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Docente:
MSc. Samuel Baúque.
0.Introdução
0.1.Objectivos
0.1.1.Geral
Compreender o fenómeno de conflitos no seio da Frelimo de 1974 a 1986 em
Moçambique
0.1. 2. Específicos
Contextualização do conflito no seio da FRELIMO;
Explicar o início dos conflitos internos na Frelimo;
Descrever a intensificação do conflito interno na Frelimo em Moçambique.
0.2. Metodologias
grande campanha no Sul, a partir da capital. A ser este o caso, então a acção da
PIDE, em Dezembro de 1964, não só destruiu a possibilidade de insurreição mas
resolveu o debate no seio da Frelimo. Em Dezembro, numa série de razias, a PIDE
deteve 1800 activistas e destruiu mesmo a organização do partido no Sul. A partir
de então, desaparecera a opção de um golpe de estado a partir da capital (Forquilha
2020)
assassinio de oposi- tores políticos. Depois de perder a luta pelo poder dentro da
Frelimo, tornou-se o seu mais directo opositor.
ordens para não atacar alvos militares ou cidades bem defendidos, mas para sabotar
a infra-estrutura económica e a base para a economia rural. (Almeida, 1970, p. 85).
Ainda no mesmo contexto de Almeida (1970), clarifica que os seus ataques foram
desencadeados contra as estradas e os caminhos-de-ferro-o seu acto mais sensacional de
sabotagem foi a explosão da ponte do caminho-de-ferro sobre o Zambeze em 1983. Atacou
também cooperantes estrangeiros – matando ou raptando 100 em cinco anos até 1985.
No entanto, os seus alvos principais foram a população rural. Atacou aldeias comunais e
cooperativas, infra-estruturas sociais como hospitais, escolas e edifícios governamentais e
as instalações da economia rural, como os edifícios e os armazéns das plantações. Apesar
de os líderes da Renamo provirem maioritariamente dos Ndaus que falavam chona, as suas
fileiras eram cada vez mais preenchidas raptando jovens e rapazes das zonas rurais.
Em 1984, o seu número aumentara para entre 15 000 a 20000 e conseguia operar em todas
as partes de Moçambique apesar de estar concentrada na faixa central, destruindo a
economia de plantação da Zambézia e a rede ferroviária sediada na Beira.
Simultaneamente, a renamo começou a desenvolver-se como organização política.
Surgiram delegações em Lisboa, na República Federal da Alemanha e nos Estados Unidos,
que afirmavam representar o movimento além-mar e consta que a Remano terá realizado
um «congresso» onde foi definida a política. Duvida-se que a Renamo tivesse qualquer
existência como movimento político no início da década de 1980. Para os seus próprios fins
políticos, a África do Sul e a administração Reagan necessitavam que a Renamo possuísse
pela menos tanta credibilidade quanto um movimento anticomunista como a UNITA, o
veículo da política americana e sul-africana em Angola.
O mesmo autor diz que a RENAMO começou por ser um instrumento de agressão externa
por parte dos que se opunham à autodeterminação dos africanos negros, dos que lutavam
contra o alastramento do comunismo e dos que combatiam ambas as tendências. Fugidos da
descolonização moçambicana, alguns ex-colonos e militares refugiaram-se na Rodésia,
onde se estabelecera um governo racista condenado pela comunidade internacional.
Seria a partir dos refugiados do antigo regime colonial português e de jovens europeus
fanáticos, de tendência neo-nazi, que a Central Intelligence Office da Rodésia recrutaria os
primeiros membros da RENAMO. Para a Rodésia branca, era urgente, sob risco de
sufocação económica e política, enfraquecer o regime de Maputo. A esses receios juntou-se
desconforto da África do Sul, incomodada com a vizinhança de um regime de tendência
comunista que proferia discursos contra o apartheid. Os sul-africanos investiam na criação
em seu redor de um cordão sanitário de estados neutrais e até coniventes com a segregação
racial. (Idem, p.89-93).
Para Hedges (1999), esclarece que a RENAMO, porém, viria a autonomizar-se. Deu disso
provas em 1980, na altura da transformação da Rodésia em Zimbabwe, pois, ao transferir-
se para o território sul-africano, revelava uma atitude de independência, surpreendendo os
seus próprios criadores. Ao apresentar-se como a continuadora de Mondlane, atraiçoado
pelo governo, tendo como objectivo recuperar a legitimidade da revolução, foi bem
recebida pela população rural moçambicana; o apoio e a conivência com a guerrilha eram,
afinal, expressão do descontentamento vivido. Um dos graves desrespeitos sentidos pelo
povo fora a acção «desalienante», traduzida nas aldeias comunais, nos campos de
reeducação (veiculadores de valores frequentemente contrários aos tradicionais) e na
destruição das referências religiosas. (p. 85).
Segundo Forquilha (2020, p. 59), na sua viagem de regresso à Moçambique, o Tupolev Tu-
134, avião cedido pela União Soviética no qual Machel viajava, junto com muitos dos seus
colaboradores, despenhou-se em Mbuzini, nos montes Libombos, localizado em território
sul-africano próximo à fronteira com Moçambique. O acidente foi atribuído a erros do
piloto russo, mas ficou provado que este tinha seguido um rádio-farol, cuja origem não foi
determinada. Este facto levou a especulações sobre uma possível cumplicidade do governo
sul-africano. Então, Joaquim Chissano foi eleito como o sucessor de Machel. Chissano era
Ministro dos Negócios Estrangeiros desde 1975. (Idem, p. 110).
3. Conclusão
Terminado o trabalho conclui-se que, quando a Frelimo se formou não existia um acordo
entre os seus membros constituintes de que iria enveredar pela insurreição armada, e muitos
dentro do partido queriam uma campanha política e evitar o conflito armado. Existiam
profundas divisões, mesmo entre aqueles que acreditavam que a guerra era inevitável, a
respeito das tácticas a adoptar, pretendendo alguns uma insurreição urbana que se revelara
tão extraordinária na Argélia, outros uma rebelião popular, proporcionando a campanha de
guerrilha a maior hipótese de êxito. Tão-pouco se verificou, nesta fase, qualquer
compreensão ideológica da natureza do movimento, indo as opiniões desde aqueles que
viam a Frelimo como um movimento de bases amplas em prol da independência nacional
aos que estavam empenhados em o transformar num movimento pela revolução social. A
guerra que eclodiu depois da independência nacional em Moçambique e que se caracterizou
na desestabilização económica e militar, tem sido objecto de debates sobre o seu verdadeiro
conceito a atribuir. Neste aspecto, existem conceitos muito vulgares, dependem e variam de
cada autor. Há quem designa simplesmente de guerra, de guerra de desestabilização ou de
guerra civil.”
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4. Referências bibliográfica