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ABEL SAIA JUNIOR

• Tema : Evolução politica, económica, cultural e social de:


- Sudão ocidental (Reinos de Kanem-Bornu e darfur).
- Africa Oriental (Etiópia, Koldofon e Turre)
- Africa Central ( Congo)
- Africa Austral ( Zimbabué, Marave e Zulo).

Universidade Pedagógica
Delegação de Gaza
Faculdade de Ciencias Sociais

Trabalho a ser Apresentado


Na Cadeira de Historia de Africa I
sob orientação do docente

Dr. Fanuel Chana

HIPOGEP 1O ANO

2009
INTRODUÇÃO

Pretendo com o trabalho que segue, apresentar a evolução politica, económica,


cultural e social do Sudão Ocidental ( Reinos Kanem-Bornu e Darfur), Africa
Oriental (Etiópia, Koldofon e Turre), Africa Central ( Congo), Africa Austral
( Zimbabué, Marave e Zulu).

Trata-se dum desafio não menor, porquanto, tratarei de buscar o mais importante
da historia destes reinos, mas sempre encontrarei dificuldades de insuficiência de
literatura a respeito destes temas na praça. Estou ciente que superar-os-ei a
medida em que for fazendo a pesquisa, pois, só assim estarei a ouvir a palavra da
historia africana escrita pelos africanos, como disse o saudoso Patrice Lumumba:
“A historia dirá um dia a sua palavra...A Africa escreverá a sua própria
historia...”( Ki-Zerbo. 1972)

Primeiramente farei a localização geográfica de cada estado ou zona no contexto


actual e posteriormente debruçar-me-ei no que diz respeito aos temas
propriamente ditos referindo me ao período desde o seculo IX ao século XX .

Assim, para melhor elucidação, passo a apresentar os temas objectos da analise


ou de investigação, obedecendo a sequencia abaixo:

• Evolução politica, económica, cultural e social de:


- Sudão ocidental (Reinos de Kanem, Bornu e Darfur).
- Africa Oriental (Etiópia, Koldofon e Turre)
- Africa Central ( Congo),
- Africa Austral ( Zimbabué, Marave e Zulo).

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AFRICA OCIDENTAL

Sudão (região), extensa região geográfica da África setentrional


tropical, que se estende desde a Mauritânia a oeste, até a actual
República do Sudão a leste. Forma uma área de passagem entre
a zona do Sahel ao norte e a zona equatorial ao sul. A região
integra parte dos actuais estados do Senegal, Guiné-Bissau,
Guiné, Mali, Burkina Faso, Níger, Nigéria, Camarões, Chade,
República Centro-Africana e o Sudão. Região de savana onde se
cultiva milho e sorgo. ( In Enciclopédia Universal )

Actualmente, a Republica do Sudão, é o país mais extenso do


continente. Limita-se ao norte com o Egipto; a leste com o Mar
Vermelho, Eritréia e Etiópia; ao sul com Quénia, Uganda e Zaire;
e a oeste com a República Centro-Africana, Chade e Líbia. Tem
2.505.814 km² e Khartum é a sua capital. (idem)

TERRITÓRIO E RECURSOS

É constituído de três regiões naturais. O deserto, ao norte, que


ocupa 30% da superfície; o deserto líbio, uma planície em que
se levantam montanhas abruptamente, ocupa a maior parte do
país ao noroeste do Nilo; o deserto de Núbia, que se estende
entre a zona oriental do Nilo e do rio Atbara; o sahel, com
estepes e elevações de escassa altitude situadas no centro do
país; e, no sul, uma região de ciénagas (As Sudd) e selvas
tropicais. De especial importância são o rio Nilo, o Nilo Branco e
o Nilo Azul e seus afluentes, como o Atbara. A maior parte do
país se constitui de uma imensa depressão com pequenas
elevações.

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O clima do Sudão é tropical com traços continentais. As
variações de estação são mais acentuadas nas zonas desérticas
e a precipitação é insignificante. Ao sul o clima é equatorial. As
secas provocam terríveis rachaduras.

Há vegetação apenas nas zonas desérticas. No vale do Nilo,


crescem algumas espécies de acácias; as zonas com grandes
selvas se encontram na faixa central, ainda que o corte de
árvores para a obtenção do combustível e pastos tenha reduzido
sua extensão. Entre as espécies de árvores se encontram o
hashab, o talh e o heglig (Balanites aegyptiaca). Nos vales do
Nilo Azul e Branco, são comuns o ébano, o silag, o baobá e a
caioba. Espécies autóctonas são o algodão, o papiro, o rícino e
plantas da borracha ou resina.

A fauna é abundante nas regiões equatoriais; os elefantes foram


praticamente exterminados durante a guerra civil; nos rios,
abundam crocodilos e hipopótamos. Entre os mamíferos de
tamanho grande encontram-se as girafas e os leopardos. Outros
animais são: babuínos e micos, numerosas espécies de pássaros
tropicais e répteis venenosos. Entre os insectos encontram-se a
mosca serot e a mosca tsetsé ― abundantes na faixa equatorial
― e os mosquitos, responsáveis por uma malária endémica no
Sudão. ( idem)

POPULAÇÃO E GOVERNO

Na região setentrional, a população se compõe de povos da


antiga Núbia, descendentes de africanos e árabes, e das etnias
beja, jamala e nuba. No sul, predominam os grupos nilóticos,

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como o dinka, nuer, shilluk e azande. Tem uma população de
36.080.373 habitantes (2001) e uma densidade de 14
habitantes por quilómetro quadrado. A guerra civil e os conflitos
sociais têm modificado a distribuição das diferentes etnias.

A cidade mais importante é Khartum, a capital, com 476.218


habitantes em 1983, que forma uma conturbação com
Ondurmán, com 526.287 habitantes; e com o centro industrial
de Khartum Norte com 341.146 habitantes. Outras cidades
importantes são Port Sudan, com 206.727 habitantes; e Wad
Medani.

Cerca de 73% da população é muçulmana, com a maioria sunita


situada ao norte; 17% pratica as religiões tradicionais; e existe
uma minoria de cristãos, principalmente no sul.

As diferenças culturais e religiosas são a base das tensões entre


as regiões. A língua oficial é o árabe, falado por quase metade
da população, e no oeste, no leste e no sul se fala outras línguas
autóctones (ver Línguas africanas).

A Constituição de 1973, que estabelecia uma república


presidencialista e unipartidarista, deixou de vigorar após o golpe
militar de 1985. Novamente um golpe militar, em 1989, fez com
que fossem proibidas todas as actividades políticas. Em 1993,
Bashir assumiu a presidência. (idem)

ECONOMIA

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O produto interno bruto é de 1,1 milhão de dólares, com uma
renda per capita de 340 dólares (1999). A base da economia é a
agricultura. A seca e a guerra civil acabaram com os esforços
para impulsioná-la.

Cerca de 60% dos habitantes vivem da agricultura e do


pastoreio. Os principais produtos agrícolas são sorgo, milho,
trigo, arroz, gergelim, mandioca, batatas e leguminosas, e o
principal produto comercial é o algodão.

Entre seus recursos florestais destacam-se a goma arábica, da


qual é o maior produtor mundial. Outros produtos são cera de
abelha, tanino, sena e madeira, em especial a caioba. A
indústria se orienta para a transformação dos produtos
agrícolas.

A moeda do Sudão até Maio de 1992, quando foi substituída


pelo dinar, foi a libra sudanesa, que ainda está em circulação.
(idem)

HISTORIA

Desde tempos remotos, a faixa norte tem feito parte da região


da Núbia. Em 1570 a.C., data em que começou a XVIII Dinastia,
a Núbia era uma província egípcia. Desde o século VIII a.C.,
ocupam o território uma série de reinos independentes; o mais
poderoso deles foi o de Makuria, um estado cristão fundado no
século VI, o qual teve fim no início do século XIV como
consequência da invasão dos mamelucos egípcios. O reino da
Alwa foi destruído em torno do ano 1500 pelos funj,
muçulmanos que fundaram um sultanato em Sennar.

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Próximo ao século XVIII, a falta de entendimento entre as tribos
funj debilitou o reinado que, em 1820, foi invadido pelo Egipto,
nessa época uma província do Império Otomano. O domínio
turco-egípcio se manteve durante 60 anos.

Mehemet Ali, também Muhammad Ali (1769-1849), paxá


otomano do Egipto (1805-1849). Reformou o país e fundou uma
dinastia que governou o país até meados do século XX. De 1820
a 1822 Mehemet Ali conquistou regiões no Sudão e, pouco
depois, em 1823, fundou a cidade de Khartum

Em 1882, uma revolução aniquilou o exército egípcio tomando o


controle da província. Um califa tomou o poder em 1885; o caos
económico e social invadiu o Sudão. O Egipto havia passado a
ser uma possessão britânica. Em 1896, os governos britânico e
egípcio mandaram uma expedição militar contra o califa e
firmaram um acordo para compartilhar a soberania do Sudão.
Na zona meridional, o controle britânico era menor.

O descontentamento com o tratado do Egipto se fez mais


patente após a Segunda Guerra Mundial. Em 1946, os dois
países iniciaram negociações para revisar os termos do tratado.
O governo egípcio pediu aos britânicos que abandonassem o
Sudão, enquanto que estes propuseram modificações no regime
de governo.

Em 1953, a Grã-Bretanha e o Egipto firmaram um acordo,


mediante o qual se garantia a independência do Sudão após um
período de transição de três anos. Em 1954, o primeiro governo
composto por sudaneses assumiu o poder e começou uma
política de sudanização.

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Esse programa agravou as diferenças geográficas, económicas e
sociais entre o norte e o sul; os habitantes do sul se sentiam
excluídos do novo governo. A República do Sudão foi
oficialmente declarada em 1956.

Em 1958, após as primeiras eleições, o novo governo foi


derrotado pelo tenente-general Ibrahim Abbud, o qual dissolveu
o Parlamento, suspendeu a Constituição, declarou lei marcial e
se auto proclamou primeiro-ministro. Em 1964, ele foi derrotado
e assumiu o poder um Conselho de Estado. A revolta iniciada no
sul, contra o domínio do norte, enquanto Abbud estava no
poder, acabou numa guerra civil que se prolongou até 1972, ano
em que o sul conseguiu certa autonomia.

Em 1969, um grupo de militares dirigido por Yaffar al-Numeiry


assumiu o poder e estabeleceu um novo governo. Numeiry
negociou um cessar fogo com os separatistas do sul. Após várias
tentativas de golpes de estado (1976), voltou-se para o Egipto,
para os estados árabes conservadores do Ocidente, aos quais
solicitou ajuda política e económica. A estabilidade do país,
durante o final da década de 1970, se viu ameaçada pelo
grande número de refugiados que chegaram procedentes da
Eritréia, Uganda e Chade.

O presidente Numeiry ganhou as eleições pela terceira vez em


1983. Após a entrada em vigor da lei islâmica (sharia), apareceu
um novo grupo, o Movimento para a Libertação do Povo do
Sudão, com o objectivo de derrotar Numeiry. Em 1985, um golpe
de estado acabou com seu governo.

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Um ano depois, foram comemoradas as primeiras eleições livres
depois de 18 anos. A economia estava paralisada e a guerra civil
se agravou no sul do país. Em 1989, o general de brigada Omar
Ahmad al-Bahir chefiou um golpe militar, declarou estado de
emergência e nomeou um Conselho de Estado. O regime de
Bashir enfrentou, no sul, o Movimento para a Libertação do Povo
do Sudão, que havia se fraccionado em dois grupos litigantes
entre si. Em Maio de 1998, o direito à autodeterminação dos
povos do sul sudanês foi reconhecido, mas não surtiu efeito. O
problema essencial não foi a independência, que as
organizações do sul não reivindicavam formalmente, mas a
decisão de aplicar a lei islâmica ao conjunto da população.
Ajudado unicamente pelas organizações não-governamentais, o
sul sudanês continuou devastado por uma guerra que não deve
terminar enquanto o regime continuar se recusando a levar em
conta as reivindicações dos não-muçulmanos. (idem)

O REINO DE KANEN

Reino de Kanen, estado africano, na região do lago Chade, que


existiu do século IX ao XIX, cuja capital era Njimi. Foi fundado
pelos Kanuri, uma mistura de povos negróides e berberes1 que
viviam a leste do lago, e governado por mais (reis) da dinastia
Sef (ou Sayfiyya).

Sua prosperidade estava baseada no comércio através do Saara,


e, desde o início, o Estado esteve sob a influência do islamismo,
que, no século XI, passou a ser a religião oficial (idem)

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Também consta ainda que, nas origens do Kanem encontramos
como em todos os outros pontos da bordadura sul do deserto, a
conjunção e o casamento dos sedentários e dos nómadas
(Zaghawas) também tidos como berberes ou tuaregues povo
negro que ate hoje existe, estes que teriam chegados no século
IX e tomado a direcção como os primeiros reis do Gana, como
Za Aliamen e Abu Yezid (Ki-Zerbo. 1972)

Segundo Ki-Zerbo,J de inicio os Reis deviam tomar mulheres


entre Tabus, mas mais tarde, a partir do século XIII, casar-se-ão
em meio kanuri. Os Kanuris apresentam se como povo
individualizado a partir do ano 800, a leste

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Berberes, nome que recebe a língua e os habitantes de povos não árabes que habitam extensas regiões
ao norte da África. A língua berbere é um ramo da família linguística afro-asiática e compreende cerca de
300 dialectos. É uma língua falada, pois sua forma escrita é pouco conhecida e raras vezes utilizada.

Os berberes constituem 40% da população do Marrocos, 30% da Argélia e 1% da Tunísia. A população


berbere diminui lentamente, à medida que muitos adoptam a língua e a cultura árabes. A ocupação
tradicional é a criação de gado, porém cada vez mais, os berberes se dedicam à agricultura.

do Chade. Estes negros puros ( complete negrões) emigraram para a regiao ocidental onde fundaram
numerosos reinos, cujo primeiro dele foi o de Zagwa situado na zona de Kanem.

O primeiro Rei conhecido foi o Dugu Bremi, descendente de Saif,


que terá se instalado em Njimi, a leste do lago Chade, por volta
do ano 800, tendo vivido no principio do século IX e sido morto
pelas populações mbum do Adamawa, no decurso duma audácia
expedição para o sul, e depois de ter fundado uma cidade Yeri
Arbasan.

Entre 1085-1097 foi introduzido o Islão no Kanem durante o


reinado do Umé. O filho de Umé, Dunama I, no decorrer do seu

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longo reinado ( 1097-1150) tem tempo de fazer duas vezes a
peregrinação a Meca. Morre afogado pelos piratas egípcios no
mar Vermelho, ao empreender uma terceira viagem aos lugares
santos. Na mesma época é estabelecida no Cairo uma
estalagem-escola malekita para receber os peregrinos ou
estudantes do Kanem.

Os Reis seguintes serão sobretudo conquistadores. Salma (1194-


1221), aproveitando-se, sem duvida, do velho parentesco e das
alianças da dinastia com os Tabus do Tibesti, beneficiou da
tenacidade e da coragem proverbial destes nómadas para
conquistar e controlar as rotas comerciais do Norte ate a Feania,
onde a capital foi se fixar em Njimi.

Já por volta de 1221-1259, sob Dunama II, uma expansão para o


norte é selada por uma aliança com os Hafecidas de Tunes
(1128-1347). Dunama enviou-lhes a titulo de presente uma
girafa demonstrando assim o êxito desta vedeta das savanas
africanas.

A oeste, a expansão estende-se ate o Níger pela dominação


sobre os Haúças. A leste, o Kanem luta contra os Bulalas, gente
de pele clara, as vassalas do reino dos Zaghwas.

Para o Sul, a conquista é frenada pelos temíveis Saos, pelas


regiões pantanosas do Logone e pelas montanhas do Adamawa.
Os Bulalas, que proclamavam a mesma ascendência que os
chefes do kanem, dominavam os autóctones das redondezas do
lago Fitri. Contrariamente dos príncipes do Kanem que estavam
profundamente presos aos cultos animistas.

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A Dinastia do Kanem conservava um “feitiço” venerado,
chamado muné ou moni que era um espírito dos antepassados
simbolizado numa efigie de carneiro, o que estabelece um laço
cultural prodigioso com a pratica semelhante de méroe, dos
países akans( Ghana) e de Kuba(Congo). Para outros era um
vaso sagrado que continha relíquias, como o tribo mossi, e que
ninguém devia destapar.

O muné era um dos elementos essenciais do culto que os


Kanembus prestavam ao seu rei, considerado um deus pelo
menos no período pre-islamico. Este rei era responsável pela
chuva e pelo bom tempo, assim como pela saúde dos seus
súbditos. Matava a sede com hidromel, mas admitia-se que não
precisava de comer, e ai daquele que visse o camelo a levar em
segredo as provisões reais para o palácio! Era logo Exterminado.

Ora Dunama II ousou descobrir o muné. Este acto sacrílego feriu


profundamente as convicções animista muito vivas nos meios
populares tekas e kanurus. Seguiram-se revoltas, habilmente
atiçadas pelos rivais bulalas, e exílios ou migrações em massa,
passando numerosos kanembus para o oeste do lago Chade,
onde foram, em geral atacados e, por vezes massacrados pelos
Saos.

Com efeito, no Kanem, a guerra civil entre o clã dos idrisas e dos
Dauds viera complicar ainda mais a luta contra os bulalas a
leste. Finalmente, os Idrisas levam a melhor, mas o seu poder
permanece instável. Aumentando a pressão dos bulalas, Omar
(1384-1388) abandona o Kanem e instala-se em Gaga, no
Bornu. Ai as lutas continuam.

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Ao norte são os chefes de bandos árabes que se entregam a
escravatura, como o prova a carta enviada em 1391 pelo rei
Bornu, Biri Ben Idriss, ao Sultão Al Malik Az Zahir Barquq, a
queixar-se das incursões de Jodam, que, dizia ele, lhe matou o
irmão e levou numerosos súbditos que, no entanto, eram
muçulmanos, homens, mulheres e crianças. A luta continua
também contra os Saos e os Haúças.

O maior príncipe desta nova fase da historia do Kanem-Bornu


é Ali ibn Dunama, chamado Al-Ghazi ( ou o Conquistador) (1472-
1504). Este organiza a administraçao e funda Ngazargamu,
conhecida por Birnim bornu (fortaleza de Bornu), na margem
do rio Yo. Submete a tributo as cidades Haúças. Era assim que
os escravos trazidos por Zamfara eram trocados pelo Bornu por
cavalos árabes. Os imãs procuraram então que a moral dos
notáveis fosse pautada pelas prescrições do Alcorão. Um certo
Masbarma tentou impor a regra das quatro mulheres. O soltao
Ali conformou-se, mas numerosos notáveis recusaram-se a isso.
Sob o seu sucessor Idriss Katagarmabe (1504-1526), o Kanem
foi conquistado aos Bulalas, cuja capital estava instalada em
Gaw, ao norte do lago Fitri. Mas os Bulalas não integrados
permaneceram autónomos e constituíram mais tarde o Reino de
Wadai, dando Lugar ao reino Kanem.( Ki-Zerbo. 1972)

Religião:

A religião islâmica predominou na regiao devido a presença dos


árabes, assim, todos hábitos e obrigações estavam
fundamentadas no islao.

Organização do Reino Kanem

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O Kanem foi, com o Maly e o Songai, um dos mais vastos
impérios dos grandes séculos africanos. A organização Politica e
a administração são do mesmo género que no Maly e sobretudo
no Songay ou seja, uma monarquia feudal descentralizada,
tendo no cume o sultão, reverenciado como um deus e que, no
decurso das audiências publicas está sempre oculto por uma
cortina.

O Conselho de estado (notiena) é formado por doze príncipes ou


emires, com uma competência territorial ou funcional: assim o
Yerima ( província do Yeri) ao norte, o galadima (Província do
Oeste) o Futuma ( Governador da Capital) o Kaigamma ( o
Generalíssimo, ministro da guerra e da província do Sul) o
Mestrema ( grande eunuco, chefe do harém e da província de
Leste) o Yiroma ( ao serviço da rainha, sob controlo do
mestrema). A rainha-mãe (magira) era alva de honras especiais.

Os assuntos correntes eram tratados por um conselho privado.


As finanças reais eram alimentadas pelos impostos em espécies,
pelos tributos pagos com frequência em géneros e pelo trafico
dos escravos. A justiça dos Cádis muçulmanos permaneceu
circunscrita sobretudo nos centros e não pode substituir o direito
consuetudinário. O Exercito, que compreendia ate 100.000
cavaleiros ( Certos contingentes dos quais eram couraças) e
180.000 homens a pé, era uma das maiores forças da época.

Era composto de tropas Kanembus, soldados de oficio e guardas


do palácio, a que se dava o nome de divisões da casa, às quais
se juntavam corpos recrutados pelos governadores provinciais,
chamados continentes do mato. Tinha como pontos de apoio

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grandes fortalezas, cujos vestígios se encontram espalhados em
lugares hoje solitários.

São construções de tijolos cozidos, devidas talvez à técnica dos


ferreiros e arquitectos saos . Em Njimi, Wadi, Ngazargamu e
Nguru constituem ainda um testemunho da grandeza do Kanem.

O reino Bornu

1. Idriss Alooma

No fim do século XVI e no principio do século XVII, a potencia


dominante é incontestavelmente o Bornu, sobre tudo a partir do
grande reinado de Idriss Alooma(1581-1617). Este, a quem a
mãe, Amsa, teve de proteger na infância contra o seu primo
tornando sultão, enviando-o ao Kanem, sucedeu, enfim, em
1580,a sua irmã, a famosa Aicha. No decorrer da sua
peregrinação pode ele informar-se sobre as técnicas militares do
Egipto.

Aproveitou estas observações para comandar caravanas inteiras


de mosquetes, assim como instrutores e conselheiros militares
turcos. Os escravos domésticos foram arregimentados como
mosqueteiros.

Tal como Achantia ou, mais tarde, o Daome, ele deverá a sua
superioridade ás armas de fogo.

Além disso, os nobres bornuanos, calçados de botas escarlates,


montavam os cavalos protegidos com couraças de tecido
espesso. Havia também um corpo de guerreiros armados de
lanças e protegidos com escudos de pele, aos quais se juntavam

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contingentes de temíveis arqueiros enviados pelas tribos
vassalas e animais do sul e que iam ao combate ataviados como
mulheres: com colares, braceletes e diademas de conchas e de
penas.

A tribo aliada de Koyam fornecera mesmo uma boa porção de


camelos.

Graças a esta formidável maquina de guerra, Idriss Alaoma


impôs -se facilmente. Tomou o habito de mandar cercar de
paliçadas ou de sebes o acampamento do exercito a fim de
evitar os roubos, as perdas de gado, a imoralidade e as
surpresas do inimigo. Construiu grandes chalupas no Komadugu
Yobe o transporte rápido de viveres e de tropas. Assinou acordos
com os seus vizinhos para fixar as fronteiras, como, por
exemplo, com o sultão de Bulalas: Muitos assuntos foram
abordados e foi delimitada a fronteira entre o Bornu e o Kanem,
pela qual obtivemos Kangusti e todo o pais siru. As tropas eram
inspeccionadas. Nos dias fixados, todos os corpos de exercito
em grande uniforme tomaram lugar um por um em grande
numero sem confusão para que o sultão os passasse em revista.

Venceu as tribos animistas do Sul (Mandaras, Musgus,Kotokos)


no decorrer de batalhas como o a de Amsaka. Atacou o reino de
Cano sem lhe conseguir tomar a cidade de Dala. Apoiado pelos
cameleiros do Koyam lançou operações contra os Tuaregues e
abrigou-os a renunciar a suserania do Sultão de Agades pela de
Bornu.

Foi-lhe assegurada a aliança dos Tedas de Bilma, cujas as salinas


constituíam um pólo comercial importante. Foram também

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saqueados os Tabus e mantidos em respeito, ao mesmo tempo
que eram estreitados os laços com a Africa do Norte,
apoderando-se das salinas do Kawar. Atacando o Kanem e os
bulalas, transferiu parte dos seus habitantes para o Bornu e
instalo-os como colonos no Sudeste do lado Chade não longe do
Bahal el-Ghazal.

Idriss Alaoma foi um prosélito do Islão que estendeu e melhorou


a construção das mesquitas substituindo o colmo tradicional
pela arquitectura em tijolo. Foi também um por itano que lutou
contra o desregramento dos costumes, em particular contra o
adultério, que, segundo Ibn Fartwa, se tornara pratica corrente.
Mandou construir em Meca um albergue para os peregrinos,
dotados de uma criadagem composta de escravos. esforçou se
por substituir nos processos os chefes militares por juízes
religiosos (cades).

Durante o seu reinado a hegemonia Kanur foi incontestada na


bacia do logo Chade e criou um pólo politico religioso
imponente, no quadro do qual os territórios vassalos
conservavam a sua autonomia mediante um tributo controlado
por notáveis da corte de Ngazargamu.

O reino Bornu não tardou a ser contestada e a partir do reinado


do Ali Omar (1645-1684), os Tuaregues e os Jukuns vem sitiar a
capital Ngazargamu. Com efeito o Bornu só se mantêm porque
não se encontra a sua volta qualquer vizinho poderoso. Eram um
estado onde florescia a escravatura e o trafico negreiro
orientado para o Magrebe e o Egipto. Mas a escravatura local
conservava ai um carácter moderado, pois se encontravam
antigos escravos como Governadores de províncias.

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No principio do século XVII, de varias tentativas sem sucesso de
ocupação pelos reinos dos povos Bolewas e Kanurs, Katsina
toma a direcção comercial e militar do Sudão central enquanto o
Bornu exerce um incomparável influencia cultural e religiosa.

No fim do século XVIII por consequência, duas potencias ocupam


uma posição preponderante no Sudão central: Gobir e Katsina,
este ultimo tomando o lugar de Tombucto, brilha pela sua
irradiação intelectual e pelo refinamento nos usos e na língua
Haúças.

O Bornu domina também pelas suas guias espirituais versadas


no Alcorão. Já em 1790 uma crise abala Zamfara e Kano e os
Junkuns de Karorofo são atacados pelos peule começando um
grande abalo de Usman dan Fodio e no principio do século XIX o
Bornu procura reconquistar um pouco da sua Hesmonia passada
lançando operações ofensivas contra o oeste e o Sul e controla
não apenas o Kanu mas também as tribos do planalto Bauchi e
as que habitam entre o Chade e o curso médio do Benue. O
Bornu era dirigido por uma dinastia muçulmano, mas ela foi
também acusada pelos partidários de Usmam dan Fodio de
criptopaganismo: aquele que faz oração, mas se inclina diante
de ídolo, destroe assim mil actos de religiao.2

Os peules atiraram se contra o Bornu estando este doente


depois da morte do seu general.

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Os partidários de Usman designavam tais muçulmanos como Hipócritas ou munafiq em
árabe.

Gwani Muktar tomou o comando das tropas que se atiraram em


direcção a leste a ponderando se de Ngazargamu em 1808. Mas,
abandonado, logo após a pilhagem, por quase todos os seus
partidários, nómadas ou não, Gwani Muktar foi surpreendido na
capital Bornuana e exterminado.

Estado de Darfur

Segundo Joseph Ki-Zerbo, foi neste estado que se registou a


confluência racial e étnica desde a mais alta antiguidade,
sobretudo depois da queda dos reinos da Nubia e da chegada
dos Árabes. Os primeiros habitantes são os furs e os Dajus
negróides. No século IV da nossa era chegam os Tondjurs, sem
duvida negróides também. Os Dujus são repelidos para o oeste.
Século XIII, o Kanem-Borno de que me referi anteriormente,
exerce uma grande influencia comercial ( controla dando a rota
do Nilo) e religiosa, como o testemunham as numerosas
mesquitas de tijolos encarnado em Ain Farah, assim como os
títulos principescos oriundos do Darfur. Alem disso, o fundo
cultural negro-africano reflecte se na importância ritual dos
tambores e do fogo real, tal como ele existe no Mossi e em
numerosos reinos da Africa central, oriental e meridional.

Suleiman Solon ( 1596-1637) impõe o reino Darfur, expulsando


Tunsan, que vai criar no Cordofão o cla dos Massabaats. Findo
este reinado, veio o grande reinado do Ahmed Bokor (1682-

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1722) que se espalha o Islão e garante uma segurança relativa.
Tendo o Wadai recusado pagar-lhe tributo de uma jovem
princesa para o seu harem, ataca este estado, e abatido
primeiro e depois, graças a mosquetes encomendados ao
Egipto, bate Aruss du Wadai em Kekebra, este, morre, mas o seu
filho Abul Kassin (1739-1752) tenta reunir um exercito de doze
mil soldados, porem também fracassa, tendo lhe sucedido
Maohammed Tirab (1752-1782), é ao mesmo tempo um
intelectual este dividia o seu tempo, sendo as especulações
religiosas, e o harem ou a bebida.

Contudo, em princípios do seculo XIX o Cordofão liberta de


Darfur cujo rei abd ar Rahman funda capital El Fasher. O Príncipe
Hussein (1839-1874) esclarecido e capaz, consegue encontrar
um equilíbrio nas relacoes com o Egipto e o Wadai, porem, o
negreiro Zubeir Paxa que devasta o sul do Darfur é em breve
nomeado governador o que traz consigo a anexação do país
pelo Egipto ate a sublevação do Mahdi.

ETIÓPIA

Uma república situada no leste da África, limita-se a noroeste


com a Eritréia e com a República de Djibuti, a leste e sudeste
com a Somália, a sudoeste com o Quénia, e a oeste e noroeste
com o Sudão. A superfície é de 1.128.176 km2. A capital é Adis
Abeba.

TERRITÓRIO

20
O maciço etíope, com uma altitude média de 1.675 m, cobre
mais da metade da superfície do país. É dividido pelo Great Rift
Valley e cortado por numerosos rios e profundos vales. O lago
Tana, onde nasce o Nilo Azul, encontra-se no norte. As margens
norte -orientais do maciço estão definidas por pronunciadas
escarpas na direcção da depressão de Danakil. A margem
ocidental desce suavemente até as áreas desérticas do Sudão.
Pelo extremo sul, o planalto vai até o lago Turkana (ou lago
Rudolf) no Quénia.

O clima varia conforme a altitude: tropical até os 1.800 m,


subtropical entre 1.830 e 2.440 m, e temperado nas altitudes
mais altas.

POPULAÇÃO E GOVERNO

A população (2001) é de 65.891.874 habitantes, com uma


densidade de 58 hab/km2. A composição étnica é muito diversa.
Destacam-se: os oromo (40% da população), os amhara, povo
com uma origem parcialmente semítica, os tigrenses (32%), os
shangalla (5%) e os somalis (5%).

Addis Abeba (1990) possui 1.912.500 habitantes. Outras


grandes cidades são Diredawa (117.000 habitantes) e Desde
(1989) com 87.601 habitantes.

Aproximadamente a metade da população é cristã. A Igreja


Unida ortodoxa etíope, uma das mais antigas do mundo cristão
e ligada à Igreja copta egípcia, foi a igreja estatal até 1974; há
também uma alta percentagem de muçulmanos e animistas. A
Etiópia albergou os falashas.

21
São falados mais de 70 idiomas, a maioria pertencente aos
ramos semíticos e cusíticos da família afro-asiática. O idioma
litúrgico da Igreja etíope, ge’ez, deu lugar ao grupo de idiomas:
amárico (idioma oficial e falado por 60% da população), tigrinya
e tigré.

A Constituição de 1987 estabeleceu uma república liderada por


um presidente eleito pelo Shengo, uma assembleia nacional
unicameral. Em 1994, foi adotada uma nova Constituição.

ECONOMIA

A Etiópia era uma das nações mais pobres da Terra. Seu produto
interno bruto em 1999 era de 6,438 milhões de dólares, cerca
de 100 dólares per capita. A fome é uma ameaça constante. A
economia segue dependendo da receita do sector agrícola,
sobretudo do café. O birr etíope é a moeda oficial, mas em
grande parte do comércio se usa o trueque.

A mineração não é importante, embora se tenha encontrado


jazidas de petróleo e gás natural. Há consideráveis depósitos de
potássio que ainda não foram explorados. A indústria é de
transformação dos produtos agrícolas e têxteis.

HISTÓRIA

Restos fósseis de hominídeos encontrados no vale de Awash


datam de aproximadamente 3 milhões de anos, e evidências
posteriores sugerem uma ocupação humana contínua. Durante o

22
primeiro milénio a.C., povos semíticos de Sabá cruzaram o mar
Vermelho e conquistaram os camitas da costa. Até o século
II d.C., os vencedores haviam estabelecido o reino de Aksum,
governado pela dinastia Salomônica, que se considerava
descendente do rei bíblico Salomão e da rainha de Sabá. Aksum
se converteu ao cristianismo no século IV, seguindo a tradição
dos cristãos coptas do Egipto. Durante o reinado de Zara Yakub
(1434-1468) surgiu um sistema político que duraria até meados
do século XX, caracterizado por monarcas absolutistas que
exigiam serviço militar e dízimos em troca de concessões de
terras.

Após o falecimento em 1706 de Iyasus I, que reinava desde


1682, começou outro longo período de confusão dinástica e de
decadência, durante o qual o país se dividiu em várias regiões.

A única força unificadora durante todo esse período foi a Igreja


etíope. Com o apoio de altos hierárcas eclesiásticos, Ras Kassa
se fez coroar como imperador com o nome de Teodoro II em
1855.

Por volta de 1870, o Império era pouco mais que uma colecção
de estados semi-independentes. Menelik II, que estabeleceu sua
capital em Addis Abeba, conseguiu unificar as províncias de
Tigre e Amhara em seu reino de Shoa.

A partir da abertura do canal de Suez, a costa do mar Vermelho


se transformou em uma área muito atractiva para os poderes
europeus. Após o ditador Benito Mussolini chegar ao poder em
1935, a Itália invadiu o país, mas o imperador Hailé Selassie foi
restituído ao trono pelas forças britânicas e etíopes em 1941.

23
Depois da II Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas
(ONU) votou a federação da Eritréia com a Etiópia. Uma vez que
esta foi estabelecida, Hailé Selassie acabou com a autonomia da
Eritréia, dando lugar ao movimento nacional de resistência e ao
início de um confronto militar.

Hailé Selassie ignorou, em grande parte, problemas internos


urgentes (desigualdade na distribuição da riqueza,
subdesenvolvimento, corrupção, inflação, desemprego e as
severas secas e fomes no norte entre 1972 e 1975) e em 1974
começou uma forte oposição que culminou em um golpe militar.
Criou-se o Conselho Administrativo Provisório Militar, ou Dergue,
que em 1974 anunciou o estabelecimento de uma economia
socialista. Em 1975, a terra foi nacionalizada, a monarquia
abolida e a República instaurada.

Durante a década de 1970, Mengistu Hailé Mariam foi a principal


figura política, enfrentando uma forte oposição. O governo
recebeu ajuda militar de Cuba e da URSS e, em 1984, Mengistu
estabeleceu um regime marxista-leninista. Entretanto, a grande
fome e seca unidas à guerra civil impediram durante toda a
década de 1980 a ajuda internacional.

Em 1990, o colapso do bloqueio soviético e a drástica restrição


de sua ajuda tornaram o governo de Mengistu vulnerável. Após
a mediação dos Estados Unidos nas conversações de paz, foi
constituído um governo nacional interino. Sob a presidência de
Meles Zenawi, o novo governo se encontrou com o enorme
trabalho de reconstruir a nação. Em 1995, foram realizadas
eleições multipartidárias.

24
Depois que em 1993 os eleitores aprovaram a secessão, a
Eritréia declarou sua independência, que foi reconhecida pela
Etiópia.

Do século XVI ao século XIX, e Etiópia, isolada do interior, terá


de viver a sós com os Árabes e os turcos muçulmanos de um
lado os Galas animistas do outro. É um período difícil, em que as
perturbações internas e as guerras externas serão atravessadas
de tempos a tempos por uma alta figura, coo o de Iyasu-o-
Grande ou o de Teodoro. Já o imperador que toma o poder em
1563, Sarsa Denguel (1563-1597), é um príncipe que se põe
pela sua autoridade e pelo vigor da sua politica externa. Na
esperança de varrer a implantação turca da costa do mar
Vermelho, cerca o ultimo porto muçulmano, Arkiko, que resiste
ate que o paxa envie ricos presentes para obter a paz. A Etiópia
surgia de novo como uma grande potencia com a qual se tinha
contar. Infelizmente, perturbações graves vão dilacerar o pais.
Za Denguel, que sucede no trono, era um homem de uma
coragem física excepcional e que parecia destinado a prosseguir
a expansão territorial já iniciada. Mas pendeu para o catolicismo
e, vencido pelos seus súbditos revoltados, foi morto e
abandonado no campo de batalha. Trava-se então uma luta
encarniçada pela sucessão, luta da qual foi vencedor Susneyos
(1608). Este ultimo continuou as campanhas já presentes a
mostrar a sua suserania, braceletes do ouro, o Sultão
Baadyreplicou remetendo lhe duas velkas pilecas cegas.
Susneyos entregou se a duas campanhas de represália.

Mas não era daí que vinha o perigo.

25
Após a expedição portuguesas eram mandadas para Etiópia
missões jesuítas. A obra católica, depois de um começo pouco
animador com o tão falado Mendes, reconquistara terreno
graças a vida austera levada pelo patriarca André Oviedo. No
entanto era a chegada, em 1603, do padre espanhol Paez que
devia trazer consigo mais consequências. Este missionário era
um homem de excepcional envergadura. Á forca de manhas,
conseguiu fazendo se passar por arménio, introduzir se através
das possessões árabes e turcas e chegar a Etiópia. Linguística
excepciona, tanto ele como os seus companheiros dominavam
dai a pouco o guês é língua falada:

Reino de Aksum, antigo reino que floresceu entre os séculos


I e VII ao norte da actual Etiópia, cuja capital era Aksum. Foi
fundado, provavelmente, por imigrantes procedentes do sul da
Arábia. Manteve relações comerciais com o mundo greco-
romano e com a Índia. Durante os séculos III e VI d.C., Aksum
dominou o Iêmen, na península arábica.

IMPERIO SAMORI TURE

No final do século, a acção de um chefe que construiu bem dois


impérios e resistiu eficazmente e por muito tempo ás forças
francesas, Samori Ture reassumiu todas as características da
dinâmica politica na região numa fase de, entretanto evidente,
penetração e conquista colonial. O califado de Sokoto e o de
Masina tinham crescido de dinâmicas religiosas e económicas
internas, mesmo que intelectual e comercialmente ligadas a
sistemas regionais e mundiais: o movimento reformista islâmico
em sentido lato e a transição para o comercio legal. Umar Tal
tivera de enfrentar a presença e as intrigas francesas na região,

26
prelúdio da penetração colonial que se viria a verificar pouco
depois. As Jihad e a islamização dos reinos costeiros e do
interior da Senegambia tinham assumido características
militantes não só em sentido religioso mas também anti-
europeias.
No último quarto do século XIX, samori Ture estabeleceu na
região do alto Níger o reino Wasulu, unindo sob a sua
hegemonia militar, sem os destruir, numerosos Estados
mandinka e deixando bastante espaço para as classes mercantis
e liberdade aos tradicionalistas não islamizados. Samori
distinguiu-se portanto como chefe de um movimento vasto de
contestação dos sistemas tradicionais da região mandinka,
provocado primeiro pelos conflitos criados pelo trafico de
escravos e, depois, pela penetração das ideias e do exemplo das
jihad das savanas que influenciou a minoria diola formada por
comerciantes islamizados que dominavam o trafico comercial
com as zonas costeiras. Sobre este vasto movimento, cuja força
propulsionadora original tinha sido os interesses comerciais a
que se se refere de um modo geral como segunda revolução
diola ( a primeira teve lugar no império Kong, no inicio do século
XVIII), Samori construiu um grande Estado sob a sua autoridade,
o qual resistiu de 1871 a 1881, ano de invasão francesa.
De movimento de reforma de facto da sociedade Mandinka,
nascido para dar poder às categorias de comerciantes, a acção
de Samori foi forçada, a partir de 1881, a virar-se contra a
invasão estrangeira. De Chefe militar, FaamaI, Samori, com o
titulo ao mesmo tempo religioso politico de Almani, adoptada
em 1884, transformou-se em centro de acção de Samori deixou
de ser o problema de como reconstruir e unificar a região para
remediar a profunda crise interna das sociedades e passou a

27
ser autónoma. Forçado pelo avanço francês a abandonar a
região Samori deslocou-se para oriente em 1894, para a região
que hoje faz parte das Republicas do Burkina Faso e da Costa
do Marfim, ai construindo um segundo estado. Os franceses só
conseguiram destruir em 1898. Samori, exilado no Gabão, não
recuperou o poder perdido mas o mito por ele criado continuou
vivo na cultura da região, passando a ser uma mensagem de
difusão do Islão militante. A seguir, todos os movimentos de
contestação anti-colonial viriam a fazer referencia aos feitos e à
resistência de Samori, ate na construção da identidade nacional
e de organização politica nacionalista em mais de um país da
região.

AFRICA CENTRAL

Congo

República do Congo, país africano que faz fronteira ao


norte com Camarões e a República Centro-Africana, a leste
e ao sul com a República Democrática do Congo, a
sudoeste com Angola (enclave de Cabinda) e o oceano
Atlântico, e a oeste com o Gabão. Tem 342.000 km2 de
superfície e sua capital é Brazzaville.

TERRITÓRIO E RECURSOS

Ao longo da costa atlântica estende-se uma planície de


baixa altitude, que se eleva na direcção do interior.
Afluentes do rio Congo ocupam a parte nordeste do país.
Densas selvas tropicais cobrem aproximadamente a

28
metade do território. A vegetação de savana se encontra
no norte e nas áreas mais elevadas.

O clima é tropical, muito quente e húmido. A temperatura


média é 23,9°C.

POPULAÇÃO E GOVERNO

A população do Congo compreende quatro grandes grupos


étnicos, todos pertencentes ao tronco banto, sendo o
principal deles o kongo, que corresponde a 50% do total.

O país tem 2.894.336 habitantes e uma densidade


demográfica de 8,5 hab/km2 (2001). O catolicismo é
professado por 55% da população, os protestantes
representam 25% e os seguidores das religiões tribais e
outras, cerca de 20%. Embora o francês seja a língua
oficial, a maioria fala alguma língua africana.

As cidades mais importantes do Congo são Brazzaville, a


capital e principal centro industrial, com 937.579
habitantes (1992), e Pointe-Noire.

A nova Constituição, adoptada em 1991, estipula um


sistema pluripartidário com um presidente e um
Parlamento bicameral eleitos democraticamente.

ECONOMIA

A economia congolesa depende da agricultura de


subsistência e da exploração dos recursos naturais. As

29
atividades comerciais são também importantes. Em 1999,
o produto interno bruto era 2,2 bilhões de dólares; e o PIB
per capita 780 dólares.

A unidade monetária é franco CFA (Comunidade Financeira


Africana).

HISTÓRIA

Alguns povos bantos já ocupavam o território antes do


ano 1000 d.C. Em 1482, quando chegaram os europeus,
havia na região dois grandes estados: o reino de Loango ao
norte e a leste do rio e, ao sul, o de Bakongo. Os
portugueses e o tráfico de escravos destruíram o reino
Bakongo e causaram sérios danos ao de Loango. A área
tornou-se uma colónia francesa entre 1879 e 1880 e ficou
conhecida como o Congo Médio. Em 1910, tornou-se uma
das quatro colónias federadas na África Equatorial
Francesa. Em 1960, constituiu-se na República do Congo.

A instabilidade caracterizou o período posterior à


independência. Em 1970, uma Constituição revolucionária
rebatizou o Estado como República Popular do Congo,
aproximando-o dos países socialistas. Durante os governos
de Marien N’Gouabi (1968-1977) e Denis Sassou-Nguesso
(1979-1989), o regime de partido único se consolidou,
mas, com a dissolução do bloco socialista e o fim da União
Soviética, o modelo revolucionário entrou em colapso.

Uma Conferência Nacional realizada em 1991 devolveu ao


Estado seu nome anterior de República do Congo e
aprovou uma nova Constituição para dar ao país um

30
regime democrático e pluripartidário. O presidente eleito
em 1992, Pascal Lissouba, foi acusado de favoritismo
étnico e de reprimir a oposição política, o que provocou
levantes das milícias populares sobreviventes do regime
socialista. A integração dessas milícias às Forças Armadas
foi um problema que Lissouba não conseguiu resolver, e os
frequentes levantes armados obrigaram-no a pedir a ajuda
de tropas francesas e de países africanos para proteger a
retirada dos cidadãos estrangeiros residentes em
Brazzaville. Diante de uma tentativa de suspender as
eleições presidenciais de 1997 e prorrogar o mandato de
Lissouba, o ex-presidente Denis Sassou-Nguesso, que
liderava a oposição, deu um golpe de estado apoiado pelas
forças angolanas presentes no país e assumiu o poder em
Outubro de 1997.

Reino do Congo

Os portugueses chegam na costa congolesa em 1482, já


havia século e meio que se estabelecera um grande reino
inferior no Congo, transformando em Zaire. Os autóctones
eram de origem ambundu cujo fundador chamou-se Nimia
Lukeni. Neste ano, o navegador português Diogo Cão,
contornando a costa africana, observou certa manha que a
agua do mar se tornara turva e trazia ervas e restos
vegetais. Não tardou em compreender que estava perto de
embocadura de um rio muito caudaloso. Subiu um pouco
mais a corrente e mandou levantar um padrão na margem
sul desse rio, ao qual chamou rio Padrão. No decorrer de

31
uma segunda viagem, Diogo Cão levava missionários e
negros de Guine a quem mandou descer perto do rio como
interpretes. A força de gestos, acabou-se por compreender
que, não muito longe, para o interior, existia um rei
poderoso.

Foi portanto, mandada uma delegação naquela direcção,


sem qualquer receio, pois, os autóctones nem estavam
amedrontados nem eram hostis, simplesmente mostravam
sinais de doçura e amizade, mas estes nunca mais
voltaram, assim Diogo Cao, aproveitando-se do facto de os
notaveis congoleses se encontravam abordo para levantar
ferro e leva-los como refens. No ano seguinte, voltou com
os congoleses baptizados e trajando como nobres de
Lisboa. O povo reunido na margem nao os reconheceu logo
e gritava com espanto: Mindele miandombe( Negros
brancos). Quando porem os reconheceu, foi um delirio. A
notici projectou-se ate a capital Mbanza Congo, onde o rei
Nzinga Nkuyu lhes apresentou os delegados e
missionarios, que, por sua vez, haviam tambem retido
como refens. Ouviu com viva curiosidade os congoleses
que regressavam da sua missao forçada. Os portugueses
largaram com uma embaixada real para um banquete
oficial, onde o chefe da delegaçao Nsuka, adoptava em
breve o nome de Joao da Silva, tendo como padrinho o
proprio rei.

Em 1491, as caravelas portuguesas foram, pois, recebidas


no congo com entusiasmo redobrado, cantando, fazendo
soar trombetas, cimbalos e cinquenta milhas que separa o
mar da cidade de Sao Salvador( Mbanza Congo fora

32
baptizado por Sao salvador) e as estradas estavm varridas
e limpas e fornecidas abundantemente fornecidas de
alimento e de coisas uteis para os portugueses, ai houve
nova troca de produtos ou de presentes, ou seja era uma
lua de mel, mas nao durou muito.

O rei baptizado, agora afasta a pratica religiosa para voltar


aos seus manipansos , sem, no entanto, abjurar nem
perseguir ninguem. A sua sucessao pos frente a frente o
partido tradicionalista chefiado por Mmpanzu, e o do seu
irmao mais velho Afonso, candidato cristao, este que veio
ganhar em 1506 tendo um longo reinado dominado pelas
relacoes tempestuosas com os portugueses.

AFRICA AUSTRAL
Reino Zulu

Zulus, povo de língua bantu do sul da África, ligados aos


swázis e xhosas. Guerreiros, os zulus resistiram
corajosamente à dominação dos holandeses e ingleses e
só foram derrotados, em uma sangrenta batalha que
dizimou a tribo, devido à superioridade tecnológica dos
armamentos de seus inimigos.

Com uma população que supera 2 milhões de pessoas, os


zulus vivem principalmente em Zululândia, na República
da África do Sul. Tradicionalmente ligados à agricultura e à
pecuária, os zulus foram obrigados a entregar suas terras
aos colonizadores, no século XIX. Actualmente, muitos têm
migrado para as grandes cidades ou são assalariados em

33
fazendas ou minas de propriedade de sul-africanos
brancos.

Não dispomos das fontes sobre os processos de


centralização dos Ngunis do norte, assim não permite
identificar a natureza exacta das forcas que impulsionaram
os processo requeridos, é certo que estes processos
accionaram, as mudanças politicas e sociais de grande
alcance, particularmente a transformação funcional das
instituições que socializavam os jovens, conhecidas por
Amabutho (singular, Ibutho), originariamente, escolas
periódicas de circuncisão que juntavam os jovens da
mesma idade com o propósito de os guiar através dos ritos
que marcavam a passagem da adolescência a idade
adulta.

As Amabutho tornaram produtoras de riqueza e forca


militar ao serviço do chefe que passou assim exercer uma
autoridade efectiva e não apenas ritual, sobre varias
entidades subordinadas através do monopólio de uma
forca militar que lhe era devota e que dele dependia
completamente para a sua sobrevivência .

No fim do século XVIII, Mthethwa e Ndwandwe eram os


principados em que o processo de expansão, centralização
e estratificação, com uma distinção nítida entre o grupo
dominante e as classes subordinadas se encontrava mais
adiantado.

Os conflitos pelo controladas terras de pasto e do gado


intensificaram-se nos últimos anos do século XVIII por

34
causa do declino do comercio de marfim e de
intensificação da procura de gado causada pela presença
de navios de caça a baleia americanos e ingleses na baia
Delagoa e, no inicio do século XIX, pelos efeitos
devastadores da seca, recordada ainda com Horror cem
anos mais tarde.

A vitoria de Ndwande em 1817 abriu caminho em 1819,


para o poderoso exercito criado por shaca Ka
Senzangakhona, filho ilegítimo do chefe do principado
Zulu, cujo acesso ao trono só fora possível graças a sua
capacidade como estratega militar. A partir dessa data os
Zulus tornara se o poder predominante na região entre o
phongolo e o tugela, uma região muito mais vasta e
populosa do que qualquer que alguma vez fora submetida
a autoridade de um só soberano de toda a historia da
africa Sul oriental.

A vitoria de Shaka tornou se possível pela organização do


seu exercito e pelas suas capacidades de estratega mas a
capacidade de manter o controlo sobre as populações
disciplina rigorosa exercida por meio de uma definição e
uma estratificação hierárquica das competências e
responsabilidades. O sistema de Amabutho tornou se um
instrumento de controle social interno e um meio de
defesa e ataque ao exterior.

Depois da conquista do principado de Ndwande, Shaka


estendeu o seu sistema de amabuthu aos principados
subordinados, de maneira que os jovens em idade militar
absolutamente proibida de casar, eram recrutados para o

35
serviço do seu soberano e subtraídos a dependência e a
infância das suas família e grupos de descendências. O rei
zulu, tornou-se o chefe ritual e efectivo dos jovens, fosse
qual fosse a sua origem, e a fonte principal do seu bem
estar e da posição na sociedade. Foram criadas formas de
controlo das mulheres com a amabutho femininas e a
instituição de izigodlo, um sistema pelo qual as mulheres
concedidas ou pretendidas como tributo ao rei eram
assimiladas e passavam a ser irmãs ou filhas da linhagem
real e podiam assim ser objecto de trocas matrimoniais
com homens de casas aristocráticas do reino ou
estrangeiras. A instituição azigodlo permitiu ao soberano
zulo o usufruto de um parentesco feminino alargado e
funcional para criar alianças matrimoniais importantes e
estratégica com a aristocracia interna e com outras
populações.

No período do reino Shaka, surgiu um sistema


politicamente centralizado e uma ordem social rigidamente
hierarquizada e estratificada dominada pela aristocracia
Zulu que utilizava o sistema de amabuthu para manter
alargar e legitimar o seu domínio sobre uma sociedade
heterogénea. A forca do sistema encontrava-se na
redistribuição da riqueza constituída principalmente por
gado, por guerreiros e funcionários. A sua fraqueza, residia
nos conflitos que surgiam quando escasseavam os
recursos.

36
O Estado Zulu esteve constantemente em guerra porque
os recursos para reforçar o poder do soberano tinham de
ser conseguido pela guerra pela razia e, assim,
principalmente a custa das sociedades vizinhas.

A partir de 1819, os zulus lançaram-se a conquista de


terras para alem de Black Mfolozi para estender a sua
hegemonia aos principados que eram anteriormente
tributários de Ndwande de Mabhudu ou de principados aos
ronga: Este ultimo para controlar as rotas comerciais que
se dirigiam a baia Delagoa. A sul do Tugela, tinham-se
formado vastas áreas despovoadas por causa da fuga das
populações bhele, thembu e chunu para escaparem ao
avanço Zulu.

Nos anos vinte, Shaka e suas tropos efectuaram razias no


território dos mpondo e colonizaram a região costeira entre
a Tugela e o Mkhomazi, uma expansão que os aproximou
dos comerciantes ingleses que se encontravam em Port
Natal ( Durban) desde 1824.

Durante esta expedição, reforçou-se o sistema de


estratificação hierárquica da sociedade zulu: O rei detinha
o poder absoluto; Privilégios específicos era apanágio da
aristocracia zulu e das famílias originarias do território zulu
de origem; os chefes e notáveis dos principados
submetidos eram encorajados a alinhar com a aristocracia
zulu; as populações dos principados conquistados eram
empurradas ou forçadas a assimilar-se a cultura zulu
através do sistema das amabutho. O Estado zulu
conseguiu, em poucas gerações, criar um sentimento de

37
identidade étnica comum, entre estes grupos e categorias,
que fez esquecer a heterogeneidade das suas origens. As
população da periferia do sistema do domínio zulu ficaram
excluídas deste processo de assimilação e eram tratadas
como culturalmente inferiores, portanto, consideradas com
a capacidade para apenas fornecer força de trabalho
servil. A criação de um forte sentido de identidade étnica
foi acompanhado pela descriminação para com aqueles
que não pertenciam a nação Zulu.

Guerreiro e alimentado por guerras Zulu, o estado Zulu


consolidou-se e expandiu-se apesar das continuas
conspirações e massacres que culminaram com o
assassinato de Shaka em 1828, pela mão de dois meios-
irmãos seus. Um desses, Dingane, sucedeu-lhe no trono
que teve de enfrentar varias revoltas internas e
principalmente, a importância crescente da presença
comercial, politica e territorial de três comunidades
brancas: os portugueses na baia Delagoa os comerciantes
ingleses em Port-Natal, os missionários e, a partir de
1837, os colonos Bóeres instalados a sudeste dos rios
Tugela e Mzinyathi.

Durante o reino de Dingane a ameaça mais pesada a


coesão e a integridade do reino zulu partiu dos
Voortrekkers. A cessão a Piet Retief, Chefe dos bóeres, do
território a sul de Tugela em 1827, a sua morte e dos
sequazes em 1828, a que se seguiu o ataque zulu aos
acampamentos entrincheirados bóeres (lageer) no Natal: a
subsequente reorganização dos boeres sob a chefia de
Adries Pretorius e a sua vitoria sobre as forças de Dingane

38
no rio Ncome (Blood River), são as etapas principais de um
conflito sangrento. A derrota de Dingane significou a
concessão do território a sul do Tugela aos bóeres que ai
proclamaram a Republica de Natalia em 1838. a tenção
continuou com a intervenção bóer no conflito dinástico dos
zulus, a favor do meio irmão Mpande retomou sem
conseguir as tentativas de Dingane para se apoderar das
terras dos swazi, também por causa da oposição inglesa;
teve de enfrentar a ira dos ingleses por ter cedido o distrito
do rio Klip aos bóeres que ali instituíram uma republica
independente em 1847; reafirmou o poder zulu sobre as
populações tsonga do nordeste. Em 1856, quando
começou o longo conflito dinástico protagonizado por dois
filhos de Mpande, apesar de cercado e ameaçado, o reino
zulu continuava sólido e ao ataque. Em 1872, quando
morreu Mpande e o seu filho Chetshwayo, cuja a posição
politica já estava consolidada desde 1857, ficou rei, a
situação tinha mudado completamente. A integração cada
vez maior da economia do reino na do natal e do Transvaal
estava a provocar transformações internas radicais:
migrações e fugas de grupos que não aceitavam a
subordinação aos zulus: a possibilidade de os jovens
escaparem ao sistema da Amabutho e de encontrarem
meios de sustento na economia moderna.

A descoberta dos diamantes Gricualand West tinha


revirado completamente e em poucos anos o panorama
económico da região a presença europeia associada ao
interesse aumentado de desenvolvimento do investimento
capitalista tornou-se o motor dos projectos de

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restruturaçao politica. O reino zulu considerado pelos
ingleses um baluarte de controle de expansão bóer no
Transval ate aos anos sessenta, passou a ser um obstáculo
para os objectivos hemogenicos da potencia colonial que
se orientavam para a constituição de uma confederação
sob domínio inglês onde não se reconhecia nenhum
espaço autónomo para os estados autóctones históricos.
(Anna Maria Gentili. Pag.107-110. 1999)

Estados e reinos de Zimbabwe

Zimbábue, república do sul da África sem saída para o mar. Faz


fronteira ao norte com a Zâmbia e com Moçambique, a leste
com Moçambique, ao sul com a República da África do Sul e a
sudoeste e a oeste com Botsuana. Tem 390.759 km2 de
superfície.

TERRITÓRIO
Zimbábue abrange parte da grande meseta da África
meridional. O Alto Veld (Campo Alto) corta o país do sudoeste ao
nordeste; ao norte, o terreno desce até o rio Zambeze; e, ao sul,
até o rio Limpopo. É a zona conhecida como Baixo Veld.
Situado na zona tropical, seu clima é moderado pela altura. As
precipitações médias anuais são de 890 mm no Alto Veld e de
menos de 610 mm no Baixo Veld.
A vegetação dominante é de savana. A fauna inclui elefantes,
hipopótamos, leões, hienas, crocodilos, antílopes, impalas,
girafas e babuínos.

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POPULAÇÃO E GOVERNO
A população é formada por dois grupos étnicos de língua banto:
os shona (70% da população) e os ndebele (15%).
Tem uma população de 11,.365.366 habitantes, com uma
densidade de 29 habitantes por quilómetro quadrado (2001). As
cidades mais importantes são: Harare, com 1.184.169
habitantes; Bulawayo, com 620.936 habitantes; e Gwelo, com
124.735 habitantes.
O inglês é o idioma oficial. Quarenta e quatro porcento da
população são cristãos e 40% praticam religiões tradicionais.
A Constituição de 1980 garantiu os direitos e liberdades do
indivíduo.

ECONOMIA
A mineração e a agricultura são os sectores mais importantes,
mas a indústria também conheceu um considerável
crescimento. O produto interno bruto era de 5,6 bilhões de
dólares em 1999; e o PIB per capita 470 dólares.
O principal produto de exportação do país é o tabaco, embora
também sejam importantes o café, o algodão, a cana-de-açúcar,
o amendoim, as batatas, o feijão e as laranjas.

O Zimbábue é rico em recursos minerais: cromo, do qual é um


grande produtor mundial, cobre, asbesto, níquel, ouro, prata e o
ferro. Há grandes reservas de carbono. Possui também cobalto e
estanho.
As principais indústrias são: alimentos processados, bens de
capital, tecidos, fertilizantes, roupas, calçados, produtos
químicos e metálicos e bebidas alcoólicas.
A unidade monetária é o dólar do Zimbábue.

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HISTÓRIA
Os bantos conquistaram a área em 800 d.C. Em 1100, tinham
desenvolvido um importante comércio de ouro e marfim com
Moçambique. No começo do século XIV, surgiu um grande
estado centralizado, o Império Monomotapa, e, no século XV, ao
sul, estabeleceu-se o reino de Changamir. Em 1629, os
portugueses converteram Monomotapa em um estado vassalo.
Changamir conquistou Monomotapa no final do século XVII.
Durante o Mfecane (período de guerras e grandes migrações no
começo do século XIX), os ngoni, em sua marcha para o norte,
destruíram Changamir e depois os ndebele se estabeleceram no
oeste do país.

Na diáspora provocada pelo mfecane, teve também origem o


Estado de Matabele do Zimbabwe. A região, cuja cultura e língua
prevalecente era shona e se estendia do planalto ate ao vale do
Zambeze e a região de Quelimane e Sofala, tinha sido dominada
historicamente por diferentes formações de estado, de que as
do Zimbabwe foram as principais, predominantes entre os
séculos XII e XV, Torwa ou Butua do século XV ao século XVII,
Changamire do século XVII ao século XIX e Mutapa
(Monomotapa) do século XV ao século XIX. Os Estados da região
tinham conhecido em diferentes épocas um desenvolvimento
notável da agricultura e da pastorícia e eram conhecidos pelos
recursos auríferos existentes principalmente na zona sul-
ocidental e no vale do alto Zambeze, que foi durante séculos a
base de um comercio lucrativo com a costa oriental. (Anna Maria
Gentili. Pag.113. 1999)

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A civilização do Zimbabwe (grandes construções de pedra), de
que sobraram testemunhas arquitectónicos imponentes,
referencia com o mais alto valor simbólico em toda região,
decaiu e foi abandonada provavelmente logo no inicio do século
XVI altura em que os portugueses se tinham já substituído aos
árabes como potencia dominante no porto e em toda costa de
Sofala. No entanto, a tradição oral liga ao Zimbabwe todos os
mitos de origem dos estados da região que mais tarde lhe
sucederam. O reino Mutapa, entre os rios Zambeze, Mazoe e
Muzengezi, foi provavelmente formado por exilados do
Zimbabwe no século XV. Posto em crise durante o século XVI
pelos impostos dos portugueses e por causa da perda de
hegemonia sobre varias entidades politicas situadas na costa, o
Mutapa continuou a exercer um papel na região, mesmo se
territorialmente redimensionado e enfraquecido por uma serie
de lutas internas e, na primeira metade do século XIX, ainda
dominava o vale do Zambeze e algumas áreas do planalto. O
Estado era uma confederação de principados em que o Mutapa,
ou rei, era o primus inter pares, dotado de uma estrutura militar
que, embora não estivesse institucionalizada, permitiu uma
oposição eficaz aos objectivos de expansão e as razias dos
prazeiros portugueses.
Torwa ou Butua, situado a oeste de Mutapa, também ele
descendente do Zimbabwe, foi conquistado por volta de 1680
pelos Rozvi, fundadores do estado de Changamire no sudoeste.
Foi este Estado que pôs fim a todas as tentativas portuguesas
de se apoderarem do planalto. O século XVIII e o inicio do século
XIX foram caracterizados por invasões e migrações: Rozvi
deslocaram-se de nordeste para o centro e sudoeste e para a

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planície de Teve. Outros povos vieram de norte, sul e oeste
ocupar o vazio. (Anna Maria Gentili. Pag.113. 1999)
Toda estrutura politica, social e religiosa do planalto foi depois
modificada pela invasão dos Ndebele fundadores do estado de
Matabele. A população que chegou ao planalto para se instalar,
guiada pelo seu chefe Mzilikazi, tinha uma origem muito
complexa: Provinha do principado de Kumalo, do território Nguni
do norte, obrigada a fugir para lá do Drakensberg em 1822 por
causa do conflito com os Zulu de Shaka.
Durante a fuga for a absorvendo aos poucos outros grupos nos
territórios que conquistava, ao longo de um percurso que,
primeiro, tinha levado Mzilikazi e os seus a raziar no território
dos Pedi e, posteriormente, nos 15 anos que se seguiram,
acrescida de outros grupos da diáspora nguni que se juntaram, a
estabelecer-se em três localidades do Transvaal meridional,
central e ocidental. Em todos os territórios foram constituídos
regimentos militares em que foram integradas as populaçoes
submetidas, pertencentes a principados sotho-tswana. Foram
atacados duas vezes pelos Zulu de Dingane e outras vezes pelos
Griqua e pelos Kora. Mzilikazi revelou interesse pela missao de
Moffat, homem influente entre os Griqua e na colonia do Cabo.
Em 1835, os Ndebele foram visitados por uma missao guiada
pelo doutor Adrew Smith e mais tarde, em 1836, assinaram um
tratado de amizade com o governo do Cabo que lhes devia
garantir protecçao contra ataques dos Griqua e dos Kora vindos
de sul. A sua derrota no Transvaal foi determinada pela chegada
dos boeres que se aliaram aos seus adversarios.
Em 1837, os Ndebele, divididos em dois grupos, dirigiram-se
para noroeste e em direcçao ao planalto do Zimbabwe para se
tornarem a juntar nos anos quarenta, perto da capital do reino

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Rozvi-Changamire, em decadencia por causa das repetidas
razias feitas por outras populaçoes Nguni. O Mzilikazi
reconstituiu o reino dos Ndebele, absorvendo as populacoes
Shona da mesma forma que haviam sido integrados os Pedi e os
Sotho-Tswana e mantendo a organizaçao militar original, que
devia funcionar como instrumento de integraçao social, e
alingua. Os regimentos estavam organizados em sistemas
regionais e nao de forma fortemente centralizada como no caso
Zulu. (Anna Maria Gentili. Pag.113-114. 1999)
No interior da Rodesia actual, na savana escalvada da
Maxonalandia, semeada de afloramentos de granito peneplados,
perto de Forte Vitoria, levanta-se um conjunto de ruínas
monumentais: é o grande Zimbabwe. Com Efeito, a palavra
Zimbabwe significa “ grande casa de pedra” ( em geral
residência de um chefe) e a região pulula ruínas deste género.
(Joseph Ki-Zerbo. Pag.239, 1972)

As casas eram implantadas em plataformas de pedras com


caves dispostas, sem duvida, para guardar os cereais ou
recolher o gado. Mais ao sul, no Transvaal do norte, em
Mapungubwe, na margem direita do limpopo e na confluencia do
rio Shashi, um camponês prospector descobriu por acaso em
1932, numa elevação considerada pelos autóctones como uma
colina sagrada, numerosos restos de objectos revestidos de
folhas de ouro de uma pureza notável, como por exemplo,
estatuetas de rinocerontes do mesmo estilo que em Zimbabwe.
Havia também doze mil pérolas de ouro, objectos de cobre,
fragmentos de porcelana chinesa, tudo isto associado a
esqueletos que pareciam carregados de ornamentos cujo tipo
antropológico se aproxima do género hotentote-bosquimano , ao

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passo que estes povos se encontram hoje muito mais ao sul. .
(Joseph Ki-Zerbo. Pag.239, 1972)
Em 1923, os britânicos criaram a Rodésia do Sul. Entre 1953 e
1963, foi membro da Federação da Rodésia e da Niassalândia.
Os nacionalistas africanos dirigidos por Joshua Nkomo se
opuseram à federação, mas suas ações foram proibidas pelo
governo branco.
Esse governo, dirigido por Ian Douglas Smith, declarou a
independência em 1965. No entanto, a Rodésia nunca foi
reconhecida por nenhuma nação. Em 1976, Nkomo e Robert
Mugabe formaram a Frente Patriótica, que começou uma
campanha de guerrilhas para depor o regime de Smith. A
independência chegou em Abril de 1980. Em 1985, Mugabe
venceu as primeiras eleições realizadas depois da
independência. A União Nacional Africana do Zimbabué (ZANU)
e a União do Povo Africano do Zimbabwe (ZAPU) se uniram
como a ZANU-PF e ganharam as eleições de 1990.

CONCLUSAO

Foi apresentado o trabalho de pesquisa sobre a Evolução


politica, económica, cultural e social de:Sudão
ocidental(Reinos de Kanem-Bornu e darfur), Africa Oriental
(Etiópia, Koldofon e Turre) Africa Central ( Congo), Africa
Austral ( Zimbabué, Marave e Zulo).

Em toda historia percorrida, foi notória a questão de que os


reinos e impérios Africanos se caracterizaram por:

• Conquistas;

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• Guerra pós guerra;
• Os estados surgiram em consequencia de falancia de
outros e quase sempre preservavam os habitos culturais
dos anteriores habitantes.
• Poder centralizado a classe minoritária e nalguns casos
não poucos, nas mas do Rei ou imperador.
• As classes mais fracas sempre foram dominadas e
subjugadas.

Assim, senti ao longo da realização deste trabalho que a historia


estava a me dizer a sua própria palavra.

Agradecimentos

Acredito nao ter sido facil para se chegar ate este estremo,
contudo, os meus agradecimentos vao para todos aqueles que
me proporcionaram ou disponibizaram as fontes de consulta que
usei neste arduo trabalho.

Meus agradecimentos estendem-se a biblioteca da Escola


Secundaria de Xai-Xai e a UDEBA Lab.
Abel Saia Junior

BIBLIOGRAFIA

1. GENTILI, Anna maria, O Leao e o Caçador. Uma historia da


Africa Sub-Saariana. 1a Ediçao, Maputo, Arquivo Historico de
Moçambique, Volume 14, 1999, Pp.426.

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2. KI-ZERBO,Joseph. Historia de Africa Negra. 3a Ediçao,
Portugal, Publicaçoes Europa-America,Lda, Volume I, 1972,
pp452.

3. Enciclopedia livre -Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia


2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation

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