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MECANIZAÇÃO
AGRÍCOLA
Máquinas para o
preparo de solo
Rodrigo Garcia Brunini
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O solo é a base fundamental para a agricultura e, assim como as plantas, neces-
sita de cuidados para que as práticas agrícolas consigam entregar todo o seu
potencial. Por exemplo, o manejo adequado de um solo é capaz de determinar se
a produtividade da lavoura será elevada, e técnicas de manejo, como o preparo
primário e secundário, são essenciais para que ocorra o pleno desenvolvimento das
culturas, podendo diminuir as plantas invasoras e aumentar a taxa de infiltração
da água no perfil do solo.
O sucesso de um preparo adequado do solo depende das máquinas e dos
implementos utilizados nas operações, considerando que cada um tem sua função
e objetivo específico. Arados, grades e subsoladores são de uso comum na maior
parte dos procedimentos de manejo do solo e podem ser utilizados em práticas
de uso e de conservação do solo e da água, possibilitando a manutenção da
fertilidade do solo, a diminuição da compactação e a conservação de resíduos
vegetais que irão contribuir para o estabelecimento ideal de uma nova lavoura.
2 Máquinas para o preparo de solo
Cultivo mínimo
O uso contínuo de máquinas e implementos agrícolas contribui para a compac-
tação do solo e a longo prazo pode gerar graves problemas erosivos, como o
aparecimento de voçorocas (formação de grandes buracos ocasionados pelo
intenso processo erosivo) na área agrícola. A adoção de medidas protetivas e
conservacionistas pode diminuir os efeitos da compactação e da erosão do solo, e,
nesse sentido, o cultivo mínimo é uma opção para limitar práticas de revolvimento
do solo, como arações, gradagens e subsolagens (TAVARES; LIMA; ZONTA, 2010).
No manejo do solo com adoção de cultivo mínimo, o produtor utiliza de
uma só aração ou gradagem (mais comum). O objetivo é que a intensidade de
tráfego na área e o revolvimento do solo sejam mínimos, contribuindo para
que sejam mantidas as características físicas, químicas e biológicas do solo
(FUENTES LLANILLO et al., 2006). Ainda, é comum nesse método que a aplicação
de fertilizantes e corretivos da acidez do solo sejam realizados em conjunto
com a operação adotada (como gradagem, por exemplo).
Desvantagens:
Preparo primário
O preparo primário do solo é a técnica responsável pelo deslocamento das
camadas mais profundas do solo para a superfície, fazendo a inversão dessas
camadas (inversão de leiva) (Figura 3). Esse revolvimento, além de aproximar
a matéria orgânica que estava mais profunda na zona radicular (0 a 40 cm),
também realiza a aeração do solo (troca de gases), tornando-o mais maleável
e fácil de se trabalhar no preparo secundário (SECCO et al., 2004).
8 Máquinas para o preparo de solo
Preparo secundário
As grades são os implementos responsáveis por trabalhar o solo após as
operações de preparo primário, são equipamentos robustos e, em sua grande
maioria, pesados, dotados de muitos discos de corte e/ou hastes e aivecas.
Em operação no campo, esses implementos têm como finalidades o destor-
roamento, a incorporação de produtos fitossanitários (herbicidas, fungicidas,
nematicidas, etc.), o nivelamento da área cultivável, a destruição inicial de
plantas invasoras e a homogeneização do solo para promover condições
ideais às práticas de semeadura ou plantio (CARVALHO FILHO et al., 2007).
Segundo Hernani e Fabricio (1999), para que o preparo secundário tenha
sucesso é importante que o produtor evite o uso contínuo da grade sobre
o mesmo solo, pois esse cenário pode acarretar pulverização do solo (de-
sagregação intensa do solo), principalmente quando ele se encontra abaixo
da capacidade de campo (solo muito seco) e maior compactação devido ao
peso do implemento sobre o mesmo local diversas vezes.
Figura 5. Pontos de acoplamento no trator para engate de implementos agrícolas: (a) barra
de tração; (b) sistema hidráulico de três pontos; (c) tomada de potência (TDP); (d) terminais
de engate rápido.
Fonte: Lamma ([201-?], documento on-line).
De acordo com Mello et al. (1995), os arados de discos podem ser classi-
ficados em interdependentes (os arados são unidos por um conjunto porta-
-discos), cuja função é realizar um corte mais superficial da camada de solo,
podendo até mesmo substituir o gradeamento em algumas situações; e os
arados independentes (corpo do arado está acoplado ao chassi), tendo por
objetivos o corte, a elevação e a inversão da leiva de solo.
Ainda, os arados de discos são constituídos de chassi, raspadores (limpa-
dores de barro), discos e de rodas estabilizadoras. Em relação aos arados de
aivecas, os arados de discos diferenciam-se por conseguir realizar a inversão
completa das camadas de solo, tendo como componentes principais a relha
(realiza o corte do solo), a sega circular (corte da palha) e aiveca (inversão
da leiva) (Figura 6).
12 Máquinas para o preparo de solo
O arado de disco deve trabalhar com o ângulo vertical entre 15 até 25°
para ajustar a profundidade do equipamento ao solo, sendo que, quanto
maior o ângulo vertical do disco, menor sua profundidade de trabalho. Já em
relação ao ângulo horizontal que determina a largura do trabalho, o arado
deve operar entre 42 até 45°, sendo, que quanto maior o ângulo horizontal,
maior será a largura de trabalho. Outro detalhe importante de trabalho é
o ajuste da roda estabilizadora, cuja função é dar estabilidade ao arado,
absorvendo os esforços da operação e controlar a profundidade do disco
no solo (BALASTREIRE, 1987).
Nos arados de aivecas é necessário ficar atento à profundidade de tra-
balho, pois quanto maior a profundidade, maior será a tração exigida na
operação. Outro detalhe importante é que existem arados reversíveis, cuja
função é diminuir as manobras do trator no campo, gastando menor tempo
e combustível e diminuindo o tráfego na área (FALLEIRO et al., 2003).
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Figura 8. Esquema do tipo de grade quanto à posição dos órgãos ativos: (a) simples ação; (b)
dupla ação; (c) offset em V; (d) linha de tração.
Fonte: Adaptada de Galeti (1981).
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