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Isabel João Guiamba

Modernidade
Curso de licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitações em Ensino de Física

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2021
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Isabel João Guiamba

Modernidade

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue no Departamento Engenharia,
ciências naturais e Matemática, no Curso de
licenciatura em ensino de Matemática, 4º
ano 1º semestre, na cadeira de Estudos
Contemporâneos, recomendado pelo
docente:

Mcs. Elsa Morais

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2021
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................3

1.1. Objectivos...........................................................................................................3

1.1.1. Objectivo Geral...............................................................................................3

1.1.2. Objectivo Especifico.......................................................................................3

2. O surgimento da Modernidade...............................................................................4

2.1. Conceito da Modernidade...................................................................................4

3. Criticas à Modernidade...........................................................................................7

Conclusão.......................................................................................................................9

Referência Bibliográfica..............................................................................................10
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1. Introdução

O presente trabalho com o tema “Modernidade”. A Modernidade enquanto momento


histórico caracteriza-se pela antitradição, pela derrubada das convenções, dos costumes
e das crenças, pela saída dos particularismos e entrada no universalismo, ou ainda pela
entrada da idade da razão. Mas, muitas combinações do moderno e do tradicional
podem ainda ser encontradas nos cenários sociais concretos.
Os estudiosos estão sempre debatendo quando exatamente o período moderno começou,
e como distinguir entre o que é moderno e o que não o é. Mas, geralmente, o início da
era moderna é associado ao surgimento do Iluminismo Europeu, aproximadamente nos
meados do século dezoito.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
Definir os conceitos de Modernidade;
1.1.2. Objectivo Especifico
Descrever a modernidade;
Relacionar a modernidade e pos-modernidade;
Identificar as tarefas da modernidade.

Para a realização do presente trabalho, quanto a metodologia, é de fundamentar que foi


com base nas consultas bibliográficas de obras em artigos e os respectivos autores vem
citados ao longo do trabalhado e as suas obras constam na bibliografia geral que se
encontra na última página do trabalhado.
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2. O surgimento da Modernidade

“Modernidade” refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na


Europa e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência. A época
moderna surge com a descoberta do Novo Mundo, o Renascimento e a Reforma (século XV e
XVI); desenvolve-se com as Ciências Naturais no século XVII, atinge seu clímax político nas
revoluções do século XVIII, desenrola suas implicações gerais após a Revolução Industrial do
século XIX e termina no limiar do século XX.
Como afirma Habermas:
O conceito de modernização refere-se a um conjunto de processos cumulativos e de
reforço mútuo: à formação de capital e mobilização de recursos; ao desenvolvimento
das forças produtivas e ao aumento da produtividade do trabalho; ao estabelecimento do poder
político centralizado e à formação de identidades nacionais; à expansão dos direitos de
participação política, das formas urbanas de vida e da formação escolar formal e, à
secularização de valores e normas.

2.1. Conceito da Modernidade


Modernidade é sinónimo de sociedade moderna ou civilização industrial e está associada a um
conjunto de atitudes perante o mundo, como a ideia de que o mundo é passível de
transformação pela intervenção humana; um complexo de instituições económicas, em
especial a produção industrial e a economia de mercado; toda uma gama de instituições
políticas, como o Estado nacional e a democracia de massa; a primazia e a centralidade do
indivíduo e não, do grupo como sujeito de direitos e de decisões; o primado da subjectividade;
o pluralismo e a ideologia; a concepção linear de história; a realimentação mútua entre ciência
e tecnologia, com a hegemonia de sua racionalidade própria; o predomínio cada vez maior do
simbolismo formal de cunho numérico - matemático (informática); a pesquisa e
industrialização em níveis diversos de qualidade técnica (transformadora, inovadora,
criadora); a burocratização e a organização política da sociedade.

A modernidade é um período de tempo que se caracteriza pela realidade social. Ao tratarmos


da era moderna, pré-moderna, fazemos à ordem politica, à organização de nações, à forma
económica que essas adoptaram e inúmeras outras características.
Entretanto, nessa trajectória que traçaremos aqui, o que nos importa é a trajectória do
pensamento humano e seu processo de construção. Para tanto, partiremos das reflexões de
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Zygmunt Bauman e de Max Weber para traçar uma linha que nos guie pelas mudanças do
pensamento humano e sua conexão com a realidade histórica das pessoas que fizeram parte
desse processo.

É comum escutarmos ou nos referirmos à nossa realidade como moderna. O termo já é tão
naturalizado em nossa língua que passou a ter o mesmo contexto de contemporâneo — o que
coexiste em um mesmo período de tempo.

É comummente entendido que os eventos que se iniciaram com a Revolução Francesa foram


o ápice da superação do pensamento e das organizações sociais tradicionais que marcaram
o período medieval. O rompimento com o pensamento escolástico, método de pensamento
crítico ainda ligado aos preceitos da Igreja Católica, e o estabelecimento da razão como forma
autónoma de construção de conhecimento, desligado de preceitos teológicos, foram alguns
dos primeiros passos em direcção à construção do pensamento moderno.

O desenrolar da Revolução Francesa teve como base a construção ideológica que


convencionamos chamar de Iluminismo. O pensamento iluminista e os pensadores empiristas,
que acreditavam que o conhecimento verdadeiro estava na experiência a partir dos sentidos,
estabeleceram a razão e a ciência como a forma verdadeira de se conhecer o mundo. Esse
pensamento racionalista inerente ao Iluminismo revirou toda a estrutura social da França, que
era construída sobre pilares tradicionais fundamentalmente teológicos, o que abalou todos os
pilares sociais e políticos do país em que o domínio monárquico absolutista se apoiava. A
monarquia francesa e seu poder assegurado pela provisão divina foram derrubados diante do
fortalecimento dos ideais igualitários e do racionalismo. Nesse momento, fortalecia-se o
pressuposto de igualdade (em que nenhum homem estaria acima de outro, nem mesmo o Rei),
que, mais adiante, seria o ponto de partida para os primeiros movimentos democráticos nas
Américas.

René Descartes foi uma das figuras mais proeminentes desse período. Suas obras são vistas
como fonte de inspiração e base de construção da filosofia moderna. Em sua principal obra,
Discurso do método, Descartes apresenta o que foi chamado de método cartesiano,  o ápice de
sua filosofia, que estipulava o caminho a ser tomado para a construção do conhecimento
científico: a evidência, a análise, a síntese e a enumeração.

O pensamento racional e o método cartesiano pavimentaram o caminho para os eventos que


foram vistos como o ponto inicial da era moderna: a revolução industrial. A sociedade
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europeia passava por uma série de mudanças motivadas por grandes conflitos bélicos e
ideológicos. As guerras napoleónicas estimularam a corrida armamentista, o que elevou a
exigência por uma produção de bens materiais em maior escala. Os processos de cerceamento,
em que as terras de uso comunal passaram a ser privatizadas, empurraram os camponeses para
os grandes centros urbanos. A ligação directa com a terra e o trabalho rural, pelo qual o
camponês produzia seu sustento, foi cortada. As populações agrárias acumularam-se nas
cidades e passaram a ter de vender sua força de trabalho nas grandes fábricas que se erguiam.

Nesse ponto, vemos que toda a estrutura social que havia existido até então se modificara. As
relações entre indivíduos tornaram-se diferentes na medida em que sua realidade tornava-se
distinta. Costumes que antes se justificavam em um mundo agrário e rural foram esquecidos
ou se modificaram no meio urbano. Novos conflitos surgiram diante de uma nova
configuração de relações trabalhistas e influenciados pelo capitalismo emergente, que foi o
ponto principal da nova organização do mundo.

A modernidade construiu-se em meio aos conflitos ideológicos da razão objetiva


instrumental, utilizada como ferramenta de abordagem de questões do pensamento humano e
de sua realidade. Assim, o pensamento tradicional, ligado ao pensamento teológico e
religioso, foi progressivamente abandonado.  Max Weber referiu-se a esse fenómeno como o
processo de “desencantamento do mundo”, no qual o sujeito moderno passou a despir-se de
costumes e crenças baseados em tradições aprendidas que se apoiavam nos pilares fixos das
religiões. Explicações e questionamentos baseados na utilização da razão instrumental
quebraram noções preconcebidas e ancoradas no núcleo religioso.
A desordem inicial que o mundo moderno encontrou com o abandono dos princípios
religiosos que sustentavam costumes e organizações sociais foi a força motriz para o que o
sociólogo Zygmunt Bauman defendeu ser uma das principais características da modernidade:
a busca pela ordem. Essa busca já havia sido anunciada por Thomas Hobbes, ainda no século
XVII, com a descrição do poder que um Estado soberano deveria ter como controlador de
seus súditos e responsável pelo reforço da ordem, especificando aquilo que era aceitável ou o
que era repulsivo.
Todavia. foi apenas nos séculos XIX e XX que esse fenômeno tomou as dimensões que
vemos hoje. A era moderna, diante dos conflitos cada vez mais globais, foi marcada pela
segregação de classes, indivíduos e, principalmente, de nações. Bauman explica que:
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Classificar consiste nos atos de incluir e excluir. Cada ato nomeador


divide o mundo em dois: entidades que respondem ao nome e todo o
resto que não. Certas entidades podem ser incluídas numa classe —
tornar-se uma classe — apenas na medida em que outras entidades são
excluídas, deixadas de fora. (BAUMAN – 1999)

Os Estados modernos, tais como os conhecemos, foram formados a partir dessa lógica de
exclusão e inclusão. A busca pela ordem, determinando o que nos é comum e o que não é,
tomou forma na segregação estamental de territórios dos países que temos hoje espalhados
pelo mundo e espalhou-se por todos os redutos das sociedades modernas. Os conflitos entre
ideias socialmente aceitas e tudo o que é diferente foram a marca das sociedades modernas.
O ato nomeador a que Bauman se refere é o princípio da determinação de uma ordem. Ao
excluirmos o que não faz parte de uma organização, estabelecemos simultaneamente o que faz
parte dela. Como exemplo mais claro, temos as fronteiras de países que delimitam de forma
precisa a extensão de um território e ainda servem como uma barreira invisível para os
“estrangeiros” ou aqueles que não fazem parte dessa ordem. De maneira particular, essa
separação fortaleceu-se de forma colossal durante o século XX e as guerras de escala global
que se seguiram, como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

O estabelecimento da ordem foi seguido pela busca pelo progresso, outra característica


marcante da era moderna. Nesse sentido, as guerras foram responsáveis pelo avanço
tecnológico vertiginoso do último século. A corrida armamentista dos países envolvidos levou
ao desenvolvimento de novas tecnologias que mudaram novamente a nossa percepção de
mundo.

3. Criticas à Modernidade
Em sua obra Ensaios de sociologia, Max Weber buscou compreender a Modernidade com a
idéia de desilusão ou desencanto do mundo e extinção das formas tradicionais de autoridade e
saber. No mundo da Modernidade, segundo Weber, os laços da racionalidade tornam-se cada
vez mais apertados, aprisionando - nos numa gaiola de rotina burocrática.
Em Nietzsche, as críticas tiveram um dos mais importantes inspiradores. Na obra, Humano,
demasiadamente humano, a Modernidade é apresentada como uma época da superação, da
novidade que envelhece e é logo substituída por uma novidade mais nova, num movimento
irrefreável. Se assim é, então não se poderá sair da Modernidade pensando-se superá-la. Na
obra Genealogia da moral,
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Nietzche explica a assimilação da razão no poder, consumada na Modernidade, com uma


teoria do poder. Para este autor, os homens tiveram de se entregar ao aparato da objetivação e
do controle da natureza exterior, reduzidos ao pensar, ao inferir, ao calcular, ao combinar de
causas e efeitos.
Para Habermas, a Modernidade se desenvolve, sobretudo a partir do século XVIII com os
pensadores iluministas, que buscaram refletir sobre a emancipação humana, o enriquecimento
da vida diária e o domínio científico da natureza. A idéia de progresso é reforçada com a
promessa da libertação das “irracionalidades” do mito, da religião, da superstição, e a
liberação do uso arbitrário do poder.
O desenvolvimento das instituições sociais modernas e sua difusão em escala mundial criaram
oportunidades bem maiores para os seres humanos gozarem de uma existência segura e
gratificante que qualquer tipo de sistema pré-moderno.
Mas, a Modernidade tem também um lado sombrio, que se tornou muito aparente no século
atual. Como afirma a Gaudium et spes, n. 229: “O mundo moderno se apresenta ao mesmo
tempo poderoso e débil, capaz de realizar o ótimo e o péssimo, por quanto se lhe abre o
caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou do regresso, da fraternidade ou do
ódio”.
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Conclusão
Depois de várias consultas e análise crítica das obras podemos concluir que a modernidade é
inerentemente globalizante, e as consequências desestabilizadoras deste fenómeno se
combinam com a circularidade de seu carácter reflexivo para formar um universo de eventos
onde o risco e o acaso assumem um novo carácter. As tendências globalizantes da
modernidade são simultaneamente extensionais e intencionais — elas vinculam os indivíduos
a sistemas de grande escala como parte da dialéctica complexa de mudança nos pólos local e
global. Muitos dos fenómenos frequentemente rotulados como pós-modernos na verdade
dizem respeito à experiência de viver num mundo em que presença e ausência se combinam
de maneiras historicamente novas. O progresso se torna esvaziado de conteúdo conforme a
circularidade da modernidade se firma, e, num nível lateral, a quantidade de informação que
flui diariamente para dentro, envolvida no fato de se viver em "um mundo", pode às vezes ser
assoberbaste. E no entanto isto não é primordialmente uma expressão de fragmentação
cultural ou da dissolução do sujeito num "mundo de signos" sem centro.
Trata-se de um processo simultâneo de transformação da subjetividade e da organização
social global, contra um pano de fundo perturbador de riscos de alta-conseqüência.
Portanto, a modernidade é inerentemente orientada para o futuro, de modo que o "futuro" tem
o status de modelador contrafatual. Embora haja outras razões para isto, este é um fator sobre
o qual fundamento a noção de realismo utópico. Antecipações do futuro tornam-se parte do
presente, ricocheteando assim sobre como o futuro na realidade se desenvolve; o realismo
utópico combina a "abertura de janelas" sobre o futuro com a análise das correntes
institucionais em andamento pelas quais os futuros políticos estão imanentes no presente.
Retornamos aqui ao tema do tempo com o qual o livro se abriu.
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Referência Bibliográfica
BAUMAN, Zygmunt; Modernidade e ambivalência / tradução Marcus Penchel. — Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999

RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "O que é Modernidade?"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-modernidade.htm. Acesso em 15 de setembro
de 2021.

WEBER, M. Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1982; GIDDENS, A., As


conseqüências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991, p. 139; GIDDENS, A.; PIERSON,
C.,
Conversas com Anthony Giddens..., Rio de Janeiro: FGV, 2000, p. 73.
VATTIMO, G., O fim da Modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna.
São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 171;
NIETZSCHE, F. Humano, Demasiadamente Humano. São Paulo: Cia. das Letras, 2000; Id.
Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 89-90.
HABERMAS, J. O discurso filosófico da Modernidade. S. Paulo: Martins Fontes, 2002, p.
171-173.

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