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Desempenho dos tratores agrícolas

TDP, barra de tração e consumo de combustível

Curso: Engenharia Agronômica


Disciplina: Máquinas, implementos e automação agrícola

Professor: Diego José de Sousa Pereira

Holambra/SP, 09 de Abril de 2021


RELEMBRANDO

Formas de aproveitar a potência oferecida pelo motor:

❖ Sistema de levante hidráulico (SLH)


❖ Barra de tração (BT)
❖ Tomada de potência (TDP)
TORQUE, POTÊNCIA

TORQUE – movimento que a produzir uma rotação.


𝑇 =𝐹 ×𝑟
T - torque, N.m
F- força exercida, N F
r – raio de giro do elemento, metros

POTÊNCIA NO MOTOR
2×𝜋×𝑛×𝑇
𝑃=
60
P - Potência, W
F- força exercida, N d
r – raio de giro do elemento, metros
TORQUE, POTÊNCIA

POTÊNCIA – é a quantidade de trabalho realizado por uma unidade de tempo.

𝑊 𝐹×𝑑
𝑃= 𝑃= 𝑃 =𝐹 ×𝑣
𝑡 𝑡
P – potência, W P – potência, W P – potência, W
W- trabalho, N.m F- força, N F- força, N
t– tempo, segundos d – distância, metros v- velocidade, m/s
t– tempo, segundos

Transformações de unidades importantes

Força : 1 kgf = 10 N Potência: 1 CV = 735,5 W = 0,7355 kW=75 kgf.m/s


ESTIMATIVA POTÊNCIA DOS TRATORES -ASABE
POTÊNCIA BRUTA DO MOTOR
0,92
POTÊNCIA LÍQUIDA DO MOTOR
0,99
ENTRADA DA TRANSMISSÃO 0,83
0,90
0,90 – 0,92
TDP

Condição da superfície
Tipo de trator Concreto Solo firme Solo preparado Solo solto
4X 2 0,87 0,72 0,67 0,55
4 X 2 TDA 0,87 0,77 0,73 0,65
4X4 0,88 0,78 0,8 0,70

BARRA DE TRAÇÃO
ESTIMATIVA DE POTÊNCIA

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Calcule a potência na barra de tração para pista de concreto, para solo firme, para solo cultivado e para solo
solto de um trator 4x2 -TDA com 56 kW de potência líquida do motor a 2200 rpm.
ESTIMATIVA DE POTÊNCIA

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Calcule a potência disponível na barra de tração para pista de concreto, para solo firme, para solo cultivado e
para solo solto de um trator 4x2 -TDA com 56 kW de potência líquida do motor a 2200 rpm.

𝑃𝐵𝑇 = 𝑃𝑇𝐷𝑃 × K (𝑡𝑖𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜)


𝑃𝑇𝐷𝑃 = 𝑃𝑚á𝑥 𝑙𝑖𝑞. × 0,90
𝑃𝐵𝑇 = 50,4 𝑘𝑊 × 0,87 → 𝑃𝐵𝑇 = 43,85 𝑘𝑊 Concreto
𝑃𝑇𝐷𝑃 = 56 𝑘𝑊 × 0,90 𝑃𝐵𝑇 = 50,4 𝑘𝑊 × 0,77 → 𝑃𝐵𝑇 = 38,81 𝑘𝑊 Solo Firme
𝑃𝐵𝑇 = 50,4 𝑘𝑊 × 0,73 → 𝑃𝐵𝑇 = 36,79 𝑘𝑊 Solo cultivado
𝑃𝑇𝐷𝑃 = 50,4 𝑘𝑊
𝑃𝐵𝑇 = 50,4 𝑘𝑊 × 0,65 → 𝑃𝐵𝑇 = 32,76 𝑘𝑊 Solo solto
DESEMPENHO NA TOMADA DE POTÊNCIA (TDP)

Tacômetro (RPM motor) Tacômetro (RPM TDP)

Célula de carga (Torque)


Eixo Cardan

Medidor de combustível Freio Dinamomêtrico


DESEMPENHO NA TOMADA DE POTÊNCIA (TDP)

Fonte: Mialhe,1996
RESERVA DE TORQUE

Ao acoplar um máquina ou implemento em qualquer um dos meios de aproveitamento de potência do trator, há


demanda de torque do trator.

(𝑇𝑚𝑎𝑥 − 𝑇𝑃𝑚𝑎𝑥)
𝑅𝑇 = × 100
𝑇𝑚𝑎𝑥

Reserva de torque Classificação


> 15% Boa
10< RT <15 Regular
<10 % Ruim
Fonte: Jasper, 2019
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

Não depende apenas das características do motor, e sim de todo sistema de interação: motor, transmissão,
implementos e interação com o solo.

❖ Potência e torque (motor e transmissão)


❖ Rodados (insuflagem, geometria)
❖ Carga aplicada no rodado (peso do trator, lastragem)
❖ Condições do solo ( tipo de solo, umidade instantânea)
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

Grade Semeadora Carreta


ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

FORÇA NA BARRA DE TRAÇÃO

Depende da interação do rodado do trator com o solo.

𝐹𝑡 = 𝐹𝑠 − 𝑅𝑟
Ft

Ft = força na barra de tração;


Fs Rr
Fs = força potencial do solo;
Rr = resistência ao rolamento.
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

FORÇA NA BARRA DE TRAÇÃO

FORÇA POTENCIAL DO SOLO (Fs)


Valore para alguns tipos de solo
𝐹𝑠 = 𝐴 × 𝑐 + 𝑊𝑑 × 𝑡𝑎𝑛 ∅ Tipos de Terreno c, kgf.cm-2 ∅, graus
Areia seca 0,0 35-37
Fs = força potencial do solo, kgf; Silte 0,10-0,3 30-35
A = área de contato rodado-solo, cm²;
c = coeficiente de coesão do solo, kgf.cm²; Argila 0,05-0,5 16-28
Wd =carga dinâmica sobre rodado de tração, kgf; Argilo-arenoso 0,20-0,3 26-30
∅ = ângulo de atrito interno do solo, graus. Argilo-orgânico 0,05-0,5 12-18
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

FORÇA NA BARRA DE TRAÇÃO


Coeficiente de resistência ao rolamento
RESISTÊNCIA AO ROLAMENTO (Rr) Dimensões para as diferentes condições de superfícies
Tipo de roda (L x D ) Terreno Solo
(pol)
Capim de
Concreto arado arenoso
pastagem
𝑅𝑟 = 𝑊 × 𝐾𝑟 argiloso solto
6.00 x 16 0.031 0.070 0.401 0.397
Pneus
7.50 x 10 0.029 0.061 0.379 0.429
frontais
𝑅𝑟 = resistência ao rolamento, kgf; 9.00 x 10 0.031 0.060 0.331 0.388
W = peso do trator, kgf; 7.50 x 28 0.026 0.052 0.197 0.205
7.50 x 36 0.018 0.046 0.185 0.177
𝐾𝑟 = coeficiente de rolamento
Pneus 9.00 x 24 0.023 0.053 0.186 0.206
traseiros 11.25 x 24 0.019 0.044 0.183 0.176
11.25 x 36 0.016 0.037 0.168 0.162
12.75 x 32 0.018 0.040 0.182 0.161
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

FORÇA DISPONÍVEL NA BARRA DE TRAÇÃO PARA TRACIONAR IMPLEMENTOS

𝐹𝑑𝐵𝑇 - força na barra de tração, kgf;


𝑃𝐵𝑇 × 75 𝑃𝐵𝑇 - Potência na barra de tração, CV
𝐹𝑑𝐵𝑇 =
𝑣 v –velocidade de deslocamento, m/s
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

FORÇA REQUERIDA NA BARRA DE TRAÇÃO PELO IMPLEMENTO


𝐹𝑟𝐵𝑇 - força na barra de tração, kgf;
𝑁 – número de órgãos ativos do implemento,/máquina
𝐹𝑟𝐵𝑇 = 𝑁 × 𝐿 × 𝑃 × 𝑅𝑠 L – largura de trabalho de cada órgão ativo, cm
P – profundidade de trabalho de cada órgão ativo, cm
𝑅𝑠 - resistência específica do solo (kgf/cm²)
Tipo de solo Resistência específica (kgf.cm²)
Arenoso 0,20-0,30
Franco arenoso 0,25-0,45
Franco argiloso 0,40-0,60
Argiloso 0,50-0,80
Arado de discos
ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

ENSAIO NA BARRA DE TRAÇÃO

Dados a serem obtidos no ensaio:


❖ Velocidade de deslocamento;
❖ Potência na barra de tração
❖ Consumo específico de combustível
❖ Patinagem
❖ Capacidade operacional

Fonte: Masiero et al., 2011


ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

ENSAIO NA BARRA DE TRAÇÃO

𝑃𝐵𝑇 × 75
𝐹𝑑𝐵𝑇 =
𝑣

𝐹𝑑𝐵𝑇 × 𝑣
𝑃𝐵𝑇 =
75

Fonte: Mialhe, 1996


ESTIMATIVA DE TRAÇÃO DOS TRATORES AGRÍCOLAS

RENDIMENTO DE TRAÇÃO

𝑃𝐵𝑇
𝜂𝑡 =
𝑃𝑚á𝑥 𝑙𝑖𝑞.

𝜂𝑡 - rendimento de tração, % ;
𝑃𝐵𝑇 - Potência na barra de tração, CV
𝑃𝑚á𝑥 𝑙𝑖𝑞. - Potência no motor, CV

Fonte: Monteiro et al., 2011


ESTIMATIVA DE POTÊNCIA NA BARRA DE TRAÇÃO

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Pretende-se realizar uma tarefa de aração, utilizando um arado de aiveca que apresenta 3 aivecas. Cada
aiveca, tem uma largura de corte de 0,48 m e profundidade de corte de 40 cm. O solo a ser cultivado é
argiloso com resistência específica de 0,7 kgf/cm². Um trator 4X2 com potência líquida no motor de 130 cv,
consegue operar esse implemento? Considere que o conjunto trator –arado opera com velocidade de 5 km/h.
OBS: o solo antes do preparo é um solo firme.
ESTIMATIVA DE POTÊNCIA NA BARRA DE TRAÇÃO

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Pretende-se realizar uma tarefa de aração, utilizando um arado de aiveca que apresenta 3 aivecas. Cada
aiveca, tem uma largura de corte de 0,48 m e profundidade de corte de 40 cm. O solo a ser cultivado é
argiloso com resistência específica de 0,7 kgf/cm². Um trator 4X2 com potência líquida no motor de 130 cv,
consegue operar esse implemento? Considere que o conjunto trator –arado opera com velocidade de 5 km/h.
OBS: o solo antes do preparo é um solo firme.
Passo 1) Determinar a potência disponível na barra de tração

𝑃𝑇𝐷𝑃 = 𝑃𝑚á𝑥 𝑙𝑖𝑞. × 0,90


𝑃𝐵𝑇 = 𝑃𝑑𝑇𝐷𝑃 × K (𝑡𝑖𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜)
𝑃𝑇𝐷𝑃 = 130 𝑐𝑣 × 0,90
𝑃𝑑𝐵𝑇 = 117 𝑐𝑣 × 0,72 → 𝑃𝐵𝑇 = 84,24 𝑐𝑣
𝑃𝑇𝐷𝑃 = 117 𝑐𝑣
ESTIMATIVA DE POTÊNCIA NA BARRA DE TRAÇÃO

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Pretende-se realizar uma tarefa de aração, utilizando um arado de aiveca que apresenta 3 aivecas. Cada
aiveca, tem uma largura de corte de 0,48 m e profundidade de corte de 40 cm. O solo a ser cultivado é
argiloso com resistência específica de 0,7 kgf/cm². Um trator 4X2 com potência líquida no motor de 130 cv,
consegue operar esse implemento? Considere que o conjunto trator –arado opera com velocidade de 5 km/h.
OBS: o solo antes do preparo é um solo firme.
Passo 2) Determinar a força requerida Passo 3) Determinar potência requerida
𝐹𝑟𝐵𝑇 = 𝑁 × 𝐿 × 𝑃 × 𝑅𝑠 𝐹𝑑𝐵𝑇 × 𝑣
𝑃𝑟𝐵𝑇 =
75
𝑘𝑔𝑓
𝐹𝑟𝐵𝑇 = 3 𝑎𝑖𝑣𝑒𝑐𝑎𝑠 × 48 𝑐𝑚 × 40𝑐𝑚 × 0,7 𝑚
𝑐𝑚² 4032 𝑘𝑔𝑓 × 1,39 𝑃𝑟𝐵𝑇 = 74,6 𝑐𝑣
𝑃𝑟𝐵𝑇 = 𝑠
𝐹𝑟𝐵𝑇 = 4032 𝑘𝑔𝑓 75
ESTIMATIVA DE POTÊNCIA NA BARRA DE TRAÇÃO

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Pretende-se realizar uma tarefa de aração, utilizando um arado de aiveca que apresenta 3 aivecas. Cada
aiveca, tem uma largura de corte de 0,48 m e profundidade de corte de 40 cm. O solo a ser cultivado é
argiloso com resistência específica de 0,7 kgf/cm². Um trator 4X2 com potência líquida no motor de 130 cv,
consegue operar esse implemento? Considere que o conjunto trator –arado opera com velocidade de 5 km/h.
OBS: o solo antes do preparo é um solo firme.
Passo 4) Comparar a potência requerida e potência disponível

𝑃𝑑𝐵𝑇 = 84,24 𝑐𝑣 > 𝑃𝑟𝐵𝑇 = 74,6 𝑐𝑣

O trator é capaz de operar o implemento para tais condições


CONSUMO DE COMBUSTÍVEL

Representa um valor em torno de 20 à 30% do custos das operações com tratores.


Fatores que interferem no consumo de combustível:
❖ Condições do terreno (umidade e estrutura do solo);
❖ Qualidade do pneus e pressão;
❖ Carga de tração;
❖ Profundidade de operação (ex: arado);
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL

CONSUMO HORÁRIO ( L/h)


Não leva em consideração a potência gerada CH – consumo horário, L/h
(𝑉 × 3,6) V- volume consumido, mL
𝐶𝐻 =
𝑡 t – tempo, segundos

CONSUMO ESPECÍFICO (g/cv.h)


CE – consumo específico, g/cv.h
Forma mais técnica, e permite a comparação (𝑑 × 𝐶𝐻) CH – consumo horário, L/h
entre diferentes tratores e/ou implementos. 𝐶𝐸 = d – densidade do combustível, g/L
𝑃𝐵𝑇
𝑃𝐵𝑇 - potência na barra de tração, cv
Indica o desempenho do motor (eficiência)
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL

𝐶𝐻 = −5,3302 + 1,3192 × 𝑉𝑒𝑙 + 0,0053 × 𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝐶𝐸 = 181,3930 − 42,348 × 𝑉𝑒𝑙 + 0,2779 × 𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜

Fonte: Silveira et al., 2013


REFERÊNCIAS

Masiero, Fabricio & Lanças, Kléber & Lyra, Gabriel & Oguri, Guilherme & Montanha, Gustavo. (2011). PERFORMANCE EVALUATION OF
AGRICULTURAL TRACTORS (4 WD) IN FUNCTION OF FORWARD SPEED AND THE RELATIONSHIP BETWEEN ITS WEIGHT AND
POWER. 10.13140/2.1.1935.6166.
Mialhe, L.G. Máquinas agrícolas – ensaios e certificações. Piracicaba: FEALQ,1996. 722 p.
MONTEIRO, Leonardo de A.; LANCAS, Kléber P. and GUERRA, Saulo P. S.. Desempenho de um trator agrícola equipado com pneus radiais e
diagonais com três níveis de lastros líquidos. Eng. Agríc. [online]. 2011, vol.31, n.3 [cited 2021-03-31], pp.551-560. Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69162011000300015&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0100-6916.
https://doi.org/10.1590/S0100-69162011000300015.
SILVEIRA, João Cleber Modernel da et al. Demanda energética de uma semeadora-adubadora em diferentes velocidades de deslocamento e rotações do
motor. Rev. Ciênc. Agron. [online]. 2013, vol.44, n.1 [cited 2021-04-01], pp.44-52. Available from:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-66902013000100006&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1806-6690.
http://dx.doi.org/10.1590/S1806-6690201300010000
PRÓXIMA AULA: PROVA

DÚVIDAS??
Diego José de Sousa Pereira
Eng° Agrícola e Ambiental (UFRRJ)
Doutorando Engenharia de Sistemas Agrícolas (ESALQ/USP)
Contato: diego.pereira@prof.unieduk.com.br

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