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FRONTEIRAS

e relações internacionais

Organizadores:

Henrique Sartori de Almeida Prado

Tomaz Espósito Neto


CONSELHO EDITORIAL
Ana Claudia Santano: Doutora e Mestre em Ligia Maria Silva Melo de Casimiro: Mestre
Ciências Jurídicas e Políticas pela Universidad em Direito do Estado pela PUC/SP. Professo-
de Salamanca, Espanha. Pós-doutoranda em ra da Faculdade Paraíso – FAP, em Juazeiro
Direito Público Econômico pela PUC/PR. Pro- do Norte-CE, de graduação e pós graduação.
fessora de diversos cursos de pós-graduação Professora substituta da Universidade Regio-
no Brasil e exterior. nal do Cariri – URCA, professora colaborado-
Emerson Gabardo: Professor de Direito Admi- ra do Instituto Romeu Felipe Bacellar desde
nistrativo da Universidade Federal do Paraná. 2006, em Curitiba/PR.
Professor de Direito Econômico da Pontifícia Luiz Fernando Casagrande Pereira: Doutor
Universidade Católica do Paraná. Pós-doutor e Mestre em Direito pela UFPR. Coordenador
em Direito Público Comparado pela Fordham da pós-graduação em Direito Eleitoral da Uni-
University. versidade Positivo. Autor de livros e artigos de
Fernando Gama de Miranda Netto: Doutor processo civil e direito eleitoral.
em Direito pela UGF/RJ. Professor Adjunto de Rafael Santos de Oliveira: Doutor em Direi-
Direito Processual da Universidade Federal to pela UFSC. Mestre e Graduado em Direito
Fluminense e membro do corpo permanente pela UFSM. Professor na graduação e pós-
do Programa de Mestrado e Doutorado em graduação em Direito da UFSM. Coordenador
Sociologia e Direito (UFF). do Curso de Direito da UFSM. Editor da Revista
Direitos Emergentes na Sociedade Global e da
Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM.

Fronteiras e relações internacionais / organização de


F935 Henrique Sartori de Almeida Prado, Tomaz Espósito
Neto – Curitiba: Ithala, 2015.
310p.: il.; 23 cm

ISBN 978-85-61868-98-7

1. Relações internacionais. 2. Fronteiras. I. Prado,


Henrique Sartori de Almeida (org.). II. Espósito Neto,
Tomaz (org.).

CDD 337.09 (22.ed)


CDU 327

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Bairro São João
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9.610/98 e punido pelo art. 184 do Código Penal.
FRONTEIRAS
e relações internacionais

Organizadores

Henrique Sartori de Almeida Prado

Tomaz Espósito Neto

EDITORA ÍTHALA
CURITIBA – 2015
PREFÁCIO

A coletânea organizada por Henrique Sartori de Almeida Prado


e Tomaz Espósito Neto traz, para o debate brasileiro de Relações
Internacionais, o tema da fronteira, tão trabalhado em outros campos
das Ciências Humanas, mormente na Geografia. Pode parecer curioso
que, em 2015, o tema da fronteira seja escolhido para organizar um
diálogo entre pesquisadores de diferentes instituições brasileiras (UFGD,
UFPEL, UFMS, IESB, UNIFAI, UFRJ, UNB, UFRGS e UNIPAMPA) e de
outros países da região (Argentina, Chile, México e Paraguai,). Porém,
ao trabalharem em torno de dois eixos (integração política e agendas em
zona de fronteira, de um lado, e as relações entre segurança e história, em
especial a cooperação na área de defesa e segurança, de outro), os autores
deste livro buscam resgatar a análise de questões fundamentais para
pensá-la nas relações internacionais: a cooperação (e o conflito inerente
a quaisquer agendas de cooperação); as políticas públicas fronteiriças;
o papel das entidades subnacionais e da cooperação descentralizada; as
tensões entre o “eu” e o “outro” na região fronteiriça na história e nos
dias atuais; as dinâmicas e os atores presentes na política de defesa na
fronteira.

Por que o debate sobre a fronteira é relevante para pensar a política


internacional? No começo dos anos 1990, eram recorrentes as hipóteses
(infundadas) sobre o fim do território, o fim da geografia e da história,
sobre o papel secundário (senão irrelevante) da materialidade das trocas
para a compreensão da política internacional. Os fluxos (econômicos,
culturais, ambientais, tecnológicos etc.) eram priorizados em detrimento
da fixidez do território-lugar (e dos recursos imóveis, a exemplos dos
recursos energéticos). Ao longo dos anos 1990, assistia-se ao “império
analítico da globalização” (interdependência econômica e democracia
liberal), frequentemente rimado com a derrocada do Estado-nacional,
a perda de importância da identidade nacional, ou ainda com a
irrelevância do orçamento público e das despesas militares dos Estados
(que seguiriam, acreditavam alguns, curvas fortemente decrescentes).
A fronteira enquanto elemento de diferenciação entre Estados, em
muitas interpretações, então em voga, quase desaparecia. Minorava-
se a relevância da fronteira do nacional e do território soberano em
prol de visões exclusivamente transnacionais do mundo e de marcos
interpretativos cosmopolitas das relações internacionais. O problema
estava na ideia de exclusividade: as relações internacionais sempre foram
habitadas por atores sociais e fluxos transnacionais, mas não deixaram de
ser o espaço das cooperações e dos conflitos entre os Estados – ou seja, o
mundo da geopolítica.

O debate sobre a fronteira é epistemologicamente fundamental


para as Relações Internacionais, inclusive porque são muitos os sentidos
acerca dela. A fronteira entre os Estados é limite que separa e que afasta
(donde os vistos e os controles de acesso), mas ela também é espaço
de interação social em que têm lugar inúmeras formas de intercâmbio
e cooperação. É pela fronteira que cruzam as mercadorias (e onde
incidem eventuais impostos ou procedimentos que podem dificultar seu
ingresso) e as pessoas (migrantes, turistas, viajantes, estudantes, gerentes
de empresas privadas, líderes de movimentos sociais e organizações da
sociedade civil, bem como representantes de instituições públicas). No
primeiro, como no segundo, casos incidem normas de diferenciação
quanto ao acesso. No entanto, a fronteira também é o espaço a partir
do qual se pode olhar para a história das relações entre dois (ou mais)
Estados nacionais sob uma ótica distinta, longe das rivalidades entre as
capitais e os centros do poder institucional - sendo, portanto, a fronteira,
igualmente, espaço de construção de identidades. É com essa dupla
perspectiva dos fatores materiais e ideacionais da fronteira que nos
brindam os autores desta coletânea e suas interessantes análises que, em
última instância, resgatam a possibilidade de repensar, no diálogo com
a Ciência Política, a Geografia, a História e a Sociologia, a agenda de
pesquisas sobre a fronteira no século XXI, particularmente importante
no contexto sul-americano.

Rio de Janeiro, 8 de maio de 2015.


Carlos R. S. Milani
Professor e Pesquisador, IESP-UERJ
APRESENTAÇÃO

Historicamente, o conceito de fronteira é central para o campo


das Relações Internacionais, pois, uma porção considerável dos
estudos parte do pressuposto de que a fronteira é uma fina e porosa
linha, cuja função é separar as dimensões da política interna e a sua
conjuntura (policy) e da política internacional (politics), ou melhor,
do relacionamento dinâmico entre os Estados. No âmbito doméstico,
o Estado possuiria a soberania, ou seja, o monopólio legítimo da
força em um dado território. Já no campo externo, as relações sociais,
econômicas e políticas ocorreriam de forma diferenciada, pois não
existe uma entidade superior aos agentes estatais, caracterizando a
anarquia no sistema internacional.

Com o incremento dos fluxos de comércio, informações e


pessoas, nos últimos anos, as temáticas envolvendo a inter-relação
entre as fronteiras e as relações internacionais entraram em voga
na agenda político-econômica e social dos Estados. Os fenômenos
internacionais se tornaram, cada vez mais, multidimensionais e de
grande complexidade. Ademais, existe uma enorme distância entre
o que ocorre nos gabinetes ministeriais e a realidade do cotidiano das
regiões de fronteira.

A presente obra traz uma coletânea de artigos de estudiosos


e representantes de centros de pesquisas nacionais e estrangeiros,
dedicados a apresentar a evolução e a relevância dos assuntos
envolvendo Relações Internacionais e Fronteiras. Para tanto, enfatiza-
se dois grandes eixos: (i) a integração política e agendas em zona de
fronteira, em especial a cooperação subnacional, a dinâmica produtiva
internacional e políticas públicas dedicadas para a região; e (ii) a
segurança e a história, em especial a cooperação na área de defesa e
segurança. Com isso, far-se-á um panorama sobre os diversos assuntos
que contribuem para o debate e a compreensão da temática, abordando
desde cooperação internacional até a área das políticas públicas.
Com isso, espera-se incentivar novas pesquisas e fortalecer
uma rede internacional de pesquisadores sobre fronteiras e relações
internacionais - um tema ainda pouco explorado e carente de
referências no campo da Ciência Política e Relações Internacionais. É
pretensão dessa obra estimular, nos cursos de Relações Internacionais
presentes na faixa de fronteira do Brasil, a consolidação e o registro
dos estudos que envolvem a temática fronteiriça, além de auxiliar na
divulgação científica desse campo em crescimento.

A iniciativa de compilar estudos de Fronteira dentro da área de


Ciência Política e Relações Internacionais abre novas perspectivas. No
Brasil, atualmente, a temática vem se consolidando como importante
linha de pesquisa em muitos centros de pesquisa e pós-graduação. A
criação de uma rede de contatos entre esses centros e pesquisadores faz
com que a importância do livro para a área tome proporções positivas
para a consolidação dessa temática, por exemplo.

A presença de estudiosos renomados e envolvidos diretamente


com essa temática, oportuniza a divulgação de pesquisas e
conhecimentos a outros centros que buscam informações e fontes.
A participação de autores estrangeiros (Argentina, Chile, Paraguai
e México) e de diversas instituições de ensino e pesquisa (UFGD,
UFPEL, UFMS, UNIFAI, UFRJ, UNB, UFRGS e UNIPAMPA) também
serve de ponto fulcral para que a obra garanta um bom acesso de
informação e à diversidade de pontos de vista sobre o tema.

Neste contexto, no capítulo inicial, o professor Marcio Augusto


Scherma (UFGD) apresenta o debate entre as teorias de relações
internacionais e os assuntos de fronteira. No capítulo seguinte, é a vez
do professor Bruno Sadeck (UFPEL) e da mestre em Direito pela UNB,
Paula Ravanelli, abordar o papel da fronteira no processo de integração
regional, ilustrando o caso do consórcio intermunicipal da fronteira.
No capítulo 3, o professor Henrique Sartori de Almeida Prado (UFGD)
trata da temática da cooperação internacional descentralizada no
processo de integração regional e a política de fronteira do Brasil.
No quarto capítulo, Nahuel Oddone (CEPAL) e Horácio
Rodríguez Vázquez analisam a atual situação da cooperação
transfronteiriça na América Latina, trazendo um panorama sobre os
projetos e as políticas implementadas. No capítulo 5, o professor Fábio
Régio Bento (UNIPAMPA) apresenta um tema de suma importância
para os estudos fronteiriços: o papel das cidades-gêmeas. Em seguida,
Márcio Augusto Scherma e Sara Solange Alves Ferraz (IESB) escrevem
sobre a cooperação em saúde e o desenvolvimento de políticas públicas
envolvendo entidades subnacionais nas fronteiras. No capítulo 7,
seguindo a discussão acerca de tais políticas, as professoras Lídia Maria
Ribas (UFMS) e Soraya Saab (Facsul) ilustram a educação na fronteira
e o caso de Ponta Porã, analisando a gestão das políticas públicas na
região de fronteira entre Brasil e Paraguai. No capítulo 8, Gustavo Rojas
(CADEP- Paraguai) apresenta matéria sobre a integração produtiva
entre Brasil e Paraguai e a importância do relacionamento bilateral.
No capítulo seguinte, a professora Rebeca Steiman (UFRJ) discute as
questões ambientais com foco nas áreas protegidas transfronteiriças,
importante abordagem para os assuntos que envolvem fronteira,
geografia e relações internacionais.

No capítulo 10, Carlos Eduardo Riberi Lobo (UNIFAI) inaugura


a sessão dedicada à segurança e história, apresentando um importante
texto sobre forças armadas, geopolítica e fronteira. No capítulo 11, a
professora Lisandra Pereira Lamoso (UFGD) explora um estudo sobre
a segurança pública nas fronteiras de Mato Grosso do Sul. No capítulo
12, o professor Tomaz Espósito Neto (UFGD) apresenta uma discussão
relevante para os estudos de fronteira relacionados a Brasil e Paraguai,
sob um enfoque histórico. Por fim, mas não menos importante, os
Professores Cristian Ovando Santana e Sérgio González Miranda
(Arturo Prat-Chile) analisam um estudo de caso sobre os imaginários
de fronteira acerca da demanda de integração física entre Chile e
Bolívia.

Este livro não tem a pretensão de esgotar o assunto e nem de


ser um marco único da interpretação sobre fronteiras, mas traz, em
seu escopo, a realização do desejo de estudiosos de demonstrar seus
pontos de vista e de propagar resultados sobre um tema que é rico mas
pouco explorado na área de Ciência Política e Relações Internacionais,
além de demonstrar a importância do diálogo interdisciplinar com
outras áreas do conhecimento.

Por fim, é importante mencionar que se trata de uma obra


importante para a área das relações internacionais no Brasil,
primeiramente por existirem poucas obras dedicadas a essa temática
específica e, por outro lado, por condensar tal gama de instituições,
autores e diversidade de abordagens.

Dourados (MS), 10 de maio de 2015.

Henrique Sartori de Almeida Prado


Tomaz Espósito Neto

Organizadores
SUMÁRIO

1 - As Fronteiras nas Relações Internacionais....................................................13

2 - O papel da fronteira na integração regional – o caso do


consórcio intermunicipal da fronteira...............................................................37

3 - A cooperação descentralizada e transfronteiriça no


mercosul: a construção de um regime simbólico...............................................55

4 - Cross-border cooperation In Latin America..................................................83

5 - Cidades-gêmeas e conurbadas e fronteira - na vanguarda da integração


regional..........................................................................................................101

6 - Cooperação em saúde nas fronteiras: os entes subnacionais e o


desenvolvimento do SIS-Fronteira....................................................................115

7 - Políticas Públicas de Fronteira - a educação de base na integração


transfronteiriça em Ponta Porã.......................................................................131

8 - Integración Productiva Paraguay - Brasil: Nuevos Pasos en el


Relacionamiento Bilateral...............................................................................151

9 - Iniciativas de conservação transfronteiriça na amazônia brasileira: gênese e


evolução recente............................................................................................175

10 - Forças Armadas, Geopolítica e Fronteira - As relações entre o Paraguai e o


Brasil no período Stroessner: 1954-1989..............................................................199

11 - Segurança Pública nas fronteiras de Mato Grosso do Sul...............................213

12 - A evolução da questão de limites nas relações entre Brasil e Paraguai de


1822 a 1864: da independência à guerra........................................................239

13 - Imaginarios de frontera en torno a los proyectos y demandas de integración


física entre Tarapacá y Oruro.........................................................................267

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