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Nelson Aníbal Paulino

História de Moçambique do século XIX a 1ª Metade do Sec. XX

Actividade 1

Tema: As rivalidades imperialistas e o estabelecimento das fronteiras


de Moçambique.

Docente: Dr. José Sumburane

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

Faculdade das Ciências Sociais e Filosóficas

Departamento de História
Maputo, 06 de Março de 2023
FICHA DE LEITURA

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSOFIA

CURSO: Licenciatura Em Ensino De História Com Habilitações para ensino de


Geografia

Disciplina: História de Moçambique do século XIX a 1ª Metade do Sec. XX

Estudante: Nelson Aníbal Paulino

1- DADOS GERAIS DA OBRA

Nome do autor: Malyn Newitt

Titulo completo da obra: História de Moçambique

Data da 1ª Edição:

Número de Páginas: Leitura realizada nas páginas: (322-324; 316- 318; 298-302)

2- SÍNTESE DO TEXTO LIDO

O texto afirma que Os muzungos do Zambeze, sobrepunha-se um pouco a Gaza,


passando pela costa da Ilha de Moçambique para o interior ate ao lago Malawi e ao vale
de Luangwa. O norte era menos conhecido dos portugueses em 1890.

Os povos da região eram matrilineares, e os dialectos de macua eram falados de Cabo


Delegado ao Zambeze. Esta região foi unida nos séculos XVII e XIX pelos
comerciantes Yaos e Macondes e o Islão difundiu-se rapidamente.

Encontravam-se os círculos de influência directa que irradiavam das bases costeiras


portuguesas. Em 1890 a influência comercial e política dos presídios estendera-se bem
até ao interior, de modo que existiam poucos moçambicanos, excepto no longínquo
norte, que não tivessem tido contacto com eles de uma forma ou de outra.

Na década de noventa verificaram-se ameaças internacionais, com a Grã-Bretanha e a


Alemanha que obstaram a que Portugal criasse uma estrutura administrativa viável ao
mesmo tempo que se submetia pressão internacional e passava por uma crise política e a
bancarrota.

Ameaças internacionais contínuas

Devido aos ajustamentos de fronteira, e possivelmente também uma nova divisão


territorial a Alemanha e a Grã-Bretanha sentiam-se cada vez mais inseguras na década
de 1890, e a África Central era uma das zonas do mundo, conquanto não fosse de modo
algum a mais importante, onde havia a possibilidade de se verificar uma reacção
neurótica excessiva. A Grã-Bretanha temia que o Transval pudesse vir a estabelecer
uma aliança estreita com os Alemães, e possivelmente com os Portugueses, que fizesse
perigar a sua posição na África do Sul. Com o Transval controlando o seu acesso ao
mar, Grã-Bretanha mostrava-se ansiosa por assegurar o controlo da baía de Delagoa.

O tratado de 1869 entre Portugal e o Transval, e a arbitragem de MacMahon em l875


tinham conferido à República bóer o acesso ao melhor porto na África Meridional na
base do comércio livre e sem qualquer controlo britânico. A de caminho-de-ferro ficou
concluída em finais de 1894 e a Grã-Bretanha tentara contrariar estas iniciativas
negociando diplomaticamente o Tratado de Lourenço Marcos com Portugal em 1879, e
levando Portugal a assinar acordos que proibiam a importação armas de fogo e
concediam direitos de trânsito às tropas britânicas.

A política britânica, directa ou indirectamente, pretendia o controlo da baia de Delagoa,


enquanto para o Transval subsistia como prioridade a protecção deste elo independente
com o mundo exterior.

A insegurança da Alemanha proveio da sua posição na Europa entre a Rússia e a


França, e não do seu império africano. Ao criar uma frota alemã de alto mar na 1890 a
acção do Tirpitz foi interpretada como um desafio directo à Grã-Bretanha.

O principal objectivo da política britânica na década de 1890 era afastar a ameaça de


uma aliança germano-transvaliana e assegurar o isolamento diplomático dos Bóeres.
Nessa política destaca-se a anexação formal, pela Grã-Bretanha, dos territórios dos
Pondos, Zulus e Tongas, o que garantia o controlo de toda a costa leste da África do Sul
até à fronteira portuguesa.

Na década de 1890, as possessões coloniais portuguesas pareciam altamente instáveis.


A desordem e a anarquia em Angola e Moçambique e a incapacidade dos Portugueses
controlarem o interior, associadas à debilidade financeira, tinham levado Portugal a
abandonar o padrão ouro em 1891 Grã-Bretanha e a Alemanha assinaram um acordo
secreto, conhecido por Tratado de Westminster, que previa a partilha do império
português na eventualidade de Portugal ser obrigado a abdicar das suas colónias. A
Alemanha e a Grã-Bretanha acordaram na partilha de Moçambique, que daria à
Alemanha o Norte e à Grã-Bretanha o Sul (incluindo, como é lógico, a baía de
Delagoa). Angola seria também partilhada, com a Grã-Bretanha.

Moçambique e o novo imperialismo

Durante o século XVII, as cidades portuárias de África dedicaram-se completamente ao


comércio do marfim, dominado pelo capital indiano, os indianos eram os mais próspero
nos portos e povoados do Zambeze, e todas as normas comerciais provinham da Índia.
Não existia comércio directo entre Portugal e a África Oriental e apenas um navio por
ano trazendo funcionários, condenados e soldados ligava Moçambique e Lisboa. As
finanças portuguesas, evoluíram devido ao comercio brasileiro dos escravos.

O traçado das fronteiras de Moçambique


Os acontecimentos mais decisivos dos cinco anos anteriores tinham sido a celebração
com êxito do Tratado de Augusto Cardoso a leste do lago Malawi em 1885, e dos
Tratados de Buchanan e Johnston celebrados a ocidente e sul em 1889, o fracasso de
Andrada e Sousa na ocupação do norte do território dos Machonas quando o seu
exército irregular foi derrotado em Mtoko em 1887. O traçado final das fronteiras,
porém, iria apresentar-se repleto de dificuldades, e numa determinada fase, em meados
da década de 1890, pareceu que a música iria recomeçar e reactivar-se.

A reacção portuguesa imediata ao ultimato foi procurar o apoio de outras potências


europeias para um processo de arbitragem e Portugal tentou manter vivas as suas
aspirações a um prolongamento contínuo do território através de África. e propôs em
Maio a criação de um sector entre Angola e Moçambique que fosse administrado
conjuntamente pela Grã-Bretanha e por Portugal.

A 20 de Agosto de 1890, foi assinado um tratado que concedia à Grã-Bretanha as Terras


Altas do Shire e a alta savana do território dos Machonas, muito embora deixasse as
terras altas de Manica na esfera de Portugal. Zumbo foi reconhecido como o ponto mais
ocidental da influência portuguesa no Zambeze; para lá dele ficaria uma faixa de
território britânico, apesar de Portugal ter direitos especiais numa faixa ao longo da
margem norte do rio onde poderia construir estradas e caminho-de-ferro e erguer linhas
de telégrafo. O tratado estava mais preocupado com a liberdade de comércio e direitos
de trânsito, que haviam provocado tensões diplomáticas na década de 1880, e Portugal
preferiu não alienar qualquer parte do seu território a um terceiro país sem o
consentimento da Grã-Bretanha. Por último, Portugal deveria arrendar território à Grã-
Bretanha em Chinde, na foz do Zambeze, para a construção de um porto, e concordou
em criar uma linha férrea desde a foz do Pungue até ao território sob protecção.

O parlamento português acreditava que a Grã-Bretanha assegurara o controlo da baía de


Delagoa nos bastidores através do controlo que exercia sobre a proposta de construção
da via-férrea, e ressentia-se da liberdade de navegação, da liberdade para as missões
protestantes e da descida das tarifas, o que, de um modo geral, parecia diminuir a
soberania portuguesa e expor o «novo Brasil» a um domínio colonial britânico tão
completo como o sentido pelo velho Brasil.

A seca, a guerra e, por último, a rebelião dos bóeres do Transval puseram os definidores
de políticas britânicas na defensiva. Foi concedida novamente a autonomia de facto ao
Transval e a Grã-Bretanha retirou o seu apoio ao caminho-de-ferro da baía de Delagoa.
Portugal e o Transval retomaram as negociações particulares para a construção da linha.

O fracasso dos tratados bilaterais teve outras consequências e convenceu o governo de


Portugal da realidade da ameaça internacional ao informal império comercial afro-
português e confirmou a supremacia dos imperialistas empenhados sobre os partidários
do comércio livre na formação da política colonial.

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