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Notas para a capacitação

Tema: Tessituras do Processo de Ensino Aprendizagem

Tópico 1. Perfil de um bom professor

Neste tópico importa conduzir os professores a compreenderem que não basta ser um
professor, há necessidade de ter uma preocupação com a profissão, facto que conduz
ao bom professor. Todos podem ser professores, mas há exigências para que alguém
seja considerado um bom professor. A seguir, expõe-se alguns elementos estruturais
para o efeito.

Bases de conhecimento para ensino

Teorizado por Lee Shulman, um professor precisa possuir diversos conhecimentos.


Um professor é alguém com a missão de conduzir o aluno a aprender. O ensino e um
meio para o efeito. As bases de conhecimento são o que o professor precisa saber
sobre o ensino.

Quadro 1. Categorias de base para o conhecimento para ensino

 conhecimento do conteúdo;
 conhecimento pedagógico geral, com especial referência aos
 princípios e estratégias mais abrangentes de gerenciamento e
 organização de sala de aula, que parecem transcender a matéria;
 conhecimento do currículo, particularmente dos materiais e programas
 que servem como “ferramentas do ofício” para os professores;
 conhecimento pedagógico do conteúdo, esse amálgama especial de
 conteúdo e pedagogia que é o terreno exclusivo dos professores, seu
 meio especial de compreensão profissional;
 conhecimento dos alunos e de suas características;
 conhecimento de contextos educacionais, desde o funcionamento do
 grupo ou da sala de aula, passando pela gestão e financiamento dos
 sistemas educacionais, até as características das comunidades e suas
 culturas; e
 conhecimento dos fins, propósitos e valores da educação e de sua
 base histórica e filosófica.

Fonte: Shulman (2014, p. 206)

De onde professores podem obter essa base de conhecimento para ensino?


Quais são as fontes?

 Formação acadêmica nas áreas de conhecimento ou disciplinas


 Estruturas e materiais educacionais
 Formação acadêmica formal em educação
 A sabedoria da prática.

Efeitos de um professor com bases de conhecimentos para ensino

Compreensão e raciocínio - De propósitos, estruturas do conteúdo, ideias dentro e


fora da disciplina. Interessasse em desenvolver raciocínio dos alunos.

Transformação e reflexão – Interpreta criticamente o material curricular e revê,


reconstrui, reconstitui e analisa criticamente o próprio desempenho e o da classe, e
fundamenta as explicações em evidência

Focos de Aprendizagem docente

Trata-se de um conjunto de elementos que ajudam o professor a aprender sobre a sua


profissão. Alguns dos elementos já forma apontados por Shulman. A seguir se
apresentam os focos desenvolvidos por pesquisadores do grupo EDUCIM.

Foco 1: Interesse pela docência.


O estudante experimenta interesse, envolvimento emocional, curiosidade, motivação,
mobilizando-se para exercer e aprender cada vez mais sobre a docência.
Foco 2: Conhecimento prático da docência.
A partir do conhecimento na ação e com base na reflexão na ação, o estudante
desenvolvem o conhecimento de casos, um repertório de experiências didáticas e
pedagógicas que orientam a sua prática cotidiana in actu.
Foco 3: Reflexão sobre a docência.
Frente a novos problemas originados de sua prática, os quais não conseguiu resolver no
momento em que ocorriam, o futuro professor, com base em instrumentos teóricos, analisa a
situação sistematicamente, envolvendo-se com a pesquisa e reflexão a posteriori sobre sua
prática e o seu conhecimento acumulado sobre ela, de modo a resolver os problemas
inicialmente detectados. Trata-se de desenvolver a dimensão da pesquisa no futuro
professor.
Foco 4: Comunidade docente.
O estudante participa de atividades desenvolvidas em uma comunidade docente, aprende as
práticas e a linguagem da docência com outros professores ou futuros professores,
assimilando valores dessa comunidade e desenvolvendo a reflexão coletiva.
Foco 5: Identidade docente.
O estudante pensa sobre si mesmo como um aprendiz da docência e desenvolve uma
identidade como alguém que se tornará futuramente um professor de profissão.
Fonte: Arruda et al. (2018, p. 100)

Dez mandamentos para o professor - George Pólya (1887-1985)

De modo geral, ainda sobre a mesma temática sobre perfil de um bom professor,
existem mandamentos(regras) a serem obedecidas por professores de modo que os
torne bons profissionais.

1. Tenha interesse por sua matéria.


2. Conheça sua matéria.
3. Procure ler o semblante dos seus alunos; procure enxergar suas expectativas e
suas dificuldades; ponha-se no lugar deles.
4. Compreenda que a melhor maneira de aprender alguma coisa é descobri-la você
mesmo.
5. Dê aos seus alunos não apenas informação, mas know-how, atitudes mentais, o
hábito de trabalho metódico.
6. Faça-os aprender a dar palpites.
7. Faça-os aprender a demonstrar.
8. Busque, no problema que está abordando, aspectos que possam ser úteis nos
problemas que virão - procure descobrir o modelo que está por trás da presente
situação concreta.
9. Não desvende o segredo de uma só vez - deixe os alunos darem palpites antes -
deixe-os descobrir por si próprios, na medida do possível.
10. Sugira; não os faça engolir à força.
Desenvolvimento profissional

Desenvolvimento profissional representa um movimento qualitativo na carreira do


professor.

Ele constitui-se como profissional a cada dia. Assim o desenvolvimento profissional


permite que o sujeito incorpore mais valias que o tornem professor no verdadeiro
sentido da palavra. O desenvolvimento profissional do professor é um processo
contínuo. O desafio é trona-lo consciente.

A profissão docente exige que o professor esteja sempre actualizado sobre os


problemas e soluções do seu ofício.

A reflexão sobre a sua prática (de forma individual ou colectiva), o estudo de aula,
participação em acoes de formação, etc são molas propulsoras do desenvolvimento
profissional do professor. Defende-se a necessidade de que os professores tomem de
forma consciente.

Dilemas e Dilemas éticos

Professores gerem diversas situações. A moral apresenta normas de condutas


definidas que permitem garantir ao professor a coerência da sua ação.

Por vezes, a moral não dispõe de uma norma para determinada situação. Como seres
humanos por vezes encaram conflitos quando no meio de uma situação se
apresentam duas decisões das quais o professor não tem certeza de qual delas deve
tomar e que consequências isso trará. As duas decisões parecem igualmente boas ou
igualmente más. Um dilema ético surge quando as duas decisões são igualmente
certas. O desfecho você só terá a posteriori. Citar exemplo de dar boleia numa
autoestrada isolada

Topico 2. O Processo de Ensino e Aprendizagem e seus elementos

Planificação dos Processos de Ensino e de Aprendizagem


Já foi mencionado antes que um bom professor precisa conhecer as orientações
emanadas pelo currículo. O movimento de decomposição dos objectivos até ao nível
da sala de aula tendo em conta o tempo para sua execução assegura ao professor a
possibilidade de um trabalho eficiente e coordenado.

Em função da especificidade se pode planificar e definir objectivos a longo, medio e


curto prazo. Os Programas de Ensino espelham a planificação a longo prazo, as
dossificações a médio prazo e planos de aula a curto prazo.

A produção de dossificações e planos de aula são da responsabilidade de


professores. Não se encomenda a produção de planos de aula. A produção de planos
de aula pode ser individual ou colectiva.

Para facilitar o trabalho do professor(es) no acto da planificação de aulas existe um


dispositivo útil para seleção de verbos com seus enquadramentos hierárquicos. Trata-
se da taxonomia de Bloom.

Quadro 2. Caracterização da Taxonomia de Bloom

Nome do nível Caracterização do nível

A operação mental básica exigida por este nível consiste em


lembrar informações e conteúdos previamente abordados como
factos, datas, palavras, teorias, métodos, classificações, lugares,
regras, procedimentos. Também se evidencia o reconhecimento
do objecto em causa. Em suma, traz-se à recordação parte
Conhecimento significativa da aprendizagem.

Os verbos associados ao nível: enumerar, definir, identificar,


denominar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar, relembrar,
recordar, relacionar, reproduzir, solucionar, declarar, distinguir,
rotular, memorizar, ordenar, reconhecer, identificar, assinalar,
citar, entre outros.
A operação mental marcha para dar significado ao conteúdo
referente a situação apresentada. Transcende a postura do nível
anterior na medida em que se levantam questionamentos. Por
exemplo, diante de um copo de vidro, pode-se questionar: para
que serve o copo de vidro? O vidro é sólido ou liquido? Qual a
capacidade estimada do copo? As respostas para essas
perguntas precisam operações mentais um pouco complexas.
Compreensão Evidentemente, pelo olhar (reconhecimento) ou pelo tacto não
daremos respostas completas.

Os verbos associados ao nível: alterar, converter, decodificar,


defender, definir, descrever, distinguir, discriminar, estimar,
explicar, generalizar, dar exemplos, ilustrar, inferir, reformular,
prever, reescrever, resolver, resumir, classificar, discutir,
identificar, interpretar, reconhecer, redefinir, seleccionar, situar e
traduzir.
Com a operação mental, neste sentido, busca-se empregar, a
partir de uma transformação da compreensão de um objecto de
conhecimento, métodos, modelos, conceitos, princípios,
leis e teorias em situações emergentes.

Os verbos associados ao nível: aplicar, alterar, programar,


demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar, empregar,
Aplicação ilustrar, interpretar, manipular, modificar, operacionalizar,
organizar, prever, preparar, produzir, relatar, resolver, transferir,
usar, construir, esboçar, escolher, escrever, operar e praticar.
Resolver, determinar, calcular, aplicar.
Analisar é uma operação mental que parte de um todo para a
compreensão de suas partes. Consiste na decomposição do
todo em partes. Essa habilidade pode incluir a identificação
das partes, análise de relacionamento entre as partes e
reconhecimento dos princípios organizacionais envolvidos. Nesse
ponto é necessário não apenas ter compreendido o conteúdo,
mas também a estruturado objecto de estudo.
Análise
Os verbos associados ao nível: analisar, reduzir, classificar,
comparar, contrastar, determinar, deduzir, diagramar, distinguir,
diferenciar, identificar, ilustrar, apontar, inferir, relacionar,
seleccionar, separar, subdividir, calcular, discriminar, examinar,
experimentar, testar, esquematizar e questionar, analisar,
examinar, decompor.
A síntese é a operação mental inversa da análise, isto é, ao
fazer-se uma síntese relacionam-se diversas partes para
estabelecer as características de um todo. Aqui o
esforço da operação mental busca agregar e juntar partes com a
finalidade de criar um novo todo.
Síntese
Os verbos associados ao nível: categorizar, combinar, compilar,
compor, conceber, construir, criar, desenhar, elaborar,
estabelecer, explicar, formular, generalizar,
inventar, modificar, organizar, originar, planejar, propor,
reorganizar, relacionar, revisar, reescrever, resumir, sistematizar,
escrever, desenvolver, estruturar, montar e projectar.
A operação mental nesse nível tem maior complexidade. Nele há
normalmente, a emissão de juízo de valor após análises e/ou
sínteses efectuadas. O julgamento é baseado em
critérios bem definidos que podem ser externos (relevância) ou
internos (organização) e podem ser fornecidos ou conjuntamente
identificados. Julgar o valor do conhecimento.

Avaliação Os verbos associados ao nível: avaliar, averiguar, escolher,


comparar, concluir, contrastar, criticar, decidir, defender,
discriminar, escrever um review sobre detectar, estimar, julgar,
seleccionar, Julgar, justificar, apresentar argumentos, explicar,
interpretar, justificar, relatar, resolver, resumir, apoiar, validar.

Fonte: Chicote e Deixa (2018, p. 265)


Num plano de aula deve haver sincronia entre objectivos da aula, objectivos das
tarefas (exercícios) e objectivos da avaliação da aula.

O professor pode traçar primeiro objectivos da aula, em seguida elaborar ou


selecionar os exercícios e elaborar ou selecionar exercícios para avaliação da aula. A
prova a ser administrada aos alunos deve ser coerente com os objectivos tanto da
aula, quanto dos exercícios assim como da avaliação das aulas.

Avaliação

A avaliação é um dos principais mal-entendidos na educação. Quando um professor


avalia seus alunos não está medir nem o desempenho dos alunos nem a consecução
dos objectivos. Para medir o que alunos aprenderam precisaria de um instrumento, o
professor (o avaliador não é instrumento).

A avaliação é um discurso sobre expectativas. A avaliação é a emissão de um juízo de


valor sobre a qualidade de um objecto/produto ou ente. Neste sentido, a avaliação
precisa de referência.

A avaliação divide-se em: sumativa e formativa. A classificação depende da intenção


do professor. Ela e sumativa quando a intenção do professor é produzir números
(notas) para efeitos administrativos. Trata-se de um momento idêntico ao exame, onde
cada um colhe o que semeou.

A avaliação formativa é aquela cuja intenção do professor e apoiar a aprendizagem


dos alunos. Ajudar alunos a superar suas dificuldades. Nela o professor não produz
nota alguma e o aluno sente que o professor é um parceiro e não um examinador.

Hoje em dia defende-se que os professores se empenhem mais em praticar avaliação


formativa. Não há fórmula para o efeito, basta que os professores tenham intenção de
ajudar seus alunos a aprender e encontre um modo de fazê-lo. Isso exige algum
desprendimento do professor. Exige que assuma cada aluno de forma especial, que
atenda de forma individualizada.

A avaliação formativa contribui para o professor modificar sua forma de trabalhar no


curso da aula. A avaliação formativa inclui diagnostico e intervenção imediata. Para
terminar, quanto a avaliação formativa quanto a sumativa são ambas diagnósticas,
embora com finalidades distintas.
Montepuez, 15 de Janeiro de 2022

Rosalino Subtil Chicote

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