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Moçambique, oficialmente designado como República de Moçambique, é um país

localizado no sudeste do continente Africano, banhado pelo oceano Índico a leste e que
faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Maláui e Zâmbia a noroeste; Zimbábue a oeste
e Essuatíni e África do Sul a sudoeste. A capital e maior cidade do país é Maputo,
anteriormente chamada de Lourenço Marques, durante o domínio português.
Entre o primeiro e o século V, povos bantus migraram de regiões do norte e oeste para
essa região. Portos comerciais suaílis e, mais tarde, árabes, existiram no litoral
moçambicano até a chegada dos europeus. A área foi reconhecida por Vasco da
Gama em 1498 e em 1505 foi anexada pelo Império Português. Depois de mais de quatro
séculos de domínio português, Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de
1975, transformando-se na República Popular de Moçambique pouco tempo depois. Após
apenas dois anos de independência, o país mergulhou em uma guerra civil intensa e
prolongada que durou de 1977 a 1992. Em 1994, o país realizou as suas primeiras
eleições multipartidárias e manteve-se como uma república presidencial relativamente
estável desde então.
Moçambique é dotado de ricos e extensos recursos naturais. A economia do país é
baseada principalmente na agricultura, mas o sector industrial, principalmente na
fabricação de alimentos, bebidas, produtos químicos, alumínio e petróleo, está crescendo.
O sector de turismo do país também está em crescimento. A África do Sul é o principal
parceiro comercial de Moçambique e a principal fonte de investimento directo
estrangeiro. Portugal, Brasil, Espanha e Bélgica também estão entre os mais importantes
parceiros económicos do país. Desde 2001, a taxa média de crescimento económico anual
do produto interno bruto (PIB) moçambicano tem sido uma das mais altas do mundo. No
entanto, as taxas de PIB per capita, índice de desenvolvimento
humano (IDH), desigualdade de renda e expectativa de vida de Moçambique ainda estão
entre as piores do planeta,[4] enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) considera
Moçambique um dos países menos desenvolvidos do mundo.[6]
A única língua oficial de Moçambique é o português, que é falado principalmente
como segunda língua por cerca de metade da população. Entre as línguas nativas mais
comuns estão o macua, o tsonga, ndau, chuabo e o sena. A população de cerca de 30
milhões de pessoas é composta predominantemente por povos bantus. A religião com o
maior número de adeptos em Moçambique é o cristianismo (a denominação católica é a
que reúne maior número de adeptos), mas há uma presença significativa de seguidores
do islamismo. O país é membro da União Africana, da Commonwealth Britânica,
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Latina,
da Organização da Conferência Islâmica, da Comunidade para o Desenvolvimento da
África Austral e da Organização Internacional da Francofonia.

Etimologia
O nome Moçambique, primeiramente utilizado para a ilha de Moçambique, primeira capital
da colónia, teria derivado do nome de um comerciante árabe que ali viveu, Musa Al
Bik, Mossa Al Bique ou Ben Mussa Mbiki.[7]

História
Ver artigo principal: História de Moçambique

Primeiros povos
Ver artigo principal: Império de Gaza
Gungunhana, o último imperador de Gaza
Os primeiros povos que habitaram o território do atual Moçambique
eram bosquímanos caçadores e recolectores.[8] Entre o primeiro e o século V, ondas
migratórias de povos de línguas bantas vieram de regiões do oeste e do norte de África
através do vale do rio Zambeze e depois, gradualmente, seguiram para o planalto e áreas
costeiras do país. Esses povos estabeleceram comunidades ou sociedades agrícolas
baseadas na criação de gado.[9]
Eles trouxeram com eles a tecnologia para extração e produção de utensílios de ferro, um
metal que eles usaram para fazer armas para conquistar povos vizinhos. As cidades
moçambicanas durante a Idade Média (século V ao XVI) não eram muito robustas e pouco
restou delas, como o porto de Sofala.[9]
O comércio costeiro de Moçambique primeiramente foi dominado por árabes e persas, que
tinham estabelecido assentamentos até o sul da Ilha de Moçambique. Assentamentos
comerciais suaílis, árabes e persas existiram ao longo da costa do país durante vários
séculos. Vários portos comerciais suaílis pontilhavam a costa do país antes da chegada
dos árabes, que comercializavam com Madagáscar e com o Extremo Oriente.[9]

Domínio português
Ver artigo principal: África Oriental Portuguesa

Estátua de Vasco da Gama na praça em frente ao antigo Palácio dos Capitães-Generais, na Ilha de
Moçambique, uma pequena ilha de coral na entrada da Baía de Mossuril, na costa de Nampula
Traficantes de escravos árabes e seus cativos ao longo do rio Rovuma

Oficina de Tipografia da Escola de Artes e Ofícios, 1930

Desde cerca de 1500, os postos e fortalezas comerciais portuguesas acabaram com a


hegemonia comercial e militar árabe na região, tornando-se portas regulares da nova rota
marítima europeia para o oriente. A viagem de Vasco da Gama em torno do Cabo da Boa
Esperança em 1498 marcou a entrada portuguesa no comércio, política e cultura da
região. Os portugueses conquistaram o controle da Ilha de Moçambique e da cidade
portuária de Sofala no início do século XVI e, por volta da década de 1530, pequenos
grupos de comerciantes e garimpeiros portugueses que procuravam ouro penetraram nas
regiões do interior do país, onde montaram as guarnições e feitorias de Sena e Tete, no rio
Zambeze, e tentaram obter o controle exclusivo sobre o comércio de ouro.[10] Os
portugueses tentaram legitimar e consolidar a sua posição comercial através da criação
dos Prazos da Coroa (um tipo de sesmaria), que eram ligados à administração
de Portugal. Apesar dos prazos terem sido originalmente desenvolvidos para serem
controlados por portugueses, por conta da miscigenação com os habitantes locais eles
acabaram por se tornar centros luso-africanos defendidos por grandes exércitos de
escravos africanos conhecidos como cundas. Historicamente, houve escravatura em
Moçambique. Seres humanos eram comprados e vendidos por chefes tribais locais e por
comerciantes árabes, portugueses e franceses. Muitos dos escravos moçambicanos eram
fornecidos por chefes tribais que invadiam tribos guerreiras vizinhas e vendiam seus
cativos para os prazeiros.[10]
Embora a influência portuguesa tenha se expandido de forma gradual, o seu poder era
limitado e exercido por colonos individuais a quem era concedida uma extensa autonomia.
Os portugueses foram capazes de arrancar grande parte do comércio litorâneo dos árabes
entre os anos de 1500 e 1700, mas, com a tomada do Forte Jesus de Mombaça (no
atual Quénia) pelos árabes em 1698, o pêndulo começou a oscilar na outra
direção.[11][12] Como resultado, o investimento português diminuiu enquanto Lisboa dedicou-
se ao comércio mais lucrativo com a Índia e o Extremo Oriente e ao processo
de colonização do Brasil. Durante essas guerras, tribos árabes do atual Omã recuperaram
alguma parte do comércio da África Oriental a norte de Moçambique.
Muitos prazos haviam diminuído em meados do século XIX, mas vários deles
sobreviveram. Durante o século XIX outras potências europeias, particularmente
os britânicos (Companhia Britânica da África do Sul) e os franceses (Madagáscar),
tornaram-se cada vez mais envolvidas no comércio e na política da região em torno dos
territórios da África Oriental Portuguesa.[12]
No início do século XX, os portugueses mudaram a administração de grande parte de
Moçambique para grandes empresas privadas — como a Companhia de Moçambique,
a Companhia da Zambézia e a Companhia do Niassa — controladas e financiadas
principalmente por britânicos, que estabeleceram linhas ferroviárias para os países
vizinhos. Embora a escravidão tenha sido abolida legalmente em Moçambique, no final
do século XIX as companhias promulgaram uma política de trabalho barato — muitas
vezes forçado — para africanos em minas e plantações em colónias britânicas próximas e
na África do Sul. A Companhia da Zambézia, a empresa mais rentável, assumiu uma série
de participações em prazeiros menores e estabeleceu postos militares para proteger as
suas propriedades. As companhias construíram estradas e portos para levar os seus
produtos ao mercado, incluindo uma ferrovia que liga até hoje o Zimbábue ao porto
moçambicano de Beira.[13][14]
Devido ao desempenho insatisfatório e a uma mudança, sob o regime corporativista
do Estado Novo de António de Oliveira Salazar, no sentido de um maior controle
de Portugal sobre a economia do Império Português, as concessões para as companhias
não foram renovadas quando terminaram. Foi o que aconteceu em 1942 com a
Companhia de Moçambique, que, contudo, continuou a operar nos sectores agrícola e
comercial como uma corporação, e o que já tinha acontecido em 1929 com o término da
concessão da Companhia do Niassa. Em 1951, as colónias ultramarinas portuguesas em
África foram rebatizadas para províncias ultramarinas de Portugal.[13][14]

Movimento de independência
Ver artigos principais: Guerra da Independência de Moçambique e Guerra Colonial
Portuguesa

Soldados portugueses durante a Guerra Colonial


Portuguesa
Com ideologias comunistas e anticoloniais espalhando-se por toda a África, muitos
movimentos políticos clandestinos foram estabelecidos em favor da independência de
Moçambique. Estes movimentos afirmavam que as políticas e planos de desenvolvimento
elaborados pelas autoridades do governo eram voltadas apenas para o benefício da
população portuguesa que vivia em Moçambique, sendo que pouca atenção era dada à
integração das tribos moçambicanas e ao desenvolvimento das comunidades
nativas.[15] De acordo com as declarações oficiais da guerrilha, isso afetava a maioria da
população indígena, que sofria tanto com a discriminação patrocinada pelo Estado quanto
pela enorme pressão social. Muitos sentiam que tinham recebido muito pouca
oportunidade ou recursos para melhorar as suas competências e melhorar a sua situação
económica e social a um grau comparável à dos europeus moçambicanos.
Estatisticamente, os brancos portugueses de Moçambique eram de facto muito mais ricos
e qualificados do que a maioria negra nativa. Como resposta ao movimento guerrilheiro, o
governo português iniciou mudanças graduais, com novas políticas sócio-económicas e
igualitárias para todos os cidadãos a partir da década de 1960 e, principalmente, da
década de 1970.[16]
A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) sob comando de Eduardo
Mondlane deu início a uma campanha de guerrilha, contra o governo português, em
setembro de 1964. Juntamente com os outros dois conflitos já iniciados em outras colónias
portuguesas de África Ocidental Portuguesa (Angola) e da Guiné Portuguesa, este entrave
político tornou-se parte da chamada Guerra Colonial Portuguesa (1961–1974). Sob a ótica
militar, o exército português manteve o controle dos centros populacionais, enquanto as
forças de guerrilha procuraram espalhar a sua influência em áreas rurais, especialmente
aquelas localizadas ao norte e oeste do país.[16][17]
Após dez anos de guerra e com o retorno de Portugal à democracia através de um golpe
militar de esquerda em Lisboa, que substituiu o regime do Estado Novo em Portugal por
uma junta militar (a Revolução dos Cravos, de abril de 1974), e na sequência dos Acordos
de Lusaka, a FRELIMO assumiu o controle do território moçambicano. Moçambique
tornou-se independente de Portugal em 25 de junho de 1975. Após a independência, a
maioria dos 250 mil portugueses que viviam em Moçambique deixaram o país, alguns
expulsos pelo governo, outros fugindo com medo.[18]

Guerra civil
Ver artigo principal: Guerra Civil Moçambicana

Homem vítima de uma mina terrestre[19]

A situação geopolítica em 1975, nações amigas da FRELIMO são mostradas em laranja

Imagem da Estação do Caminho de Ferro da cidade de Maputo em 1988

Uma das primeiras ações do novo governo, sob a presidência de Samora Machel, foi
estabelecer um Estado unipartidário baseado em princípios marxistas. Cuba e União
Soviética foram as primeiras nações a estender os laços diplomáticos ao novo país,
ajudando-o também com forças militares, como forma de manter a independência e
reprimir a oposição.[16][20] Logo após a independência, o país foi assolado por uma guerra
civil longa e violenta entre forças oposicionistas da anticomunista Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO) e o regime marxista da Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO). Este conflito, combinado com as disputas diplomáticas e envolvimento do
governo com movimentos guerrilheiros em países vizinhos,[21] como a Rodésia (em que o
governo moçambicano apoiou o grupo guerrilheiro organizado pelo Exército Africano para
a Libertação Nacional do Zimbábue (ZANLA)[21] e a África do Sul do regime
de apartheid (na qual o governo moçambicano proveu ajuda ao grupo capitaneado
por Nelson Mandela[22]) além do excesso de planeamento central e implementação de
políticas socialistas ineficazes[23] que resultaram nas severas dificuldades econômicas que
caracterizaram as primeiras décadas de independência de Moçambique, resultado das
práticas adotadas pelo então regime vigente no país.[16]
Este período também foi marcado pelo êxodo de cidadãos portugueses,[24] do colapso da
infraestrutura nacional, da falta de investimentos em ativos produtivos e da nacionalização,
pelo governo, de indústrias de propriedade privada, além de várias crises de fome
generalizadas. Durante a maior parte da guerra civil, o governo central comandado pela
FRELIMO foi incapaz de exercer controle efetivo fora das áreas urbanas do país, muitas
das quais eram controladas a partir da capital, Maputo. Estima-se que a Resistência
Nacional Moçambicana (RENAMO) tenha exercido controle em áreas que incluíam até
50% das partes rurais de várias províncias, e os serviços de assistência médica de
qualquer tipo foram interrompidos por anos. O problema se agravou quando o governo
cortou gastos em assistência médica.[25] A guerra civil foi marcada por diversas violações
dos direitos humanos cometidas por ambos os lados do conflito, cenário que se tornou
ainda pior quando a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) começou a usar
táticas terroristas e a atacar civis indiscriminadamente.[26][27] O governo central executou
dezenas de milhares de pessoas ao tentar estender seu controle por todo o país e mandou
muitas pessoas para campos de reeducação, onde milhares foram mortos.[26]
Durante a guerra, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) propôs um acordo de
paz baseado na secessão dos territórios do norte e oeste do país, que passariam a ser a
república independente da Rombésia. A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)
recusou-se a negociar e reivindicou a soberania sobre todo o território do país. Estima-se
que um milhão de moçambicanos tenham morrido durante a guerra civil no país, com
cerca de outros 1,7 milhão buscando refúgio em países vizinhos e vários outros milhões
tendo que se deslocar internamente por conta do conflito.[28] O regime da Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO) também deu abrigo e apoiou movimentos rebeldes
africanos, como o Congresso Nacional Africano (da África do Sul) e a União Nacional
Africana do Zimbábue. Enquanto isso, os governos da Rodésia e da África do Sul (na
época sob o regime do apartheid) apoiavam as forças da Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO).[28]
Em 19 de outubro de 1986, Samora Machel voltava de uma reunião internacional
na Zâmbia em um Tupolev Tu-134, quando o avião presidencial caiu nos Montes
Libombos, perto da localidade sul-africana de Mbuzini. Dez pessoas sobreviveram, mas o
presidente Machel e trinta e três outros tripulantes morreram, incluindo ministros e
funcionários do governo moçambicano. A delegação soviética das Nações Unidas divulgou
um relatório alegando que a sua visita tinha sido prejudicada pelos sul-africanos. Os
representantes da União Soviética avançaram com a teoria de que o avião tinha sido
desviado intencionalmente por um sinal VOR, usando uma tecnologia fornecida por
agentes de inteligência militar do governo sul-africano.[29]

Período multipartidário

Um helicóptero dos Estados Unidos sobrevoando


o rio Limpopo inundado durante a enchente de 2000
O sucessor de Machel, Joaquim Chissano, implementou mudanças radicais no país
através de reformas, como a mudança da ideologia marxista para a capitalista, e começou
negociações de paz com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). A nova
constituição moçambicana, promulgada em 1990, previa um sistema
político multipartidário, uma economia baseada no livre mercado e eleições livres. A guerra
civil findou meados de outubro de 1992, com o Acordo Geral de Paz,[30] que foi mediado
primeiramente pelo Conselho Cristão de Moçambique (CCM) e depois assumido
pela Comunidade de Santo Egídio. Sob a supervisão das forças de manutenção da paz
das Nações Unidas, a paz voltou a ser operada em Moçambique.[31]
Até 1993, cerca de 1,5 milhão de refugiados moçambicanos tinham procurado asilo em
países vizinhos como Maláui, Zimbábue, Essuatíni, Zâmbia, Tanzânia e África do Sul
como resultado da guerra civil e da seca que havia retornado, fenómeno que foi parte da
maior repatriação testemunhada na África subsaariana.[32] No entanto, em anos recentes,
Moçambique experimentou a volta do conflito armado em 2013, principalmente nas regiões
centro e norte do país.[33] Em 5 de setembro de 2014, o ex-presidente Armando Guebuza e
o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, assinaram o Acordo de Cessação das
Hostilidades, o qual colocou fim às atividades militares hostis e permitiu com que ambos
partidos concentrassem-se nas eleições gerais realizadas em outubro de 2014. Porém,
logo após as eleições gerais, uma nova crise política emergiu e o país está novamente à
beira de um conflito armado. A RENAMO não reconhece o resultado das eleições gerais e
demanda o controle de seis províncias — Nampula, Niassa, Tete, Zambézia, Sofala e
Manica — locais onde o partido alega ter ganho a maioria dos votos.[34]

Geografia

Imagem de satélite de Moçambique


Ver artigo principal: Geografia de Moçambique
Com 801 537 km quadrados de área territorial, Moçambique é o 34º maior país do
mundo em área territorial, sendo comparável em tamanho à Turquia. Moçambique está
localizado na costa sudeste da África.[35] O Rifte Africano Oriental estende-se até ao sul de
Moçambique. O ponto mais alto de Moçambique é o Monte Binga, localizado na fronteira
do país com Zimbábue, que se eleva a 2 436 metros acima do nível do mar.
Moçambique está situado na costa oriental da África Austral, limitado a norte
pela Tanzânia, a noroeste pela Zâmbia e Maláui, a oeste pela Essuatíni e pelo Zimbábue,
a sul e oeste pela África do Sul e a leste pelo Canal de Moçambique, uma porção
do oceano Índico. O país limita-se, ainda, através de suas águas territoriais,
com Madagáscar e as Comores, no Canal de Moçambique.[36]
A norte do rio Zambeze o território é dominado por um grande planalto, com uma
pequena planície costeira bordejada de recifes de coral e, no interior, limita com maciços
montanhosos pertencentes ao sistema do Grande Vale do Rifte. A sul é caracterizado por
uma larga planície costeira de aluvião, coberta por savanas e cortada pelos vales de
vários rios, entre os quais destacando-se o rio Limpopo.[36]
A maioria da área terrestre de Moçambique, 70%, é da savana de
Miombo, predominantemente decídua. Árvores e arbustos do mesmo género crescem em
outros lugares da África, mas em Moçambique os arbustos decíduos são mais altos e mais
densos do que em outros lugares. A zona costeira atinge 2 700 km de extensão e é uma
das maiores da África.[37] Sabe-se que pelo menos 5 600 espécies diferentes de plantas
ocorrem em Moçambique. Existem 250 espécies nativas, das quais 45 só nas
montanhas Chimanimani. Outra área famosa pela sua flora é o pantanal que se estende
da Área de Conservação de Santa Lúcia, no lado sul-africano, até à cidade de Xai-Xai[38]
O Parque Nacional da Gorongosa, localizado na província de Sofala, possui uma área de
3 770 km quadrados, no extremo sul do grande vale do Rifte da Africa Oriental. A
exuberância paisagística e a particularidade da fauna bravia deste Parque tornam-no um
dos principais atrativos turísticos. No parque, há a presença de elefantes, a na foz do
Zambeze onde predomina o búfalo, além de reservas parciais como a de Gilé e a do
Niassa respectivamente a nordeste de Quelimane e nas margens do rio Rovuma. Também
no parque da reserva natural de Bazaruto se podem avistar aves exóticas, recifes de
corais e espécies marinhas protegidas como dugongos, golfinhos e tartarugas marinhas.[39]

Parque Nacional da Gorongosa

Clima

Moçambique pela classificação climática de


Köppen-Geiger
O clima do país é húmido e tropical, influenciado pelo regime de monções do Índico e pela
corrente quente do Canal de Moçambique, com estações secas de Maio a Setembro. A
pluviosidade anual é alta, especialmente no norte do país. A pluviosidade é mais forte, por
um lado, nas terras altas na fronteira com o Zimbábue e o Maláui, e por outro lado, na
costa entre Maputo e Beira, a qual está exposta às chuvas acompanhadas de vento
durante todo o ano.[40]
As temperaturas médias em Maputo variam entre os 13–24 °C em Julho a 22–31 °C em
Fevereiro.[41] A estação das chuvas ocorre entre Outubro e Abril. A precipitação média nas
montanhas ultrapassa os 2 mil mm. A humidade relativa é elevada situando-se entre 70 a
80%, embora os valores diários cheguem a oscilar entre 10 e 90%. As temperaturas
médias variam entre 20 °C no Sul e 26 °C no norte, sendo os valores mais elevados
durante a época das chuvas.[41]
Seca, desertificação e chuvas causadas por ciclones tropicais estão causando problemas
ambientais. As inundações causadas por um furacão em 2000 foram os piores em 50
anos. Centenas de milhares de famílias tiveram que deixar as suas casas.[42] No entanto, a
preparação da população para desastres melhorou e os danos causados pelas inundações
na primavera de 2007 foram significativamente menores. Na primavera de 2008, grandes
evacuações foram realizadas em áreas de inundação.[43]

Demografia
Ver artigo principal: Demografia de Moçambique
De acordo com os resultados do Censo de 2017, Moçambique tem 27 909 798 habitantes,
um aumento de 7 330 533 ou 35,6% em relação aos 20 579 265 registados no Censo de
2007.[2] As províncias da Zambézia e Nampula são as mais populosas do país e
concentram cerca de 39% da população moçambicana.

Composição étnica

Crianças moçambicanas da etnia macua


Os macuas são o grupo dominante na parte norte do país,
os sena e shonas (principalmente ndaus) são proeminentes no vale do Zambeze e
os tsongas são predominantes no sul de Moçambique. Outros grupos incluem
os macondes, WaYaos, suaílis, tongas, chopes e ngunis (incluindo zulus).
Povos bantos compreendem 97,8% da população, enquanto o restante, incluindo
africanos brancos (em grande parte de ascendência portuguesa), euro-africanos (mestiços
de povos bantos e portugueses) e indianos.[44] Cerca de 45 mil pessoas de ascendência
indiana residem em Moçambique.[45]
Durante o governo colonial português, uma grande minoria de pessoas de ascendência
portuguesa vivia permanentemente em quase todas as regiões do país[46] e moçambicanos
com sangue português, no momento da independência do país, eram cerca de 360 mil
pessoas. Muitos deles deixaram a região após a independência moçambicana em 1975.
Há várias estimativas para o tamanho da comunidade chinesa em Moçambique, sete mil a
doze mil pessoas.[47][48]

Urbanização
Ver também: Lista de cidades de Moçambique

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Cidades mais populosas de Moçambique
Censo 2007

Posiçã Localidad Provínci Pop Posiçã Localidad Pop


Província
o e a . o e .
Cidade 1
125
1 Maputo de 178 11 Gurué Zambézia
042
Maputo 116
671 Inhamban 119
2 Matola Maputo 12 Maxixe
Maputo 556 e 868
431 109
3 Beira Sofala 13 Lichinga Niassa
583 839
388 Cabo 108
4 Nampula Nampula 14 Pemba
526 Delgado 737
256 93
5 Chimoio Manica 15 Angoche Nampula
992 777
Matola Nacala 224 78
6 Nampula 16 Dondo Sofala
Porto 553 648
Queliman Zambézi 188 73
7 17 Cuamba Niassa
e a 964 268
Zambézi 136 Montepue Cabo 72
8 Mocuba 18
a 393 z Delgado 279
129 63
9 Tete Tete 19 Chócue Gaza
316 695
127 59
10 Xai-Xai Gaza 20 Chibuto Gaza
366 165

Idiomas
Ver artigos principais: Português moçambicano e Línguas de Moçambique

Mapa étnico de Moçambique


O português é a língua oficial e a mais falada do país, usada por pouco mais da metade da
população (50,4%). Cerca de 39,7%, principalmente a população africana nativa, usam o
português como segunda língua e 12,78% falam-no como primeira língua. A maioria dos
moçambicanos que vivem nas áreas urbanas usam o português como principal idioma.[49][50]
As línguas bantas de Moçambique, que são as mais faladas no país, variam muito em
seus grupos e, em alguns casos, são bastante mal analisadas e documentadas.[51] Além de
ser uma língua franca no norte do país, o suaíli é falado em uma pequena área do litoral
próxima à fronteira com a Tanzânia; mais ao sul, na Ilha de Moçambique, o mwani,
considerado como um dialeto do suaíli, é falado. No interior da área de suaíli, o maconde é
o idioma mais falado, separado da área onde ciyao é usado por uma pequena faixa de
território de falantes da língua macua. O maconde e o ciyao pertencem a grupos
linguísticos diferentes,[52] sendo o ciyao muito próximo da língua mwera da área do planalto
Rondo, na Tanzânia.[53] Alguns falantes do nianja são encontrados na costa do lago Maláui,
bem como do outro lado do lago na fronteira com o Maláui.[54][55]
Há falantes de emakhuwa, com uma pequena área de língua eKoti no litoral. Em uma área
abrangendo o baixo Zambeze, falantes da língua sena, que pertence ao mesmo grupo da
língua nianja, são encontrados, com áreas que falam a CiNyungwe rio acima. Uma grande
área de língua chona se estende entre a fronteira do Zimbábue e do mar. Anteriormente
essa língua era considerada uma variante do ndau,[56] mas agora usa a
ortografia chona padrão que surgiu no Zimbábue. Há também grupos falantes da língua
tsonga, enquanto o tsua ocorre no litoral e no interior. Esta área de linguagem se estende
até a vizinha África do Sul. Ainda relacionados a estes idiomas, mas diferentes, estão os
falantes do chope ao norte da foz do Limpopo e os falantes da língua ronga na região
imediatamente ao redor da cidade de Maputo. As línguas deste grupo são, a julgar pelos
vocabulários curtos,[51] muito vagamente semelhante ao zulu, mas obviamente não são do
mesmo grupo linguístico. Há pequenas comunidades falantes do suázi e zulu em áreas de
Moçambique imediatamente ao lado da fronteira com a Essuatíni e com KwaZulu-Natal,
na África do Sul.
Árabes, chineses e indianos falam principalmente português e, alguns, hindi. Indianos
provenientes da Índia Portuguesa falam qualquer um dos crioulos portugueses da sua
origem, além do português como segunda língua.

Religiões
Ver artigos principais: Religião em Moçambique e Igreja Católica em Moçambique
Religião em Moçambique (2007)
Religião Porcentagem
Cristianismo 56,1%
Sem religião 18,7%
Islamismo 17,9%
Animismo 1,2%

Por força de sua Constituição, Moçambique é um estado laico, sendo expressamente


proibido no texto constitucional quaisquer discriminações ou acepções baseadas na
religião, garantindo-se, também, a liberdade religiosa a todos os cidadãos. A legislação
moçambicana exige que todas as organizações religiosas sejam registradas junto ao
Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, embora não sejam aplicadas
sanções aos grupos religiosos pela ausência deste registro. Locais de culto também são
protegidos por força legal e, de igual modo, também é assegurada a objeção ao serviço
militar por razões religiosas.[57]
O censo de 2017 revelou que os cristãos formam 56,1% da população (maioria Católica,
com cerca de 27,2%) e os muçulmanos compunham 18,9% da população de Moçambique,
enquanto 4,8% das pessoas afirmaram praticar outras crenças religiosas, principalmente
o animismo. Cerca de 13,9% dos moçambicanos não tinham crenças religiosas e outros
2,5% não especificaram pertencer a algum grupo religioso.[58] Há uma aderência
significativa de parte da população à crenças religiosas tribais sincréticas, sendo este um
segmento não incluído nas estimativas oficiais governamentais.
A Igreja Católica Romana estabeleceu doze dioceses no país (Beira, Chimoio, Gurué,
Inhambane, Lichinga, Maputo, Nacala, Nampula, Pemba, Quelimane, Tete e Xai-
Xai; arquidioceses são Beira, Maputo e Nampula). Estatísticas para o número de católicos
variam entre 5,8% da população na diocese de Chimoio, para 32,50% na diocese de
Quelimane.[59]
Mesquita em Maputo Catedral da Beira
Entre as principais igrejas protestantes no país estão a Congregação Cristã em
Moçambique, a Igreja União Baptista de Moçambique, a Assembleia de Deus e os Batistas
do Sétimo Dia, este último com cerca de 6.442 membros.[60] Também estão presentes no
país os Adventistas do Sétimo Dia, a Igreja Anglicana da África Austral, a Igreja do
Evangelho Completo de Deus, a Igreja Metodista Unida, a Igreja Presbiteriana de
Moçambique, a Igreja de Cristo e a Assembleia Evangélica de Deus. A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja Mórmon) estabeleceu uma presença crescente
no país e foi legalmente reconhecida em 1996, tendo começado a enviar missionários para
a nação em 1999. Em fevereiro de 2021 este grupo religioso tinha cerca de 15 030
membros.[61]
A Fé Bahá'í tem estado presente em Moçambique desde o início da década de 1950, mas
não se identificava abertamente nesse período devido à forte influência da Igreja
Católica no governo, que não a reconheceu oficialmente como uma religião mundial. Com
a independência, em 1975, o país viu a entrada de novos pioneiros. No total, havia cerca
de três mil bahá'ís declarados em Moçambique em 2010.[62]
Os muçulmanos estão particularmente presentes no norte do país. Eles são organizados
em várias irmandades (do ramo Qadiriya ou Shadhuliyyah). Duas organizações nacionais
também existem, o Conselho Islâmico de Moçambique (reformistas) e do Congresso
Islâmico de Moçambique (pró-sufismo). Há também importantes associações indo-
paquistanesas, assim como algumas comunidades xiitas e ismaelitas.[57]

Governo e política
Ver artigo principal: Política de Moçambique

Filipe Nyusi (pronuncia-se /Nhússi/) é o actual presidente do país


Assembleia da República de Moçambique, o órgão legislativo do país

Moçambique é uma república presidencialista, cujo governo é nomeado pelo Presidente da


República. O parlamento de 250 membros, denominado Assembleia da República, tem
como uma de suas funções, verificar as ações do governo. As eleições legislativas e
presidenciais são realizadas a cada cinco anos.
A FRELIMO foi o movimento que lutou pela libertação desde o início da década de 1960.
Após a independência, passou a controlar exclusivamente o poder, aliada aos países do
então "bloco socialista", e introduzindo um sistema político de partido único, semelhante ao
praticado naqueles países.[63] O regime provocou a hostilidade dos estados vizinhos
segregacionistas existentes na altura, África do Sul e Rodésia, que apoiaram elementos
brancos recolonizadores e guerrilhas internas. Esta situação viria a transformar-se
numa guerra civil de 16 anos. O fim desse conflito armado foi marcado pela assinatura do
Acordo Geral de Paz (AGP), em Roma, Itália, em 1992. No entanto, em 2013,
Moçambique presenciou o retorno do conflito armado[33] entre a FRELIMO e a RENAMO,
afetando a população principalmente das regiões centro e norte do país. Apesar das
inúmeras negociações, um novo acordo de paz ainda não foi concluído.
Samora Machel foi o primeiro presidente de Moçambique independente e ocupou este
cargo até à sua morte em 1986. O seu sucessor, Joaquim Chissano, negociou o fim da
guerra civil e introduziu um sistema multipartidário que integrou o principal movimento
rebelde, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Neste novo sistema, a Frelimo
permaneceu no poder até os dias actuais, tendo ganho as eleições parlamentares
realizadas em 1994, 1999, 2004 e 2009, mesmo com acusações de fraudes. O Movimento
Democrático de Moçambique (MDM), uma dissidência da RENAMO, constituiu-se em
bancada parlamentar em Abril de 2010. O MDM atualmente tem dezassete deputados na
Assembleia da República, desde as últimas eleições gerais realizadas em 2014. O regime
prevalecendo em Moçambique desde inícios dos anos 1990 evidenciou sempre défices
democráticos, que o sucessor de Joaquim Chissano, Armando Guebuza, tentou colmatar
nos anos 2000.[64]

Direitos humanos
O conceito de direitos humanos em Moçambique é uma questão permanente para o país.
Durante mais de quatro séculos, Moçambique foi governado pelos portugueses. Após a
independência de Moçambique de Portugal, seguiram-se 17 anos de guerra civil, entre a
RENAMO e a FRELIMO, até 1992, quando a paz foi por fim alcançada. [65] Armando
Guebuza foi então eleito presidente em 2004 e reeleito em 2009, apesar das críticas de
que lhe faltava honestidade, transparência e imparcialidade. [66][67] Isso desencadeou uma
série de incidentes de direitos humanos, incluindo assassinatos ilegais, prisões arbitrárias,
condições prisionais desumanas e julgamentos injustos. Também houve muitas questões
relacionadas com as liberdades de expressão e mídia, liberdade na Internet, liberdade de
reunião pacífica e discriminação e abuso de mulheres, crianças e pessoas com deficiência.
Muitas destas questões continuam em curso.[68]
Em 2018, uma reportagem publicada no jornal português Público alegava que as terras
mais férteis de Moçambique, especialmente no corredor de Nacala, estão a deixar de ser
exploradas pelos moçambicanos e milhares de camponeses ficam sem terra, e lançados
na pobreza, a troco de falsas promessas de multinacionais do sector agrário. Portugal,
com a Portucel Moçambique à cabeça, é o país da Europa que mais área explora nesta
zona.[69]

Relações internacionais
Ver também: Missões diplomáticas de Moçambique

Embaixada de Moçambique em Moscou, na Rússia


Apesar de alianças que datam da luta de independência continuem a ser relevantes, a
política externa de Moçambique tornou-se cada vez mais pragmática ao longo do tempo.
Os dois pilares da política externa moçambicana são a manutenção de boas relações com
seus vizinhos e de manutenção e expansão de laços com os parceiros de
desenvolvimento. Durante os anos 1970 e início dos anos 1980, a política externa do país
era indissoluvelmente ligada à Rodésia e África do Sul, bem como pela concorrência
das superpotências da Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética. A decisão de
Moçambique de impor sanções na Organização das Nações Unidas (ONU) contra a
Rodésia e negar a esse país o acesso ao mar, fez o governo liderado por Ian
Smith realizar ações ostensivas e secretas contra os moçambicanos. Embora a mudança
de governo no Zimbábue, em 1980, tenha removido esta ameaça, o governo da África do
Sul continuou a apoiar a RENAMO em sua guerra com o governo da FRELIMO.[70]
O Acordo de Nkomati de 1984, apesar de falhando em seu objectivo de acabar com o
apoio sul-africano à RENAMO, abriu contactos diplomáticos iniciais entre os governos
moçambicano e sul-africano. Esse processo ganhou impulso com o fim do regime
do apartheid, que culminou com o estabelecimento de relações diplomáticas plenas com a
África do Sul em Outubro de 1993. Embora as relações com os vizinhos
Zimbábue, Maláui, Zâmbia e Tanzânia continuassem ocasionalmente tensas, os laços de
Moçambique com esses países continuam fortes.

A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff e o ex-


presidente Armando Guebuza em um encontro em Maputo em outubro de 2011
Nos anos imediatamente após a sua independência, Moçambique beneficiou de uma
assistência considerável de alguns países ocidentais, especialmente dos escandinavos.
A União Soviética e os seus aliados, no entanto, tornaram-se os principais defensores
económicos, militares e políticos de Moçambique e sua política externa reflectia essa
ligação. Isso começou a mudar em 1984, quando Moçambique se tornou membro
do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A ajuda ocidental através de
países escandinavos como Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia rapidamente substituiu
o apoio soviético. A Finlândia[71] e os Países Baixos estão se tornando fontes cada vez
mais importantes de assistência para o desenvolvimento moçambicano. A Itália também
mantém boas relações com Moçambique, como resultado de seu papel fundamental
durante o processo de paz. As relações com Portugal, a antiga potência colonial,
continuarão a ser importantes por muito tempo porque os investidores portugueses
desempenham um papel de destaque na economia moçambicana.[72]
Moçambique é membro do Movimento Não Alinhado e está entre os membros moderados
do bloco africano nas Nações Unidas e em outras grandes organizações internacionais. O
país também pertence à União Africana (antiga Organização da Unidade Africana) e
à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. Em 1994, o governo tornou-se
membro de pleno direito da Organização da Conferência Islâmica, em parte para ampliar
sua base de apoio internacional, mas também para agradar à considerável população
muçulmana do país. Da mesma forma, no início de 1996, Moçambique aderiu com seus
vizinhos anglófonos à Commonwealth Britânica e, na época, era a única nação que entrou
para a organização sem nunca ter feito parte do Império Britânico. No mesmo ano,
Moçambique tornou-se membro fundador e primeiro presidente da Comunidade de Países
de Língua Portuguesa (CPLP) e mantém laços históricos, económicos, políticos e culturais
estreitos com outros países lusófonos, como Portugal ou o Brasil.[73]

Subdivisões
Ver artigo principal: Subdivisões de Moçambique
Ver também: Lista de postos administrativos de Moçambique

Províncias de Moçambique, Norte a Sul, por


número com índice
Moçambique está dividido em 11 províncias:

1. Niassa (capital: Lichinga);


2. Cabo Delgado (capital: Pemba);
3. Nampula (capital: Nampula);
4. Tete (capital: Tete);
5. Zambézia (capital: Quelimane);
6. Manica (capital: Chimoio);
7. Sofala (capital: Beira);
8. Gaza (capital: Xai-Xai);
9. Inhambane (capital: Inhambane);
10. Cidade de Maputo (capital: Maputo);
11. Maputo (capital: Matola).
As províncias estão divididas em 154 distritos,[74][75][76] os distritos subdividem-se em
419 postos administrativos e estes em 1052 localidades, o nível mais baixo da
administração local do Estado.[77]
Em Moçambique foram criados até ao momento, 65 municípios: 33 criados originalmente
em 1997, mais 10 em abril de 2008, mais 10 em Maio de 2013[78] e mais 12 em 2022.[79]

Economia
Ver artigo principal: Economia de Moçambique

Maputo, capital e maior cidade do país

Gráfico dos principais produtos de exportação do país em 2019 (em inglês)

A moeda oficial é o metical, que substituiu a moeda antiga a uma taxa de mil para um. O
metical antigo foi retirado de circulação pelo Banco de Moçambique até o final de 2012.
O dólar estadunidense, o rand sul-africano e, recentemente, o euro também são moedas
amplamente aceitas e utilizadas em transações comerciais no país. O salário mínimo legal
é de cerca de 60 dólares por mês. Moçambique é membro da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC — sigla em inglês). O protocolo de livre
comércio da SADC visa tornar a região da África Austral mais competitiva, ao eliminar
tarifas e outras barreiras comerciais. Em 2007, o Banco Mundial falou sobre o "ritmo de
crescimento económico inflado" de Moçambique e um estudo conjunto do governo e de
doadores internacionais no mesmo afirmou que "Moçambique é geralmente considerado
como uma história de sucesso na ajuda humanitária". Também em 2007, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) disse que "Moçambique é uma história de sucesso na África
subsaariana." No entanto, apesar deste aparente sucesso, tanto o Banco Mundial quanto
a UNICEF usaram a palavra "paradoxo" para descrever o aumento da desnutrição infantil
crónica em face ao crescimento do PIB moçambicano. Entre 1994 e 2006, o crescimento
médio do PIB foi de aproximadamente 8% ao ano, no entanto, o país continua sendo um
dos mais pobres e subdesenvolvidos do mundo. Em uma pesquisa de 2006, três quartos
dos moçambicanos afirmaram que nos últimos cinco anos a sua situação económica
permaneceu a mesma ou tornou-se pior.[80]
O reassentamento de refugiados da guerra civil e reformas económicas bem sucedidas
levaram a uma alta taxa de crescimento: o país teve uma recuperação económica notável,
atingindo uma taxa média anual de crescimento do PIB de 8% entre os anos de 1996 e
2006 e entre 6% e 7% no período entre 2006 e 2011.[81] As devastadoras inundações do
início de 2000 desaceleraram o crescimento económico para 2,1%, mas uma recuperação
completa foi alcançada em 2001, com um crescimento de 14,8%. Uma rápida expansão no
futuro dependia de vários grandes projectos de investimento estrangeiro, o
prosseguimento das reformas económicas e a revitalização dos sectores
de turismo, agricultura e transportes. Em 2013, cerca de 80% dos habitantes do país
estava empregada no sector agrícola, a maioria dos quais dedicados à agricultura
de subsistência em pequena escala,[82] que ainda sofre com uma infraestrutura, redes
comerciais e níveis de investimento inadequados. Apesar disso, em 2012, mais de 90%
das terras cultiváveis de Moçambique ainda não tinham sido exploradas.[83] Em 2013, um
artigo da BBC informou que, desde 2009, portugueses estão a voltar para Moçambique por
causa do crescimento da economia local e pela má situação económica de Portugal,
devido a crise da dívida pública da Zona Euro.[84]

Barco pesqueiro tradicional ao largo da costa


moçambicana
Mais de 1 200 empresas estatais (principalmente pequenas) foram privatizadas no país.
Os preparativos para a privatização e/ou liberalização do sector estão em andamento para
as restantes empresas estatais, como as dos sectores de telecomunicações, energia,
portos e ferrovias. O governo frequentemente selecciona um investidor estrangeiro
estratégico quando quer privatizar uma estatal. Além disso, os direitos aduaneiros foram
reduzidos e a gestão aduaneira foi simplificada e reformada. O governo introduziu um
imposto sobre valor agregado, em 1999, como parte de seus esforços para aumentar as
receitas internas. Em 2012, grandes reservas de gás natural foram descobertas em
Moçambique, receitas que podem mudar drasticamente a economia do país.[85]
No entanto, a economia de Moçambique tem sido abalada por uma série de escândalos
de corrupção política. Em julho de 2011, o governo propôs novas leis anticorrupção para
criminalizar o peculato, o tráfico de influência e a corrupção, depois de inúmeros casos de
desvio de dinheiro público. Esta legislação foi aprovada pelo Conselho de Ministros do
país. Moçambique condenou dois ex-ministros por corrupção desde 2011.[86] Moçambique
foi classificado no 123º lugar entre 174 países no Índice de Percepção de Corrupção de
2012 feito pela Transparência Internacional.[87] De acordo com um relatório de 2005 feito
pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID — sigla
em inglês), "a escala e o âmbito da corrupção em Moçambique constituem um motivo de
alerta."[88]

Infraestrutura
Saúde

Gráfico do aumento do número de moçambicanos


portadores do HIV e que estão a fazer o tratamento antirretroviral (2003–2014)
A taxa de fecundidade moçambicana é de cerca de 5,5 nascimentos por mulher. O gasto
público em saúde foi de 2,7% do PIB em 2004, enquanto que as despesas privadas em
saúde somaram 1,3% no mesmo ano. Os gastos com assistência médica per capita era de
42 dólares (PPC) em 2004. No início do século XXI, havia três médicos por 100 mil
habitantes de Moçambique e a mortalidade infantil era de 100 por mil nascimentos em
2005.[89]
Após a sua independência de Portugal em 1975, o governo de Moçambique estabeleceu
um sistema de assistência médica primária, que foi citado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) como um modelo para outros países em desenvolvimento.[90] Mais de 90%
da população havia sido vacinada. Durante o período do início dos anos 1980, cerca de
11% do orçamento do governo era voltado para gastos com saúde.[91] No entanto, a guerra
civil moçambicana levou o sistema de saúde primária a um grande retrocesso. Entre os
alvos dos ataques da RENAMO às infraestruturas do governo entre 1980 e 1992 estavam
instalações médicas e educacionais.[25]
Em Junho de 2011, o Fundo de População das Nações Unidas divulgou um relatório sobre
o estado da obstetrícia no mundo. O documento contém dados sobre a força de trabalho e
as políticas relacionadas com a mortalidade neonatal e materna em 58 países do mundo.
A taxa de mortalidade materna por 100 mil habitantes em Moçambique era de 550 em
2010, comparado com 598,8 em 2008 e com 385 registrado em 1990. A taxa de
mortalidade em menores de 5 anos por 1 000 nascimentos é de 147. O objetivo deste
relatório é destacar maneiras para que os Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio da ONU possam ser alcançados, especialmente os objectivos 4 (reduzir a
mortalidade infantil) e 5 (diminuir a taxa de morte materna). Em Moçambique, o número
de parteiras por 1 000 nascidos vivos é de 3 e o risco de morte para mulheres grávidas é
de 1 em 37.[92]

Hospital local da cidade de Luabo, no distrito


de Chinde
A taxa oficial de prevalência da epidemia de HIV na população moçambicana em 2011 foi
de 11,5% na faixa etária entre 15 e 49 anos (uma referência comum para as estatísticas
de HIV). Este é um valor mais baixo do que o observado em vários dos países vizinhos
da África Austral. Para as partes do sul do país (províncias de Maputo e Gaza), os
números oficiais são mais do que o dobro da média nacional. Em 2011, as autoridades de
saúde estimaram que cerca de 1,7 milhões de moçambicanos eram portadores do vírus
HIV, dos quais 600 mil estavam sob tratamento antirretroviral. Em dezembro de 2011, 240
mil pessoas estavam recebendo esse tratamento, e 416 mil pessoas em março 2014. De
acordo com o relatório da UNAIDS de 2011, a epidemia de HIV/SIDA em Moçambique
parece estar a estabilizar.[93]
Através de ONGs de muitos países em desenvolvimento, Moçambique é apoiado pelo
resto do mundo. Devido as dificuldades de gestão da ajuda externa e da desigualdade da
comunidade local, as ONGs fragmentam o sistema de assistência médica primária do
país.[94] O pesquisador de saúde James Pfeiffer argumenta que, além de instalar uma nova
estratégia de gestão da ajuda, um novo paradigma de cooperação deve ser constituído, a
fim de facilitar o intercâmbio entre os trabalhadores humanitários e os trabalhadores de
saúde locais no mundo em desenvolvimento. O novo paradigma vai ajudar a promover um
impacto positivo duradouro sobre as instituições de saúde locais e fortalecer o
relacionamento profissional entre os trabalhadores da saúde.[25]

Segurança alimentar
Estima-se que 64% da população de Moçambique sofre de insegurança alimentar. Este
problema prevalece principalmente na região sul do país, onde cerca de 75% da
população sofre desse mal. Moçambique está entre os 16 países com “mais alto risco de
apresentar níveis crescentes de fome aguda”, diante de um cenário global, onde novos
recordes nos níveis de fome no país apenas aumentam.[95][96][97][98]
A saúde em Moçambique, é fortemente afetada pela insegurança alimentar do país. De
acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2009 do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento, cerca de 55% da população de Moçambique vive na
pobreza, quase metade é analfabeta, 40% é subnutrida, apenas 47% têm acesso a água
potável e existe uma expectativa de vida ao nascer de apenas 59 anos. Moçambique
classificou-se em 180º lugar entre 188 países no Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH). Muito disso é resultado da insegurança alimentar no país.[99][100][101]
O país tem uma das taxas de prevalência de AIDS mais altas do mundo. A prevalência do
vírus em Moçambique é mais um ponto de vulnerabilidade para as famílias de baixa renda
da zona rural do país; o mesmo agrava níveis de pobreza e malnutrição extremos. Esses
fatores colocam em risco a produção agrícola do país. Cerca de 15% de mulheres
grávidas entre os 15 e 49 anos de idade estão infetadas pelo vírus. A epidemia tem um
carácter heterogêneo em termos geográficos e socioeconômicos. A principal via de
transmissão continua a ser sexual em cerca de 90% dos casos em adultos.[102]
A agricultura familiar no país, constitui a atividade econômica de grande parte da
população, podendo alcançar mais de 75% dos cidadãos. Sendo assim com mais de
metade da sua população dependente da agricultura para viver, a segurança alimentar de
Moçambique pode ser extremamente volátil e descontrolada. 90% das terras são
compostas por fazendas de 10 hectares ou menos e a produção agrícola em grande
escala é praticamente inexistente. O país sofre de múltiplas pragas. A mais devastadora
de longe para a agricultura é o gafanhoto vermelho, que é endêmico na bacia do rio
Púnguè.[103][104]
A geografia de Moçambique é particularmente vulnerável a desastres naturais,
como secas e enchentes, com um total de 15 nos últimos 25 anos. Esses eventos
prejudicaram muito o setor rural e a economia geral do país. As inundações de 2000, por
exemplo, afetaram cerca de 2 milhões de pessoas, enquanto as secas de 1994 e 1996
afetaram 1,5 milhão nas partes sul e centro do país. Embora o país e o restante
do continente africano estejam longe de ser os maiores emissores de gases de efeito
estufa, são os que mais têm sofrido e estão entre os mais vulneráveis aos impactos
das mudanças climáticas globais. Além disso, poderão ser os mais afetados pela
degradação da terra que tem acontecido em diferentes partes do mundo. Os pobres são
particularmente vulneráveis aos riscos induzidos pelo clima simplesmente em virtude de
sua pobreza. Os praticantes da agricultura familiar têm poucos bens para vender e o seu
consumo já é baixo, por isso, em tempos de escassez, não têm muito para os proteger
da insegurança alimentar. Moçambique tem um sistema relativamente bem desenvolvido
de planos de preparação para desastres a nível distrital. Projetos financiados por doadores
e pelo Sistema Nacional de Alerta Rápido ajudam o governo a lidar com os problemas no
país.[105][106]

Educação

Estudantes em frente a uma escola em Nampula


Desde a independência do domínio português em 1975, a construção e a formação de
professores escolares não acompanhou o aumento da população. Especialmente após
a Guerra Civil de Moçambique (1977–1992), com matrículas no pós-guerra atingindo
máximos históricos devido à estabilidade e o crescimento da população jovem, a qualidade
da educação ainda é precária. Todos os moçambicanos são obrigados por lei a frequentar
a escola de nível primário, no entanto, um grande número de crianças moçambicanas não
vão à escola primária, porque têm de trabalhar para subsistência de suas famílias.[107]
Em 2007, um milhão de crianças ainda não iam à escola, a maioria delas de famílias rurais
pobres, e quase a metade de todos os professores em Moçambique ainda estavam
desqualificados. A escolarização de meninas aumentou de três milhões em 2002 para 4,1
milhões em 2006, enquanto a taxa de conclusão aumentou de 31 mil para 90 mil.[107]

Transportes
Ver também: Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique

Ponte Maputo–Katembe, a maior ponte suspensa de África

Locomotiva a vapor em Inhambane, 2009

Avião das Linhas Aéreas de Moçambique

Existem mais de 30 000 km de estradas, mas grande parte da rede não é pavimentada.
Como nos seus vizinhos da Commonwealth, o sentido de circulação de tráfego em
Moçambique é pela esquerda com os condutores do lado direito dos automóveis, sendo
portanto um dos únicos dois países lusófonos a possuir esta característica (o outro
é Timor-Leste). Existe um aeroporto internacional em Maputo, 21 outros aeroportos
pavimentados e mais de 100 pistas de aterragem com pistas não pavimentadas.[44]
Na costa do Oceano Índico existem vários grandes portos marítimos,
incluindo Nacala, Beira e Maputo. Existem 3 750 km de vias navegáveis interiores, assim
como ligações ferroviárias que servem as principais cidades e ligam o país ao Maláui,
ao Zimbabué e à África do Sul. O sistema ferroviário moçambicano foi desenvolvido ao
longo de mais de um século a partir de três portos diferentes no Oceano Índico que
serviram como terminais para linhas separadas para o interior. As estradas de ferro foram
os principais alvos durante a Guerra Civil Moçambicana, foram sabotadas pela RENAMO e
estão a ser reabilitadas. Uma autoridade paraestatal, a Portos e Caminhos de Ferro de
Moçambique, supervisiona o sistema ferroviário e os seus portos conectados, mas a
gestão tem sido largamente terceirizada. Cada linha tem seu próprio corredor de
desenvolvimento.[44]
Em 2005, havia 3 123 km de via férrea, consistindo de 2 983 km de bitola de 1 067 mm (3
pés e 6 polegadas), compatível com sistemas ferroviários vizinhos e uma linha de 140 km
de bitola de 762 mm (2 pés e 6 polegadas), a Ferrovia de Gaza.[44] A rota central da
Corporação Ferroviária da Beira liga o porto da Beira aos países sem litoral do
Maláui, Zâmbia e Zimbabué. A norte deste, o porto de Nacala também está ligado por via
férrea ao Maláui e, ao sul, Maputo está ligado ao Zimbabué e à África do Sul. Essas redes
interconectam-se apenas através de países vizinhos. Uma nova rota para o transporte de
carvão entre Tete e Beira estava planeada para entrar em serviço em 2010[108] e, em
agosto de 2010, Moçambique e Botsuana assinaram um memorando de entendimento
para desenvolver uma estrada de ferro de 1 100 km através do Zimbabué, para transportar
carvão de Serule até um porto de águas profundas na vila de Techobanine, em
Moçambique.[109]

Cultura
Moçambique é reconhecido pelos seus artistas plásticos: escultores (principalmente da
etnia Makonde) e pintores (inclusive em tecido, técnica batik). Artistas como Malangatana,
Gemuce, Naguib, Ismael Abdula, Samat e Idasse destacam-se na área de pintura.
A música vocal moçambicana também impressiona os visitantes. A timbila chope foi
considerada Património Mundial.

Artes
Ver artigo principal: Música de Moçambique

Moçambicana a utilizar uma tradicional máscara da


etnia macua
A música de Moçambique pode servir a muitos propósitos, que vão desde a expressão
religiosa até cerimônias tradicionais. Os instrumentos musicais são geralmente feitos à
mão e incluem tambores feitos de madeira e pele de animal, como a lupembe, um
instrumento de sopro feito de chifres de animais ou madeira, e a marimba, que é uma
espécie de xilofone nativo. A marimba é um instrumento popular entre os chopes da costa
centro-sul moçambicana, que são famosos por sua habilidade musical e de dança. A
música de Moçambique é semelhante ao reggae e ao calipso caribenho. Outros tipos de
música são populares em Moçambique, como a marrabenta e outros tipos de
música lusófona, como o fado, o samba, a bossa nova e o maxixe.[110]
Os macondes são famosos por suas máscaras e esculturas elaboradas de madeira, que
são geralmente usadas em danças tradicionais. Existem dois tipos diferentes de esculturas
em madeira: as shetani (espíritos malignos), que são em sua maioria esculpidas
em ébano, e as ujamaa, que são esculturas em forma de totem que ilustram rostos
realistas de pessoas e de várias figuras. Essas esculturas são geralmente referidas como
"árvores genealógicas", porque contam histórias de muitas gerações.[110]
Durante os últimos anos do período colonial, a arte moçambicana refletiu a opressão pelo
poder colonial e tornou-se símbolo da resistência. Após a independência em 1975, a arte
moderna passou para uma nova fase. Os dois artistas moçambicanos contemporâneos
mais conhecidos e mais influentes são o pintor Malangatana Ngwenya e o escultor Alberto
Chissano. Uma boa parte da arte pós- independência, durante os anos 1980 e 1990,
reflete a luta política, a guerra civil, o sofrimento, a fome e a luta.[110]
Danças tradicionais são geralmente complexas e altamente desenvolvidas em todo o país.
Há muitos tipos diferentes de danças tribais, que geralmente são ritualísticas por natureza.
Os chopes, por exemplo, atuam em batalhas vestidos com peles de animais. Os
homens macuas vestem roupas e máscaras coloridas, dançando sobre palafitas ao redor
da aldeia por horas. Grupos de mulheres na parte norte do país realizam uma dança
tradicional chamado tufo, para comemorar feriados islâmicos.[110]

Literatura

Escritor Mia Couto


A literatura moçambicana obteve um maior desenvolvimento no período colonial, lidando
com temas nacionalistas. Os escritores mais importantes dessa fase foram Rui de
Noronha e Noémia de Sousa. José Craveirinha iniciou-se na literatura na década de 1940,
abordando temas da realidade social dos moçambicanos em seus poemas, e provocou a
rebelião. É considerado o mais importante poeta moçambicano. José Craveirinha recebeu
o Prémio Camões em 1991.[111]
Mia Couto, que também ganhou o Prêmio Camões, em 2013, é um dos principais
escritores da era contemporânea em Moçambique. Nascido em Beira, recebeu o Prêmio
Literário Internacional Neustadt em 2014, tendo sido um dos dois únicos escritores
de língua portuguesa a receber tal honraria.[112]
Tem-se que uma parte significativa da produção literária moçambicana se deve aos poetas
da chamada "literatura europeia". Estes poetas são aqueles que, sendo
etnicamente caucasianos, centram toda, ou quase toda a temática de suas obras nos
problemas cotidianos de Moçambique, exercendo expressiva influência na identidade
nacional do país. Alberto de Lacerda, Reinaldo Ferreira, Glória Sant'Anna, António
Quadros, Sebastião Alba e Luis Carlos Patraquim são alguns dos escritores pertencentes
a este grupo literário.[113]

Culinária
Ver também: Gastronomia de Portugal, Culinária da África e Culinária do Brasil
Depois de quase 500 anos de colonização, os portugueses impactaram significativamente
a cozinha moçambicana. Culturas como a mandioca (raiz amido de
origem brasileira), castanha de caju (também de origem brasileira, embora Moçambique já
tenha sido o maior produtor deste produto) e o pãozinho, que são pães franceses trazidos
pelos portugueses. O uso de especiarias e temperos,
como cebola, louro, alho, coentro, páprica, pimenta, pimentão vermelho e vinho foram
introduzidos também pelos portugueses, assim como cana de
açúcar, milho, milheto, arroz, sorgo (um tipo de grama) e batatas. Prego (rolo de
carne), rissole, espetada (kebab), pudim e o popular Inteiro com piripiri (frango inteiro com
molho da planta piri piri), são todos os pratos portugueses comumente consumidos pela
população atual de Moçambique.[114]

Comunicações

Sede da Rádio Moçambique


A mídia moçambicana é fortemente influenciada pelo governo.[115] Os jornais têm taxas de
circulação relativamente baixas, devido aos altos preços e às baixas taxas
de alfabetização.[115] Entre os jornais mais divulgados estão os diários controlados pelo
Estado, como o Noticias e o Diário de Moçambique, e o semanário Domingo.[116] A sua
circulação está principalmente confinada a Maputo.[117] A maior parte do financiamento e da
receita de publicidade é dada a jornais pró-governo.[115] No entanto, o número de jornais
privados com opiniões críticas aumentou significativamente nos últimos anos.[116]
Os programas de rádio são a forma mais influente de mídia no país devido à sua facilidade
de acesso.[115] As estações de rádio estatais servem um número de ouvintes superior ao
das rádios privadas. A Rádio Moçambique é a emissora com o maior número de
ouvintes[115] e que foi criada pouco depois da independência de Moçambique.[118]
As estações de TV vistas pelos moçambicanos são, entre outras, a TVM, a STV e a TV
Miramar. Através de cabo e satélite, os telespectadores podem acessar dezenas de outros
canais africanos, asiáticos, brasileiros e europeus.[carece de fontes]

Desportos
O jogador português Eusébio (nascido em Moçambique antes da independência) foi
avançado da selecção Portuguesa no Campeonato do Mundo de 1966,
levando Portugal às semifinais. A atleta Maria de Lurdes Mutola ganhou duas medalhas
olímpicas nos 800 metros, uma medalha de bronze nas Olimpíadas de 1996, em Atlanta e
uma medalha de ouro, nas Olimpíadas de 2000, na Austrália. Os desportos mais
populares de Moçambique são basquetebol, futebol e atletismo. A jogadora
de basquetebol Clarisse Machanguana jogou na WNBA. A selecção moçambicana de
futebol disputou quatro vezes a Copa das Nações Africanas, mas nunca disputou uma taça
do mundo.

Feriados
Data Nome em português Notas

1 de janeiro Dia da Fraternidade universal Ano novo

3 de
Dia dos heróis moçambicanos Em homenagem a Eduardo Mondlane
fevereiro
7 de abril Dia da Mulher Moçambicana Em homenagem a Josina Machel

Dia Internacional dos


1 de maio Dia do trabalho
Trabalhadores

Proclamação da independência em
25 de junho Dia da Independência Nacional
1975 (de Portugal)

7 de Em homenagem à assinatura
Dia da Vitória
setembro dos Acordos de Lusaka

25 de Dia das Forças Armadas de Em homenagem ao início da luta


setembro Libertação Nacional armada de libertação nacional

Em homenagem ao Acordo Geral de


4 de outubro Dia da Paz e Reconciliação
Paz

25 de
Dia da Família Natal
dezembro

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