Você está na página 1de 6

Fundamentos de Economia

Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos; Manuel Enriquez Garcia

CAPITULO 1

Introdução à Economia

Conceito de Economia

A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que significa a
administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida:

Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem)
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-
los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades
humanas.

Os problemas econômicos fundamentais

Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do


homem, originam-se os chamados problemas econômicos fundamentais: O quê e quanto
produzir? Como produzir? Para quem produzir?

Sistemas econômicos

Um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual
está organizada uma sociedade. Os elementos básicos de um sistema econômico são:

 estoque de recursos produtivos ou fatores de produção;


 complexo de unidades de produção;
 conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais.

Os sistemas econômicos podem ser classificados em:

 sistema capitalista, ou economia de mercado.


 sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planificada.

Curva de possibilidades de produção (ou curva de transformação)


A curva (ou fronteira) de possibilidades de produção (CPP) expressa a capacidade máxima de
produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de produção de que
se dispõe em dado momento do tempo.

Custo de oportunidade

A transferência dos fatores de produção de um bem X para produzir um bem Y implica um


custo de oportunidade, que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem X para
se produzir mais do bem Y.

É de se esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, uma vez que, quando
aumentamos a produção de determinado bem, os fatores de produção transferidos dos outros
produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transferência vai
ficando cada vez mais difícil e onerosa, e o grau de sacrifício vai aumentando. Isto é, os fatores
de produção são especializados em determinadas linhas de produção, e não são
completamente adaptáveis a outros usos.

Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetários

Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de


mercado que não tenha interferência do governo nem transações com o exterior (economia
fechada). Os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades
produtoras). As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades
de produção (empresas) no mercado dos fatores de produção. As empresas, pela combinação
dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de
bens e serviços. A esse fluxo de fatores de produção, bens e serviços denominamos fluxo real
da economia.

No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas


os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços dos fatores
de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam. No entanto,
o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para
remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Desse modo,
paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da economia.

Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção

 Os bens de capital são utilizados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam
totalmente no processo produtivo
 Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades
humanas.
 Os bens intermediários são transformados ou agregados na produção de outros bens e
são consumidos totalmente no processo produtivo (insumos, matérias-primas e
componentes).
 Os fatores de produção são constituídos pelos recursos humanos (trabalho e
capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.

Argumentos positivos versus argumentos normativos

A Economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que deve
explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos não envolvem juízo de valor, e
referem-se a proposições objetivas. Desse ponto de vista, a Economia se aproxima da Física e
da Química, que são ciências consideradas virtualmente isentas de juízo de valor. Em
Economia, entretanto, defrontamo-nos com um problema diferente. Frequentemente e
nossos valores interferem na análise do fato econômico. Nesse sentido, definimos também
argumentos normativos, relativos a uma análise que contém, explícita ou implicitamente, um
juízo de valor sobre alguma medida econômica.

Divisão do estudo econômico

A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro


áreas de estudo:

 Microeconomia ou teoria de formação de preços. Examina a formação de preços em


mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado
e como decidem os preços e a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente.
 Macroeconomia. Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados
nacionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança
agregada, o nível geral de preços, entre outros.
 Economia internacional. Analisa as relações econômicas entre residentes e não
residentes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações
financeiras.
 Desenvolvimento econômico. Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da
coletividade ao longo do tempo.
CAPITULO 5

Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado

Utilidade total e utilidade marginal

Ao final do século passado, alguns economistas elaboraram o conceito de utilidade marginal e


dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a utilidade total tende a
aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a utilidade
marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade
do bem, é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da
utilidade proporcionada por mais uma unidade do bem, chegando à saturação.

Conceito de demanda de mercado

A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço que os
consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo. A procura depende de
variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço do bem ou serviço, o
preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do indivíduo.

Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral da demanda

Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem,


coeteris paribus. É a chamada lei geral da demanda. Os economistas supõem que a curva ou a
escala de procura revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão
maximizando sua utilidade. A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da
esquerda para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado
produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus.

Distinção entre demanda e quantidade demandada

Embora tendam a ser utilizados como sinônimos, esses termos têm significados diferentes. Por
demanda entende-se toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas
quantidades. Por quantidade demandada devemos compreender um ponto específico da
curva relacionando um preço a uma quantidade.

Oferta de mercado

Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao
mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta
depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço (custo) dos fatores de
produção e das metas ou objetivos dos empresários.

Oferta e quantidade ofertada

A oferta refere-se à escala (ou toda a curva), enquanto a quantidade ofertada diz respeito a
um ponto específico da curva de oferta. Assim, um aumento no preço do bem provoca um
aumento da quantidade ofertada, coeteris paribus (movimento ao longo da curva — diagrama
a), enquanto uma alteração nas outras variáveis (como nos custos de produção ou no nível
tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva de oferta).

A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio

A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio


de um bem ou serviço em um dado mercado.

Na intersecção das curvas de oferta e demanda, teremos o preço e a quantidade de equilíbrio,


isto é, o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos produtores
simultaneamente.

Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio, teremos uma situação de


escassez do produto. Haverá uma competição entre os consumidores, pois as quantidades
procuradas serão maiores que as ofertadas.

Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E (B, por


exemplo), haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de estoques não
programado do produto, o que provocará uma competição entre os produtores.

Estabelecimento de impostos

Os impostos dividem-se em:

 Impostos indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas.


Exemplos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI);
 Impostos diretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos:
Imposto de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Entre os impostos indiretos destacamos:

 Imposto específico: o valor do imposto é fixo, independentemente do valor da unidade


vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$ 5.000
ao governo (esse valor é fixo e independe do valor do automóvel);
 Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda.
Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do automóvel
for de R$ 50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se seu valor aumentar para R$
60.000, o valor do IPI será de R$ 6.000.

A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é a chamada incidência


tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus do imposto.

O produtor procurará repassar a totalidade do imposto ao consumidor. Entretanto, a margem


de manobra de repassá-lo dependerá do grau de sensibilidade desse a alterações do preço do
bem. E essa sensibilidade (ou elasticidade) dependerá do tipo de mercado. Quanto mais
competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto paga pelos produtores,
pois eles não poderão aumentar o preço do produto para nele embutir o tributo. Por outro
lado, quanto mais concentrado o mercado — ou seja, com poucas empresas —, maior o grau
de transferência do imposto para os consumidores finais, que contribuirão com maior parcela
do imposto.

Conceito de elasticidade-preço da demanda

É a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às variações de seu preço, ou, de


outra forma, é a variação percentual na quantidade procurada do bem X em relação a uma
variação percentual em seu preço, coeteris paribus.

Fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda

 existência de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, mais
elástica será sua demanda, pois pequenas variações em seu preço, para cima por
exemplo, farão com que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando
queda em sua demanda mais que proporcional à variação do preço.
 essencialidade do bem: se o bem é essencial, sua demanda será pouco sensível à
variação de preço; terá, portanto, demanda inelástica.
 importância do bem, quanto a seu gasto, no orçamento do consumidor: quanto maior
o gasto referente a determinado bem (maior ponderação) em relação ao gasto total
(orçamento) do consumidor, mais sensível torna-se o consumidor a alterações em seu
preço (ou seja, a demanda é mais elástica).

Relação entre receita total do produtor e o grau de elasticidade

A receita total do produtor, que equivale ao gasto total dos consumidores, para uma dada
mercadoria é igual à quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda.

Você também pode gostar