam
sendo realizados, a equipe responsável pelo componente do patrimônio arqueológico seguia
para áreas distantes das obras e que apresentassem contornos ambientais propícios para a
ocorrência de sítios arqueológicos relacionados as Tradições cerâmicas definidas para o
Planalto Curitibano em sua porção sul.
Parte das prospecções nas áreas de entorno da obra ocorreram em ambientes de vales e
várzeas de três grandes rios da região, o rio Belém, rio Barigui e o rio Iguaçu. Estes ambientes
abrigam vestígios de dois grupos distintos cultural e temporalmente. Um deles, mais antigo,
foi definido como Tradição Umbu e se caracteriza pela ausência de cerâmica e elaborada
indústria lítica, principalmente com relação às pontas de projéteis. O outro grupo, classificado
como Tradição Itararé seriam horticultores ceramistas e, segundo pesquisas anteriores
estariam relacionados com os ancestrais dos grupos Kaingang e Xokleng atuais.
Em geral estes grupos ocupam terrenos diferenciados, os Umbu assentam-se
preferencialmente em terrenos de várzea ou bem próximos a estas, em ilhotas e pequenas
colinas de pouca elevação nas proximidades de grandes rios do planalto. Durante os trabalhos
de salvamento arqueológico realizados para o licenciamento ambiental da barragem do rio Iraí
foi constatado, sobre uma colina de pequena elevação localizada a 300 metros do rio Iraí, um
sítio de ocupação Umbu com reocupação pela Tradição Itararé, havendo inclusive a
ocorrência de duas estruturas subterrâneas geminadas (BORGES, )(Cavalheiro e Blasi)
Semelhante ao conceito de cultura para as Ciências Sociais existe mais de uma centena
de definições para os sítios arqueológicos que variam dependendo do interesse do
pesquisador. Duas diferenças fundamentais dizem respeito as reocupações de um mesmo
espaço. Para alguns, cada ocupação seria um sítio, já que em períodos distintos, os ambientes
do entorno poderiam ser diferentes, já outros caracterizam apenas um sítio, mesmo que este
apresente várias ocupações diferentes. Como em trabalhos de licenciamento ambiental o que
vale é a quantidade de sítios sendo diretamente proporcional a verba recebida pelo
pesquisador é comum que se caracterizem reocupações como sítios distintos.
Contrário a esta perspectiva monetária, discutiremos esta relação a partir do conceito
de sítios de paisagem proposto pelo geógrafo Azzis Ab´Saber. Para ele, locais como a orla do
Rio de Janeiro formam um sítio de paisagem. Uma paisagem tão extraordinária que seria
impossível que grupos humanos antigos não percebessem as idiossincrasias locais. De posse
deste conceito de sítio de paisagem realizaremos as nossas abordagens relativas aos locais de
assentamentos Umbu, comumente reocupados pela Tradição Itararé.
Assim como no caso do assentamento escavado nas áreas da barragem do rio Iraí, o
sítio Floresta das Imbuias apresenta-se de maneira semelhante, tanto no que diz respeito ao
ambiente escolhido para o assentamento quanto a existência de uma multifuncionalidade do
local, propiciando a reocupação do mesmo espaço por uma cultura diferente e em período
temporal distinto.

Tradição Umbu – caçadores-coletores do Planalto


Entre os grupos humanos que ocupavam o território paranaense antes da chegada do
europeu, os mais antigos correspondem às Tradições Umbu e Humaitá, eram nômades e
constituídos por pequeno número de pessoas que praticavam a caça e a coleta. Desses grupos,
que chegaram ao território paranaense há 10000 anos antes do presente e persistiram até o
início da era Cristã, restaram vestígios de sua indústria lítica, de estruturas relacionadas ao uso
do espaço habitacional (como estruturas de combustão, por exemplo). O material lítico,
bastante desenvolvido, é constituído de objetos e ferramentas destinados à produção de
utensílios, confecção de arcos e flechas, à caça e o descarne, à coleta de raízes e corte de
madeiras.
Behling et al. (2004) observam que há 7400 anos A.P., os planaltos do sul do Brasil
estavam dominados por campos, com um clima mais seco e frio que o atual. Com o clima
tornando-se mais quente e úmido, há cerca de 7000 anos, intensificou-se a quantidade de
assentamentos de caçadores-coletores, em distintos ambientes naturais: a Umbu,
preferencialmente em áreas de campos e cerrados e a Humaitá, em regiões florestadas.
No planalto curitibano, especificamente, os sítios relacionados a caçadores-coletores
pré-ceramistas estão vinculados à tradição Umbu. Essas populações ocuparam tanto abrigos-
sob-rocha, como construíram suas aldeias a céu aberto, sempre nas proximidades de arroios,
rios, banhados e lagoas.
Seus sítios caracterizam-se, principalmente, pela presença em sua indústria lítica, de
grande quantidade de pontas de projéteis pedunculadas, triangulares e foliáceas de dimensões
variadas, elaboradas sobre lascas e lâminas de silexito, arenito silicificado e quartzo. Também
são freqüentes os raspadores, furadores, talhadores e percutores.
No planalto curitibano, um dos seus sítios foi datado de 1420 A.P., entretanto outros,
da mesma Tradição, situados no Segundo Planalto, forneceram datas de 3110 A.P., 9630 A.P.,
3720 A.P. e 1195 d.C..
Relacionado à tradição Umbu, o pesquisador Wilson Rauth cadastrou o sítio Céu
Azul, datado de 3705130 a 75560 anos A.P.. Situava-se na Serra do Mar, no município de
São José dos Pinhais, junto às nascentes do rio Pequeno, afluente do rio Iguaçu, na sua porção
alta (Chmyz 1975).
No litoral paranaense, município de Paranaguá, Chmyz (1975) estudou o sítio
Ribeirão, onde os vestígios ocorriam em área de 50 x 40 metros, entre 1,20 a 2,20m de
profundidade, tendo como substrato sedimentos holocênicos, estimado entre 4100 e 4800 anos
A.P.. Em 1975, Bigarella localizou vestígios a 1000 metros do sambaqui de Matinhos,
caracterizados por Chmyz (1975) como sendo Umbu.
Especificamente para o município de Curitiba, foi cadastrado em 1975 o Sítio Olaria
Pellanda (PR CT 37). Encontrava-se a cerca de 400m da margem direita do rio Iguaçu, entre
os bairros do Umbará e Ganchinho, pouco acima da ponte que conduz a Campo Largo da
Roseira, no Município de São José dos Pinhais. O sítio foi identificado devido à exploração de
argila efetuada no terreno da olaria. Com aplicação de métodos de erosão regressiva numa
área de 4m2, foi encontrada grande quantidade de material arqueológico, lascas, pequenos
fragmentos de carvão e pontas de projétil com até 7 cm de comprimento. O sítio situava-se na
base da colina que forma o vale do rio, em terreno argiloso da várzea, de coloração cinza.
Atualmente o local se mantém preservado, com capões e Mata de Araucária em toda a encosta
da colina.
Sítios e indícios de atividades desses caçadores-coletores generalizados foram
pesquisados em trechos dos vales dos rios Pequeno, Piraquara, Florestal, Iraí, Iraizinho,
Passaúna e Iguaçu, abordados em ritmo de salvamento pelo Projeto Arqueológico Passaúna,
Projeto Arqueológico Contorno Leste de Curitiba, Projeto Arqueológico Renault e Projeto
Arqueológico da Barragem do rio Iraí.
No Paraná ocorrências destes grupos foram registradas nos vales dos rios Ribeira,
Iguaçu, Tibagi, Ivaí, Itararé, Paranapanema, na Serra do Mar e na Planície Costeira.

O Sítio Floresta das Imbuias – descrição metodológica


O material arqueológico foi localizado após uma terraplanagem no topo de uma
elevação de cerca de 10 metros em relação as águas do rio Iguaçu, no bairro do Umbará,
município de Curitiba (UTM (22J) 0671415/ 7167393). Ao percorrer a área exposta a equipe
identificou vestígios como pequenos fragmentos de carvão, lascas e microlascas de quartzo e
algumas pontas de projéteis inteiras e fragmentadas.
O local é composto por diversos elementos que, juntos, propiciam a facilidade de
assentamentos humanos. As ocorrências de formações vegetacionais raras e de grande porte
como Imbuias (que denominam o sítio), Erva Mate e Cedro Rosa, em meio a uma antiga área
de reflorestamento de Eucalipto e Bracatinga evidenciaram a não alteração das camadas
orgânicas de sedimentação do solo. No local também ocorrem prósperas colônias de insetos
como abelhas e duas espécies de formigas diferentes. A megafauna observada no local foi
nula exceto por um esqueleto de capivara encontrado nas imediações. A geografia e a
hidrologia do local corroboram com a possibilidade de assentamentos humanos.
Onde os vestígios ocorrem encontra-se delimitado pelo Oleoduto OLAPA a norte, a
sul é delimitado pela rua Ilíria Maria Zonta Bonato e pela grande várzea do Rio Iguaçu
imediatamente ao lado da rua. As extensas áreas de várzeas encontram-se hoje ocupadas por
roças, galpões e pelo Parque Ecológico Costa. Na delimitação das ocorrências, a leste, existe
um pequeno banhado ocupado pela família do Sr. Amilton Baideski e a oeste outro pequeno
banhado que também está delimitado pela rua Iliria Maria Zonta Bonato. O sitio classificado
como PR CT 104 – Floresta das Imbuias ocupa parte da área pertencente a Maicon Marlus
Scroccaro que a cerca de dois meses efetuou o desmate na área e posterior terraplanagem que
danificou mais de 50% do sítio e expôs grande quantidade de material.
A figura abaixo representa a localização do sítio em relação ao município de Curitiba
RASP 1

Ao constatar a ocorrência dos indícios em grande parte do terreno terraplanado, foram


observadas duas concentrações em pontos dos barrancos próximo da intersecção entre eles
(leste-RASP1 e sul-RASP2). A concentração foi parcialmente delimitada em 16 metros de
comprimento, oito metros em cada barranco que então sofreram uma raspagem com recuo de
cerca de 20 centímetros em toda a extensão (16 metros).
Na exposição do perfil do barranco leste (RASP 1) a profundidade exposta chegou a
1,10 metros, chegando, em sua base, a um solo argiloso e de coloração amarela que logo
abaixo apresentava uma camada de rochas (quartzo). No procedimento de raspagem do
barranco leste foi localizada uma mancha de carvão com lascas e micro-lascas associadas e
também um raspador elíptico de pequenas dimensões. Na exposição do perfil do barranco, o
solo apresentava tonalidade escura (terra preta orgânica) desde a superfície até cerca de 40
centímetros de profundidade, a partir deste nível o solo apresentava manchas amarelas
esparsas. A mancha escura com a ocorrência de carvão e material arqueológico concentrava-
se a uma profundidade de 45-50 centímetros e ocupava uma extensão não maior que 30
centímetros. Abaixo da profundidade de 50 centímetros as manchas amarelas eram mais
freqüentes, o solo ligeiramente mais compactado e com a presença cada vez maior de
pequenos seixos de quartzo (colúvio) misturado ao solo. A esta primeira mancha de carvão foi
dada a classificação de F1 e encontra-se esquematizada nos croquis anexos.
A exposição do perfil de barranco sul (RASP 2) teve procedimento semelhante exceto
pela diferença de profundidade na ocorrência do material arqueológico. Sobre esta porção do
terreno identificada como barranco sul passava a Antiga Estrada do Umbará, ainda visível
pela ausência de vegetação de grande porte e pela compactação e desgaste em comparação
com as porções do terreno mais próximas, formando um leito que ocupava a borda do topo da
colina e estendia-se até o rebaixamento da primeira curva de nível. A diferença de
profundidade das ocorrências arqueológicas pode ter sido causada pela compactação causada
pela Antiga Estrada ou pelo desnível natural do terreno que se aproxima das várzeas do rio
Iguaçu a cerca de 14 metros a sul e de um pequeno banhado a cerca de 30 metros a oeste. O
material arqueológico localizado trata-se de lascas e micro-lascas e outra mancha de carvão
que ocorriam entre 35-40 centímetros de profundidade. A mancha de carvão localizada no
barranco sul foi denominada F2, como aparece no croqui anexo.

CORTE 1 profundidade 0-35 cm4773


No barranco sul, próximo da intersecção com o barranco leste foi aberta uma
trincheira com 1,40 X 0,80 metros. A cerca de 25 centímetros da intersecção entre os dois
barrancos foi localizada outra mancha escura associada a pequenos fragmentos de carvão e
duas lascas de quartzo. A esta mancha foi dada a denominação de F3 como aparece no croqui
anexo e sua profundidade era de 38 a 42 centímetros com uma extensão não maior que 30
centímetros. O material escuro juntamente com solo foi coletado e classificado como F3. A
primeira lasca pequena de quartzo foi encontrada em solo orgânico de cor marrom escura a 31
cm de profundidade, A 35 cm de profundidade foram encontradas mais 2 lascas. Abaixo de 35
cm a terra preta progressivamente se misturava as rochas de colúvio. Entre 31 e 35 cm
apareciam também manchas amareladas. Abaixo de 45 cm o colúvio se intensificava e o solo
ganhava coloração mais clara, amarelada e sua textura tornava-se argilosa progressivamente
com relação a profundidade. A 1metro de profundidade as rochas de colúvio tratavam-se de
grandes seios e apareciam bolsões de argila amarela.
Na superfície e até 20 centímetros de profundidade o solo de terra preta orgânica era
compactado (próximo ao leito da Antiga Estrada do Umbará) e aparecia linhas de carvão. Este
corte assim como a Trincheira 1 (4781) e o corte 2 (4774) não foram aprofundados e
finalizados até o nível de 60centimetros de profundidade devido a destruição do barranco sul
pela trator do proprietário do terreno.
Q1

CORTE 2 profundidade 0-41cm 4774

O Corte 2 foi aberto no barranco sul, barranco retirado e terraplenado antes que fosse exposta
a camada arqueológica e finalização dos trabalhos. No local foram localizadas peças
arqueológicas como lascas e micro-lascas, núcleos e manchas escuras com presença de
carvão. O Corte 2 foi feito com 2X0,70m e a concentração de material estava na parte oeste
do corte. A superfície de terra preta orgânica estava compactada pois localizava-se
exatamente sob o traçado da antiga estrada do Umbará. A superfície estava limpa de
vegetação e matéria orgânica, o solo de coloração marrom escuro apresentava-se limpo de
rochas e animais, de textura argilosa.
Desde a superfície até 30 cm de profundidade a camada de terra preta orgânica tinha
aparência de solo fértil, mas com elevada acides, gordurosa e sem ocorrência de insetos e
outros animais. Quando seco o solo ganhava coloração acinzentada e apresentava rachaduras
e formação de torrões duros. O solo nesta cama é bastante limpo, não apresentava intrusão de
vegetais, raízes e rochas de colúvio.
Na camada entre 30-35 cm o solo mantém as características da camada anterior, a 31 cm
foi localizada uma pequena lasca de quartzo. Próximo a 35cm de profundidade o solo
apresentava manchas amarelas e apareciam mais lascas e micro-lascas. A partir de 35cm,
junto com as manchas amareladas intensificava-se a mistura de pequenos seixos de colúvio na
terra preta.
Entre 35-40cm a terra preta apresentava manchas esparsas de coloração amarelada e
pequena quantidade de rochas de colúvio misturadas ao solo. O solo se apresentava
ligeiramente mais compactado, aparecem lascas maiores, a ponta superficial de núcleos de
quartzo e o início de uma mancha escura com presença de carvão, apenas alguns pontos de
carvão em meio a uma mancha ovalada de solo mais escuro. Desta mancha foi coletado
material em duas profundidades, a primeira denominada F2 entre 36-37cm de profundidade e
a segunda denominada F2 na camada seguinte, entre 38-40 cm de profundidade
QUADRA 3 profundidade 0-15cm4775

No barranco leste, não destruído pela terraplenagem, as primeiras raspagens foram feitas
numa área de 8m na extensão do barranco. O ponto zero fica a exatos 43m de distância da rua
Ilíria Maria Zonta Bonato. A quadra 3 com 2X2m fica entre 5 e 7m do ponto zero e atingiu
profundidade máxima de 80cm. Nesta primeira camada aparecia matéria orgânica, raízes e
serrapilheira mais concentrada na porção norte da quadra. Na porção sul, a superfície era mais
limpa, plana e compactada devido a existência do leito de uma antiga estrada carroçável
(Antiga Estrada do Umbará). O ponto zero fica no trilho da antiga estrada do Umbará. O
material encontrado trata-se de pequenas rochas de colúvio, lascas e micro-lascas de quartzo.
A pouca e esparsa concentração de material indica movimentação do solo efetuado por
intemperismo, ação de animais e vegetais sendo a maior parte do material encontrada entre 8-
12cm de profundidade.

QUADRA 3 profundidade 15-30cm4776

A parte central da quadra 3 no nível entre 15-30cm concentrou menor quantidade de material.
Na porção noroeste sobressai um grande conjunto de raízes de taquara com material intrusivo
e no seu entorno. Também próximo as raízes foi encontrado um fragmento cerâmico de
coloração escura típico aquela relacionada a Tradição Itararé. Lascas e micro-lascas de
quartzo, pequenos núcleos e pequenas rochas de colúvio esparsas concentraram-se nos
extremos norte e sul da quadra. A terra preta orgânica apresentava-se homogênea, úmida e
com textura gordurosa, sem presença de animais e sem presença de manchas.
T4 15-30 cm

QUADRA 3 profundidade 30-40cm4777

A camada entre 30-40 cm de profundidade é bastante homogênea, sem animais nem raízes. A
terra preta orgânica é marrom escuro, úmida e gordurosa, também bastante limpa de seixos de
colúvio e macia na espátula durante a escavação.A 36 cm de profundidade ocorreu na porção
norte da quadra, próximo as raízes de taquara, um pequeno núcleo e duas micro lascas. A
40cm ocorreu outro pequeno núcleo na porção sul. Neste instante (40cm) aparecem as
primeiras manchas amareladas e os primeiros seixos pequenos de colúvio misturados a terra
preta. O solo fica levemente mais compactado.
T4 30-40 CM

QUADRA 3 profundidade 40-50 cm4778

A partir de 40cm de profundidade, já próximo da camada arqueológica, a regressão erosiva da


quadra 3 teve controle efetuado a cada 2cm. Apesar de estar reunida numa única coleção de
10cm de perfil, o material se mantém separado a cada 2cm, acomodados em pequenos potes
plásticos e reunidos na coleção de 10 cm (camada 40-50cm).
Nos croquis é possível observar a dinâmica do depósito a cada 2 cm. Solo com raízes no
início, dá lugar a manchas amareladas e ao material arqueológico. É interessante notar que na
última camada da coleção (48-50cm) o material foi localizado no início do perfil, entre 49 e
52cm o solo ficava estéril de material arqueológico. Aos 52cm um núcleo apareceu
acompanhado de muitas lascas e micro-lascas e manchas escuras.
T4 40-50 CM
QUADRA 3 profundidade 50-60cm4779

A regressão erosiva da quadra 3 teve controle efetuado a cada 2cm. Apesar de estar reunida
numa única coleção de 10cm de perfil, o material se mantém separado a cada 2cm,
acomodados em pequenos potes plásticos e reunidos na coleção de 10 cm (camada 50-60cm).
A primeira camada, 50-52cm estava estéril de material arqueológico que começou a aparecer
no final do nível 52cm. Apesar dos croquis não mostrarem esta camada estéril, é relevante
reforçar que havia um nível sem ocupação humana localizado entre 49-51cm de profundidade.
Entre o nível 50-60cm o solo continuava sendo de terra preta orgânica de coloração marrom
escura, úmida e gordurosa com presença de manchas amarelas esparsas. A partir de 58cm de
profundidade, aparecem manchas escuras no solo. Quanto a presença e colúvio, os pequenos
seixos aparecem misturados a terra preta e vão ficando mais freqüentes a medida que o nível
se aprofunda. Entre 52 e 56cm foi a camada com maior concentração de material. Pequenos
fragmentos de carvão foram coletados de mesma mancha escura em 2 profundidades distintas
52-54cm classificado como C2 e 58-60cm de profundidade sendo classificado como C3.

QUADRA 3 profundidade 60-70cm 4780

Nesta camada foi constatado muito material lítico na porção norte da quadra 3. A terra preta
orgânica apresenta grande quantidade de pequenos seixos de colúvio tornando difícil a
escavação. A tonalidade do solo também se altera ficando menos escura e com muitos grãos
de tonalidade amarela misturados com o colúvio e a terra preta. A profundidade final da
quadra 3 foi de 70cm sendo efetuado um corte com pá cavadeira articulada no interior da
quadra, porção sudeste, que aprofundou o nível mais 65cm, profundidade onde foram
encontrados grandes blocos de quartzo rolados e solo argiloso de coloração bege claro
tendendo ao amarelo. A quadra 3 foi então finalizada.
T 4 60 -70 CM
TRINCH 1 profundidade sup-48cm4781

DELIMITAÇÃO ATUAL E DESCRIÇÃO DO SÍTIO: A trincheira 1 foi demarcada sobre o


barranco sul e se localizava a cerca de 1m da borda do barranco, área onde o material
arqueológico teve uma concentração observada durante a raspagem do perfil do barranco
(rasp 2 – 4772). Observando a topografia do terreno, sob o local demarcado com a trincheira 1
iniciava-se a curvatura de queda da colina, com desnível de 4m até a parte plana da várzea do
rio Iguaçu, a cerca de 40m do barranco na direção sul (rua Ilíria Maria Zonta Bonato). A
trincheira 1 ocupava ainda parte do leito de uma antiga estrada carroçável “antiga estrada do
Umbará”, que passava neste perfil aproveitando-se da topografia e seguindo as curvas de
nível da colina. Segundo informações de Amilton Baideski, morador na região a mais de 40
anos, esta estrada era muito usada no início da ocupação do Umbará. Pelas suas informações,
na região se plantava erva mate e faziam barricas de pinheiro araucária, sendo o mate
exportado via Paranaguá. Nos falou sobre um documentário sobre o bairro “100 anos do
Umbará”. Nos apresentou diversas espécies de árvores presentes na região e sobre o terreno
do sítio, sobre a turfa da “vargem” falou que “ficou 1 ano pegando fogo”. Segundo ele a rua
Ilíria Maria Zonta Bonato foi construída por moradores e por ele mesmo que puxava material
com carroça para fazer o aterro da rua.
A trincheira 1 tinha 1m de largura por 2m de comprimento no sentido norte/sul.
Na superfície da trincheira havia pouca serrapilheira se comparado com áreas fora do leito da
estrada carroçável. O solo marrom escuro estava bastante compactado até a profundidade de
10cm. Esparsamente foi observado carvão, fragmentos de tijolo, lascas e micro-lascas de
quartzo no solo revolvido pelo trator e depositado na superfície do terreno acima do barranco.
Nesta primeira camada não havia evidencia nem presença de raízes e o solo se apresentava
homogêneo formado por solo orgânico e de coloração marrom escuro.
Entre 10-25 cm de profundidade a camada se apresentava homogênea, sem raízes nem
manchas, terra preta orgânica de cor marrom escura sem ocorrência de material arqueológico,
solo limpo com ausência de rochas e insetos.
Entre 25-30cm existiu diferença. A cerca de 28cm de profundidade o solo ganhava aspecto
diferenciado e começava a aparecer, esparsamente, manchas amareladas. Também foram
encontradas lascas pequenas e micro-lascas de quartzo e dois pequenos fragmentos de carvão
na porção sul da trincheira delimitada. Fora as manchas amareladas, o solo era homogêneo, de
coloração marrom escuro e sem presença de rochas, raízes ou insetos.
Entre 30-40cm. A partir de 31cm começavam a aparecer, misturado a terra preta, pequenas
rochas e seixos de quartzo de até 2 milímetros por toda a camada. Os pequenos seixos
misturados ao solo aparecem em maior quantidade na medida que as camadas são
aprofundadas até 35cm. Neste nível (35cm) foi localizada uma pequena semente calcinada e
no nível de 40cm foi localizado um grupo de micro-lascas na porção norte da trincheira.
A partir de 40cm de profundidade a coloração do solo se modificava de marrom escuro para
uma tonalidade mais clara devido a mistura homogênea formada pelas manchas amarelas e
pela maior quantidade de seixos de colúvio misturados ao solo. Nenhum material
arqueológico foi encontrado nesta camada que teve aprofundamento máximo de 48cm.
Seguindo um planejamento prévio para as ocorrências pré-cerâmicas no Planalto Curitibano, a
profundidade mínima de prospecção deveria ser entre 60cm e 80cm. Neste caso, o
proprietário da área, apesar do pedido dos pesquisadores, durante os dias 01 e 02 de setembro
de 2007 removeu todo o solo orgânico da área que sofria escavações, retirando por completo
o barranco sul e utilizando o material para aterrar parte da propriedade que se estende sobre
um banhado a oeste do sítio. O proprietário, em datas posteriores ainda efetuou outras
movimentações na porção noroeste do terreno, apesar da insistência dos pesquisadores, com
seu famigerado trator, aterrou uma nascente e desfez o perfil da drenagem que mantinha o
banhado, neste local ainda foi localizada uma lamina de machado fragmentada relacionada a
Tradição Itararé.

TRINCH 2 profundidade sup-80cm4782

A uma distancia de cerca de 20m do barranco leste foi localizada uma pequena depressão
(depressão 1) no solo (poderia se tratar de uma árvore morta a muito tempo, uma toca de
animal ou uma pequena estrutura subterrânea característica da Tradição Itararé. Foi realizado
um corte experimental no centro da depressão 1com 50X50cm, a trincheira 2 iniciava a 1m do
centro da depressão 1 e seguia na direção sudoeste, direção da quadra 3. A trincheira 2 se
estendeu por 5,40m e tinha 40cm de largura, chegando a 80cm de profundidade. Nestes cortes
não foi revelado material cerâmico, como esperado, porém, mostrou a continuidade do sítio
pré-cerâmico com o aparecimento de um buril (furador/raspador), lascas e um núcleo
associado a ele.. A 30cm apareceram lascas muito pequenas, a 45cm estava a camada
arqueológico com pequena quantidade de colúvio misturado ao solo e manchas amareladas
esparsas características. O material estava pouco concentrado e sua concentração ocorreu na
porção nordeste da trincheira 2.
T3

PR CT 104 – Floresta das Imbuias Sup. N° 4770

10 raspadores plano convexos – 2 em quartzo hialino; 6 em quartzo leitoso; 2 em quartzito.

11 pontas de projétil – 4 fragmentadas em quartzo; 5 em quartzo hialino; 5 em quartzo


leitoso; 1 em quartzito.

1 seixo de basalto

4 núcleos de quartzito

1 hematita

46 lascas de quartzo leitoso

29 lascas de quartzo hialino

6 lascas de silexito

78 micro-lascas

5 fragmentos cerâmicos de telhas goiva

9 fragmentos atípicos

PR CT 104 – Floresta das Imbuias RASP. 1 N° 4771

2 raspadores plano convexos – 2 em silexito

11 lascas – 7 em silexito; 1 em riolito; 3 em quartzito

12 núcleos – 5 em quartzito; 4 em quartzo leitoso; 2 em quartzo hialino; 1 em basalto


43 lascas- 1 em basalto; 12 em quartzo leitoso; 29 em quartzo hialino

80 micro lascas

13 fragmentos atípicos

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n. RASP. 2 N° 4772

1 raspador plano convexo – em quartzito

1 ponta de projétil – em basalto

5 núcleos – 3 em quartzito; 1 em quartzo hialino; 1 hematita

28 lascas – 1 em silexito; 4 em basalto;8 em quartzo leitoso; 10 em quartzo hialino; 5 em


quartzito

32 micro lascas

3 fragmentos atípicos

PR CT 104 – Floresta das Imbuias 1= 31-35cm N° 4773

14 lascas – 5 em quartzo leitoso; 4 em quartzo hialino; 3 em silexito; 1 em quartzito; 1 em


basalto

20 micro lascas- 11 em quartzo hialino; 4 em quartzo leitoso; 3 em silexito; 2 em quartzito

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n. 2= 35-41cm N° 4774

1 raspador unciforme em quartzo hialino com marcas de uso

8 núcleos – 6 em quartzito; 1 em basalto; 1 em quartzo leitoso

8 lascas – 1 em quartzito; 4 em quartzo leitoso; 3 em quartzo hialino

29 micro lascas

1 hematita
1 fragmento atípico

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n. 3= 0-15cm N° 4775

5lascas – 1 em silexito; 1 em riolito; 2 em quartzo leitoso, 1 em quartzo hialino

11 microlascas

4 fragmentos atípicos

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n.3= 15-30cm N° 4776

1 raspador unciforme em quartzo hialino

5 núcleos em quartzito

9 lascas – 5 em quartzo leitoso, 3 em quartzo hialino, 1 em silexito

11 microlascas

7 fragmentos atípicos

1 fragmento cerâmica Itararé a 22 cm de profundidade

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n.3= 30-40cm N° 4777

2 núcleos de quartzo leitoso

1 microlasca

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n.3= 40-50cm N° 4778

40-42cm – 3microlascas -2 quartzo; 1 silexito

42-44cm- 1 núcleo de quartzito

1 lasca em quartzo leitoso


9 microlascas

44-46cm – 6 núcleos de quartzito

18 microlascas

46-48cm- 4 núcleos de quartzito

4 lascas – 2 em quartzo hialino; 2 em silexito

23 microlascas

48-49cm – 1 ponta de projétil em riolito

2 lascas- quartzo hialino e silexito

4 microlascas

3 fragmentos de hematita

7 fragmentos atípicos

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n.3= 50-60cm – N°4779

50-52cm – 21 lascas – 9 em quartzo hialino, 3 em quartzo leitoso, 1 em quartzito, 1 em


riolito, 7 em silexito.

53 microlascas

1 fragmento atípico

52-54cm – 5 núcleos, 1 em silexito, 3 em quartzito, 1 núcleo esgotado em silexito

1 seixo

15 lascas – 5 em quartzito, 8 em quartzo hialino, 2 em silexito

65 microlascas

2 fragmentos atípicos

54-56cm - 4 núcleos – 3 em quartzito, 1 em quartzo leitoso


12 lascas- 2 em riolito, 3 em silexito, 3 em quartzo hialino, 2 em quartzo leitoso,
2 em quartzito

28 microlascas

3 fragmentos atípicos

56-58cm – 5 lascas- 2 em quartzo leitoso, 1 em quartzito, 2 em silexito

30 microlascas

4 fragmentos atípicos

58-60cm – 7 lascas – 2 em silexito, 1 em basalto (ponta foliácea?), 2 em quartzo hialino, 2


em quartzo leitoso

PR CT 104 – Floresta das Imbuias n.3= 60-62cm – N°4780

17 núcleos – 9 em quartzito, 2 em silexito, 2 em quartzo leitoso, 3 em quartzo hialino, 1 em


riolito

2 raspadores plano convexo em quartzito

4 pontas de projéteis- 1 foliácea em basalto, 2 em quartzo leitoso, 1 em silexito

32 lascas- 13 em quartzo leitoso, 8 em quartzo hialino, 1 em basalto, 10 em silexito

60 microlascas

10 fragmentos atípicos

PR CT 104 – Floresta das Imbuias TRINCH 1=0-40cm – N°4781

2 lascas- 1 em silexito, 1 em quartzo leitoso

10 microlascas

1 fragmento atípico
PR CT 104 – Floresta das Imbuias TRINCH 2=0-80cm – N°4782

0-30cm- 2 núcleos- 1 em quartzo leitoso, 1 em quartzito

3 lascas- 2 em quarto leitoso, 1 em quartzo hialino

24 microlascas

6 fragmentos atípicos

45-55cm- 3 núcleos em quartzito

1 buril em quartzito

9 lascas – 3 em quartzo leitoso, 4 em quartzo hialino, 2 em basalto

22 microlascas

15 fragmentos atípicos

60-65cm- 1 núcleo em quartzo leitoso

10 lascas – 2 em quartzo leitoso, 8 em quartzito

2 microlascas

70-80cm – 9 núcleos – 4 em quartzito, 5 em quartzo leitoso

4 lascas- 2 em quartzo leitoso, 1 em quartzo hialino, 1 em quartzito

14 microlascas

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