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Alias, quando falamos da Didáctica, um aspecto que merece o nosso maior apreço é o
de que o processo didáctico se refere à actividade do professor e, neste sentido, o ensino
(e aprendizagem) tem lugar, na sua máxima intensidade e expressão, na sala de aulas,
razão pela qual a Didáctica também se designa de “teoria de ensino”. Assim, através
dos seus objectivos de formação, o ensino deve incorporar a instrução (saber, saber
fazer) e a educação (saber ser e estar).
Conceito de Didáctica
Então, reconhecendo esta limitação epistemológica, como podemos definir a Didáctica
hoje?
1. Antes de responder a questão acima, diga: Onde ouviu, pela primeira vez, ouvir falar
desta palavra?
Para estes diferentes casos, pode compreender que a didáctica é uma ciência
dimensionada para o humano, que se propõe a ajudar e educar o homem, necessitando,
por isso, de se fundamentar nos princípios da educação. Por isso, onde quer que se
procure falar e/ou definir a didáctica a sua essência reside na questão de ensino e
formação, no mesmo sentido em que deve estar a conceitualização que acabou de
apresentar em relação à didáctica.
b Engenharia educacional.
A didáctica não é apenas a rígida e inflexível planificação do ensino, a listagem
quantitativa de objectivos que não passam de um rol de intenções e utopias inúteis,
desvirtuados pela irrealidade, não é um rol de conteúdos chamados mínimos, por vezes
insignificantes, por sugestões de recursos materiais e humanos, que vão desde o mais
simples cartaz até os mais sofisticados meios.
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c A didáctica não pode ser vista como a orientadora infalível dos fantásticos métodos e
técnicas de avaliação, que pretendem medir o conhecimento dos alunos e que capacitam
o professor a decidir,
“cientificamente”, da atribuição de uma nota que reprova ou promove. A didáctica, nos
processos de avaliação, não deve somente estabelecer formulas para medir e quantificar
o conhecimento através de um instrumento que, por vezes, não passa de algumas
perguntinhas com respostas de múltipla escolha.
d A didáctica não visa apenas a métodos, técnicas e meios rígidos e estáticos. Não se
constitui somente por um conjunto de princípios que, se aplicados, dariam resultados
imediatos e claramente observáveis e mensuráveis.
Sumário
Depois de (re)vistos estes aspectos vê-se que cada um deles aponta uma parte da
actividade didáctica, mas que isoladamente não representam o “verdadeiro acto
didáctico. Eis porque os autores acima concluem que “a didáctica objectiva resultados,
aprendizagens, mudanças significativas de comportamento”; “a didáctica deve ser uma
disciplina altamente questionadora da realidade educacional, da escola, do professor,
do ensino, das disciplinas e conteúdos, das metodologias, da aprendizagem, da
realidade cultural, da política educacional. Ela não é uma disciplina com verdades
prontas e acabadas, mas uma disciplina que busca, que investiga o universo da
educação. Ela quer saber desencadear novos processos”.
Em todo o caso, para todos os autores, emerge a ideia de que o “objecto de estudo da
didáctica é o processo de ensino e aprendizagem” em suas relações com finalidades
educativas. O que significa que o ensino é “uma pratica humana que compromete
moralmente quem a realiza”, assim como é uma pratica social, uma vez que “responde a
necessidades, funções e determinações que estão para além das intenções e previsões
dos actores directos da mesma. Além disso, a didáctica implica processos de relação e
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É interessante que você apresentou as suas ideias sobre os aspectos acima indicados,
mesmo sem termos dado grande importância à ordem. O mais essencial são as
conclusões a que chegou no sentido em que, para cada um destes aspectos, a capacidade
do professor consiste no seguinte:
não se prende de forma categórica a uma só alternativa. Ele busca muitas soluções
possíveis, e, após uma análise profunda e criteriosa, vai optar pela mais segura e real.
c Falar e ler: Uma das primeiras necessidades da pessoa é comunicar-se, falar, entender
e fazer-se entender. Saber dizer o que pensa, com firmeza e espírito critico, e
comunicar-se através da escrita. Aprender a falar, ler e escrever passam a ser os
rudimentos da história do ensino, que ainda não foram superados por outras
necessidades mais importantes. Aprender a ler, para interpretar, de forma critica e
segura, os embustes da propaganda, que criam necessidades incansáveis. Ler
criticamente a sociedade, o mundo, o trabalho, a vida, a realidade. Ler a vida na escola,
na rua, em casa, na vida social, no desporto, na religião.
e Aprender a contar. Assim como o falar e escrever, contar é uma necessidade básica. A
matemática é uma ciência imbricada no quotidiano. O número não é uma abstracção,
mas concretização da realidade. São infinitas as situações em que se necessita da
matemática para a solução de inúmeros problemas. Grande parte da vida é regida pela
matemática. Para contar os anos da vida usa-se a matemática. A todo o momento todo o
mundo pergunta-se: quanto é possível? Quanto posso fazer? Quanto é necessário?
Quanto ganhei? Quanto perdi? E diz: isso é demais; isso é pouco; está faltando; está
sobrando; é muito caro; é mais barato; por este preço não é possível; os juros estão
muito altos; é melhor comprar lá e não aqui; isso deve ser somado, subtraído, dividido,
multiplicado....
f Porque ensinar. Ensinamos, mas não sabemos claramente porque ensinamos; o aluno
quer aprender, mas não sabe bem para quê. Ensinar por ensinar, aprender por aprender
parecem ser propostas pedagogicamente inconscientes. Ensina-se para difundir a
cultura, para converter a ignorância em sabedoria, para adquirir muitos e sábios
conhecimentos. Toda a acção educativa visa sempre propósitos definidos. Qualquer
actividade deve ser dirigida e orientada em função daquilo que se quer alcançar. As
acções docentes e discentes devem agir em função dos objectivos que devem ser
alcançados. O primeiro passo a ser dado na acção educativa é a definição dos resultados
e propósitos que se querem alcançar: os objectivo determinam as prioridades, indicam o
que se pretende e como se pretende.
g Como ensinar. Muitos professores afirmam: Foi assim que me ensinaram, portanto, é
assim que ensino. Se sempre foi assim, porque fazer diferente? Diferentemente desse
raciocínio, temos que defender que o professor deve ser capaz de seleccionar
adequadamente o método didáctico e organizar todos os procedimentos e técnicas,
visando propiciar aos alunos a melhor aprendizagem. No ensino, sempre se estabelecem
certas prioridades. Para atingi-las, traçam-se estratégias que dirigem toda a acção. Os
procedimentos didácticos devem estar intimamente relacionados com os objectivos do
ensino, com os conteúdos a serem ensinados e com as características e habilidades dos
alunos. O melhor procedimento é aquele que atende às características individuais ou
grupais.
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Mas, quando a criança está preparada para aprender determinados conteúdos e realizar
determinadas tarefas e actividades escolares?
Qual a maturidade intelectual e psicológica para entender e analisar determinados
conteúdos e ideias? A questão é saber quando a criança está pronta e apta a aprender.
Será que a criança, se não souber um conteúdo hoje, não poderá aprendê-lo futuramente
na escola ou fora dela?
Será que a sociedade, os pais e a escola não querem forçar a criança a aprender coisas
que não são do seu interesse e inatingíveis devido à falta de certas habilidades?
i Com que ensinar. Os meios e recursos para ensinar auxiliam o professor e o aluno no
processo de ensino e aprendizagem. Para Gagné, “ os recursos ou meios para o ensino
referem-se aos vários tipos de componentes do ambiente de aprendizagem que dão
origem à estimulação para o aluno”. Quem planifica o ensino deve partir de uma análise
dos objectivos, dos conteúdos, dos procedimentos e de todas as possibilidades humanas
e materiais que o ambiente escolar pode oferecer em termos de meios a empregar no
processo de ensino e aprendizagem. Os objectivos de ensino não só determinam os
conteúdos e procedimentos, como também os recursos e meios de ensino, pois deles
depende, em parte, a consecução daqueles. O ensino fundamenta-se na estimulação, que
é favorecida por recursos didácticos que facilitam a aprendizagem. Esses meios
despertam o interesse e provocam a discussão e debates, desencadeando perguntas e
gerando ideias.
j Onde ensinar, senão na escola? A escola sempre foi o habitat do ensino. Sempre se
afirmou que é na escola que se deve aprender. A escola, ironicamente, tornou-se o
santuário do saber. O aluno,
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contaminado pela ignorância, tenta nela ingressar para, depois, sair santificado pela
auréola do saber. A escola é uma das muitas condições para se aprender, mas não a
única, pois a criança adquire maior quantidade de conhecimentos fora da escola: a
verdade é que em todo lugar se pode aprender; assim como todas s pessoas podem
ensinar de uma ou de outra forma. Parece, neste sentido,
claro percebermos que a escola participa no desenvolvimento do saber enquanto
instituição e nela o processo é planificado e sistemático. Eis porque, quando falamos de
escola como local do ensino, é pertinente colocarmo-nos questões tais como:
como se estruturam administrativamente as nossas escolas?
Quais as condições das escolas, das salas de aulas, seu mobiliário, da biblioteca, do
laboratório, das salas especializadas e seu instrumentos básicos para que se possa
ensinar? Sabemos que há escolas que não têm livros, mapas, giz, etc. São questões sobre
as quais a didáctica deve reflectir.
k O professor que ensina. Deve-se encarar o “mestre” não apenas como explicador de
matérias, mas como educador apto a desempenhar a sua complexa função de estimular,
orientar e controlar com habilidade o processo educativo e a aprendizagem dos seus
alunos, com vistas a um real e positivo rendimento para os indivíduos e para a
sociedade. O professor compromete-se a defender e testemunhar a verdade e a vida dos
outros.
Segundo Gusdorf, do professor exige-se “que não se limite a apresentar-se como
homem de um determinado saber, mas como testemunha da verdade e afirmador dos
valores”. A responsabilidade principal do professor é com a verdade. A verdade e o
saber não são dados de modo definitivo e acabado. Devem ser procurados. Por isso o
professor não é aquele que nos dá a verdade feita e pronta, porque ele não é apenas um
reprodutor ou repetidor da verdade. Ele é o que abre uma perspectiva sobre a verdade, o
exemplo de um caminho para o verdadeiro que ele designa. Porque a verdade é
sobretudo o caminho da verdade.
Sumário
As situações didácticas, ou seja, aquelas em que se presume que ocorra o ensino
aprendizagem, devido à sua complexidade, requerem do professor a tomada de decisões
em função da realidade do que se vive na aula concreta, mas também tendo em conta as
particularidades dos alunos, os meios de ensino, o conteúdo, os objectivos. Ao mesmo
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tempo que o professor deve ser alguém que se questiona sobre os propósitos e alcance
da sua actividade, o acto didáctico recomenda que se questione sobre onde decorre o
processo de ensino e aprendizagem. Ao mesmo tempo, ainda, o professor deve ser
aquele que não se limita apenas a dar verdades feitas e prontas, mas sim abre uma
perspectiva sobre a verdade, mostrando aos alunos o caminho para chegar a essa
verdade.