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Graduanda em
Relações Internacionais
de São Paulo
Paulo (USP).
E-mail: adriana.furlan@
cruzeirodosul.edu.br
Resumo
O presente Artigo tem como objetivo a pesquisa do termo para-
diplomacia, assim como suas aplicações no cenário internacional e
sua importância para municípios e regiões brasileiras. A pesquisa
busca compreender, por meio de Metodologia Bibliográfica, a história
mundial da paradiplomacia e seus atores principais, com o intuito de
propagar e entender como os municípios, principalmente os do inte-
rior do Estado de São Paulo, podem utilizar a paradiplomacia como
Política Pública para atracão de investimentos e de desenvolvimento
social. A pesquisa também se propõe ao estudo da formulação da
estratégia internacional para municípios como um guia, para que
possam desenvolver a Paradiplomacia de acordo com a Cartilha
compartilhada pela Confederação Nacional de Municípios – CNM.
Abstract
This Article aims to research the term paradiplomacy as well as
its applications in the international scenario and its importance
for Brazilian cities and regions. The research seeks to understand
through bibliographic means worldwide history of paradiplomacy
and its main actors, in order to propagate and understand how
municipalities, mainly in the countryside of São Paulo State, can use
paradiplomacy as a public policy to attract investment and social
development. The research also proposes to study the formulation
of an international strategy for municipalities as a guide to the
development of paradiplomacy according to the booklet shared by
National Confederation of Municipalities – CNM.
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da globalização, no qual oferecem uma visão Além dos autores citados, diversos outros
geral sobre a paradiplomacia e sistematizam estudiosos brasileiros e internacionais contribu-
casos enquanto avaliam a autonomia subna- íram para o estudo da paradiplomacia em dife-
cional e os regimes internacionais como União rentes dimensões e com enfoques diversificados.
Europeia (UE) e o Tratado Norte-Americano de
Temas abordados sobre casos específicos da
Livre Comércio (NAFTA).
atuação da paradiplomacia como, por exemplo,
Stéphane Paquin, doutor em Ciências pela a cooperação técnica internacional, a utilização
Universidade Po Paris e Diretor do Grupo de da paradiplomacia para o benefício do meio
Pesquisa e Estudos (GERIQ), enquanto escre- ambiente e a paradiplomacia para promoção
via essa pesquisa, publicou diversos livros e econômica entre cidades ajudam a compreen-
artigos sobre o tema e, entre eles, Paradiplo- der o escopo da paradiplomacia em diferentes
macia e relações internacionais: teoria das áreas e sistematizar suas oportunidades para
estratégias internacionais das regiões diante atores subnacionais.
da globalização, em 2004, e Dominando a glo-
balização: governança e estratégia dos novos
História da Paradiplomacia
subestados, 2005.
As cidades e as regiões têm desempenhado
Infelizmente, no meio acadêmico, até o mo-
papel central econômica, política e cultural-
mento da escrita desta pesquisa, não temos
mente na História da Sociedade humana.
consenso sobre qual termo é o mais conveniente
para explicar as ações de governos subnacio- Contudo, os primeiros traços de cooperação
nais no Sistema Internacional. entre governos subestatais como conhece-
mos hoje iniciaram-se a partir de 1867, quando
O termo Paradiplomacia, desenvolvido por
colônias britânicas apontaram seus generais
Panayotis Soldatos, é utilizado com frequên-
para as cidades de Londres e Paris (TAVARES,
cia e escolhido para este trabalho, mas outros
2017, p. 20).
termos foram desenvolvidos por autores e são
reconhecidos em diferentes países. A cidade de Quebec no Canadá é referência
histórica em acordos e parcerias internacionais.
Entre eles, podemos citar os seguintes: “di-
plomacia regional”, “microdiplomacia”, “pro- Quebec inaugurou, em 1911, um escritório de
todiplomacia”, “cooperação descentralizada” comércio representativo na Grã-Bretanha e
e “diplomacia federativa”. se relacionava com frequência com governos
estadunidenses e franceses.
Brian Hocking, em seu livro Localizing
Foreign Policy: Non-Central Governments No ano de 1913, foi fundada, na cidade de
and Multilayered Diplomacy , publicado no Ghent, Bélgica, a União Internacional de Au-
ano de 1993, critica o termo paradiplomacia toridades Locais (IULA), Associação que até
e prefere se referir à multi-level diplomacy hoje desenvolve conferências e trabalhos com
ou diplomacia catalítica. atores subnacionais ao redor do mundo.
Conforme o texto escrito por Stéphane Após a Segunda Guerra Mundial, porém,
Paquin, em janeiro de 2020, na visão de Hocking, época em que cidades na Europa haviam sofrido
a diplomacia não pode ser vista como um pro- financeiramente e em necessidade de capital
cesso segmentado entre atores dentro da mes- e desenvolvimento, foi que houve uma grande
ma estrutura estatal. intensificação de ações e projetos envolvendo
cooperação entre cidades de diferentes países.
A diplomacia deve ser percebida como um
sistema que mescla atores de diferentes níveis de Nesse período, era muito comum a realização
governo e ministérios e, por isso, em sua opinião, de acordos como os de twinings agreements,
é preferível o uso do termo multi-level diplomacy. que são mais conhecidos como acordos de
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1914-1916 1940-1942
Figura 1 – Brasil: porcentagem do Imposto de Exportação na arrecadação dos estados
Fonte: Adaptada de SILVA 2010, apud MUSACCHIO;; FRITSHER, 2009; ARRETCHE, 2005
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Contudo, em 1996, com dificuldades de imple- Define-se cidade como grande aglomeração
mentação, a Secretaria foi fechada retomando de pessoas em uma área geográfica circuns-
atividades somente em 2005, sob o governo de crita, com inúmeras edificações, que desen-
Geraldo Alckmin. volve atividades sociais, econômicas, indus-
triais, comerciais, culturais e administrativas
Diversos acordos, protocolos, termos e car-
(MICHAELIS, 2021).
tas de intenções foram criados pela Secretaria
com diversos países, e estão disponíveis para Fazer a pergunta onde você nasceu vai além
consulta em seu website: <http://www.relacoe- de somente seu país de origem, mas entra em
sinternacionais.sp.gov.br/>. níveis de região, de estado e também de cidade.
O estado de São Paulo tem grandes cidades, Segundo a autora Ana Fani Alessandri Carlos,
tanto em termos populacionais quanto de ge- em seu livro O Lugar no Mundo, “São os lugares
ração de renda, como a cidade de Guarulhos, que o homem habita dentro da cidade que dizem
Sorocaba e Campinas, no interior de São Paulo, respeito a seu cotidiano e a seu modo de vida,
que tem uma história de acordos com países e onde se locomove, trabalha, passeia…”.
entidades internacionais.
Assim, a realidade vivida na cidade é de
A cidade de Campinas, por exemplo, com PIB grande importância para os cidadãos, pois é
em torno de US$ 60 bilhões, desenvolveu acor- por meio dela e de suas experiências que são
dos de cidades-irmãs com 13 municipalidades criados laços entre habitante-lugar.
internacionais, incluindo: Assunção – Paraguai,
Além das cidades serem um espaço social
Auroville – Índia, Malito – Itália e San Diego –
importantíssimo para os cidadãos, elas contam
EUA (Secretaria de Cooperação Internacional
com um peso econômico grande para ospaíses.
– Campinas).
Um estudo gerado pelo McKinsey Global Insti-
Ademais, Sorocaba, também realiza acordos
tute mostra que um conjunto de seiscentas cida-
de cidades-irmãs para desenvolver a coope-
des com top ranking de PIB geram 60% do Produto
ração tecnológica e cultural, sendo algumas as
Interno Bruto (PIB) do mundo (DOBBS et al., 2011).
seguintes localidades internacionais relaciona-
das: Sha’ar Hanegev, Israel, Anyang, Coreia do O mesmo estudo demonstra que cidades
Sul, Wuxi, República Popular da China (2008), como Tóquio e Nova Iorque detém maior PIB
Nanchang e República Popular da China. que países como Espanha e Turquia.
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