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A desestabilização de Moçambique pelo regime do apartheid no contexto da guerra


fria
Depois da independência, Moçambique adoptou o socialismo como ideologia política,
tornando-se por essa via aliado do bloco comunista.
Assim, Moçambique teve, após a independência, relações tensas com a África do Sul e
com o bloco capitalista no geral caracterizadas por conflitos e divergências ideológicas.
Foi nesse contexto que iniciou em Moçambique uma guerra que opunha a Resistência
Nacional de Moçambique (RENAMO), apoiada pelos regimes minoritários e racistas da
Rodésia do Sul e da África do Sul e o governo de Moçambique.
Em 1984, foi assinado O Acordo de Inkomáti entre Moçambique e África do Sul,
representados pelos respectivos presidentes, Samora Machel e Pieter Botha.
Infelizmente, a guerra em Moçambique continuou e só terminou em 1992, quando o
então presidente de Moçambique, Joaquim A. Chissano, e o então presidente da
RENAMO, Afonso M. Dhlakama, sob a mediação da Comunidade de Santo Egídio,
assinaram o Acordo Geral de Paz (AGP), em Roma.
Os países da Linha de Frente
A ideia de Estados da Linha da Frente surgiu no Comité de Libertação da Organização
da Unidade Africana (OUA) e também do papel desempenhado pela Tanzânia como
retaguarda de apoio aos movimentos de libertação da África Austral, em especial no
apoio à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Nesse sentido, no ano de 1976 Angola, Moçambique, Botswana, Tanzânia e Zâmbia
decidiram criar os Estados da Linha da Frente. O objectivo da organização era
coordenar esforços, recursos e estratégias de apoio aos movimentos de libertação que
actuavam na região.
A Coexistência Pacífica

Os países do terceiro mundo diante da guerra fria


Terceiro Mundo é a expressão usada desde 1952 para designar ao conjunto de países
não desenvolvidos, para os quais a guerra fria não era benéfica para o seu
desenvolvimento.
Assim, em 1955, na Indonésia, realizou-se a conferência de Bandung, reunindo os
países recém-independentes que adoptaram o ideal da neutralidade no conflito Leste-
Oeste – o não alinhamento.

Movimento dos países não-alinhados

Não-alinhamento foi uma política adoptada pela maioria dos países recém-
independentes no sentido de se libertarem do jogo de influência dos blocos americano e
soviético. Teve origem na conferência de Bandung (1955) e se concretizou oficialmente
na Conferência de Belgrado (1961). Nesta conferência adoptou-se os seguintes
princípios:

 Reafirmação do direito de autodeterminação dos povos;


 Defesa dos princípios de soberania nacional e de cooperação entre as nações;
 Apelo à formação de um novo bloco capaz de resistir à ingerência e ao domínio
das superpotências.
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Fim da Guerra Fria


No início da década de 1970 as relações entre a URSS e os EUA ganham novo ímpeto.
Os presidentes Richard Nixon (EUA) e Leónidas Brejnev (URSS) iniciaram a
aproximação através de conversações entre as duas superpotências.

Os caminhos e a conquista da Paz em Moçambique

O papel das Igrejas, com especial destaque para as igrejas protestantes e católica, foi
determinante neste processo, foram várias tentativas para a negociação de paz, mas
sempre houveram alguns desentendimentos. A falta de confiança entre as partes viria a
bloquear o processo negocial.
As negociações entre o Governo de Moçambique e a RENAMO e a assinatura do
Acordo Geral de Paz em Roma
Após vários falhanços, o Governo moçambicano mostrou-se disponível a enviar uma
delegação a Roma para se encontrar com a RENAMO. Por seu lado, a RENAMO
manifesta a mesma disponibilidade para que os encontros se realizassem naquela cidade
europeia.
Delegações participantes no acordo geral de paz
 Governo Moçambicano - Armando Guebuza, Teodato Hunguana, Aguiar Mazula e
Francisco Madeira.
 RENAMO - Raúl Domingos, Vicente Ululu, Agostinho Murrial e João Francisco
Almirante.
 Observadores Mediadores - MárioRaffaelli, Jaime Goncalves, Andrea Riccardi,
MatteoZuppi,

Assinatura de acordo geral de paz em Roma


O Acordo Geral de Paz assinado em Roma, em 4 de Outubro de 1992, não era um
documento único, mas o resultado da assinatura de sete protocolos, bem como quatro
comunicados e declarações conjuntas.
A Constituição de 1990 e o multipartidarismo em Moçambique
Assim, com a nova Constituição, que entrou em vigor em 1990, foi alterada a
designação de República Popular de Moçambique para República de Moçambique, ao
mesmo tempo que foi introduzido o multipartidarismo. A partir de agora, o cargo de
presidente seria escolhido em eleições gerais. O presidente passava a ser eleito por
períodos de Cinco anos e só poderia ser reeleito duas vezes.
A nova Constituição alterou também a estrutura centralizada do Estado. Anteriormente,
todos os órgãos políticos locais estavam sob a tutela das respectivas instituições
provinciais e centrais. Estabeleceu-se então uma estrutura descentralizada, existindo
dois processos de escolha diferentes:

 O primeiro diz respeito à escolha de deputados à Assembleia e de um presidente;


 O segundo consiste num sistema de eleições deve escolher as instituições locais
soberanas na sua região. Este documento incluía também regras sobre a:
 Liberdade de imprensa;
 O direito dos cidadãos à informação;
 O direito à greve;
 A liberdade religiosa;
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 O princípio do mercado livre e da propriedade privada, reservando-se ao Estado


o papel regulador e de promoção do bem-estar social;

No mês seguinte, foi aprovada a Lei sobre os Partidos Políticos, a qual criou a base para
a sua organização e actividades. Pela lei aprovada, os partidos deveriam ter uma
abrangência nacional, não poderiam prosseguir uma política separatista ou ter a sua base
assente em grupos regionais, étnicos, tribais, racistas ou religiosos. No seguimento
destas mudanças constitucionais, ocorrem também outras alterações económicas e
políticas, de modo a satisfazer as exigências das grandes instituições internacionais e
outros doadores, bem como da própria RENAMO.

 Samora Moisés Machel – foi o primeiro presidente de Moçambique, nasceu em


Xilembene, província de Gaza, em 29 de Setembro de 1933 e morreu no dia 19
de Outubro de 1986.
 Eduardo Chivambo Mondlane – foi o primeiro presidente do partido
FRELIMO, nasceu no dia 20 de Junho de 1929 em Manjacaze, província de
Gaza e morreu no dia 3 de Fevereiro de 1969

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