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Nelson Aníbal Paulino

História de Moçambique do século XIX a 1ª Metade do Sec. XX

Actividade 1

Tema: Moçambique e o novo imperialismo, companhia de Moçambique


e companhia de Niassa

Docente: Dr. José Sumburane

UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO

Faculdade das Ciências Sociais e Filosóficas

Departamento de História
Maputo, 19 de Março de 2023
Autor: Nome da Obra:
Malyn Newit História de Moçambique, 1997, páginas: (324 - 337), 1ª
Edição
Editora: Publicações Europa-
América

Assunto: História de Moçambique


Moçambique e o novo imperialismo, companhia de Moçambique e companhia de Niassa
Resumo:

Moçambique e o novo imperialismo


Durante o século XVII as cidades portuárias de África dedicaram-se ao comércio do marfim,
dominado pelo capital Indiano. Não existia comércio directo entre Portugal e África Oriental. O
crescimento do comércio negreiro criou interesse comercial com a metrópole portuguesa na
África Oriental.
Depois de 1831 desenvolveram-se esforços para estimular as actividades económica em África
mas, esta legislação liberal causou pouco impacte real em Moçambique, do comércio português
com a África e o investimento nela limitaram-se à parte oeste tendo as colónias de África
ocidental subido cerca de 1% do comércio ultramarino total de Portugal para 3-6% após 1841.
A tarifa iria ter uma influência formativa em Portugal e nas suas colónias na África Ocidental
mas a sua influência em Moçambique foi marginal. Pois, vastas partes de Moçambique tinham
sido concedidas a companhias avalizadas que funcionavam segundo os moldes da sua própria
política comercial; a maior parte do Norte de Moçambique ficou sujeita às normas que regiam
as tarifas acordadas em Berlim em 1885 para a bacia convencional do Congo; Moçambique
assinara um acordo de comércio livre com o Transval e este tivera muito mais influência no
desenvolvimento do seu comércio do que a tarifa metropolitana; até 1903 nenhuma companhia
de navegação efectuava carreiras regulares para Moçambique, uma situação com consequências
ridículas na década de 1880 altura em que os funcionários Portugueses em missões secretas do
governo para entravar os ignóbeis ingleses no território dos Machonas ou nas Terras Altas do
Shire, tinham de se deslocar em navios britânicos a vapor até aos seus pontos de partida na costa
de Moçambique.
Mais importante para Moçambique do que as tarifas foi a orientação geral da política Imperial.
A partir da década de 1870, a economia de Moçambique expandiu-se à medida que cada vez
mais o interior era desbravado e aumentava nas zonas costeiras a produção rural para o
mercado. Por conseguinte o problema para o governo colonial não era estimular o comércio mas
atrair o investimento. Em Moçambique, o problema agravou-se com a insegurança, pois maior
parte do país «não estava pacificada».
A história da Companhia do Ápio e de outros primeiros pioneiros no baixo Zambeze ensinou
três lições muito claras: A região do baixo Zambeze era adequada emtermos geográficos, ao
desenvolvimento de plantações tropicais; havia necessidades de assegurar as colheitas e o
imobilizado corpóreo; o investimento seria atraído se se conseguisse garantir o fornecimento de
mão-de-obra barata.
No início da década de 1880, o governo de Moçambique fez um estudo exaustivo das suas
políticas agrárias, da mão-de-obra, da tributação e da administração. Cérebro destas mudanças
foi o de António Enes, cujas ideias tiveram tanta influência no desenvolvimento de
Moçambique durante a década de 1890.
O único capital imediatamente realizado quê o estado de Moçambique possuía provinha das
receitas do porto de Lourenço Marques e dos lucros da mão-de-obra contratada.
Nestas circunstâncias, o governo português tomou o que se deverá considerar uma decisão
inevitável. Transferiu para companhias privadas a administração, pacificação e
desenvolvimento da maior parte de Moçambique, deixando a região meridional do país, a sul do
Save, para ser explorada directamente pelo estado como reserva de mão-de-obra para as minas
sul-africanas.
Aquando da implementação da lei, quase todos os arrendamentos foram concedidos a
companhias comerciais.
A Companhia da Zambézia foi dominada inicialmente por Albert Ochs, que detinha uma parte
substancial das acções da Companhia de Moçambique e acabou por a controlar, tencionando
criar um império político e comercial capaz de competir com o de Cecil Rhodes. Mas a
Companhia da Zambézia ficara com uma imensa região inexplorada e completamente por
pacificar, que não tinha capacidade para administrar ou ocupar.
Destes, os mais importantes eram as Companhias do Boror e Suabo, a Sociedade do Madal e a
Companhia do Açúcar de Moçambique, que mais tarde se tornaram as famosas Propriedades
Sena Sugar.
Não obstante, a partilha de África sofreu algumas modificações Já não era possível os chefes
militares afro-portugueses e os seus exércitos de chicundas atacarem indiscriminadamente os
vales do Luangwa e do Kafue. Restou apenas um mercado de escravos no reino de Ndebele.
Mas também este caiu em poder dos Ingleses em 1893.
Durante a década de 1890, a Zambézia foi sendo gradualmente pacificada e traçado o
Esqueleto de uma administração.
A Companhia de Moçambique remonta à concessão de minério e madeira Paiva de Andrada
que obteve em 1878. Naquela altura, uma grande parte desta região estava por explorar ou nas
mãos de chefes militares afro-portugueses e Andrada iria passar a década seguinte a explorar a
sua concessão e a tentar, com a ajuda de Manuel António de Sousa colocá-la sob o controlo
português. Entretanto, os seus esforços de reunir capital para explorar a concessão sofreram um
revés invulgar, e somente em Março de 1888 foi encontrado um grupo de apoiantes e
constituída a primeira Companhia de Moçambique."
O objectivo imediato da Companhia era lucrar com o arrendamento de subconcessões. Manica
era então considerada o bem mais valioso e, muito embora Andrada não conseguisse obter
qualquer concessão substancial do rei de Gaza ao visitar a sua capital em 1888, Gungunhana
concordara em colaborar enviando uma expedição a Manica. Deste modo, foi possível a
Companhia começar a conceder licenças de prospecção através da região com base nos motivos
legais muito dúbios de que os chefes de Manica, no passado, haviam reconhecido a soberania de
Sousa, sócio de Andrada.
As negociações entre a Grã-Bretanha e British South African Company ficaram concluídas em
Fevereiro de 1891, numa altura em que os homens de Rhodes ocupavam Masekesa e Portugal
era pressionado para afirmar a sua Ocupação de facto da região.
O seu único activo realizado eram as receitas dos portos, os direitos sobre as terras e os
minérios, e os impostos e a mão-de-obra dos habitantes africanos.
As concessões para a exploração agrícola e mineira foram atribuídas em Manica e no baixo
Zambeze, maioritariamente não Portugueses, e decorriam a bom ritmo os trabalhos para o
desenvolvimento do porto da Beira e a construção do caminho-de-ferro da Rodésia do Sul. A
concessão para a construção do caminho-de-ferro foi entregue a um consórcio que acabou por
ser assumido por Cecil Rhodes e pelo empreiteiro Pauling, e a linha ficou concluída em 1898.
A queda do poder de Sousa na sequência da sua captura pela polícia britânica da África do Sul
em 1890, seguiu-se uma insurreição generalizada, e Sousa acabou por ser morto em 1892 ao
tentar reconquistar o seu domínio.
O acordo com Gungunhana, para fornecer à Companhia soldados e majobos (oficiais)
graduados, para impor autoridade conjunta do rei e da Companhia, e cobrar impostos à
População africana vigorou dois anos, durante os quais a Companhia conseguiu, com o auxílio
de Gaza, estabelecer algum domínio no seu território." A ligação com Gaza acabou por cair com
a derrota de Gungunhana em Coolela, em 1895, mas nessa allura a Companhia encontrava-se
numa situação financeira mais forte e pöde assumir o controlo administrativo na qualidade de
herdeira do poder de Gungunhana.
O controlo de Zambézia começo depois da morte de Sousa, cada um dos seus principais
capitães instalou-se em aringas em diferentes partes de Gorongosa e do vale do Zambeze.
Os capitães eram incapazes de unirem entre si e não conseguiam chegar a qualquer acordo com
os chefes tradicionais. A pobre população rural foi atormentada, saqueada e escravizada.
Semelhante situação só poderia terminar com uma afirmação da autoridade central, e até 1896
Companhia revelou-se incapaz de o fazer. Nesse ano, os seus agentes começaram a ar os seus
próprios cipais, enquanto Gorongosa era subarrendado a uma companhia que começou a cobrar
mussoco ao campesinato.
A Companhia do Niassa
As primeiras tentativas sérias dos Portugueses para estabelecerem a sua presença no interior das
suas colónias de Cabo Delgado deram-se apenas em 1885.
A ilha de Ibo, o principal centro do comércio costeiro, não estava incluída na concessão inicial e
só foi entregue à Companhia em 1897, e as primeiras cobranças de imposto de palhota tiveram
lugar no seguinte. Em 1899, a Companhia começou a ocupar o interior do seu território,
enviando três expedições militares que em 1901 haviam estabelecido uma linha de postos da
Companhia ligados por telégrafo da costa ao Lago e estudara em parte o percurso para uma via-
férrea.
A Companhia do Niassa constitui-se formalmente, e o seu alvará, semelhante ao da Companhia
de Moçambique, foi concedido em I894 por um período alargado de trinta e cinco anos. Em
l895, tinham silo reunidos 400 000 Libras, mas os directores dos vários consórcios não
tencionavam investir este dinheiro em África. As administrações rivais francesa e britânica
abriram ambas escritórios em Lisboa e começaram a litigar-se, c somente em 1897 é que surgiu
uma nova administração unida, controlada pelos accionistas britânicos.
Tinha poderes governamentais apenas de três fontes de exploração imediata: tributação do
campesinato, direitos aduaneiros e laborais.
Se a falta de recursos (ou vontade dos administradores de utilizar recursos em África) impediu a
restituição de uma administração eficaz, por sua vez, este revés obstou a que a companhia
realizasse o seu capital e aumentasse a sua rentabilidade. Havia pouco espaço para cobrar os
impostos e o comércio continuava restrito ao tráfico de escravos. Em 1903 a organização Sul-
africana WNLA assinou um contrato para recrutar mão-de-obra na companhia mas não teve
bons resultados. Somente em 1908 é que a companhia já organizada financeiramente começou a
fazer sentir sistematicamente a sua presença em toda a concessão.
Comentário É uma obra muito importante para quem deseja conhecer ao fundo o
pessoal: surgimento das companhias de Moçambique, Companhia de Zambeze e
companhia de Niassa

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