Você está na página 1de 41

Estudo populacional

A população: sua importância

O conhecimento da população (nº de habitantes, distribuição no espaço, composição por


sexo e idades, etc.) é fundamental para a tomada de decisões (como produzir, o que
produzir, quanto produzir) pelos particulares e pelo Estado (ex. combate ao desemprego).
Natalidade e mortalidade

 Natalidade: é o número de nascimentos ocorridos numa região durante um determinado tempo. A


taxa de natalidade exprime o número de nodos-vivos em relação a um grupo médio de 1000 habitantes.

TN =

Onde: TN = taxa de natalidade N= natalidade PT= população total


 Mortalidade: A Mortalidade representa o número total de óbitos ocorridos num
determinado período de tempo. Taxa de mortalidade: nº médio de óbitos por cada 1000
habitantes, num determinado país, num dado período de tempo.

TM =

Taxa de mortalidade infantil: nº médio de óbitos em crianças com menos de 1 ano de


idade por cada 1000 nados-vivos, num determinado país, num dado período de tempo.

TMI =

Taxa de crescimento natural da população: diferença entre a natalidade e a mortalidade.


CN=N-M TCN=TN-TM

Q1 ASPECTOS DA POPULAÇÃO EM PORTUGAL


Anos População residente Natalidade Mortalidade

(em milhares de (em milhares de (em milhares de


indivíduos) indivíduos) indivíduos)
1995 9920,8 107,1 103,2
1996 9934,1 110,2 107,3
1997 9957,3 113,5 104,6
1998 9979,5 113.8 106,8
1999 9997,6 116,0 108,0
INE, 2001

 A partir do quadro Q1, calcule:


a) as taxas de natalidade dos anos 1997 e 1999.
b) as taxas de mortalidade de 1996 e 1997.
c) as taxas de crescimento natural de 1995 e 1998.

Alguns conceitos a relembrar


a) Valores absolutos e valores relativos
Valores absolutos: dados numéricos que medem uma grandeza em determinada unidade
(ex. milhares de pessoas)
Valores relativos: percentagens, permilagens, taxas de variação.

Permilagem=

Taxas de variação: evolução positiva ou negativa relativamente a um valor de partida, em


determinado momento do tempo
b) Importação e Exportação
Importação: Entrada de Bens e Serviços no país, provenientes do Resto do Mundo (RM) e
correspondente saída de divisas.
Exportação: saída de Bens e Serviços para o RM e correspondente entrada de divisas.

d) Movimentos migratórios e crescimento efetivo

Movimentos migratórios: deslocação da população no interior de um país de um país para


outro
• Emigração: saída da população.
• Imigração: entrada da população.

Crescimento efetivo: dá-nos o crescimento global da população, sendo obtido através da


evolução natural e do saldo migratório.
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
 Origem da palavra Economia
Etimologicamente, termo Economia vem do grego Oikos, que significa Casa e Nomos que
significa Lei ou Ordem. A junção dessas duas palavras, ou melhor, desses dois conceitos,
fez surgir a palavra OIKONOMIA e depois Economia, que significava a Economia
particular ou Economia da casa. Tal como um casal gere o orçamento familiar para
satisfazer as suas necessidades, a ECONOMIA tem a ver com a forma como o Homem cria
e utiliza bens (recursos) escassos com vista à satisfação das suas necessidades e melhoria do
seu bem-estar. Tal como um casal gere o orçamento familiar para satisfazer as suas
necessidades, a ECONOMIA tem a ver com a forma como o Homem cria e utiliza bens
(recursos) escassos com vista à satisfação das suas necessidades e melhoria do seu bem-
estar.
1 CONCEITO DE ECONOMIA
Etimologicamente, a palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). No
sentido original, seria a “administração da casa”, que pode ser generalizada como
“administração da coisa pública”.
Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade
decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a
distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer às
necessidades humanas.
Assim, trata-se de uma ciência social, já que objetiva atender às necessidades humanas.
Contudo, depende de restrições físicas, provocadas pela escassez de recursos produtivos ou
fatores de produção (mão-de-obra, capital, terra, matérias-primas).
Pode-se dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez, ou seja,
como “economizar” recursos.
A escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição física de
recursos. Afinal, o crescimento populacional renova as necessidades básicas; o contínuo desejo
de elevação do padrão de vida (que poderia mos classificar como uma necessidade “social” de
melhoria de status) e a evolução tecnológica fazem com que surjam “novas” necessidades
(computador, freezer, celular, DVD etc.). Nenhum país, mesmo os países ricos, são
autossuficientes, em termos de disponibilidade de recursos produtivos, para satisfazer a todas
as necessidades da população.
Se não houvesse escassez de recursos, ou seja, se todos os bens fossem abundantes (bens
livres), não haveria necessidade de estudarmos questões como inflação, crescimento
econômico, deficit no balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda etc. Esses
problemas provavelmente não existiriam (e obviamente nem a necessidade de se estudar
Economia).
2- A QUESTÃO DA ESCASSEZ E OS PROBLEMAS ECONÓMICOS FUNDAMENTAIS

Neste tópico, vale ressaltar que apresentaremos as principais características de sistemas econômicos, ou
seja, como as sociedades se organizam do ponto de vista econômico. Não confundir com diferenças de
regimes políticos (democracia, socialismo, comunismo), que, embora afetem e sejam afetados pelas
questões econômicas, representam um campo de discussão mais amplo, mais apropriado à área da Ciência
Política.
3.1 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO
As economias de mercado podem ser analisadas por dois sistemas:
• sistema de concorrência pura (sem interferência do governo); • sistema de economia mista
(com interferência governamental).
3.1.1 Sistema de concorrência pura
Num sistema de concorrência pura ou perfeitamente competitivo, predo mina o laissez-faire:
milhares de produtores e milhões de consumidores têm condições de resolver os problemas
econômicos fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir), como que guiados por
uma “mão invisível”. Isso sem a necessidade de intervenção do Estado na atividade
econômica.
Isso se torna possível mediante o chamado mecanismo de preços, que resolve os problemas
econômicos fundamentais e promove o equilíbrio nos vá rios mercados, da seguinte forma:
• se houver excesso de oferta (ou escassez de demanda), formar-se-ão estoques nas empresas,
que serão obrigadas a diminuir seus preços para escoar a produção, até que se atinja um preço
no qual os estoques estejam satisfatórios. Existirá concorrência entre em presas para vender os
bens aos escassos consumidores;
• se houver excesso de demanda (ou escassez de oferta), formar-se-ão filas, com concorrência
entre consumidores pelos escassos bens disponíveis. O preço tende a aumentar, até que se
atinja um nível de equilíbrio em que as filas não mais existirão.
Os problemas econômicos fundamentais são resolvidos, no sistema de concorrência pura, da
seguinte forma:
• o que e quanto produzir: os produtores decidirão o que e quanto produzir de acordo com o
preço dos bens e serviços. Assim, aquele bem ou serviço cujo preço (rentabilidade) for maior
será aquela cuja produção aumentará;
• como produzir: é resolvido no âmbito das empresas (trata-se de uma questão de eficiência
produtiva); envolve a escolha da tecnologia e recursos adequados, que também é realizada a
partir da comparação com os preços de tecnologias e recursos alternativos;
• para quem produzir: é decidido no mercado de fatores de produção (pelo encontro da
demanda e oferta dos serviços dos fatores de

IMPERFEIÇÕES DO SISTEMA DE CONCORRÊNCIA PURA


As críticas mais frequentes a esse tipo de sistema econômico são as seguintes:
a. trata-se de uma grande simplificação da realidade;
b. os preços nem sempre flutuam livremente, ao sabor do mercado, em virtude de fatores
como:
• força dos sindicatos sobre a formação de salários (os salários também são preços, que
remuneram os serviços da mão-de-obra);
• poder dos monopólios e oligopólios sobre a formação de preços no mercado, não permitindo
que a sociedade consuma a quantidade de bens e serviços que deseja;
• Intervenções do governo, via:
- impostos, subsídios, tarifas E preços públicos (água, energia etc.);
- Política salarial (fixação de salário mínimo, reajustes, prazos de dissídios etc.);
- Fixação de preços mínimos;
- Congelamento E tabelamento de preços;
- Impostos E subsídios;
- Política cambial;
c. o mercado sozinho não promove perfeita alocação de recursos. A produção e/ou consumo de
determinado bem ou serviço pode produzir efeitos colaterais (externalidades) positivas ou
negativas que não são internalizados nos preços de mercado. Além disso, existem bens
públicos, pelos quais os consumidores não estão dispostos a revelar sua disposição a pagar. São
fatores que distorcem a alocação de recursos a partir do sistema de preços.
d. o mercado sozinho não promove perfeita distribuição de renda, pois, como vimos, só
participa da distribuição do que é produzido aquele indivíduo que possui renda suficiente para
pagar o preço de mercado.
São todas críticas pertinentes, que justificam inclusive a atuação do governo para
complementar a iniciativa privada e regular alguns mercados, fixar salário mínimo, preços
mínimos na agricultura etc. Entretanto, muitos merca dos comportam-se mais ou menos num
sistema de concorrência quase pura. Afinal, centenas de milhares de mercadorias são
produzidas e consumidas por milhões de pessoas, mais ou menos por sua livre iniciativa e sem
uma direção central. O mercado horte-frute-granjeiro, por exemplo, aproxima-se bastante desse
modelo.
3.1.2 Sistema de mercado misto: o papel econômico do governo
Por pelo menos 100 anos, do final do século XVIII, com a Revolução Industrial, ao final do
século passado, predominava um sistema de mercado muito próximo da concorrência pura. No
século XX, quando se tornou mais presente a força dos sindicatos e dos monopólios e
oligopólios, associada a outros fatores, como ao desenvolvimento do mercado de capitais e do
comércio internacional, a economia tornou-se mais complexa.
A ocorrência de uma grande crise econômica, qual seja, a depressão nos anos 30, mostrou que
o mercado, sozinho, não garante que a economia opere sempre com pleno emprego de seus
recursos, evidenciando a necessidade de uma atuação mais ativa do setor público nos rumos da
atividade econômica.
Basicamente, a atuação do governo justifica-se com o objetivo de eliminar as chamadas
distorções alocativas (isto é, na alocação de recursos) e distributivas e de promover a melhoria
do padrão de vida da coletividade. Isso pode dar-se das seguintes formas:
a) atuação sobre a formação de preços, corrigindo externalidades (via impostos e subsídios),
tabelamentos, fixação de salário mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio, taxa de juros;
b) complemento da iniciativa privada, principalmente de investimentos em infraestrutura
básica (energia, estradas etc.), o qual, eventualmente, o setor privado não tem condições
financeiras de assumir, seja pelo elevado montante de recursos necessários, seja em virtude do
longo tempo de maturação do investimento, até que venha a propiciar retorno sobre o capital
investido;
c) fornecimento de serviços públicos: iluminação, água, saneamento básico etc.;
d) fornecimento de bens públicos: bens públicos são bens gerais, fornecidos pelo Estado, que
não são vendidos no mercado; funda mentalmente, educação, justiça, segurança;
e) compra de bens e serviços do setor privado: o governo é, isoladamente, o maior agente do
sistema e, portanto, o maior comprador de bens e serviços.

3.2 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA CENTRALIZADA

No sistema de economia centralizada ou planificada, a forma de resolver os problemas


econômicos fundamentais (ou seja, a escolha da melhor alternativa) é decidida por uma
Agência ou Órgão Central de Panejamento, e não pelo mercado.
A propriedade dos recursos (chamados de meios de produção, nesses sistemas) é do Estado (ou
seja, os recursos são de propriedade pública). Os meios de produção incluem máquinas,
edifícios, residências, terra, entidades financeiras, matérias-primas. Os meios de sobrevivência
pertencem aos indivíduos (roupas, carros, televisores etc.). Na economia de mercado, como
vimos, prevalece a propriedade privada dos fatores de produção.
A Agência ou Bureau Central (na antiga URSS, a Gosplan) realiza um inventário dos recursos
disponíveis e das necessidades da sociedade, e faz uma seleção das prioridades de produção,
isto é, estabelece metas de panejamento (na antiga URSS, os chamados Planos Quinquenais).
Esse órgão respeita, em parte, as necessidades do mercado, mas está sujeito às prioridades
políticas dos governantes.
Uma economia centralizada apresenta ainda as seguintes características:
• papel dos preços no processo produtivo: os preços representam apenas recursos contábeis
que permitem o controle da eficiência das empresas. Ou seja, os preços são apenas escriturados
contabilmente: as empresas têm quotas físicas de matérias-primas, por exemplo, mas não
fazem nenhum desembolso monetário, apenas registram o valor da aquisição como custos de
produção;
• papel dos preços na distribuição do produto: os preços dos bens de consumo são
determinados pelo governo. Normalmente, o governo subsidia fortemente os bens essenciais e
taxa os bens considerados supérfluos;
• repartição do lucro: uma parte do lucro vai para o governo. Outra parte é usada para
investimentos na empresa, dentro das metas estabelecidas pelo governo. A terceira parte é
dividida entre os administradores (os burocratas) e os trabalhadores, como prêmio pela
eficiência. Se o governo considera que determinada indústria é vital para o país, esse setor será
subsidiado, mesmo que apresente ineficiência na produção ou prejuízos.
3.3 SISTEMAS ECONÔMICOS: SÍNTESE
As diferenças entre os sistemas de economia de mercado e economia centralizada podem ser
resumidas em dois aspetos:
• propriedade pública x propriedade privada dos meios de produção;
• os problemas econômicos fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir) são
resolvidos ou por um órgão central de panejamento, ou pelo mercado.
As economias de mercado tendem a apresentar maior eficiência alocativa, em virtude da
menor interferência do governo nas decisões de produção e, por tanto, na alocação de recursos,
permitindo que as forças de mercado estabeleçam as prioridades da sociedade, com grande
ênfase na produção de bens de consumo. Já o sistema de panejamento central fracassou em
grande parte dos
países, tanto em melhorar a distribuição da renda como em realizar um atendi mento básico da
população. Por esse motivo, as economias atuais, mesmo as guiadas por governos comunistas,
como China e Rússia, têm aberto cada vez mais espaço para a atuação da iniciativa privada.
5 ANÁLISE POSITIVA E ANÁLISE NORMATIVA
A teoria econômica, como toda teoria, deve respeitar alguns critérios que a tornam aceitável
pela comunidade científica, e ser composta de variáveis e hipóteses que ajudam a explicar e a
prever alguns fenômenos. A teoria econômica tem apresentado um desenvolvimento ímpar nos
últimos dois séculos. As ferramentas de análise têm evoluído grandemente, e muitos de seus
conceitos são utilizados em outras áreas. Seu escopo tem aumentado significativamente,
dispondo atualmente de recursos que permitem processar uma quantidade de in formações e
situações inimagináveis há algumas décadas. Apesar de alguns autores argumentarem que toda
a análise econômica está permeada de questões subjetivas, uma vez que seu objeto de estudo é
o próprio sujeito que a estuda, ou seja, o homem, a teoria econômica apresenta alto grau de
objetividade.
A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos (economia positiva) e argumentos
normativos (economia normativa). A economia normativa contém um juízo de valor, subjetivo,
e a economia positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos, que respeita todos os cânones
científicos. Os argumentos normativos referem-se ao que deveria ser, e os argumentos
positivos ao que é.
Por exemplo, quando dizemos que deveria ocorrer uma melhoria na distribuição de renda,
expressamos um juízo de valor em que acreditamos, isto é, se é uma coisa boa ou má. Esse é
um argumento da economia normativa. Já a economia positiva ajudará a escolher o
instrumento de política econômica mais adequado para diminuir a concentração de renda
(política salarial, política tributária etc.), procurando avaliar quais os aspetos positivos e
negativos dessa política (impacto sobre gastos públicos etc.).
O principal instrumento que a economia utiliza para analisar a realidade são os modelos. Os
modelos são simplificações da realidade, que buscam captar sua essência. Os modelos têm que
ser logicamente consistentes e podem ser apre sentados de muitas formas: verbais, algébricos,
por representação gráfica etc. Os modelos captam algum aspeto relevante da realidade. Um
exemplo é o modelo macroeconômico apresentado neste livro. Ele é representado por poucas
equações. Essas equações resumem alguns aspetos essenciais do comportamento de todos os
agentes da sociedade, abstraindo uma infinidade de detalhes.
Como em qualquer ciência, esses modelos podem ser testados. O ramo da economia que está
voltado para quantificar os modelos é chamado de Econometria, que combina teoria
econômica, matemática e estatística. Os modelos também podem ter uma formulação verbal,
como, por exemplo, a explicação marxista para a evolução histórica da economia. Nesse caso,
utilizam-se exemplos históricos para fundamentar empiricamente a análise econômica.
Como os modelos privilegiam apenas alguns aspetos da realidade, eles podem mostrar-se
muito adequados em algumas situações e impróprios em outras. A adequação de modelos à
realidade é uma tarefa importante. A teoria econômica avança pelo aprimoramento dos
modelos utilizados, seja porque a base econômica muda, seja porque surgem novos problemas
econômicos que devem ser resolvidos.

6 A RELAÇÃO DA ECONOMIA COM AS DEMAIS CIÊNCIAS


Neste tópico, procuraremos estabelecer os pontos de contato entre a Teoria Econômica e outras
áreas do conhecimento.
Na chamada pré-economia, antes da Revolução Industrial do século XVIII, que corresponde ao
período da Idade Média, a atividade econômica era vista como parte integrante da Filosofia,
Moral e Ética. A Economia era orientada por princípios morais e de justiça. Não existia ainda
um estudo sistemático das leis econômicas, predominando princípios como Lei da Usura, o
preço justo (discutidos, entre outros filósofos, por São Tomás de Aquino) etc.
Ainda hoje, as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e cristã às relações
econômicas entre homens e nações.
O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços na área de
Física e Biologia nos séculos XVIII e XIX.
A construção do núcleo científico inicial da Economia foi desenvolvida com base nas
chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o Grupo
Organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo, daí se utilizarem termos como
funções, circulação, fluxos, na Teoria Econômica. Segundo o Grupo Mecanicista, as leis da
Economia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advêm os termos estática,
dinâmica, aceleração, velocidade, forças etc.
Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, que coloca em plano
superior os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a economia repousa sobre os
atos humanos, e é por excelência uma ciência social, pois objetiva a satisfação das
necessidades humanas.
Muitos dos avanços obtidos na Teoria Econômica advieram da pesquisa histórica, pois a
História facilita a compreensão do presente, e ajuda nas previsões para o futuro, com base nos
fatos do passado. As guerras e revoluções, por exemplo, alteraram o comportamento e a
evolução da Economia. Contudo, também os fatos econômicos afetam o desenrolar da história.
Alguns importantes períodos da história são associados a fatores econômicos, como, por
exemplo, o ciclo do ouro e o ciclo do açúcar, na História do Brasil, a Revolução Industrial, a
quebra da Bolsa de New York (1929), a crise do petróleo etc., os quais alteraram
profundamente a História Mundial. Em última análise, as próprias guerras e revoluções têm
por detrás motivações econômicas.
Há também uma grande conexão entre Economia e Geografia. A Geografia não é o simples
registro de acidentes geográficos e climáticos. Permite avaliar também questões como as
condições geoeconómicas dos mercados regionais, a concentração espacial dos fatores
produtivos, a localização de empresas,
a composição setorial da atividade econômica, muito úteis à análise econômica. * Inclusive,
algumas áreas de estudo econômico são relacionadas diretamente com a geografia, como a
Economia Regional, a Economia Urbana e a Teoria da Localização Industrial.
Quanto à relação entre Economia e Política, torna-se difícil estabelecer um nexo de causalidade
(causa e efeito) entre essas duas áreas do conhecimento. A Política fixa as instituições sobre as
quais se desenvolverão as atividades
econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica subordina-se à estrutura e ao regime político
do país. Entretanto, por outro lado, a estrutura política encontra-se, muitas vezes, subordinada
ao poder econômico. Por exemplo, a política do “café com leite”, antes de 1930, quando Minas
Gerais e São Paulo dominavam o cenário político do país, o poder dos grandes grupos
econômicos etc.
No que se refere à intercorrência com o Direito, as normas jurídicas estão subjacentes à teoria
econômica, assim como os problemas econômicos podem modificar o quadro existente de
normas jurídicas. Alguns exemplos ilustram essa relação:
• leis anti truste, que atuam sobre as estruturas de mercado, assim como sobre o
comportamento das empresas;
• a ação das Agências de Regulamentação, que dão os parâmetros de atuação em áreas de
infraestrutura básica, petróleo, telefonia, gás etc.;
• a importância da Constituição Federal, onde se determina a competência para a execução de
políticas econômicas e se estabelecem os direitos e deveres dos agentes econômicos.
Finalmente, cabe destacar como a Economia, a Matemática e a Estatística estão
correlacionadas. Apesar de ser uma ciência social, a Economia depende de limitações do meio
físico, dado que os recursos são escassos, e ocupa-se de quantidades físicas e relações entre
quantidades físicas, como a que se estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores
de produção utilizados no processo produtivo.
Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística, como ferramentas úteis
para estabelecer relações entre variáveis econômicas.
A Matemática permite escrever de forma resumida importantes conceitos e relações de
Economia, permitindo a análise econômica sob a forma de modelos analíticos, com poucas
variáveis estratégicas, que resumem os aspetos essenciais da questão em estudo. Tomemos
como exemplo uma importante relação econômica, a chamada função consumo, que estabelece
uma correspondência entre o consumo global da coletividade e a renda nacional, que pode ser
representada da seguinte forma:

A primeira expressão diz que o consumo é uma função (f) da Renda Nacional (RN). A segunda
informa que, dada uma variação na Renda Nacional (ARN), tem-se uma variação diretamente
proporcional (na mesma direção) do Consumo Agregado (AC).
Para calcular numericamente essa relação, útil para previsões macroeconômicas, é preciso
coletar uma série de dados de consumo e de renda nacional, e recorrer ao cálculo estatístico, ou
seja, à Estatística Econômica e Econometria, que é a área da Economia que está voltada para a
quantificação de modelos.

Deve ser observado que, em Economia, tratamos com leis probabilísticas, não leis exatas. Por
exemplo, na relação vista anteriormente (C = f (R N)), conhecendo o valor da Renda Nacional
num dado ano, não se obtém o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa, já que o
consumo não depende só de renda nacional, mas de outros fatores (condições de crédito, juros,
patrimônio etc.). Supõe-se que, para efeito de previsão econômica, a renda nacional seja
suficiente para obter-se uma boa aproximação do consumo esperado da coletividade.
Evidentemente, se a Economia fosse baseada em relações matemáticas, tudo seria previsível.
Entretanto, não existe no mundo econômico regularidades como, por exemplo, a de que o
comprimento da circunferência é igual a dois pi radianos (C = 2nr). Na Economia, o átomo
aprende, pensa, reage, projeta, finge. Imagine como seria a Física e a Química se o átomo
aprendesse: aquelas belas regularidades desapareceriam. Os átomos pensantes logo se
agrupariam em classes, para defenderem seus interesses; teríamos uma “Física dos átomos
proletários”, “Física dos átomos burgueses” etc.1

Entretanto, a Economia apresenta muitas regularidades, que podem ser econometricamente identificadas.
Além da relação entre consumo e renda nacional, mostraremos ao longo do livro que há
relações estáveis e regulares entre a quantidade demandada de um bem, seu preço e a renda dos
consumidores, entre exportações e importações com a taxa de câmbio, e inúmeras outras.
A Matemática e a Estatística são ferramentas de análise necessárias tanto para previsões como
para confrontar as proposições teóricas com os dados da realidade. Permitem colocar à prova
as hipóteses da Teoria Econômica. São instrumentos das ciências exatas úteis para analisarmos
os fatos econômicos, que afetam relações humanas.

7. DIVISÃO DO ESTUDO ECONÔMICO


A teoria econômica representa um só corpo de conhecimento, mas, como os objetivos e
métodos de abordagem podem diferir, de acordo com a área de interesse do estudo, costuma-se
dividi-la da forma a seguir:

Microeconomia ou Teoria microeconómica: estuda o comportamento das unidades


econômicas básicas: consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-se
com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos.

Macroeconomia ou Teoria macroeconômica: estuda a determinação e o comportamento dos


grandes agregados, como PIB, consumo nacional, investi mento agregado, exportação, nível
geral dos preços etc., com o objetivo de delinear uma política econômica. Por um lado, tem um
enfoque conjuntural, isto é, preocupa-se com a resolução de questões como inflação e
desemprego, a curto prazo. Por outro, trata de questões estruturais, de longo prazo, estudando
modelos de desenvolvimento que levem à elevação do padrão de vida (bem-estar) da
coletividade. Esse enfoque de longo prazo é denominado de Teoria de Desenvolvimento
Econômico. O instrumental básico desenvolvido na micro e na macroeconomia permite
analisar as grandes questões econômicas de nosso tempo, como, por exemplo, os fluxos
comerciais e financeiros entre os países (Economia Internacional), as relações entre capital e
trabalho (Economia do Trabalho), o comportamento dos vários setores de atividade etc.

1.2 Fenómenos sociais e fenómenos económicos


 Fenómenos Sociais designa os fenómenos que decorrem da vida social, ações e
situações observadas em determinadas sociedades, organizações e grupos e do
comportamento humano em sociedade, os fenómenos sociais podem ser de efeitos
positivos quanto negativos. Caso negativo, é chamado de problema social.
 Os fenómenos económicos são os decorrentes da atividade económica, ou seja, os
decorrentes da produção de bens escassos com intuito de satisfazer as necessidades
ilimitadas do homem.
Os fenómenos Económicos são o objeto de estudo da Economia. Este resulta da “divisão” da
dimensão social pelas diferentes Ciências Sociais.
Para tratamento dos dados a Economia recorre à Matemática e à Estatística.

1.3 A Economia como ciência e o seu objeto de estudo


 O objeto da Ciência Económica

Economia enquanto disciplina científica tem por objeto de estudo a sociedade, prestando
particular atenção a sua componente económica. Estudar a forma pela qual os recursos são
combinados para produzir bens capazes de satisfazer as necessidades existentes.

 Para que uma disciplina possa ser considerada uma ciência, dever-se-ão verificar quatro
condições:

 Ter um campo de estudo específico, isto é, ter um objeto de estudo;

 Ter uma terminologia própria, isto é, possuir um corpo de conceitos próprios;


 Utilizar o método científico na pesquisa;

 Ter uma teoria própria.


1.4 A atividade económica e os agentes económicos

Agentes económicos
Agente económico é todo o interveniente na atividade económica, desempenhando, pelo
menos, uma função com autonomia de decisões.
Agentes económicos Principais funções
Famílias Consumir
Empresas não financeiras Produzir bens e serviços não financeiros
Instituições financeiras Prestar serviços financeiros
Administração Pública Garantir a satisfação das necessidades
coletivas e redistribuir o rendimento

Resto do mundo Trocar bens, serviços capitais

 A atividade Económica
A atividade económica é o conjunto de procedimentos ou atuação tendo finalidade a
obtenção de bens e serviços necessários a satisfação das necessidades dos individuos.

A feira livre é o local tradicional onde se encontram


pequenos produtores, comerciantes e compradores em
busca de produtos de consumo, conseguidos atualmente
através de trocas por moedas e pagamento de custos e
lucros para financiamento e continuidade das atividades
económicas.

Atividade Econômica Familiar

Nas famílias primitivas se observaram atividades econômicas rudimentares: caça, pesca e


agricultura. Os chefes da família cuidavam do planeamento e da distribuição e todos
consumiam o que era produzido. Em sociedades mais complexas como a do Império
Romano, se observou nas famílias as primeiras manifestações da divisão do trabalho.
Atividade Econômica Inter-regional

Nas cidades surgiram os primeiros mercados e a moeda para facilitação das trocas de
mercadorias, a solução natural para a falta ou excesso de produção. Também o intercâmbio e
os contatos com outros lugares provocados pelas guerras, que em tempos de paz era
dificultado pela carência de transportes, ajudaram nas atividades precursoras do comércio.
Atividade Econômica Feudal

Com o colapso do Império Romano Ocidental, houve a reorganização da sociedade europeia


em feudos, quando parcelas da população se viram sob a proteção e influência dos senhores
feudais, nobres que detinham o poder político e econômico sobre os vassalos. Os tributos,
pedágios e alfândegas e a intensa atividade artesanal, além da falta de interesse no
desenvolvimento dos transportes e comunicação através de melhorias da eficiência e
segurança em estradas ou da navegação, se tornaram características predominantes da
atividade econômica desse período .

2.1 Necessidades – noção e classificação


Necessidade: é um estado de carência que urge ser ultrapassado ou satisfeito.

O ser humano tem múltiplas necessidades, isto é, passa por estados de carência que
representam mal-estar e que ele precisa de resolver. Dar resposta às constantes solicitações e
problemas que vamos encontrando é, afinal, satisfazer necessidades um dos objetivos
prioritários da Economia.

2.1.1 Características das necessidades


As necessidades humanas são múltiplas e variam no tempo e no espaço. Existe uma enorme
diversidade de necessidades que apresentam as seguintes características:
 Multiplicidade: diz respeito ao facto de o indivíduo sentir necessidades
ilimitadas (múltiplas). Segundo o psicólogo americano Maslow, as necessidades
podem ser hierarquizadas em níveis diferentes, desde as fundamentais, como a
alimentação, às de nível superior, onde se inclui a realização pessoal.
 Substituibilidade: significa que as mesmas necessidades podem ser satisfeitas
por bens alternativos (que se substituem uns aos outros).
 Saciabilidade: significa que a intensidade de uma necessidade vai diminuindo à
medida que a vamos satisfazendo, acabando por desaparecer.
 Relatividade: enquanto factos sociais, as necessidades variam temporal e
geograficamente, isto é, são relativas ao tempo e ao espaço.
HIRARQUIA DAS NECESSIDADES
2.1.2 Classificação das necessidades
Podemos classificar as necessidades quanto à importância, ao custo e ao facto de vivermos em
coletividade.
Importância
Primárias São prioritárias, como por exemplo: a
alimentação, a saúde, vestuário, habitação.

Secundárias São aquelas cuja não realização não ameaça


de imediato a vida da população, como por
exemplo: transporte, ir ao cinema

Terciárias São as consideradas supérfluas ou de luxo,


cuja satisfação poderá ser considerada
dispensável, como por exemplo: roupa de
alta-costura, jóias, perfumes caros.

Custo
Económicas Somos obrigados a despender moeda ou
outra riqueza para a satisfazer, como por
exemplo: alimentação.

Não Económicas Não somos obrigados a despender qualquer


quantia de moeda ou de outra riqueza para a
satisfazer, por exemplo: respiração.

Vivermos em coletividade

Individuais São aquelas que dizem respeito à própria


pessoa

Coletivas São aquelas que atingem toda a comunidade e


resultam da vida social
Existe uma relação entre uma necessidade e a sua satisfação, e esta assenta no consumo.

2.2. Consumo – noção e tipos de consumo


2.2.1. Noção de consumo

Consumo é o ato de suprir os estados de carência que os indivíduos sentem. Esses meios,
bens e serviços, são a “chave” para a satisfação do indivíduo.

O Ato de Consumir
O ato de consumir é um direito que traz obrigações e responsabilidades económicas, sociais,
políticas e ambientais. Este pode ainda ser encarado segundo dois pontos de vista: o
económico e o social.

O consumo como ato económico


O consumo representa um ato económico, pois, ao satisfazermos determinadas necessidades,
em vez de outras, e ao consumir bens e serviços, estamos a efectuar escolhas com
implicações em toda a economia. Ao consumirmos estamos a dar ordens de produção às
empresas que produzem os bens procurados. A procura é indispensável à produção, ou seja,
o consumidor é um elemento fundamental na dinamização da actividade económica.
O consumo como ato social
O consumo é também um ato social, pois, ao consumirmos estamos a originar
consequências que podem ser ou não benéficas para nós e para a sociedade. Se ao
procurarmos bens para consumo que sejam prejudiciais à nossa saúde, produzido segundo
tecnologias poluentes, feitos à base de trabalho infantil, ou em países não respeitantes dos
direitos dos seus cidadãos, etc, estaremos a contribuir para a degradação do meio ambiente e
a dar o nosso consentimento à continuação da exploração dos seres humanos. Ao
consumirmos estamos a dar origem a um processo de grande responsabilidade.

2.2.2 Tipos de Consumo


Consumo Essencial: consumo de bens e serviços indispensáveis à sobrevivência do
indivíduo.
Consumo supérfluo: consumo de bens e serviços dispensáveis
Consumo privado: consumo dos particulares.
Consumo público: consumo do Estado ou da Administração Interna.
Consumo Individual: consumo realizado por cada um de nós, impedindo o consumo desse
bem por outros em simultâneo.
Consumo Coletivo: conjunto de serviços gratuitos ou fornecidos a preço simbólico, de que
toda a coletividade goza por ação da Administração Pública ou das Administrações Privadas.
Consumo Final: consumo de bens e serviços pelas famílias.
Consumo Intermédio: consumo de bens para posterior transformação pelas empresas, até
se transformarem em bens de consumo final.

2.3. Padrões de consumo – diferenças e fatores explicativos


2.3.1. Noção de padrão de consumo
São modelos específicos a que o consumo obedece consoante a época, a localização
geográfica, a cultura dos povos, o rendimento das famílias, etc.
2.3.2. Fatores de que depende o consumo
O consumo é um fenómeno social complexo, condicionado por múltiplos fatores e, como já
vimos, com influência sobre a vida humana e a do Planeta.

Rendimento dos consumidores


O consumo dá-se em função do rendimento. Isto significa que uma alteração no nível de
rendimentos dos consumidores reflete-se, em princípio, no nível do consumo.
Lei de Engel
De acordo com Engel, quanto menor for o rendimento de uma família, mais elevada é a
proporção do rendimento gasto em despesas de alimentação. Se questionarmos uma
certa população sobre os rendimentos que recebem anualmente e sobre a forma como os
gastam, as respostas irão permitir-nos elaborar um quadro.

Coeficiente Orçamental: representa a percentagem de uma classe de despesas de


consumo em relação ao total das despesas de uma família ou de um agrupamento social.

Nível dos Preços


O consumo liga-se diretamente preço dos bens, dado que dele depende a capacidade
aquisitiva dos consumidores:
- uma subida generalizada dos preços dos bens pressupõe uma diminuição na
capacidade aquisitiva das famílias, se os respetivos rendimentos se mantiverem.
- pelo contrário, uma descida generalizada dos preços supõe um aumento da
capacidade aquisitiva dos consumidores, mesmo que se mantenha o nível dos respetivos
rendimentos.
Um aumento dos preços, não acompanhado da elevação proporcional dos rendimentos,
obriga os consumidores a abdicarem de consumos não essenciais, atribuindo assim, uma
maior parcela do seu rendimento à satisfação das necessidades básicas.
A diminuição generalizada dos preços dos bens equivale à possibilidade de as famílias
utilizarem uma maior parte do seu rendimento na aquisição de bens não essenciais,
melhorando assim o seu padrão de vida.
Quando a subida dos preços não abrange a totalidade dos bens ou dos serviços é natural que
a procura dos consumidores se desloque para aqueles bens ou serviços que apresentam
preços mais baixos e satisfaçam as mesmas necessidades.
Inovação Tecnológica
A inovação tecnológica produz efeitos:
- Ao nível dos processos produtivos: produzir com novas tecnologias (máquinas,
energias, matérias-primas) permite obter custos mais baixos, maior rapidez na produção,
maiores quantidades, melhor qualidade, por exemplo, o que se traduz em bens mais
acessíveis para o consumidor.
- Ao nível da natureza dos bens: os novos bens, tecnologicamente mais sofisticados,
têm outras funções, outra apresentação, maiores potencialidades. Tudo isto constitui mais-
valias, e consequentemente, um aumento da apetência para o consumo.
Outros fatores económicos
Outros fatores de natureza económica podem influenciar o comportamento do consumidor.
É o caso do crédito bancário. O crédito é um adiantamento que os bancos concedem aos
seus clientes mediante o pagamento de um juro, para que este adquira os bens de que
necessita e para os quais não tem dinheiro disponível no momento.
Contudo, sendo o consumo um acto de responsabilidade pessoal e social, é preciso exercer
este comportamento de uma forma racional, de modo a evitar o endividamento excessivo.

Fatores Extraeconómicos
São inúmeros os fatores extraeconómicos que influenciam o consumo. Assim acontece, por
exemplo, como a moda, a publicidade, as técnicas de venda, o meio social, a tradição, a
idade dos consumidores, a localização geográfica e o meio social.
O marketing nasceu nos anos 60 da necessidade as empresas escoarem a sua produção. A
criação de clientes e a sua fidelização passa a ser a finalidade da empresa, que irá
desenvolver várias atividades: serviços de vendas e publicidade, estudos do mercado,
definição de preços, promoções, testes de novos produtos. Estas atividades baseiam-se no
conhecimento dos clientes: os seus valores, atitudes, desejos e comportamentos.
Exemplos dessas atividades são: a publicidade, a cor e a forma das embalagens… ou seja,
coisas que chamem a atenção dos consumidores.
A publicidade cria no utente a necessidade de utilizar os produtos. Esta “joga” com a
necessidade de se aceite pela coletividade, levando os consumidores a consumirem
superfluamente.

2.3.3. Estrutura do consumo


É a forma como as despesas de consumo das famílias são repartidas pelos diferentes grupos
de bens de consumo.

2.3.4. Sociedade de consumo


A sociedade de consumo é:
- Uma sociedade em que a oferta excede a procura, o que implica o recurso a
estratégias de marketing para escoar a produção.
- Uma sociedade de oferta de bens normalizados, produzidos a baixos custos que
resultam da produção em série, atrativos e de duração efémera pois as necessidades de
produzir e escoar são permanentes.
- Uma sociedade com padrões de consumo massificados devido ao tipo de oferta (bens
padronizados) e tipo de pressões exercidas sobre o consumidor (a publicidade sugere
modelos de comportamento a seguir).
Esta sociedade nasceu na sequência da expansão da industrialização. As empresas passam a
produzir bens em série e o consumidor torna-se o destinatário passivo de uma produção
estandardizada. O progresso das técnicas de produção e o desenvolvimento económico
permitiram o fabrico em grandes escalas, originando assim a sociedade de consumo.
Nos finais dos anos 50, o poder de compra da população dos países industrializados era tal
que o acesso ao consumo deixou de ser um fator de diferenciação social. Estávamos então
na era do consumo de massas.
O consumo de massas leva o consumidor aos produtos de “hoje”, visto que o consumo é
uma forma de integração social – consome-se o que está na moda para se ser um elemento
aceite na sociedade de consumo. Era a era do “usar e deitar fora”.
2.3.5. Consumismo
Consumismo: é o conjunto dos comportamentos e atitudes suscetíveis de conduzir a um
consumo sem critério, compulsivo, irresponsável e perigoso.
O consumismo, a que a sociedade portuguesa não é alheia, tem causado problemas
económicos e sociais às famílias. O endividamento é um desses problemas.
2.4. O consumismo e a responsabilidade social dos consumidores
Consumerismo: atitude de cidadania que se caracteriza por um consumo racional,
responsável, que tem em conta as consequências económicas, sociais, culturais e ambientais
do ato de consumir.
O consumerismo pretende:
Criar o equilíbrio entre consumidores, produtores e distribuidores;
Participar nas decisões económicas e sociais que afetam os consumidores;
Intervir no sentido da preservação do meio ambiente;
Informar e proteger o consumidor.
A ação consumerista implica o consumidor na defesa dos seus direitos. Mas essa ação
também lhe traz deveres.

Unidade 3 – A produção de bens e serviços


3.1. Bens – noção e classificação
Bens: tudo aquilo que se utiliza para satisfazer as necessidades do Homem.
Bens Livres e bens económicos
Bens livres: bem pelo qual não é necessário qualquer dispêndio de moeda para o utilizar,
por exemplo: Sol, ar…
Bens económicos: bem pelo qual é necessário o dispêndio de moeda para a sua utilização,
por exemplo: Carro, casa…
Bens materiais e serviços (quanto à natureza)
Bens materiais: meio físico ou material capaz de satisfazer uma necessidade.
Serviços: meio não material capaz de satisfazer uma necessidade.

Bens de consumo e bens de produção (quanto à função)


Bens de consumo: bem que se destina a ser consumido.
Bens de produção: bens utilizados nas empresas na produção de outros bens.
Entre os bens de produção podemos distinguir:
Bens de equipamento: máquinas, …
Matérias-primas: água, laranjas…
Matérias Subsidiárias: energia elétrica, …
Para as empresas as matérias-primas e as matérias subsidiárias constituem consumo
intermédio, mas para os consumidores, as famílias, constituem sempre consumos finais.
Bens duradouros e bens não duradouros (quanto à duração)
Bem duradouro: bem que perdura após mais de uma utilização. Exemplo: maquinas Bens
não duradouros: bem com uma duração limitada (passível de uma utilização). Exemplo:
banana
Bens Sucedâneos e bens complementares (quanto às relações recíprocas)
Bens sucedâneos: bens que se podem substituir entre si por terem propriedades ou
características semelhantes, como por exemplo: açúcar e mel
Bens complementares: bens em que o consumo de um implica o consumo de outro para a
finalidade com que são utilizados, como por exemplo: autocarro e estrada.

3.2. Produção e processo produtivo. Setores de atividade económica


Produção: é a atividade do Homem sobre a natureza com vista à obtenção dos bens e dos
serviços necessários à satisfação das suas necessidades.
Processo produtivo: sequência de etapas através das quais as matérias-primas são
transformadas em produtos finais.
Setores de atividade económica
 Setor primário: inclui as atividades relacionadas com a extração de produtos do
mar, do solo e do subsolo, ou seja, a pesca, a agricultura, a pecuária, a silvicultura e
a indústria extrativa.
 Setor secundário: abrange as indústrias transformadoras, isto é, as atividades que
transformam as matérias-primas fornecidas pelo setor primário em produtos
utilizáveis. Inclui, também, a construção e produção e distribuição de gás, a
silvicultura e a indústria extrativa.
 Setor terciário: corresponde aos serviços. Este é um setor residual onde se incluem
todas as atividades que não cabem nos outros dois setores. (comércio, bancos,
seguros, transportes, comunicação social, educação, defesa, turismo, justiça, …)

A classificação da atividade económica permite:


- ter uma perspetiva da importância de cada setor de atividade na economia
- verificar o contributo de cada setor de atividade para a realização do produto
- analisar a evolução quantitativa e qualitativa da economia, verificando os ramos de
atividade que são mais dinâmicos;
- realizar comparações com outros países no sentido de situar a economia em análise no
contexto económico internacional.
3.3. Fatores de produção - noção e classificação
Fatores de produção: os fatores de produção são os elementos indispensáveis à produção
dos bens e serviços. Englobam a força de trabalho, o capital e os recursos naturais.

forças produtivas:
Força de trabalho: entende-se por ser a capacidade do ser humano para trabalhar, o que
lhe permite, portanto, produzir os bens e serviços de que precisa para satisfazer as suas
necessidades.
Meios de produção ou capital:
Objetos de trabalho: tudo aquilo que é alvo do trabalho humano. Entre os objetos de
trabalho, podemos considerar dois tipos de matérias: matérias-primas e matérias
subsidiárias.
Meios de trabalho: são usados pelo ser humano na transformação dos objetos de trabalho a
fim de obter produtos utilizáveis.

3.3.1. Os recursos naturais


Recursos Naturais: são bens que a Natureza oferece ao ser humano e que este utiliza para
satisfação das suas necessidades, diretamente como matérias-primas ou como matérias
subsidiárias na produção de outros bens.
Existem dois tipos de recursos naturais:
Recursos renováveis: quando um recurso é suscetível de ser renovado num período de
tempo relativamente curto, ex: madeira
Recursos Não Renováveis: se a exploração de um recurso provoca inevitavelmente a sua
destruição, ex: petróleo
A Revolução Industrial e o consumo de massas dos nossos dias têm levado a um desgaste
excessivo dos recursos naturais o que pode causar a destruição de importantes fontes de
energia e de matérias-primas.
 Desenvolvimento sustentável: é um modelo de desenvolvimento que não põe em
causa a vida das gerações futuras.
3.3.2. O trabalho.
População ativa e inativa:

Taxas de atividade e de desemprego


População ativa: formada pelos indivíduos que têm um emprego ou uma ocupação
remunerada, os que cumprem serviço militar e os que se encontram desempregados.
População inativa: população residente que não é ativa e é constituída pelos reformados,
pelos inválidos, pelos jovens, estudantes e pelas donas de casa, entre outros.
Para conhecer a situação de uma população face à atividade produtiva é usual calcularse a
taxa de atividade.

Todavia, porque na população ativa se inclui a população desempregada, o conhecimento


mais objetivo de uma população, em termos económicos, exige que se determine, também, a
respetiva taxa de desemprego.

O trabalho das mulheres


Causas e tipos de desemprego
Desemprego tecnológico: resulta da evolução da tecnologia. Os trabalhadores em
reciclagem profissional são incapazes de se adaptar às novas tecnologias, acabando por
engrossar as fileiras do desemprego.
Desemprego repetitivo: é o desemprego resultante da não adaptação a sucessivos postos de
trabalho normalmente de baixo nível de qualidade profissional.
Desemprego de longa duração: é o desempregado que procura emprego há mais de um
ano.
Formação ao longo da vida
O mercado de trabalho, em resultado do desenvolvimento tecnológico, exige mais e
melhores qualificações aos trabalhadores. Assim, estes devem atualizar os seus
conhecimentos e as suas competências iniciais.
Podemos distinguir dois tipos de qualificação:
-O individuo ocupa um emprego de acordo com a sua qualificação individual e
preparação prévia ao desenvolvimento de um conjunto de tarefas.
-O individuo, já no local de trabalho, recebe formação que o torna mais apto às
exigências do processo produtivo desenvolvendo na empresa, qualificação profissional.
O desenvolvimento tecnológico obriga as empresas a contratarem trabalhadores com novas
qualidades e/ou com melhores qualificações individuais.
A busca de melhores salários leva os jovens a retardar a sua entrada no mercado do trabalho
e à realização de formações académicas cada vez mais longas. Os jovens procuram
responder às exigências do mercado de emprego, tornando-se mais aptos no desempenho de
diferentes tarefas através do prolongamento das suas funções individuais.
O capital – noção e tipos de capital
O capital se refere ao conjunto de elementos materiais que apoiam a produção, como
as máquinas industriais, equipamentos de informática e de telecomunicações, meios
de transporte e instalações, entre outros. Em suma, o capital equivale aos bens de
produção.
Capital e Riqueza
Capital Riqueza: quem é proprietário possui riqueza, no entanto, essa riqueza só é capital
se estiver ao serviço do processo produtivo.
Tipos de capital
Capital financeiro: representa todos os meios financeiros de que uma unidade produtiva
pode dispor e é constituído pelo capital próprio e pelo capital alheio.
Capital próprio: conjunto dos valores constituídos pelo financiamento dos
proprietários da unidade produtiva.
Capital alheio: conjunto dos valores que constituem o financiamento de terceiros,
isto é, o conjunto dos valores de que a empresa dispõe, mas que não lhe pertencem.
Capital Técnico: todos os bens que possibilitam a produção de outros bens, divide-se em
capital fixo e capital circulante:
Capital fixo: meios de produção que permanecem por períodos de laboração, embora se
desgastem ao longo do processo produtivo; exemplo: máquinas, edifícios, meios de
transporte, computadores…
Capital circulante: meios de produção (matérias-primas e subsidiárias) que desaparecem
no processo; exemplo: matérias-primas, energia elétrica.
Capital natural: todos os recursos naturais de que a sociedade dispõe e que utiliza na
satisfação das suas necessidades.
Os recursos naturais encontram-se numa situação de escassez. Aqui voltamos a deparar-nos
com o “problema económico” segundo o qual: de um lado a multiplicidade das nossas
necessidades e do outro, a escassez de recursos capazes de as satisfazer.
Capital Humano: força do trabalho suscetível de, através de diversos tipos de investimento
como a formação especializada e superior, poder contribuir de forma produtiva para a
economia.
3.4. A combinação dos fatores de produção. Substituibilidade dos fatores de produção
A produtividade é a relação estabelecida entre a produção obtida e os fatores de produção
utilizados, nesse processo, num determinado período de tempo.
Aumentar a produtividade consiste em:
• Produzir mais com a mesma quantidade de fatores de produção
• Produzir o mesmo com uma menor quantidade de fatores e produção
Características dos fatores de produção
Adaptabilidade: característica que permite o ajustamento das suas quantidades à
quantidade de produção pretendida, em função do tempo disponível para a realizar (ex:
acontece uma avaria numa máquina, o trabalhador tem que saber adaptar essa situação)
Complementaridade: dizem-se complementares na medida em que só a presença (e
combinação) do trabalho com o capital permite realizar a produção.
Substituibilidade: embora não possam ser utilizados isoladamente podem, dentro de certos
limites, substituírem-se uns pelos outros, dando origem a diferentes combinações
produtivas.
Produtividade
Produtividade: relação entre o que se gasta e o que se produz
Produtividade total: relação entre o valor total da produção e o valor total de recursos
utilizados para a obter.

(1)Pode vir expressa em nº de trabalhadores ou horas de trabalho

A determinação dos valores da produtividade é de especial importância, uma vez que nos
ajudam a decidir sobre o nível ótimo de investimento.
O investimento só é compensador se o resultado obtido for superior, a prazo, ao valor do
investimento efetuado.
Produtividade marginal do trabalho: indica o aumento da produção decorrente de um
investimento unitário (mais um trabalhador, uma hora de trabalho…), em termos do fator
trabalho.

Produtividade marginal do capital: indica o aumento de produção decorrente de um


investimento unitário, em termos do fator capital.

Combinação dos fatores produtivos a curto prazo. Lei dos Rendimentos Decrescentes
O facto de um dos fatores produtivos ser fixo permite determinar a quantidade ótima de um
fator a utilizar, para, em cada momento, maximizar a produção. Esta relação permitiu
enunciar a Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Lei dos Rendimentos Decrescentes


Lei dos Rendimentos Decrescentes: a partir de um determinado nível de produção,
mantendo fixa a quantidade de um dos fatores produtivos, irão verificar-se acréscimos de
produção resultantes da utilização de unidades sucessivas do outro fator produtivo
(produtividade marginal) cada vez menores.
A Lei dos Rendimentos Decrescentes afirma que a partir de uma dada combinação dos
fatores produtivos, como um dele é fixo, a produção vai aumentando cada vez menos – a
produtividade marginal vai diminuir e os rendimentos vão decrescer.
O estudo sobre o decréscimo da produtividade marginal dos fatores de produção é de
extrema importância, pois mostra-nos que a partir de uma certa altura não vale a pena
utilizar-se mais uma unidade de um fator produtivo sem se utilizar mais quantidade de outro.
Deste modo, pode dizer-se que existe uma combinação ótima dos fatores produtivos que se
situará, exatamente, na altura em que os acréscimos de rendimento, obtidos por acréscimos
unitários de um fator da produção variável, comecem a decrescer, tornando mais caro o
custo de cada unidade de produto e pondo em risco o equilíbrio geral, pois corresponde a
produção com subutilização e eventual desperdício de algum dos fatores de produção.
Economias de escala
A Lei das Economias de Escala, para além da questão da combinação ótima dos fatores
produtivos, leva-nos a considerar a dimensão ótima das unidades produtivas.
Contrariamente à situação de que se parte para o estudo da Lei dos Rendimentos
Decrescentes – variação de um dos elementos da produção mantendo-se invariáveis os
restantes – coloca-se a hipótese de podermos fazer variar alguns ou todos os elementos
produtivos simultaneamente, e, a partir das alternativas possíveis, encontrar a dimensão
ótima da unidade produtiva.
A dimensão ótima será aquela em que se atinjam os menores custos por cada unidade de
produto produzida, com evidentes vantagens para a empresa e para a coletividade – menores
custos significam melhor produtividade, poupança de recursos, menores preços.

Economias de escala
Economia de escala: é uma diminuição do custo unitário médio de um bem resultante do
aumento das quantidades produzidas (a quantidade de bens produzidos a que corresponder o
menor custo unitário será a dimensão ótima da produção).

Os custos de produção
Pode dizer-se que o custo de produção tem dois elementos distintos, dois tipos de custo:
-custos fixos (matérias-primas, matérias subsidiárias)
-custos variáveis (juros dos empréstimos contraídos, rendas, alugueres)
Os custos fixos (Cf) representam despesas que uma unidade de produção tem de realizar,
independentemente das quantidades produzidas, dentro da dimensão para que a empresa foi
projetada.
Os custos variáveis (Cv) variam com a quantidade produzida, como por exemplo, os custos
das matérias-primas.
Naturalmente, os custos totais (Ct) serão o somatório dos custos fixos com os custos
variáveis.

Ao calcularmos os custos totais médios em cada combinação de fatores produtivos iremos


saber se o aumento da capacidade produtiva terá vantagens económicas a nível de custos.

Verificamos deseconomias de escala quando, após atingir a dimensão ótima, o preço


unitário dos bens produzidos volta a aumentar.

IV-UNIDADE: Comércio e moeda


Comércio – noção e tipos
O comércio baseia-se na troca voluntária de produtos. As trocas podem ter lugar entre dois
parceiros (comércio bilateral) ou entre mais do que dois parceiros (comércio multilateral). Na sua forma
original, o comércio fazia-se por troca direta de produtos de valor reconhecido como diferente pelos dois
parceiros, cada um valoriza mais o produto do outro. Os comerciantes modernos costumam negociar com o
uso de um meio de troca indireta, o dinheiro. É raro fazer-se troca direta hoje em dia, principalmente nos
países industrializados. Como consequência, hoje podemos separar a compra da venda. A invenção do
dinheiro (e subsequentemente do crédito, papel-moeda e dinheiro não-físico) contribuiu grandemente para
a simplificação e promoção do desenvolvimento do comércio.
A maioria dos economistas aceita a teoria de que o comércio beneficia ambos os parceiros, porque
se um não fosse beneficiado ele não participaria da troca, e rejeitam a noção de que toda a troca tem
implícita a exploração de uma das partes. O comércio, entre locais, existe principalmente porque há
diferenças no custo de produção de um determinado produto comerciável em locais diferentes. Como tal,
uma troca aos preços de mercado entre dois locais beneficia a ambos.
A Evolução da moeda
A dinâmica que a actividade comercial tomou e a multiplicidade de produtos a trocar exigiu o
aparecimento de um bem que servisse para medir o valor de todos os outros, facilitando e permitindo,
assim, o desenvolvimento das trocas. O desenvolvimento da actividade produtiva exigiu a criação da
moeda. A moeda é, portanto, um bem de aceitação generalizada que se utiliza como intermediário nas
trocas, isto é, em todos os actos de compra e de venda de bens e serviços. A moeda surge, assim, como um
bem que todos os indivíduos aceitam sem contestação e que é utilizada para medir o valor de todos os bens
e serviços. As formas de moeda são multiplas: moedas metálicas, notas, cheques, cartões de crédto, etc.

As funções da moeda

Distinguem-se tradicinalmente três funções da moeda. Ela serve de intermediária nas trocas (é um
instrumento universal de aquisição de bens e serviços, isto é, serve de intermediária nos actos de compra e
venda. A moeda permite também liquidar imediata e definitivamente as dividas), de unidade de valor (é o
instrumento de medida de valor dos bens e serviços transaccionados. É através da moeda que se expressam
os valores dos bens e dos serviços, permitindo comparar o valor entre estes que se transaccionam no
mercado) e de instrumento de reserva de valor (a moeda pode ser retida, ou seja, a moeda permite a
poupança, não se tornando imprescindível a sua utilização imediata, podendo os seus possuidores, pelos
mais diversos motivos, optar por conservá-la durante algum tempo e utilizá-la posteriormente).
As formas da moeda

A moeda apresenta-se hoje sob três forma principais:


Há a moeda divisionária (moedas metálicas), a moeda fiduciária (notas de banco aceites por todos e nas
quais todos têm confiança) e a moeda escritural (corresponde às transferências de uma conta bancária para
outra através de um mero registo – manual ou electrónico).
A moeda divisionária e a moeda fiduciária são as mais cumum, pois andamos com ela todos os dias,
utilizando-as para as nossas transsacções correntes. A moeda escritural é cada vez mais usado.
A história da moeda, desde há vários séculos, evidencia um processo constante de “desmaterialização” 1,
uma vez que as notas adquiriram preponderancia face ás moedas metálicas. Mais tarde, na segunda metado
do século XX, os cheques substituiram as notas como principal cmo meio de liquidação das trocas. Por
fim, a moeda electrónica tende hoje a suplantar o uso do cheque.
A moeda electrónica, isto é, a utilização de cartões de pagamento, é um meio cada vez mais utilizado. Os
cartões permitem retirar dinheiro nas caixas automáticas dos bancos e fazer pagamentos aos comerciantes,
podendo ser diferido o débito na conta do proprietário do cartão.
È necessa´rio finalmente notar que as autoridades monetárias possuem uma concepção mais alargada de
moeda, incluindo os activos que, sem permitir a liquidação imediata de uma compra, podem muito
facilmente ser transformados em meios de pagamento (caderneta de poupança, por exemplo).
O preço de um bem – noção e componentes

1 Esta desmaterialização não deve ser tomada no sentido amplo, quer isto dizer que, há de facto uma desmaterialização da
moeda, no entanto, esta desmaterialização da moeda faz-se através de uma troca da “moeda física” pela moeda escritural, já
que está, do ponto de vista físico, não existe.
Nas economias monetárias, todos os bens e serviços se trocam por uma certa quantidade de moeda, a qual
traduz o seu preço. O preço é, assim, a expressão monetária do valor desses bens e serviços.
O preço de venda é o valor que deverá cobrir o custo direto da mercadoria/produto/serviço, as
despesas variáveis, como impostos, comissões, etc., as despesas fixas proporcionais, ou seja, renda, água,
luz, telefone, salários, etc., e ainda, um lucro líquido adequado.
Inflação – noção e medida
O fenómeno da inflação é duma maneira geral conhecido por todos. A subida dos preços dos bens e
serviços reflecte-se no quotidiano de todos nós. Mas, a inflação não se pode confundir com uma subida
acidental dos preços dos bens e serviços como a verificada nos preços dos bens agrícolas fora da época
própria para a sua produção. Também o aumento da procura de certos bens em determinados períodos do
ano pode originar uma subida acidental dos preços. É o que acontece, por exemplo, na época do Natal.
Assim, podemos definir inflação com sendo um fenómeno que se caracteriza pelo aumento generalizado
do preço dos bens e serviços de uma dada economia, de forma contínua. No entanto, a intensidade da
inflação é variável. De facto, tanto podemos verificar inflação rastejante – em que a subida dos preços é
quase imperceptível – como também inflação galopante, em que a subida dos preços é incontrolável.

Existem várias explicações para o desencadeamento do processo inflacionário. Expõem-se aqui


alguns como o aumento da moeda em circulação, sem o correspondente aumento de produção de bens e
serviços (ou a diminuição da produção, sem a correspondente diminuição da quantidade de moeda em
circulação) acarreta um excesso de procura de bens e de serviços face à respectiva oferta por parte dos
produtores, originando a consequente subida do preço.
A subida dos preços das matérias-primas vai fazer aumentar os custos de produção das empresas e em
consequência, os preços de venda. Foi o que aconteceu em 1973, 1978 e 1990 com a subida acentuada dos
preços do petróleo.
As próprias relações comerciais entre países por vezes originam ou incrementam o processo inflacionário.
Nestas circunstâncias fala-se de inflação importada e afecta os países dependentes dos países com maior
inflação.
O açambarcamento de alguns bens por parte dos produtores ou dos distribuidores origina uma escassez
desses bens no mercado e, consequentemente, a subida dos respectivos preços.

Com efeito, o aumento dos preços faz com que o consumidor compre, com o mesmo dinheiro, cada vez
menos produtos. Estes não se desvalorizam em consequência da quebra de confiança na moeda nacional.
Em geral, a qualidade de vida é inferior e para aqueles cujo rendimento é fixo, pois este é desvalorizado
progressivamente.
Na verdade, a depreciação da moeda cria nos cidadãos uma predisposição para a aquisição de bens de
consumo, o que contribui para a expansão do consumo e, consequentemente, para a elevação do nível de
preços, quando uma das formas de combater a alta do nível de preços é, exactamente, diminuir o consumo
de bens e serviços finais.

Índice de Preços do Consumidor

Os índices de preços no consumidor traduzem, estatisticamente, as variações dos preços dos bens e
serviços numa dada economia e num determinado período de tempo, permitindo-nos assim medir o
fenómeno da inflação.
Assim para a determinação do I.P.C. é necessário elaborar inquéritos, a fim de saber qual a
percentagem do orçamento familiar que, em média, cada agregado familiar atribui às diversas rubricas do
consumo. Estas rubricas do consumo constituem um cabaz de bens e serviços considerados representativos
do consumo de uma família média e com importância no respectivo orçamento familiar.
É com base nas variações de preços deste cabaz de bens e serviços que se determinam as variações do
índice de preços no consumidor em relação a um ano-base.
Para determinar o aumento do preço do pão do ano de 1990 em relação ao ano-base de 1985, teremos que
estabelecer a relação percentual entre os dois preços. Esta relação é designada por índices de preço no
consumidor (I.P.C.) que neste exemplo será calculado como se segue:
Com efeito, se quisermos, por exemplo, analisar a evolução do preço do pão, teremos de considerar um
ano-base que servirá de referência e que poderá ser o ano de 1985. Suponhamos que um quilograma de pão
custava nesse ano 80$00. Em 1990 o custo de um quilograma do mesmo tipo de pão foi, por exemplo, de
160$00.
80 = 100

160 x

x = 160 x 100

80
x = 200

Este valor – 200 – permite-nos concluir que o preço de cada quilograma deste tipo de pão aumentou 100%
entre 1985 e 1990.
Generalizando, podemos então dizer que:

IPC ano x/ ano y = Preços do ano x x 100

Preços do ano y

Depois de termos definido a fórmula para calcularmos o IPC faltanos agora definir a fórmula que nos dará
a taxa de inflação. Exprime-se em termos percentuais e pode ser calculado tendo em conta o factor ano
base e o ano corrente, pode também ser calculada em termos mensais (a inflação homóloga compara a taxa
de inflação de um dado mês e o mesmo mês do ano anterior; a inflação média é calculada através da média
dos dozes meses do ano considerado). A inflação é calculada pela seguinte fórmula:

Taxa de inflação = IPCano corrente - IPCano base x 100

(ano corrente) IPCano base

É vulgar associar-se a expressão “custo de vida” a outra, de sentido por vezes oposto, “nível de vida”.
Normalmente um aumento do custo de vida dos indivíduos corresponde a uma diminuição dos seus
hábitos e padrões de consumo, isto é, do nível de vida.
Quando falamos em nível de vida, falamos na possibilidade de efectuar determinado consumo
(alimentação, vestuário, educação, etc.). Com efeito, o nível de vida corresponde à quantidade de bens e
serviços que uma determinada população pode adquirir com o rendimento de que dispõe. São indicadores
do nível de vida todo o conjunto de elementos estatísticos relativos ao consumo. O nível de vida traduz-se
na qualidade desses bens e serviços. As condições de habitação, a saúde, instrução, o consumo de bens
duradouros, entre outros, dão, no seu conjunto, a informação sobre o nível de vida. A inflação tem reflexos
negativos no nível de vida das populações.2
s já adquiridos.

2 Suprimi a parte da inflação em Portugal e na Europa porque se sair no exame ou em qualquer teste terá acompanhado um
gráfico e a resposta resultará da interpretação tendo como base os conceitos já adquiridos.
V-UNIDADE: Procura e oferta – Mercados
1. - A LEI DA PROCURA
A procura traduz o que um indivíduo (ou grupo de indivíduos) deseja e é capaz de obter no mercado, num
determinado período de tempo, a um determinado preço, considerando todos os outros factores, além do
preço desse bem, constantes, traduzindo a condição ceteris paribus. Notemos que o simples desejo para
comprar não é por si próprio suficiente para constituir a procura, sendo necessária a existência de
suficiente poder de compra.
A quantidade procurada é a máxima quantidade que um comprador deseja comprar a um dado preço, a
qual pode não ser igual à quantidade actualmente comprada a esse preço. Menos, mas não mais,
quantidade do bem pode ser comprada.
PREÇOS RELATIVOS VERSUS PREÇOS MONETÁRIOS

O preço relativo de qualquer bem é o seu preço em termos de outro bem. O preço monetário de um bem
é o preço que é pago, correntemente, em unidades monetárias (euros, dólares, etc.).
Atendendo a esta distinção não se podem fazer, correctamente, comparações do preço monetário de bens
em distintos períodos de tempo, mas a comparação deverá ser efectuada em termos de preços relativos.
Um determinado bem, por exemplo, um carro, quantos salários médios custava há 20 anos e quantos
salários médios custa hoje? Esta é uma das perguntas que nos podem levar a evidenciar o preço relativo
dos bens ao longo do tempo e não o seu preço monetário pois, pode acontecer que o preço monetário de
um bem seja hoje várias vezes superior ao preço monetário de há vários anos e, não obstante, o seu
preço relativo seja inferior hoje.

A quantidade procurada de um bem qualquer, x, que um indivíduo deseja comprar é determinada por
vários factores, entre os quais se destacam:
- Px – o preço desse bem x;
- Ps – os preços dos bens substitutos;
- Pc - preços dos bens complementares;
- Pn - preços de outros bens;
- Y - rendimento Y;
- T - gostos;
- Pe - expectativas dos futuros preços;
- Dy - distribuição do rendimento Dy;
- B – Efeito bandwagon;
- W – riqueza;
- N - variação da população.

Salientamos a importância do efeito bandwagon que podemos traduzir por efeito movimento,
significando que a procura dos indivíduos é também determinada pela procura que outros fazem, muitas
vezes sem qualquer espírito crítico. Um bem fortemente influenciado pela moda faz com que a procura de
um indivíduo seja influenciada pelas decisões de outros, criando o efeito movimento (bandwagon effect).
Quando um indivíduo espera que uma grande quantidade do bem seja adquirida por outros, tende a existir
um aumento da procura (verificandose uma deslocação da curva da procura).
A procura é influenciada por factores externos e internos. Entre os factores externos podem
destacar-se o marketing das empresas sobre o produto, a promoção, o preço, o lugar. A cultura do
consumidor como a religião, a etnicidade, os grupos de referência a classe social.
O consumidor é também influenciado por factores internos (Fi) tais como processo psicológico
traduzido na motivação, na percepção, nas atitudes e no conhecimento das várias marcas.
A idade e o género são também factores com grande influência na procura de bens e serviços.
De forma simplificada pode formalizar-se a procura de um bem Q x através da seguinte expressão, tendo
em conta apenas alguns dos múltiplos factores que a determinam:

Qx = f (Px, Ps, Pc, ..., Pn, Y, T, Pe, Dy,, B, W, Fi N).

Não obstante, quando estabelecemos a relação entre a quantidade procurada e o preço de um bem,
considera-se que todos os outros determinantes, além do preço desse bem, não variam, no período de
tempo considerado, que se traduz na condição ceteris paribus. Com esta condição a quantidade
procurada apenas é determinada pelo preço do bem x, ou seja:
Qx = f (Px).

O preço da procura de um bem reflecte o benefício marginal para os compradores, sendo o mais
elevado preço que os consumidores estão dispostos a pagar pela última unidade (unidade marginal) de
uma particular quantidade do bem.
A lei da procura refere que a quantidade máxima procurada de um bem, num determinado período de
tempo, varia com a alteração do preço - diminuirá quando o preço sobe e aumentará se o preço baixar,
para bens normais e superiores, acontecendo o contrário com os chamados bens Giffen.

A variação do preço (explícito ou implícito) leva à existência de dois efeitos: • O efeito


rendimento; e
• O efeito substituição.
A lei da procura funciona devido ao efeito total ou efeito preço que é a soma do efeito rendimento e
do efeito substituição.
EFEITO RENDIMENTO - O efeito rendimento é o efeito de uma variação do preço na quantidade
procurada resultante do facto de o consumidor ficar com mais ou menos rendimento real provocado pela
alteração do preço do bem.
Quando o preço de um bem aumenta, na condição “ceteris paribus”, o rendimento real do indivíduo
diminui, levando a que a procura tenda a diminuir, pois com um menor montante de rendimento real a
procura do bem cujo preço subiu desce. O contrário sucederá se o preço do bem em causa descer, ceteris
paribus. A variação do preço de um bem traduz-se numa alteração do rendimento, cujo impacto na
procura desse bem depende da percentagem do rendimento disponível do consumidor gasta nesse bem e
da elasticidade da procurarendimento em relação a esse bem.

EFEITO SUBSTITUIÇÃO - O efeito substituição verifica-se quando a variação do preço relativo de um


bem se altera, levando os consumidores a variarem a composição da procura dos bens a fim de
maximizarem a sua utilidade. O efeito substituição é diferente para os bens normais e para os bens
denominados de bens Guiffen.
O montante pelo qual a quantidade de um bem varia, devido a alterações de preços, dependerá da
magnitude dos efeitos rendimento e substituição, como será analisado noutra parte.
EFEITO TOTAL OU EFEITO PREÇO - O efeito total ou efeito preço traduz-se no somatório dos dois
efeitos, o efeito rendimento e o efeito substituição.

2 - A FUNÇÃO OFERTA
A quantidade oferecida para cada nível de preço é o máximo de bens e serviços que os vendedores
desejam e são capazes de oferecer àquele preço, durante um período de tempo mantendo os outros
factores, além do preço constante.
Tal como no caso da procura, a quantidade oferecida altera-se de acordo com uma variedade de factores.
A lei da oferta diz que a quantidade oferecida aumentará quando e preço sobe e descerá se o preço baixar,
ceteris paribus. Deste modo verifica-se uma relação directa entre o preço e quantidade oferecida, ao
contrário do que acontece no caso da procura.
A quantidade oferecida normalmente aumentará quando o preço sobe, por várias razões:
1. Um preço mais elevado tenderá a aumentar os lucros dos vendedores actuais, dados os custos de
produção, levando-os a aumentar a oferta;
2. Um maior preço atrairá novos fornecedores;

3. Para além de certo montante de produção os custos aumentam cada vez mais rapidamente.
O 1º e 3º determinante afectam a oferta no curto prazo, enquanto o 2º afecta-a no longo prazo.

FACTORES QUE DESLOCAM A OFERTA


Existem alguns factores que fazem com que a curva da oferta se desloque, diminuindo os níveis de
produção ou, ao invés, aumentando-os. Podemos enumerar os seguintes:
a) CUSTOS DE PRODUÇÃO: Normalmente, a oferta é afectada pelos factores com influência nos
custos unitários de produção. As principais razões pelas quais os custos de produção variam são:

- Alterações nos preços das matérias-primas e outros factores produtivos, implicando que os custos
de produção aumentarão, por exemplo, se subirem os salários reais, as taxes de juro, as rendas e
outros factores de produção;

- Alterações na tecnologia: avanços tecnológicos modificam os custos de produção, diminuindo-os,


aumentando a produtividade;
- Mudanças organizacionais: alterações de organização das empresas aumentam a sua eficiência;

- Política governamental: os subsídios diminuem os custos enquanto os impostos tendem a


aumentá-los;

_
- Outros factores além dos mencionados, nomeadamente variações no preço do petróleo ou
expectativas de vária ordem.
b) O maior lucro de produtos alternativos (produtos substitutos): se um produto substituto se torna mais
rendível para os produtores a sua produção aumentará com sacrifício do menos rendível.
c) A maior rendibilidade de bens produzidos conjuntamente.

d) Choques de vária natureza, como por exemplo, guerras ou a sua ameaça e acontecimentos naturais.
e) Expectativas relacionadas com os preços futuros de outros bens.
f) Número de vendedores.

Quando qualquer um destes factores se modifica haverá uma alteração da oferta, aumentando-a ou
diminuindo-a, e a curva da oferta desloca-se para a direita ou para a esquerda.
Tal como no caso da procura, há que distinguir entre as alterações na quantidade oferecida, caso em que se
relaciona a quantidade oferecida com as variações do preço do bem, mantendo-se todos os outros
determinantes constantes, e deslocações da curva da oferta que resultam de variações em qualquer
determinante além do preço.
Se um destes determinantes se altera do modo a aumentar a oferta – por exemplo, verifica-se uma
melhoria tecnológica – a curva desloca-se para a direita, o que significa que para cada preço a quantidade
oferecida aumenta, conforme é ilustrado no gráfico 4.6:
Gráfico 2.1.2 – Deslocação da curva de oferta do bem X.

Sx
S x2

0
Qx
Px

Se uma alteração de um determinante, que não o preço do bem, leva a que a oferta diminua, toda a curva
da oferta se desloca para a esquerda.

3 - O EQUILÍBRIO DO MERCADO DE UM BEM


Combinando a procura e a oferta são determinados o preço e a quantidade de equilíbrio. O equilíbrio é
dado onde a procura e a oferta se igualam.
Vejamos a representação gráfica do equilíbrio no mercado, através das curvas da procura e da oferta:
Gráfico 3.1 – Equilíbrio de Mercado.
Px
Sx

E x*
*
Px

Dx

0
Qx* Qx

O gráfico 4.7 representa o equilíbrio de mercado do bem X. Na figura acima, o ponto de equilíbrio de
mercado é dado pela intersecção das curvas da procura e da oferta, determinando o preço e a quantidade
que equilibra este mercado.
Consideremos um exemplo. Se em determinada região existirem 50 empresas oferecendo um dado bem,
cada um destes produtores enfrenta as seguintes funções de procura e oferta dos compradores e dos
produtores individuais, respectivamente:
x = 14 - 2P e x = 20 P -2,

sendo x a quantidade da oferta e P o preço unitário do bem no mercado.

No mercado existem 10 000 compradores desse produto.

Quer saber-se qual é o preço, P, do bem e a quantidade de equilíbrio no mercado.

Comecemos por explicitar a função da oferta no mercado que é dada por:

X = n.x ↔ X = 50*(20 P -2) ↔ X= 1000 P – 100.

A função procura global no mercado (X) será dada por:

X = 10000* (14 - 2P) ↔ X = 140 000 - 20 000 P.

O equilíbrio no mercado resultará da igualdade entre a procura (D) e oferta(S) globais no mercado, ou
seja, D = S. Então, igualando as duas funções da procura e oferta tem-se:
140 000 - 20 000 P = 1000 P – 100.

Resolvendo esta equação do primeiro grau em ordem a P, tem-se:

19000 P = 139 900.

O que significa que o preço de equilíbrio é:

P = 7,36.

O que significa que a quantidade de equilíbrio poderá ser obtida tanto na curva de procura como na de
oferta. Pelo simples facto de existir, como pressuposto, a soberania do consumidor optamos por calcular a
quantidade de equilíbrio através da função de procura:
X = 140000 – 20.(7,36).

Isto é, a quantidade de equilíbrio é dada por:

X = 139 852,8 unidades.

O exemplo dado pode ser evidenciado no gráfico seguinte:


Gráfico 3.2 – Equilíbrio de Mercado – aplicação prática.

Sx

E x*

Dx

Px

7,36

Qx

Se o preço (P) de bem exceder o preço de equilíbrio (P*) haverá um excesso de oferta em relação à
procura. Pelo contrário, quando o preço do bem for inferior ao preço de equilíbrio haverá um excesso de
procura sobre a oferta.
Os preços são os mecanismos através dos quais o mercado afecta (tendencialmente de forma eficiente) os
recursos produtivos. Assim, se a oferta de um bem for superior à procura, o preço desse bem tende a
descer e, dada a lei da procura, esta tende a aumentar até que seja restabelecido o equilíbrio no mercado. A
concorrência entre os produtores no mercado leva a que o preço do bem tenda a descer. Dá-se o caso
inverso quando a procura for superior à oferta.

VI-UNIDADE: Rendimentos e repartição dos rendimentos

A atividade produtiva e a formação de rendimentos


A atividade produtiva e a formação de rendimentos andam de mão dadas. A uma família, os seus
rendimentos provêm da atividade produtiva, que seja exercida por eles ou por outros. O simples aluguer de
uma casa e o seu valor de renda que é paga ao proprietário por parte de quem o está a ocupar depende do
fator produtivo, pois essa pessoa aufere de algum tipo de rendimento. O facto de vivermos em sociedade
exige uma repartição dos rendimentos, que não é nada mais do que dar a cada pessoa o resultado do seu
trabalho em uma qualquer unidade monetária ou qualquer outra forma de pagamento.
Existem várias formas de repartir o rendimento e existem também a redistribuição dos rendimentos em que
existe uma espécie de “robin dos bosques” para ajudar os mais desfavorecidos das sociedades, e esse papel
cabe, geralmente, ao Estado.
Repartição Funcional do Rendimento
A repartição funcional do rendimento mostra-nos como são remunerados os diferentes intervenientes no
processo produtivo, tendo em atenção as funções por eles desempenhadas. Com efeito, os salários são a
contrapartida da função desempenhada pelos trabalhadores no processo produtivo, enquanto que a
contrapartida para os detentores do capital se traduz em juros, rendas e lucros.
O salário é a remuneração atribuída ao factor trabalho, isto é, o preço do trabalho realizado. No
entanto, temos de distinguir entre salário nominal e salário real. O salário nominal é a quantidade de moeda
que o trabalhador recebe pelo trabalho prestado num determinado período de tempo. O salário real
corresponde à quantidade de bens e serviços que o trabalhador pode adquirir com o salário nominal. O
salário real traduz, assim, o poder de compra dos trabalhadores.
A remuneração do factor capital no processo produtivo assume as formas de juros, rendas e lucros. O juro
constitui a remuneração que os detentores de capital auferem pelos empréstimos dos seus capitais. Esta
remuneração varia consoante a taxa de juro e a duração (tempo) do empréstimo. A renda, actualmente,
corresponde aos rendimentos recebidos pelos proprietários dos prédios urbanos em virtude da sua cedência
a terceiros. O lucro designa a remuneração dos empresários como contrapartida da sua iniciativa e dos
riscos assumidos nos investimentos realizados. O lucro é variável e depende do resultado da actividade
produtiva da empresa. O lucro é o resultado da diferença entre o preço de venda e o preço de custo dos
produtos produzidos. L = PV – PC; Repartição Pessoal do Rendimento

A repartição pessoal do rendimento permite-nos analisar como é que os rendimentos se distribuem pelos
agregados familiares de uma dada comunidade. Através da análise podemos apreciar o grau de
desigualdade dessa distribuição, as desigualdades salariais.
O rendimento pessoal disponível é um indicador do rendimento pessoal. Como sabemos, as famílias têm
por principal função consumir. Os seus recursos são constituídos, fundamentalmente, pelas remunerações
pagas pelos outros sectores institucionais.
Vamos verificar, por exemplo, quais os recursos de que dispõe a família Silva, constituída por pai, mãe,
avô e dois filhos:

Assim, o rendimento de que esta família pode dispor é constituído quer por rendimentos
primários, isto é, aqueles que provêem do capital e do trabalho (no exemplo, os salários e os juros), quer
ainda pelas prestações sociais (abono de família, reforma, subsidio de desemprego). Podemos, pois,
afirmar que o rendimento das famílias tem origem nas receitas provenientes:
- Da actividade produtiva: salários, juros, rendas, lucros;
- Das transferências internas: as prestações sociais feitas pela Administração Pública e Privada
(pensões, abonos, diversos subsídios, etc.);
- Das transferências externas: nestes têm especial relevância as remessas dos emigrantes e outras;

No entanto, as famílias têm que pagar impostos sobre o rendimento (impostos directos) e outras
contribuições sociais à Administração Pública. Deste modo, o seu rendimento ficará diminuído.
O Rendimento Disponível das Famílias é, então, constituído pelo total dos rendimentos recebidos pela
participação na actividade produtiva e pelas transferências (internas e externas) depois de subtraídos os
impostos directos e as contribuições sociais.
Rendimento Pessoal Disponível = Rendimento do Trabalho +
Rendimentos do Capital + Transferências – Impostos Directos – Contribuições Sociais
Redistribuição dos rendimentos
A repartição do rendimento pode ser analisada, quer segundo a óptica da repartição
funcional, quer ainda através da repartição pessoal. Na repartição pessoal verificamos a existência de
desigualdades de rendimentos. Para reduzir as desigualdades existentes na repartição dos rendimentos,
torna-se necessário garantir a toda a comunidade, independentemente dos rendimentos provenientes da
actividade exercida por cada um, um conjunto de prestações sociais consideradas fundamentais. Este
objectivo é atingido através da redistribuição dos rendimentos segundo um processo de transferência de
rendimentos, principalmente do Estado para a população mais carenciada (idosos, doentes, famílias pobres,
desempregados, etc.). Este processo tem como finalidades a protecção individual e a correcção das
desigualdades sociais.
O sistema de redistribuição pode intervir na economia quer através das transferências sociais
(prestações sociais e serviços gratuitos), quer também pela desigual incidência da carga fiscal, por exemplo,
ao isentar dos impostos os detentores de rendimentos mais baixos.
A redistribuição realiza-se através de diferentes instituições, como por exemplo, a Administração
Pública Central e Local, a Segurança Social e o Fundo de Desemprego e outras organizações.
Estas instituições canalizam as transferências quer para as empresas quer para as famílias, sob diversas
formas, nomeadamente:

para as famílias:
- fornecimento de bens e serviços colectivos, gratuitamente ou através de pagamento parcial;
- pensões e subsídios vários;

para as empresas:
- subsídios à produção em determinados sectores;
- isenção de impostos;

O essencial da redistribuição é feito através da Segurança Social.

Politicas de Actuação

- Politicas de Preços para combater as desigualdades;


- Politica Fiscal para adequar o consumo ao rendimento, actuando sobre os impostos (directos ou
indirectos), agir sobre a procura através da regulação fiscal; criação de impostos cuja matéria
colectável é os rendimentos dos cidadãos, com taxas progressivas, ou seja, dependendo dos
rendimentos, estão sujeitos a maiores ou menores taxas (IRS). Com as receitas que arrecada em
termos de impostos, o Estado intervém na actividade económica na perspectiva de minimizar as
desigualdades existentes entre os cidadãos.
MANUAL DE APOIO de Introdução á Economia – 12º Ano IIº Grupo

VII-UNIDADE: Poupança e investimento

Você também pode gostar