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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Pensamento político Idade Moderna

Bombeiro Donato Triqueiro, Código:: 708220005

Nampula, outubro, 2022


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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Pensamento político Idade Moderna

Bombeiro Donato Triqueiro Código: 708220005

Trabalho 1 de carácter avaliativo a ser


apresentado na Disciplina de História das
Instituições Politicas I, turma L, curso de
Licenciatura em Ensino de História,
regime Híbrido, 1º ano, 2º semestre,
leccionada pelo:

Tutor: Maria Teresa Salite

Nampula, outubro, 2022


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Índice

I. Introdução...............................................................................................................................4

1.1. Objectivo geral do trabalho:.............................................................................................4

1.2. Objectivos específicos do trabalho:..................................................................................4

1.3. Metodologia:...................................................................................................................4

II. PENSAMENTO POLÍTICO IDADE MODERNA..............................................................5

2.1. Principais Caracteristicas Politica da Idade Moderna......................................................5

2.2. Principais acontecimentos que marcaram a idade moderna.............................................6

2.3. O Pensamento Político tendo como base os seus pensadores..........................................8

2.4. Acções de Nicolau Maquiavel como Pai da Filosofia Moderna....................................12

III. Conclusão...........................................................................................................................16

IV. Referências bibliográficas..................................................................................................17


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I. Introdução

A política é de extrema importância para a organização de um povo. Desde os primórdios,


povos do mundo inteiro enfrentavam sucessivas guerras civis, graças a uma desorganização
governamental. Porém, isto começou a mudar quando o imperador César Augusto passou a
implantar uma reorganização política a fim de estabelecer a paz em seu reino. Eis que surge a
primeira forma de regime político. Numa conceituação moderna, política é a ciência moral
normativa do governo da sociedade civil; Outros a definem como conhecimento ou estudo
"das relações de regularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas
em torno do poder do Estado e entre os Estados". Nesta vertente este trabalho tem como tema:
Pensamento político Idade Moderna.

É de referir que o trabalho goza da seguinte estrutura:

I. Introdução;
II. Desenvolvimento do trabalho;
III. Conclusão;
IV. Referências bibliográficas.

1.1. Objectivo geral do trabalho:

 Compreender o Pensamento político na Idade Moderna e a visão politica de alguns


pensadores.

1.2. Objectivos específicos do trabalho:

 Caracterizar a Politica Moderna;


 Apresentar principais acontecimentos que marcaram a idade moderna;
 Descrever o Pensamento Político tendo como base os seus pensadores;
 Avaliar as acções de Nicolau Maquiavel como pai da filosofia moderna.

1.3. Metodologia:

Para a concepção deste trabalho, usou – se o método de consulta bibliográfica em que as obras
consultadas serão apresentadas no final deste trabalho.
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II. PENSAMENTO POLÍTICO IDADE MODERNA

Cronologicamente falando, a Idade Moderna é o período que se estendeu de 1453 a 1789. A


visão clássica dos historiadores determinou diversos marcos que são acontecimentos de
passagem, isto é, que delimitam o fim de um período e o começo de outro. No caso da Idade
Moderna, esses marcos são: a conquista da cidade de Constantinopla pelos otomanos no ano
de 1453; A tomada da Bastilha pela população parisiense no ano de 1789. (MEDEIROS,
2015).

No campo político, mudanças significativas também aconteceram. O rei se fortaleceu e as


nações que surgiram se estruturaram ao redor desse monarca absoluto. É, portanto, o período
do absolutismo e de reis imponentes, como Luís XIV, que se autodefinia como Rei Sol.
Significativo também foi o papel de muitos intelectuais que criaram construções ideológicas
para sustentar o poder dos reis. Em termos políticos, devemos ressaltar que Absolutismo era
forma de governo estabelecida. Nele, as palavras do Rei valiam enquanto lei e sua vontade e
desejo eram uma ordem. Essa forma de dominação era fundamentada pelas teorias de
"predestinação divina", que apontavam o rei como eleito de Deus e textos laicos, como o de
Nicolau Maquiavel, autor de “O Príncipe”. (AGUIAR, Lilian P, 2012).

Nessa obra, ele demonstra formas de governo aos príncipes para que eles pudessem manter-se
soberanos no seu respectivos reinos. Vale lembrar que em aproximadamente quatro séculos,
os monarcas europeus observaram seu poder ruir por meio de várias revoluções liberais, até
que a Revolução Francesa inicia o processo que derrubará definitivamente o Antigo Regime.

É preciso entender que as transições pelos períodos não marcam uma ruptura total entre duas
formas de organização social, política e econômica. Ao contrário, há muitas permanências
também. Segundo o historiador Jacques Le Goff, aspectos medievais permaneceram na
França até o século XIX. (Aguiar, 2022).

2.1. Principais Caracteristicas Politica da Idade Moderna

Assim como o conceito de Idade Moderna se refere a eventos europeus, é preciso entender
que cada nação viveu esta época à sua maneira. O que não impede de podermos fazer
classificações gerais levando em consideração algumas características comuns ao período.

- Existência de um governo centralizado nas mãos de um rei (monarca). Essa forma de


organização é também conhecida como Monarquia Nacional;
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- O rei controlava as áreas jurídica, econômica e até religiosa (definia a religião oficial do seu
país);

- Houve uma significativa união política entre a monarquia e o clero.

- Existência de privilégios para a nobreza e o clero;

- Criação E manutenção de sistema monetário (de moedas) unificado. Ou seja, cada nação
passa a ter sua própria moeda;

- União, baseada em troca de favores e interesses, entre a nobreza e a burguesia;

- Existência de um exército forte e unificado, que era controlado pelo poder real;

- Sistema administrativo centralizado;

- Surgimento do nacionalismo, com o advento da ideia de nação;

- Definição, fiscalização E proteção sobre as fronteiras;

- Surgimento das línguas nacionais;

- Sistema tributário baseado na cobrança de elevada carga tributária sobre os mais pobres
(camponeses, pequenos comerciantes e trabalhadores livres);

- Surgimento da burocracia estatal;

2.2. Principais acontecimentos que marcaram a idade moderna

Para ser ainda mais preciso, a Idade Moderna é iniciada no mundo por volta de 1453, logo
após a queda do Império Bizantino e a posterior conquista do Império Turco-Otomano da
cidade de Constantinopla. Sobre esse período, vale lembrar que, de início, a Idade Moderna
surge como uma oposição à fase anterior (Idade Média) e desponta com o objetivo de
retomada das características da sociedade vividas na Antiguidade greco-romana (a qual era
considerada por muitos como o ápice cultural da humanidade). (AGUIAR, Lilian P, 2012).

Outro marco nessa fase da história é o início por parte dos europeus das Grandes Navegações
e a cultura de expansão marítima, viabilizando assim a conquista de importantes continentes
(América e África). Com isso, é possível afirmar que a Idade Moderna foi um momento
propício para o acúmulo de riquezas por parte dos países europeus, até porque eles passaram a
explorar as riquezas de centenas de colônias pelo mundo. (CAVALCANTI, 2022)

Uma boa associação de ser feita é relacionar a Idade Moderna (principalmente devido ao seu
grande acúmulo de riquezas) com a criação de bases para o início da mentalidade capitalista
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no mundo, demarcando assim a profunda modificação das práticas econômicas da época


(produção agrária e rural perdendo espaço gradativamente para um esboço de estilo mercantil
e industrial).

Desta forma, a Idade Moderna criou importantes alicerces para o início de uma outra fase
histórica da sociedade (Idade Contemporânea), a qual teve início por volta de 1789 em meio à
Revolução Francesa e no auge da Revolução Industrial. (CAVALCANTI, 2022).

De maneira geral, a descentralização política que foi a norma na Europa medieval e fortaleceu
a nobreza foi revertida para uma centralização política cada vez maior. Isso deu origem ao
Estado Moderno e ao Antigo Regime.

A Idade Moderna colheu os frutos do Renascimento que foi seu movimento cultural
característico. Ele estabeleceu uma compreensão humanista da realidade, que transformou a
forma como se via a vida. Nas questões intelectuais, foi durante a Idade Moderna que surgiu a
Filosofia Iluminista, as discussões sobre a natureza dos conhecimentos, vistas nas disputas
entre racionalistas e empiristas e a invenção da imprensa. (HUNT & SHERMAN, 1993).

Renascimento cultural: foi um movimento artístico e intelectual que esteve em vigor durante
os séculos XIV e XVI, tendo como origem a Itália. Seus principais aspectos são: o
humanismo, o racionalismo e a valorização da antiguidade.

Renascimento comercial: durante a Idade Média o comércio ficou retraído, pois a base da
economia era o feudo e ela não era monetarizada. Com o crescimento das cidades, houve a
expansão do comércio e o surgimento da classe burguesa.

Centralização do poder político: O poder do rei cresceu no final do século XIV,


principalmente com o crescimento das guerras na Europa, como a Guerra dos Cem anos.

Reformas Religiosas: A Idade Moderna foi palco da quebra da unidade religiosa que havia
na Idade Média. Várias denominações religiosas surgiram após críticas à Igreja Católica e
com a ajuda de reis que desejavam menos controle da religião nos assuntos políticos.

Expansão marítima: com a centralização do poder político, os reis passaram a financiar


expedições comerciais para outros continentes, como África e Ásia.

Colonialismo: as expedições comerciais levaram a lugares desconhecidos, que foram


tomados pelos europeus, onde eles estabeleceram colônias.
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Foi durante este período também que aconteceram revoluções políticas, como a Revolução
Puritana na Inglaterra e a Revolução Americana. Esta última terminou com a independência
dos Estados Unidos da América.

Sobre os fatos mais importantes ocorridos na Idade Moderna, podemos destacar:

 Revolução Francesa;
 Iluminismo;
 Grandes Navegações;
 Reforma Protestante;
 Absolutismo.

2.3. O Pensamento Político tendo como base os seus pensadores

Segundo GUERRA (2021), na era moderna, a prática da democracia foi transferida da


pequena cidade-estado para a escala muito maior do Estado nacional, o que implicou o
surgimento de um conjunto novo de instituições políticas. Os limites e as possibilidades das
instituições democráticas passaram a ser pensados no nível do funcionamento de sociedades
complexas, dotadas de grandes governos, impessoais e indiretos. Tornou-se impossível o
exercício direto da democracia pelos cidadãos como era realizado nas pequenas cidades-
estados gregas.

O autor acima citado sustenta que foi-se afirmando no pensamento político moderno a ideia
de que a única forma de democracia possível era um governo representativo. Na concepção
moderna de democracia, o acto de governar e legislar é delegado a um grupo restrito de
representantes eleitos por períodos limitados, directa ou indirectamente, pelos cidadãos. Ou
seja, a soberania do povo se dá por meio dos representantes que pelo povo são eleitos.
Nesse sentido, a liberdade individual e a igualdade de condições são consideradas os
principais valores democráticos e os princípios que sustentam essa forma de governo. No
pensamento político moderno, a democracia é vista em oposição às formas absolutistas e
ditatoriais de governo.
O estado democrático é concebido com o objetivo de garantir certos direitos fundamentais à
cidadania, geralmente divididos em direitos civis, políticos e sociais. Entre os direitos civis
estão a liberdade de expressão, de imprensa, de associação e de reunião e proteção contra a
prisão arbitrária.
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Os direitos de votar e de ser eleito para um cargo no governo são exemplos de direitos
políticos. Já os direitos sociais são aqueles relacionados à educação, saúde, alimentação,
moradia, transporte, segurança, lazer, etc. Nos últimos séculos, a luta por democracia nas
nações modernas tem se dado no âmbito da conquista, garantia, universalização e ampliação
dos direitos civis, políticos e sociais.

 O Pensamento Platônico e Sua Influência na História Política


A concepção política de Platão, segundo Helferich (2006), é basicamente idealista. Ele
idealiza uma cidade opulenta e saudável em que cada um atue conforme sua natureza e no
momento oportuno. Esta seria sua cidade ideal. Esta seria sua cidade justa.
Para Platão (2000), a justiça nada mais é do que a harmonia que deve se existir entre as quatro
virtudes: a moderação, a coragem, a sabedoria e a própria justiça. Essas quatro virtudes (que
devem estar presentes no Estado ideal) analisadas por Platão são uma continuidade do
pensamento socrático a respeito da vida virtuosa. Aquilo que Sócrates analisa no indivíduo
em particular, Platão estende ao Estado como um todo (HELFERICH, 2006).
Platão (apud HELFERICH, 2006) distingue cinco formas de governo, são elas: a aristocracia
(governo de uma classe privilegiada), a timocracia (governo dos ricos), a oligarquia (governo
de um pequeno grupo), a tirania (governo injusto, cruel e às vezes ilegítimo) e a democracia
(governo do povo).

Na concepção de Platão a melhor das formas de governo é a aristocracia (governo dos


privilegiados ou dos melhores). Com relação a Aristóteles, pode-se dizer que ele foi o
primeiro grande sistematizador da política. Aristóteles, ao contrário do seu mestre Platão,
voltou suas atenções para o mundo físico, analisando a política de uma maneira muito mais
realista do que seu mestre (HELFERICH, 2006).

Segundo Platão todo homem que desejasse tornar-se um bom estadista, precisava ser um bom
conhecedor do Bem, o que só seria possível mediante a combinação da disciplina moral e
intelectual. Segundo os princípios platônicos muita educação era fundamental para o
desenvolvimento de um bom governante. Se não fosse assim certamente se corromperiam
quanto chegassem ao poder. Deve o poder ser exercido como resultado do acúmulo de
conhecimentos sobre o Bem e não pelo desejo de ter o poder pelo poder.
Platão não acreditava que a democracia ateniense era a melhor ideologia para reger a polis.
Fora ela que condenou a morte o homem que ele mais estimava. Ele também disse ser a
timocracia (governo dos donos da terra) uma forma equivocada de se praticar a política. De
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igual modo refutou a oligarquia (governo dos ricos para os ricos), também não entendia que a
tirania (mais associada ao governo dos reis – monarquia) seria a forma mais saudável de
governo para a cidade. Platão defendeu que somente uma aristocracia (governo dos
melhores), ou aristocracia intelectualizada, estabeleceria uma maior qualidade política
gerando o Bem na Polis. (FERREIRA; GUANABARA; JORGE, 2013)

 Erasmo de Roterdão (1466-1536) e o humanismo Cristão

O pensamento político- Erasmo postula a conceção religiosa do mundo, uma ética da ação
política e defesa da paz. Não sendo filosofo político, preocupa-se com um regresso à moral
política. Um dos seus grandes temas de interesse será a educação fazer governante-Visão
cristão do poder: Cristo-papa, bispo e clérigos- príncipes temporais do povo.

Para Erasmo os governantes não estão acima da lei nem afastados de obrigações morais- o
governador pela virtude. Importância da educação do jovem príncipe- importância da
capacidade de governador na declaração e um bom príncipe secundariza a linhagem, riqueza
ou aparência. No entanto sendo uma monarquia hereditária o regime mais usual não havendo
possibilidade de escolha dos governantes é reta a compensação da educação dos príncipes
(chave do bom governo).

Exortação ao príncipe cristão- depois de educado e já reinante o autor recomendando vários


princípios éticos. Reino, domínio, autoridade imperial, majestade, poder são palavras como
pagãs, não crista; administrador, bondade e proteção são cristas. Árbitros e o bom príncipe e
ao tirano- condena-se, frontalmente, uma tirania. A melhor forma de governo é a monarquia,
não absoluta, mas mitigada (regime misto-controle pela aristocracia e pela democracia) - tal
impedir uma tirania. A defesa da paz- elogia a paz e defender-apara a Europa do seu tempo.
Propõe uma noção de arbitragem internacional em caso de conflitos, realizada pelas
autoridades eclesiásticas. Noção de Guerras defensivas.

 Martinho Lutero (1483-1546) -Antidogmático

A sua obra não é marcadamente política, mas interessa-se pelas relações entre o Estado e o
plano espiritual. É considerado um precursor do reforço do poder civil e dá o mote para o
corte definitivo nas relações entre o poder temporal e religioso de traça medieval, embora
muito inovador no plano teológico (quebrando dogmas da Igreja) é muito conservador no
plano político social,-se sempre do lado da autoridade dos príncipes no reforço do seu poder
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civil dos senhores contra os camponeses que exigiam melhores condições de vida. A
revolução teológica baseou-se na ideia de quo homem só se salva pela fé.

Exaltação do poder temporal é aspecto essencial no pensamento de Lutero. Apresenta-se em 2


primados:

1. Princípio da legalidade ao poder civil - a autoridade é essencial para regular a vida


civil- travar os excessos pois o homem é pecador e as suas ações abundam na limpeza.

2. O Poder civil esta livre da influência do poder espiritual. Deus reina sobre as almas
e o príncipe sobre os corpos e bens. O reino de Cristo não e deste mundo e o poder
espiritual não deve copiar os modelos da autoridade civil Papa não é o Rei.

O Reino de Deus é o da graça, misericórdia, perdão, alegria, paz, serviço dos outros e amor; O
reino do Mundo da doença e castigo, repressão e julgamento deforma a punir os maus e
proteger os bons. O poder, na posse dos senhores e príncipes é o símbolo de controle e faça
castigo deforma a manter a paz.

O homem é mau por natureza e o governo e a autoridade servem para ajudar a manter a paz
social- proteger os bons e castigar os maus. A monarquia absoluta e o Estado moderno um
poderoso aliado.

 Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel foi um dos principais autores de sua época, o Renascentismo, que consiste
em um intermédio entre a Idade Média e a Modernidade. Defensor do absolutismo e de ações
duras e austeras por parte de um governante quando necessário, Maquiavel foi injustiçado ao
entrar para a história como o patrono da expressão “maquiavélico”, utilizada para designar
alguém capaz de tudo pelo poder.

Para Maquiavel, a conservação do poder nas mãos de um bom governante, mesmo que em
situações de maior controle, é condição necessária para a conservação da ordem política.
Em sua teoria política, Maquiavel destacou a importância de se manter o poder, ou seja, do
governante manter-se no governo, para que o Estado e a ordem social sejam preservados. Ele
se destacou como um teórico do absolutismo, mas é necessário observar o porquê: mais por
conservação da ordem do que por concordar com qualquer formação de privilégios políticos.
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Assim como outros renascentistas, ele inovou ao separar o domínio religioso dos demais
domínios.

No caso, Maquiavel foi importante por separar o domínio religioso do domínio político. Isso
foi inaugurado pelos humanistas cívicos que surgiram com o Renascimento.
A Itália constituída por pequenas repúblicas e cidades, cada uma delas com o seu regime de
estado resultando na fase de instabilidade política uma. Savonarola e o fanatismo religioso.
A novidade do sistema está no fato de Maquiavel ter sido o primeiro da história e sociedade
como fatos puramente humanos e naturais, livres de qualquer influência sobrenatural e
libertando a politicadas questões da teologia.

 Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 – 4 de dezembro de 1679)

Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se
concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. O Estado não pode estar
sujeito às leis por ele criadas pois isso seria infringir sua soberania. Para ele, a Igreja cristã e o
Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de
interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto. Neste sentido, critica a
livre interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de certa forma, enfraquecer o
monarca. Sua filosofia política foi analisada pelo cientista político Richard Tuck como uma
resposta para os problemas que o método cartesiano introduziu para a filosofia moral. Hobbes
argumenta que só podemos conhecer algo do mundo exterior a partir das impressões
sensoriais que temos dele ("Só existe o que meus sentidos percebem").

Segundo Hobbes, o ser humano não nasce livre, pois somente podemos nos considerar
realmente livres quando somos capazes de avaliar as consequências, boas ou más, das nossas
ações. Hobbes ainda escreveu muitos outros livros falando sobre filosofia política e outros
assuntos, oferecendo uma descrição da natureza humana como cooperação em interesse
próprio. Foi contemporâneo de Descartes e escreveu uma das respostas para a obra
Meditações sobre filosofia primeira, deste último.

2.4. Acções de Nicolau Maquiavel como Pai da Filosofia Moderna

O pensador político mais original e influente foi, sem sombra de dúvidas, o florentino Nicolau
Maquiavel (1469-1527), autor de um dos maiores clássicos da teoria política de todos os
tempos, “O Príncipe”, escrito em 1513, e publicado posteriormente, em 1532. (Pinto, 2010)
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Dada a sua relevância, como se pode imaginar, muitos foram os pontos de vista dos
estudiosos sobre a sua obra política. Alguns se esforçaram em mostrar que ele não fez mais do
que descrever o funcionamento dos Estados reais, outros deixaram claro que ele separou a
Política da Ética, mas, de uma forma generalizada, há que se concordar que o grande feito de
Maquiavel foi propugnar pelo abandono dos parâmetros morais do universo político, o que
implicou na volta a um estado de competição regulado unicamente pelo desejo da conquista.
Maquiavel viveu em um período de total falta de estabilidade política. A Itália, tal como a
concebemos política e geograficamente nos dias de hoje, não existia, encontrando-se
fragmentada em principados e repúblicas onde cada um possuía sua própria milícia, o que
gerava constantes disputas internas e a hostilidades. (PLATÃO., 2000).

O Príncipe tem provocado inúmeras interpretações e controvérsias. Uma leitura mais


superficial nos oferece uma visão de defesa do absolutismo e do mais completo imoralismo, o
que, inclusive, levou à criação do mito do “maquiavelismo” que tem atravessado séculos.
Vale lembrar que na linguagem popular, chamamos pejorativamente de “maquiavélico”
àquele indivíduo sem escrúpulos, traiçoeiro, astucioso que, para atingir seus fins, usa da
mentira e da má-fé, sendo capaz de enganar tão sutilmente que pode fazer-nos pensar que
agimos livremente quando, na verdade, estamos sendo manipulados.

Contrapondo-se à análise pejorativa do maquiavelismo, Rousseau, no século XVIII, trouxe à


luz uma nova interpretação de O Príncipe, afirmando tratar-se de uma sátira, sendo que a
verdadeira intenção de Maquiavel seria a de desmascarar as práticas despóticas, ensinando ao
povo como se defender dos tiranos. Modernamente rejeita-se essa visão romântica de
Rousseau.
Na sua obra, em um primeiro momento, representado pela ação do príncipe, Maquiavel ensina
como o poder deve ser conquistado e mantido, justificando o poder absoluto. Posteriormente,
alcançada a estabilidade, afirma como é possível e desejável a instalação do governo
republicano. É curioso notar que algumas idéias democráticas aparecem veladamente em sua
obra, destacando-se o capítulo IX, no qual Maquiavel se refere à necessidade de o governante
ter o apoio do povo, o que é sempre mais aconselhável do que ter o apoio dos grandes, pois
estes podem ser traiçoeiros.

Para descrever a ação do príncipe, Maquiavel usa as expressões italianas “virtù” e “fortuna”.
“Virtù” significa virtude, no sentido grego de força, valor, qualidade de lutador e guerreiro
viril. Homens de “virtù” são homens especiais, capazes de realizar grandes obras e provocar
14

mudanças na história. No entanto, é preciso frisar que não se trata do príncipe virtuoso no
sentido medieval, de bom e justo, agindo segundo os preceitos da moral cristã, mas daquele
que tem a capacidade de perceber o jogo de forças que caracteriza a política, para poder agir
com a energia necessária para conquistar e manter o poder.

O critério para definir o que é moral é o bem da comunidade e, nesse sentido, às vezes é
legítimo o recurso ao mal, ou seja, o emprego da força coercitiva do Estado, a guerra, a
prática da espionagem, o emprego da violência, etc. Daí Maquiavel fazer uma distinção entre
o bom governante, que é forçado pela necessidade de usar da violência visando ao bem
coletivo, e o tirano, que age por capricho ou interesse próprio.

O pensamento de Maquiavel nos leva à reflexão sobre a situação dramática e ambivalente do


homem de ação. Se o indivíduo aplicar de forma inflexível o código moral que rege sua vida
pessoal à vida política, sem dúvida colherá fracassos sucessivos, tornando-se um político
incompetente.

Tal afirmação pode nos levar a considerar, em um primeiro momento, que Maquiavel estaria
defendendo o político imoral, os corruptos e os tiranos. Mas não se trata disso. A leitura
maquiaveliana sugere a superação dos escrúpulos imobilistas da moral individual, mas não
rejeita a moral própria da ação política., afinal, sobre o homem de Estado devem pesar a
pressão e a responsabilidade dos interesses coletivos.
O governante, de fato, não terá direito de tomar uma decisão que envolva o bem-estar ou a
segurança da comunidade, levando em conta tão-somente as exigências da moral privada.
Casos haverá em que terá o dever de violá-la para defender as instituições que representa ou
garantir a própria sobrevivência da nação. (ESCOREL, 1979, p. 104).
Isso significa que a avaliação moral não deve ser feita antes da ação política, segundo normas
gerais e abstratas, mas a partir de uma situação específica que é avaliada em função do seu
resultado, já que toda ação política visa à sobrevivência do grupo, e não apenas de indivíduos
isolados. Por isso Maquiavel não pode ser considerado um cínico apologista da violência.
Embora Maquiavel não tivesse usado o conceito de “razão de Estado”, é com ele que se
começa a esboçar a doutrina que vigorará no século seguinte, quando o governante absoluto,
em circunstâncias críticas e extremamente graves, a ela recorre, permitindo-se violar normas
jurídicas, morais, políticas e econômicas. (Pinto, 2010)
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Maquiavel é considerado o fundador da Ciência Política porque subverte a abordagem


tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais. Pode-se dizer que a sua política é
realista, pois procura a verdade efetiva, ou seja, como o homem age de fato. As observações
das ações dos homens do seu tempo e seus estudos dos antigos, sobretudo da Roma Antiga,
levam-no à constatação de que os homens sempre agiram pelas vias da corrupção e da
violência. Partindo do pressuposto de que a natureza humana é capaz do mal e do erro,
Maquiavel analisa a ação política sem preocupar-se em ocultar “o que se faz e não se costuma
dizer”. (Pinto, 2010)
Em suma, Maquiavel procede à secularização da política, rejeitando o legado ético-cristão.
Além de desvinculação a política da religião, a sua ética se distingue da moral privada, pois
acredita que a ação política deve ser julgada a partir das circunstâncias vividas, tendo em vista
os resultados alcançados na busca do bem comum. Ao distanciar-se da política normativa dos
gregos e medievais, Maquiavel não busca mais as normas que definem o “bom regime”, nem
explicita quais devem ser as virtudes do bom governante. Nessa nova perspectiva, para fazer
política, acredita ser preciso que o governante compreenda o sistema de forças existentes e
calcule a alteração do equilíbrio provocada pela interferência de sua própria ação no sistema
político estabelecido. (Pinto, 2010).
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III. Conclusão

Após as abordagens feitas, culmina-se que, entre os meados e fins do século 15 entra-se numa
nova fase da história da Europa – a fase do renascimento que dá inicio a chamada Idade
Moderna. Nesta idade, há uma forte atenuação do espírito religioso global e envolvente que
marcou a Idade Média e uma clara acentuação do humanismo e dos valores profanos, num
quadro geral de restauração da cultura greco-romana e de ruptura com a Idade Média. Tudo
que é humano passa a ser mais importante que o divino. O Renascimento foi um período
importante, e como escreve Cabral Moncada “depois da Grécia e depois do Cristianismo,
nenhuma outra revolução na história do espirito europeu teve consequências tão
transcendentes como o Renascimento. O primeiro autor desse período que iremos analisar é
Nicolau Maquiavel. Mas também concluímos que as principais idéias de Maquiavel: -A
suprema obrigação do governante é manter o poder e a segurança do país que governa, ainda
que para isso ele tenha que derramar sangue. (Os fins justificam os meios). -A conduta do
príncipe (governante) deve ser de acordo com a situação. É preciso entender que as transições
pelos períodos não marcam uma ruptura total entre duas formas de organização social,
política e econômica. Ao contrário, há muitas permanências também. Segundo o historiador
Jacques Le Goff, aspectos medievais permaneceram na França até o século XIX.
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IV. Referências bibliográficas

Aguiar, P. L. (07 de 10 de 2022). Beduka. Obtido de


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/caracteristicas-feudalismo.htm

CAVALCANTI, M. C. (28 de julho de 2022). Democracia. Obtido em 01 de outubro de


2022, de Quero bolsa: https://querobolsa.com.br/enem/geografia/democracia

ESCOREL, L. (1979). Introdução ao pensamento político de Maquiavel. Brasília: UnB.

HELFERICH, C. (2006). História da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes.

HUNT, E. K., & SHERMAN, H. J. (1993). História do Pensamento Econômico (11ª ed.).
Petrópolis: Vozes.

MEDEIROS, N. (2015). Democracia clássica e moderna: discussões sobre o conceito na


teoria democrática (Vol. 6). Sao Paulo, Brasil: Revista Eletrônica de Ciência Política.

Pinto, M. M. (13 de Janeiro de 2010). JusBral. Obtido de


https://marciomorena.jusbrasil.com.br/

PLATÃO. (2000). A República. São Paulo: Martin Claret.

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