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Introdução .................................................................................................................................. 3
CONVIVENCIA POLITICA EM MOCAMBIQUE, SEGUNDO PENSAMENTO
POLITICO DE SEVERINO NGOENHA
Conceito da política ................................................................................................................... 4
História política de Moçambique: da independência aos nossos dias ....................................... 4
Moçambique completou 47 anos de i ndependência ................................................................. 6
Moçambique: ameaças de insurgentes no norte do pais............................................................ 7
Causas do conflito ..................................................................................................................... 7
Elementos do Estado ................................................................................................................. 7
Pensamento Político de Severino Ngoenha ............................................................................... 8
Em busca da Liberdade Política ................................................................................................ 8
A convivência política em Moçambique ................................................................................. 11
Direitos ao exercício da cidadania........................................................................................... 12
Valores para boa convivência politica..................................................................................... 13
Conclusão ................................................................................................................................ 14
Referências bibliográficas ....................................................................................................... 15
Introdução
O presente trabalho da cadeira de Introdução a Filosofia, que tem como a temática
“convivência política em Moçambique, segundo pensamento político de Severino Ngoenha”.
Os pensadores da Filosofia política africana estão estreitamente ligada ao pan-africanismo. O
pan-africanismo, além de lutar pelo reconhecimento dos negros no mundo, traçou,
principalmente com Du Bois, linhas pala uma Filosofia política africana.
Nas últimas duas décadas, Moçambique conheceu transformações rápidas nas esferas política,
social e econômica. Embora sua economia, agora estagnada, pareceu estar crescendo a um
ritmo agradável por um par de anos.
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CONVIVENCIA POLITICA EM MOCAMBIQUE, SEGUNDO PENSAMENTO
POLITICO DE SEVERINO NGOENHA
1. Conceito da política
O conceito da “Política” tem a sua origem na palavra grega “Polis” que significa “Cidade”.
Assim etimologicamente a política é “a arte de governar a cidade.” Na Antiga Grécia,
“Política” traduzia-se normalmente, por República – para designar a organização, o regime
político, a constituição de uma cidade soberana, de uma comunidade ou Estado com
individualidade e autonomia própria.
Para Aristóteles (384 – 322 a.C.) todo o Homem é político. Para, ele a política – é a arte de
governar, ou seja, é ciência do governo.
Assim, a Política pode-se definir como o conjunto de acções levadas a efeito por indivíduos,
grupos e governantes com vista a resolver os problemas com que depara uma colectividade.
Além do domínio da Natureza, o poder é usado no domínio sobre os outros homens, sendo
assim, não é um fim em si mesmo, mas um meio para obter vantagens, é a posse dos meios. O
poder usa a força, a coerção.
Em 1990, foi aprovada uma nova constituição que transformou o estado numa democracia
multi-partidária. O Partido FRELIMO permaneceu no poder, tendo ganho por cinco vezes as
eleições legislativas e presidenciais realizadas em 1994, 1999, 2004, 2009 e 2014. A RENAMO
é o principal partido da oposição.
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De acordo com a constituição em vigor, o regime político em Moçambique é presidencialista:
o chefe de Estado é igualmente chefe do governo. No entanto, existe desde 1985 o cargo de
Primeiro Ministro, que tem o papel de coordenador e pode dirigir as sessões do Conselho de
Ministros na ausência do presidente..
Em meados de 1984 até o final de 1989 em Moçambique ocorreu uma guerra que passou a ser
chamada Guerra Civil, nesta época a RENAMO recebia apoio total das populações da região
centro e norte de Moçambique onde se fazia sentir a sua identidade político e a mesma tinha
ligação com o povo local. As ideais divulgadas pela RENAMO eram de consenso na população
e também eram em prol da conservação das culturas idiomas e tradições nacionais. Isso revelou
o compromisso que movimento tinha com a identidade moçambicana e construção de estado
inclusivo e moderno, contrariando o projeto de homem novo do regime de Samora Moises
Machel.
Esse período ficou essencialmente marcado por dois aspectos. Primeiro, a transformação do
movimento desestabilizador patrocinado por estrangeiros à um movimento armado auto -
sustentável, ao nível ideológico/político, funda-se uma RENAMO com programa político que
no quadro da Guerra-fria reclama democracia multipartidária como leit-motiv da sua luta.
“Também é neste período que se intensificou a guerra, depois das forças armadas da África do
Sul terem feito os últimos abastecimentos em material bélico para a RENAMO. A guerra
alastra-se em todo território nacional a RENAMO chega a controlar dois terços do país e o
movimento atingiu 20 mil grelheiros”, num país que tinha cerca de 5 milhões de população e
atingiu o recorde africano em números guerrilheiros em relação aos outros rebeldes africanos,
isso preocupou a FRELIMO e a comunidade internacional e começou a fomentar pressão para
pautar pelo diálogo para chegar ao fim da guerra e também alocar o regime político que o
movimento propunha.
A morte de Samora Machel no dia 19 de outubro de 1986 fez renascer a esperança do diálogo
com governo de Joaquim Alberto Chissano, porque para Samora Machel a guerra para ele se
ganhava na base de combate e não diálogo, o papel das igrejas na busca da Paz consolida-se e
os primeiros contatos para a Paz são encetados, primeiro com a África do Sul e segundo por
intermédio dos religiosos, governo Queniano, Tswana e Malawiano.
Entre final de 1989 a outubro de 1992 também reconhecidos como guerra civil, mas com outra
dinâmica diplomática, nessa época intensificação das ideias da busca da Paz estendeu-se até a
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aprovação da segunda constituição de 1990 e uma transição imediata do socialismo para
capitalismo, esta transição surge em resposta à exigência da RENAMO.
É neste contexto que a mineradora Vale e várias outras corporações transnacionais chegam ao
país. Alguns chamam isto de nova colonização silenciosa da África.
Nas últimas duas décadas, o país conheceu transformações rápidas nas esferas política, social
e econômica. Embora sua economia, agora estagnada, pareceu estar crescendo a um ritmo
agradável por um par de anos, o funcionamento básico das instituições do Estado e a
manutenção dos serviços essenciais nunca deixaram de depender da “boa vontade” da
comunidade doadora internacional, por meio de ajuda externa.
Desde 2016, essa ajuda passou a ficar condicionada quando o FMI e outros doadores
descobriram uma dívida ocultada de mais de 2 bilhões de dólares, contraída nos últimos meses
do mandato do anterior presidente, Armando Guebuza, conhecido pela sua inclinação aos
negócios. Acredita-se que estas dívidas foram contraídas para fins militares para proteger o
governo de uma oposição política militarizada, que pressionava mudanças institucionais
profundas.
Embora muito contestada, o governo de Moçambique logrou tornar essa dívida soberana,
mesmo que a sua contratação não tenha tido o aval do Parlamento. Há consensos entre analistas
de que as dívidas ocultas foram um mau negócio para o país, porém, as autoridades do
Judiciário não conseguem processar os agentes envolvidos.
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Há 4 anos atrás, Moçambique vem atravessando uma crise econômica severa. Esta situação
colocou o país num estado de vulnerabilidade, o que permite ao FMI e à comunidade doadora
internacional se aproveitarem da situação para impor medidas ao Estado Moçambicano.
Alguns chamam isto de interferência e desrespeito à soberania nacional.
c) Causas do conflito
Tal como sugerido noutros trabalhos, a descoberta de recursos naturais valiosos surge resposta
mais escolhida acerca das causas do conflito.
“Um total de 45% dos entrevistados disseram que a principal causa da insurgência foi a
descoberta de rubis e gás natural”, outros apontaram a disponibilidade de armas ilícitas (13%),
marginalização econômica (6%), ganância da elite (5%) e má governação (4%).
Segundo a opinião do ISS, as respostas sustentam a ideia de que o grupo militante Ahlu-Sunnah
wal Jama'a (ASWJ), apoiado pelo Estado Islâmico em Moçambique, “foram facilitados pela
chamada maldição dos recursos naturais: elevaram-se as expetativas da população, mas
aumentaram as desigualdades”.
Assim, “o que inicialmente era um pequeno grupo radical cresceu para se tornar uma grande
ameaça que afastou grandes multinacionais como a Total Energies”.
3. Elementos do Estado
A política implica o poder e este poder é exercido numa sociedade ou Estado com toda sua
complexidade.
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a) População – é o número de pessoas que habitam num determinado território. É designado
de povo, no sentido natural – a massa popular, multidão; e no sentido político – é a população
de um Estado que obedece as mesmas leis.
b.1. Governante – é qualquer funcionário publico que assume cargos de direcção que dirige
uma instituição pública. Segundo Pedro A. Neves (1977), “os governantes são aqueles que
definem a política e linhas de orientação, impõe normalmente a sua vontade como
mandatários legitimados pelo sufrágio universal.”
b.2. Governados - são todos aqueles que são dirigidos, que obedecem as leis traçadas, normas
e lutam para atingir o mesmo fim.
c) Constituição – é a Lei Magna (Lei mãe) de onde derivam as leis particulares de um país, a
lei fundamental de um Estado. É a estrutura de uma comunidade política organizada, é a ordem
necessária que deriva do poder soberano e dos órgãos que o exercem.
De acordo com Ngoenha, “a nossa participação na vida política para a definição da nossa
própria vida era passiva. O povo estava somente para alimentar e realizar a vontade dos outros,
nós eramos apenas instrumentos nas mãos dos que tinham o direito de programar e escolher o
seu próprio futuro, o nosso futuro definia-se em função do futuro deles” (NGOENHA, 1993,
p.10).
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eram como estados arcaicos. Por isso, para Ngoenha, os escritos de Tylor, Morgan e Lévy-
Bruhl são resultado desse eurocentrismo.Desta forma, o Evolucionismo inspirou os grandes
impérios coloniais, Grã-Bretanha e França na abertura de institutos para formarem especialistas
em Etnologia, para evitar uma colonização cega. Isto era, para os etnólogos “um esforço para
limitar os desgastos e respeitar as estruturas autóctones” (NGOENHA, 1993:53).
Essa luta pela libertação contou com W.E.B. DuBois como primeiro promotor, em 1903, cujo
objectivo era a integração do negro no contexto americano, lutando por uma igualdade
completa das raças nos EUA, com os surrealistas, em Paris que defendiam que a arte deve
libertar-se das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, com Senghor,
para o qual a política era simplesmente um aspecto da cultura e, com Edward Wilmont Blyden,
considerado o pai do pensamento político africano.
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pressupõe liberdade igual de todos e de cada um. Nesse contexto, a realidade democrática é
tida como proporcional ao espaço reservado às liberdades e às iniciativas dos cidadãos e dos
grupos.
O paradigma libertário proposto por Ngoenha, perderia a sua razão de ser se não acreditasse
na liberdade do homem. Ela tem como função simplesmente orientar o homem nas suas
escolhas e nas suas políticas. Assim, a perspectiva útil e significativa para Ngoenha, tem que
ser necessariamente libertadora, permitindo desta forma, a construção do futuro à imagem da
nossa vontade (Idem, p.176). Sendo assim, as liberdades dos indivíduos e dos grupos são o
único e exclusivo medium entre o sistema político, social e institucional. Contudo, é necessário
que haja uma boa gestão projectada de direitos, de forma a contribuir e permitir que os
indivíduos e os grupos sociais participem activamente nos assuntos da política, da sociedade e
do Estado, como fautores da sua própria história.
Para Ngoenha (1993), a liberdade não só deve ser compreendida em função da negação
defendida pelos negros afro-americanos acima descritos em relação à escravatura, mas também
defendida por pensadores que a requisitaram no derradeiro momento do colonialismo. Trata-
se do ganês Kwame Nkrumah que defendeu uma identidade geopolítica ligada a novas relações
de tal personalidade com o resto do mundo; o surgimento do consciencismo com o objectivo
de promover o desenvolvimento harmonioso da sociedade africana; Franz Fanon em apoio à
negritude e com escritos de Césaire.
Em síntese, o pensamento do autor pode ser compreendido a partir dessas categorias: filosofia
historicista, política, liberdade e democracia. De salientar que a liberdade tem sido o ponto de
fundo de cada categoria aqui descrita como uma Auto libertação, se quisermos parafrasear
Castiano, para podermos compreender o futuro.
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5. A convivência política em Moçambique
Ao longo dos anos, Moçambique tem enfrentado sérias dificuldades no estabelecimento de um
governo estável e democrático no país.
O país conquistou sua independência somente em 1975, quinze anos depois da maioria dos
países africanos, tendo o poder colonial deixado poucos recursos para trás. Na sequência, o
país foi quase imediatamente envolvido numa sangrenta guerra civil, em grande parte
financiada pelos regimes brancos minoritários da Rodésia e, depois, África do Sul. Desde o
final dos anos 1980s, quando as principais forças políticas do país deram início a negociações
para a assinatura de um acordo de paz, e quando iniciou-se um processo de transição em
direcção ao estabelecimento de uma democracia de cariz liberal e uma economia de mercado
no país, Moçambique tem passado por um série de mudanças políticas e económicas de relevo.
Os processos de reconciliação e reconstrução nacional, assim como a transição democrática,
têm trazido consigo imensos desafios, os quais, contudo, não têm impedido o país de obter
considerável sucesso em várias áreas, num esforço que tem sido corretamente elogiado
nacional e internacionalmente: três eleições gerais e três eleições autárquicas foram realizadas
sem maiores conflitos e com poucos (embora houve alguns) incidentes mais sérios que
ameaçassem a sua legitimidade. Mesmo quando se considera o facto de que os partidos
políticos de oposição, alguns analistas de imprensa e académicos levantaram sérias dúvidas
acerca da justeza e transparência de alguns dos aspectos destas eleições, elas foram
reconhecidas por observadores nacionais e internacionais como, no geral, livres e justas.
Ademais, o desempenho económico do país tem sido impressionante, com taxas de
crescimento do PIB atingindo, em média, 7% ao ano na última década, e com os níves de
pobreza –apesar de ainda altos- tendo sido reduzidos de 69% em 1996-7 para 54% da
população do país em 2003. Grandes desafios, contudo, ainda existem. A pobreza continua a
afectar a maioria da população e os níves de desiguldade têm crescido.
No cenário político, a falta de confiança entre as duas forças políticas anteriormente em guerra,
a FRELIMO e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), continua bastante alta.
Entretanto, a FRELIMO tem aumentado o seu domínio da arena política: nos próximos anos,
o multipartidarismo corre o risco de tornar-se em pouco mais que a coexistência entre um
partido dominante e vários outros partidos menores e com pouca força política, a democracia
no país tornando-se bastante vulnerável ao grau de democracia no seio da FRELIMO. Ainda,
se importantes arranjos políticos para a participação popular foram estabelecidos, incluindo
passos para a uma maior descentralização do governo aos níveis locais, assim como o
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envolvimento da sociedade civil em alguns processos governamentais, estes arranjos estão
ainda na sua fase embrionária, muitos deles sendo pouco mais que mecanismos de consulta:
não há nenhum compromisso do Governo em seguir suas recomendações. Adicionalmente, a
participação popular nos processos políticos formais está declinando: há uma tendência
preocupante em direção a um menor número de votantes nas eleições gerais.
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6. Valores para boa convivência politica
A política hoje está submetida a um cerco que, antes de tudo, é estrutural. Nós passamos a
viver em contextos cuja organização demole as condições de reprodução da política tal como
nós a conhecemos até então. Refiro-me às bases da democracia representativa.
A principal base da democracia representativa é o voto direto, ou seja, o meio pelo qual a
população pode apreciar todos os candidatos a representantes do povo e escolher aqueles que
consideram mais aptos para representá-los.
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Conclusão
Terminando o trabalho vale a pena realsar que no âmbito da independência a guerra findou-se
com a assinatura dos “Acordos de Lusaka”, em Setembro de 1974. Nesse período foi
estabelecido um governo provisório composto por representantes da FRELIMO e do governo
português, até que no dia 25 de Junho de 1975, foi proclamada oficialmente a independência
nacional de Moçambique.
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Referências bibliográficas
ALBERTO, Gino. Filosofia e Democracia na perspectiva de Severino Ngoenha: uma análise
crítica sobre os novos desafios da democracia na actualidade.Beira, Monografia Científica,
2012.
COELHO, João Paulo Borges. Memory, history, fiction: a note on the politics of the past in
Mozambique. In: RENCONTRE INTERNATIONALE: IL ÉTAIT UNE FOIS LES
INDÉPENDANCES AFRICAINES… LA FIN DES EMPIRES?, 21-22 de outubro de 2010.
Anais. Paris: EHESS, 2010.
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