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ESCOLA SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Relações Internacionais e Diplomacia

Prática Diplomática

TEMA:PARADIPLOMACIA

Discentes :

Derlei Paulino

Melzia Fumo

Sarah Gopani

Jasmim Mário

Shánia Djesto

Yussra Aboobacar

Docentes: Dr.Fernando Conselho e Dr. Deonísio Missomal

Maputo, Setembro de 2023


Introdução

No presente trabalho falaremos da paradiplomacia, um conceito oriundo dos anos 80 do século


XX. Este trabalho pretende no âmbito da sua pesquisa, falar de outros termos relacionados ao
conceito de paradiplomacia, de modo a melhor estabelecer as definições e usos de tais conceitos
sem envolver qualquer confusão conceptual, para além disso pretendemos falar do âmbito em
que surge o termo paradiplomacia ou seja o que este conceito abarca de modo a ser designado de
tal maneira, para efeitos disso traçamos os seguintes objectivos:

OBJECTIVOS

Objectivo Geral:

• Descrever o conceito Paradiplomacia

Objectivos específicos:

•Compreender outros termos correlacionados ao conceito Paradiplomacia, tais como a


Diplomacia e política externa.

•Perceber o âmbito de ocorrência da Paradiplomacia.


Conceitos Básicos

Diplomacia – É o acto de estabelecimento de contactos pacíficos entre os Estados, onde há


promoção dos interesses e a defesa dos mesmos. Ou seja, conjunto de práticas, protocolos, e
estratégias usadas pelos diplomatas na resolução de problemas.

Política externa- refere-se a um conjunto de princípios, estratégias e acções empreendidas pelo


governo de um país para interagir com outros países e atores internacionais. Abrange uma gama
de actividades diplomáticas, económicas, militares e culturais destinadas a salvaguardar e
promover os interesses, valores e segurança de uma nação na arena global. A política externa é
um conjunto de estratégias, acções e decisões adoptadas por um país para gerenciar e conduzir
suas relações com outras nações e organizações internacionais.

Paradiplomacia- Kuznetsov(2015:31) define paradiplomacia como sendo uma forma de


comunicação política para alcançar interesses culturais políticos, económicos ou quaisquer
outros tipos de benefícios cujo núcleo consiste em acções autos sustentáveis dos governos
regionais com atores governamentais e não governamentais no estrangeiro .

Unidades Subnacionais- são cidades, estados, províncias e outras unidades que buscam com
cada vez mais intensidade estabelecer contactos com entes estrangeiros públicos e privados
desenvolvendo iniciativas de inserção internacional frequentemente. (Ignácio, 2020:s/p)
A Paradiplomacia

Paradiplomacia é definida como o envolvimento de governo subnacional nas relações


internacionais, por meio do estabelecimento de contactos, formais e informais, permanentes ou
provisórios, com entidades estrangeiras públicas ou privadas, objectivando promover resultados
socioeconómicos ou políticos, bem como qualquer outra dimensão externa de sua própria
competência constitucional . (Cornagio, 2004: 251). A paradiplomacia remete à ideia de
paralelismo na actuação diplomática tradicional e em outros termos, pode ser considerada como
uma extensão da política específica de Estados e municípios ou como defende Lecours(2002:93-
97) “uma extensão da política doméstica”. A Paradiplomacia ocorre no âmbito Internacional em
que se verifica um conjunto de actividades protagonizadas pelos governos subnacionais, que
compreende os Estados assim como os municípios, deste modo cada cidade e localidade deve se
fazer presente no cenário internacional para conduzir e defender seus interesses que estarão
provavelmente relacionados com seus recursos Endógenos locais. (Dias,2010:52-53).

Historial do surgimento da Paradiplomacia

O termo paradiplomacia surgiu em função do debate académico que ocorreu no final da década
70 e início de 80, no contexto do debate sobre o “novo federalismo” (AGUIRRE, 1999). Os
primeiros a utilizar o termo paradiplomacia foram os professores Ivo Duchacek, da Universidade
da Cidade de Nova Iorque, e Panayotis Soldatos, das Universidades de Paris e Livre de Bruxelas,
sendo considerados os pioneiros no uso do vocábulo. Para esses dois autores, a paradiplomacia
consiste nos contactos, nas actividades, nos processos e nas iniciativas externas entre governos
não centrais (Estados federados, províncias etc) e outros atores internacionais, como os Estados-
nação, outros governos locais, empresas privadas, organizações internacionais, organizações não
governamentais internacionais, entre outros. Constituem actividades que não conflituam com as
actividades de política exterior executada pelos órgãos diplomáticos dos Estados nacionais, pois
esta é uma atribuição exclusiva do Governo. O termo “paradiplomacia” surge para compensar a
insuficiência do vocábulo “diplomacia” para explicar inúmeras relações internacionais que
ocorrem e que independem de acções originadas nas estruturais estatais dos governos centrais.
Para a diplomacia tradicional, basicamente interestatal, as instituições de governos subnacionais
(Estados e municípios) constituem atores não convencionais difíceis de serem incorporados às
negociações entre estados nacionais, pois estes se ocupam de temas relacionados com a high
politics (alta política ou de primeiro nível), como o são a segurança nacional, a defesa, os
tratados de livre comércio, a celebração de alianças etc, que são atribuição exclusiva da União
(Governo Federal). Por outro lado, entende-se que a paradiplomacia se ocupa do que se
convencionou denominar as low politics (baixa política ou de segundo nível), que inclui temas,
como a protecção ao meio ambiente, captação.( Dias,2010:52)

Contributo da Paradiplomacia nas Relações Internacionais

Há uma vastidão do contributo da Paradiplomacia nas Relações Internacionais dentre as quais


destacamos:

1. Estabelecimento de vínculos com cidades-irmãs para promover interesses comuns;

2. Estabelecer escritórios permanentes em cidades no exterior, com o objectivo de captar


investimentos, promover o comércio e divulgar o potencial turístico do local;

3. Assinatura de acordos e convénios no exterior com outros atores internacionais;

4. Promover a cooperação inter-regional multilateral e criação de associações inter-regionais


transnacionais;

5. Participação em feiras e outros eventos internacionais de negócios, visando à promoção de


produtos, serviços, tecnologia, turismo do município;

6. Cooperação transfronteiriça entre territórios contíguos de diferentes Estados nacionais;

7. Participação nas delegações nacionais enviadas ao exterior em conferências e outros eventos


em missões envolvendo temas globais, com o objectivo de apresentar e defender os interesses
específicos ligados ao território municipal. ( Dias, 2010:57)
Elementos da Paradiplomacia

A forma como os governos não centrais, isto é, os governos subnacionais, inserem-se na


dinâmica das relações internacionais varia em questões de intensidade, frequência e resultados,
uma vez que este campo está cada vez mais técnico e económico, com oportunos reflexos
políticos nos mecanismos de acção. Portanto, três categorias básicas de linhas de negociação
devem ser distinguidas:

1.Paradiplomacia regional transfronteiriça;

2.Transregional ou macrorregional e contactos paradiplomáticos;

3. Paradiplomacia global. A primeira categoria faz referência as regiões de fronteira, cujo


aspecto internacional está calcado em dinâmicas formais e informais entre províncias, Estados,
cidades e regiões, este seja talvez o aspecto mais utilizado nas actividades paradiplomáticas. A
segunda categoria, por sua vez, faz referência aos contactos transregionais, onde há uma
“ultrapassagem diplomática” sobre a fronteira em áreas distantes, mas ainda dentro do Estado
vizinho. Por fim, a terceira categoria corresponde alinhos directos entre províncias e governos
estrangeiros centrais ou subnacionais com o objectivo de influenciar o comércio em geral, o
investimento e outras políticas e acções. (Duchacek,1990: 16-18)

Diferença entre Diplomacia e Paradiplomacia

A Diplomacia é um instrumento utilizado pelos países na política externa com o objetivo de


estabelecer contactos pacíficos com outros países e atingir seus interesses em um âmbito
nacional e internacional. Por outro lado a Paradiplomacia envolve todas as actividades externas
e processos de implementação de cooperações, investimentos e aproximações realizados pelos
entes subnacionais (municípios e Estados) de diversos países, portanto a Diplomacia alude à um
único actor Estatal e em contra partida a Paradiplomacia alude à mais actores, principalmente os
subnacionais .( Ignácio,2020:s/p).

Em outras palavras, a Diplomacia é a actividade do governo central e a paradiplomacia é a


actividade dos entes subnacionais.
Conclusão

Após uma pesquisa profunda sobre a paradiplomacia ,o grupo concluiu que a paradiplomacia é a
ferramenta de inclusão das subnacionais ou municípios nas relações internacionais, que pode ser
usada tanto da esfera pública quanto privada, em que o objectivo é estabelecer, por meio de
acordos e tratados, uma ligação entre ambas as entidades, gerando um desenvolvimento político
e socioeconómico na região, onde os governos locais podem participar das relações
internacionais de outras maneiras, na paradiplomacia existem outros atores que ajudam nessa
forma de estabelecimento de vínculos. Concluímos também que a paradiplomacia para além de
ser outra forma de conduzir a política externa, tem contribuído para as Relações Internacionais
em geral, através das interacções que ocorrem em diferentes fóruns nas RI conduzidas pelas
unidades subnacionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 KUZNETSOV,A.S(2015) Theory and practice of paradiplomacy. Routledge. Nova


Iorque
 Dias,R.(2010)Paradiplomacia: ferramenta de inclusão internacional dos municípios.
IBAM.

 Ignácio,J.(2020)cidadania, cultura e sociedade/Inovação em


Governo/Internacional/Política Internacional.s/

 CORNAGO PRIETO,N. CONSTATINOU,M. DERIAN,J.(2010)Perforated


sovereignties, agnostic pluralism and durability
of(para)diplomacy.In:CONSTATINOU(eds).Susteinable diplomacies.Grã-
Bretanha:Palgrave

 DUCHACEK, Ivo.(1984) The international dimension of subnational self-government.


The Journal of Federalism.

 Aguirre,I. (1999) Making Sense of Diplomacy? An intertextual inquiry about a concept


in search of definition: In Aldecou,F. Keating,M Paradiplomacy in action:the foreign
relations of subnational governments. London: Portland.

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