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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAS
CORDENAÇÃO DE ENGENHARIA MECÂNICA
LABORATÓRIO DE CALOR E FLUIDOS I
PROF. DR. GLAUBER CRUZ

3º EXPERIMENTO: MEDIDORES DE VAZÃO - PLACA DE ORIFÍCIO E TUBO DE


VENTURI

1. INTRODUÇÃO

Os medidores de fluxo têm como objetivo o controle dos fluidos na passagem


do líquido proveniente [1]. São bastante usados para determinar os valores de
pressão e viabilizar a obtenção dos valores de vazão impostos à passagem do fluido.
Nesta prática pode ser analisado de forma específica, dois tipos de medidores, os
quais são denominadas: placa de orifício (Figura 1) e tubo de Venturi (Figura 2).
Respectivamente, tem-se que a utilização destes está ligada ao fato de restringir a
tubulação provocada pelo orifício no centro da placa, objetivando aumentar a
velocidade e consequentemente, haverá um aumento de pressão. É importante
destacar que este tipo de placa é bastante utilizado em indústrias como forma de
medição da vazão [1,2].
Figura 1: Placa de Orifício

Fonte: [3].
Em sequência, pode ser visto o tubo de Venturi (Figura 2), caracterizado por
as duas seções apresentarem diferenças de pressões e estas serem proporcionais à
vazão calculada que escoa por este instrumento. Este material usado é caracterizado
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como elemento de primogênio, pois interage diretamente com o fluido para produzir
uma determinada pressão sem necessidade de um intermediador.
Figura 2: Tubo de Venturi

Fonte: [3].

2. OBJETIVOS

Calcular os valores teóricos a partir dos valores obtidos na prática, tendo em


vista as especificações determinadas pelas placas utilizadas no experimento, sendo
estas, a placa de orifício e o tudo de Venturi. Os valores a serem calculados
correspondem aos de vazão baseados nos valores de pressão e velocidade
encontrados na prática feita em laboratório.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 - Valores para a taxa de vazão

Para que seja aferida a taxa de vazão em um sistema, é necessário aplicar o


princípio de medição por restrição de área, que trata-se do conceito de medição da
maioria dos medidores de vazão, diferenciando apenas pelas suas particularidades e
realizando adaptações para cada um deles. Partindo desse pressuposto, é possível
ser representado pela equação (1), como ocorre o escoamento do fluido
incompressível por um orifício de bordo delgado, instalado na parede de um
reservatório de grandes dimensões. Considerando fluido ideal, sem que haja perdas,
aplicando a equação de Bernoulli, temos:

(𝑣1 /2 ∗ 𝑔) + (𝑝1/𝛾) + 𝑧1 = (𝑣2 /2 ∗ 𝑔) + (𝑝2/𝛾) + 𝑧2 (1)

Considerando 𝑣 =0, 𝑧1 − 𝑧2 = ℎ, é possível obter o valor de 𝑣 porém, é um


valor teórico, então, chamando de 𝑣 = velocidade teórica, temos a equação (2)
simplificada:
𝑣2𝑇 = √2 ∗ 𝑔(ℎ + (𝑝1 − 𝑝1)/𝛾) (2)
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Porém, esse valor é considerado um valor teórico, ou seja, não são
condizentes com a realidade pois não são calculadas as perdas nesse sistema, sendo
assim, há um coeficiente de minoração na relação entre o valor teórico e o valor real,
que é representado pela equação (3).

𝐶𝑣 = 𝑉𝑟/𝑉𝑇 (3)

Portanto, a equação do valor real fica como mostra a equação (4):


𝑣2𝑟 = 𝐶𝑣 ∗ 𝑣2𝑇 = 𝐶𝑣 ∗ √2 ∗ 𝑔(ℎ + (𝑝1 − 𝑝1)/𝛾) (4)

No entanto, quando o fluido passa ao final do tubo há o fenômeno da veia


contraída, que, devido a inércia, as partículas do fluido tendem a formar uma área
menor após a saída devido a contração, esse entra como multiplicador na equação,
sendo representada pela equação (5) e simplificada pela equação (6):
𝑄 = 𝐶𝑣 ∗ 𝐶𝑐 ∗ 𝐴𝑜 ∗ √2 ∗ 𝑔(ℎ + (𝑝1 − 𝑝1)/𝛾) (5)

𝑄 = 𝐶𝑣 ∗ 𝐶𝑐 ∗ 𝑄𝑇 (6)
Assim, há relacionando os coeficientes de velocidade e contração, obtém-se o
coeficiente de correção da vazão, chamado Coeficiente de Descarga, indicado pela
equação (7):
𝐶𝑑 = 𝑄/𝑄𝑇 (7)
Por fim, quando se agrupa os coeficientes, relaciona os diâmetros, 𝐶 e 𝐶
Obtém-se os valores representados pela equação (8), chegando assim na equação
da vazão típica geral, representada pela equação (9).

𝑘 = 𝐶𝑑/√1 − 𝐶𝑐 ∗ (𝐷𝑜/𝐷1) (8)

𝑄 = 𝑘 ∗ 𝐴𝑜√2 ∗ 𝑔 ∗ 𝑃1/𝛾 (9)

3.2 - Tubo de Venturi

O tubo Venturi é adequado para aplicações em que é necessária perda mínima


de pressão, como em tratamentos de água, medições de ar de combustão e
especialmente em líquidos com sólidos em suspensão. Sua geometria proporciona
uma baixa diferença de pressão devido sua suavidade, sendo aplicável à projetos que
necessitem dessas particularidades.
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O tubo de Venturi é constituído por um tubo com seção transversal variável ao
longo da sua geometria, uma primeira parte convergindo ao centro e outra parte
divergindo do centro. A medida que um fluido passa através do Venturi, ocorre uma
diferença de pressão. O principal responsável pela diferença de pressão está
relacionado com a diferença de vazão, quanto maior a taxa de vazão, mais será a
diferença de pressão. A Figura 3 mostra a disposição de um Tubo de Venturi com
seus respectivos locais de aferição de pressão, sendo uma antes da convergência e
um no ponto de menor seção transversal. A Figura 4 mostra em corte a geometria
utilizada no medidor Venturi.
Figura 3: Placa de Venturi

Figura 4: Vista em corte da Placa de Venturi

Fonte: [4].

Como no tópico 3.1, a aferição da vazão depende da particularidade dos


instrumentos de medição, dessa forma, aplicando as equações do tópico anterior nas
condições de contorno do instrumento de medição Venturi, a equação da vazão fica
de acordo com a equação (10).
𝑄 = 𝐶𝑑 ∗ 𝐴1 ∗ √2 ∗ 𝛥𝑝/ⲣ ∗ ((𝐴12 /𝐴22)-1) (10)
Onde:
𝐴 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑉𝑒𝑛𝑡𝑢𝑟𝑖 (𝑚²);
𝐴 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑔𝑎𝑟𝑔𝑎𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑉𝑒𝑛𝑡𝑢𝑟𝑖 (𝑚²);
𝐶 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎;
𝜌 = 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎 (𝑘𝑔/𝑚³);
𝐷𝑝 = 𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑣é𝑠 𝑑𝑜 𝑉𝑒𝑛𝑡𝑢𝑟𝑖 (𝑃𝑎𝑠𝑐𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑁/𝑚²)
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Como o Venturi é um instrumento de medição de vazão onde o coeficiente de
descarga corresponde à correção da vazão devido às perdas que ocorrem na
geometria, a equação (11) representa a vazão teórica no aparelho, a fim de realizar
comparativos teóricos e práticos, e adquirir valores aproximados sem a necessidade
de realizar grandes procedimentos experimentais.
𝑄𝑇 = 𝐴1 ∗ √2 ∗ 𝛥𝑝/ⲣ ∗ ((𝐴12 /𝐴22)-1) (11)

3.3 Placa de Orifício


A placa de orifício consiste em dois flanges conectados e enclausurados com
o intuito de vedar totalmente sua conexão e um orifício no centro. Os medidores de
vazão por placa de orifício é um furo passante pelo qual o fluido pode escoar, sendo
os pontos de medição de pressão próximos aos flanges, com o objetivo de fazer a
aferição da diferença de pressão proveniente da vazão no instante da passagem do
fluido pelos flanges de, usualmente, aço inoxidável. A placa é simples, porém pouco
precisos, devido sua geometria, as perdas de precisão são iminentes.
A Figura 5 mostra em corte uma placa de orifício, onde próximo aos flanges há
os medidores de pressão e no centro há a diminuição do diâmetro.
Figura 5: Placa de Venturi

Fonte: [4].
A equação para o tubo de orifício, assim como a equação do Venturi, também
tem suas particularidades e depende da sua condição de contorno específica. Para
esse instrumento, foi utilizado a equação referente a energia, que melhor se aplica às
suas aferições. A equação (12) refere-se a equação da vazão similar ao orifício na
saída de um tubo, porém com 𝑝 diferente de 0.
𝑄 = 𝑘 ∗ 𝐴𝑜 ∗ √2 ∗ 𝛥𝑝/ⲣ (12)
Onde:
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𝑘 = 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎;
𝐴 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑜𝑟𝑖𝑓í𝑐𝑖𝑜 (𝑚²);
𝜌 = 𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎 (𝑘𝑔/𝑚³);
𝐷𝑝 = 𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑣é𝑠 𝑑𝑜 𝑉𝑒𝑛𝑡𝑢𝑟𝑖 (𝑃𝑎𝑠𝑐𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑁/𝑚²)

O coeficiente k é obtido experimentalmente, porém por ser um instrumento


utilizado em normas, é possível obter por meio de um diagrama de k em função do
Número de Reynolds e relação entre diâmetros, como pode ser representado pela
Figura 06. A equação (8) é aplicada neste momento.

Figura 06: Placa de Venturi

Fonte: [4].

Analogamente ao tubo de venturi, a placa de orifício também tem seus valores


teóricos aproximados, que tem o valor referente à equação (13).
𝑄𝑇 = 𝐴𝑜 ∗ √2 ∗ 𝛥𝑝/ⲣ (13)

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o experimento em questão foram utilizados os seguintes materiais:


❖ Bancada de Mecânica dos fluidos (MF1000) (Figura 3);
❖ Placa de orifício (Figura 4);
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❖ Tubo de Venturi (Figura 5);


❖ Fluido (água);
❖ Tubos (Figura 6);
❖ Bombas (Figura 7);
Figura 3: Bancada de Fluido

Figura 4: Placa de Orifício Figura 5: Tubo de Venturi

Figura 6: Tubos

Figura 7: Bombas e Manômetros para Pressão diferencial (ΔP)


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5. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Para esta prática iniciou-se acoplando a primeira placa (placa de orifício) para
análise de pressão. Após este processo foram conectados quatro tubos que seriam
responsáveis pelo transporte de fluido por todo percurso. Primeiramente foi utilizada
a bomba 1 para testes, mas ao testar-se o fluxo de água percebeu-se uma alteração
de pressão visualmente incorreta. Utilizou-se, então a bomba 2 na qual foi possível
anotar seis pressões distintas baseadas no número de rotações que foram definidos
pelo docente em laboratório, sendo eles: 2000, 2300, 2500, 2700, 3000, 3200 rpm e
3450 (valor limite para rotação da bancada).
Em seguida, os mesmos procedimentos foram repetidos para o tubo de
Venturi. Os valores obtidos na prática foram anotados com a finalidade de se obter a
vazão (valor teórico calculado). Os valores extraídos no laboratório pela bomba 2,
pressão serão medidos em bar e devidamente transformados para uma maior
precisão na análise dos resultados.

6. REFERÊNCIAS

[1] A. J. ÇENGEL, Y. A. GHAJAR. Transferência de Calor e Massa. McGraw Hill, 4th edition,
2012.
[2] D. P. INCROPERA, F. P. WITT. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa.
Livros Técnicos Científicos, 5th edition, 2003.
[3] https://www.jcn.ind.br/placa-orificio
[4] Nova Didacta LTDA. MF1000 Sistema de Ensaios para Mecânica dos Fluidos, 2016.

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