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Unidade I – Relações Internacionais como campo de estudo1

Natureza e Domínio das Relações Internacionais

Em sentido amplo, a expressão “Relações Internacionais” refere-se a uma gama


de contatos e interacções de natureza diplomática, política, económica, militar,
social, cultural, étnica, humanitária, que se processam entre actores
internacionais, estatais e não-estatais.

Num sentido restrito a expressão “Relações Internacionais”, com as letras iniciais


maiúsculas (RI), refere-se ao campo de estudos académicos que enfoca as
diversas formas de interações anteriormente descritas, assim como outras
questões e fenómenos considerados relevantes para se compreender e explicar
a complexidade do sistema e cenário internacionais.

Conceito de Relações Internacionais

Dias (2010:13) define Relações Internacionais como sendo

Toda interacção entre Estados, intermediada por organizações ou por


indivíduos representantes dessas unidades políticas, bem como todas as
interacções entre os diversos actores do sistema internacional que envolvam de
algum modo o Estado de sua origem e aquele no qual intervém com as suas
acções.
Philippe Braillard (1994), define Relações Internacionais como sendo um
conjunto de ligações, relações e contatos que se estabelecem entre os Estados,
muito particularmente no âmbito da sua política externa.

Arenal (1984:30) define Relações Internacionais como

O conjunto das relações sociais que configuram a sociedade internacional, tanto


as de carácter político, como as não políticas, sejam econômicas, culturais,
humanitárias, religiosas, etc. as que se produzem entre os Estados, como as
que têm lugar entre os actores da sociedade internacional e entre estes e os
Estados.
Face ao exposto, pode-se afirmar, com Brow e Ainley (2012:12-39), que não
restam dúvidas de que as Relações Internacionais são estudo das relações
internacionais e das Relações Internacionais, onde os actores são os Estados,
Indivíduos, e organizações internacionais, com interacções nos diversos
domínios: social, político, económico, cultural. Enquanto campo de estudo, as

1 Conteúdo extraído do livro de Relações Internacionais do autor Emílio Jovando Zeca.

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Relações Internacionais constituem uma área multidisciplinar das Ciências
Sociais, que se ocupa dos fenómenos da vida internacional e dos fenómenos
nacionais com impacto na arena internacional.

Actores das Relações Internacionais

As Relações Internacionais são protagonizadas, guiadas, orientadas,


influenciadas e decididas por um conjunto de protagonistas que designamos
como actores das relações internacionais. Os actores das relações
internacionais estão divididos em categorias. Há actores primários, os estados,
e outros secundários, como os indivíduos, organizações e multinacionais. A
importância e preponderância dos diversos actores no Sistema Internacional é
discutida tendo em conta os paradigmas das Relações Internacionais e não há
grandes consensos. Os actores das relações internacionais podem ser
escalonados de acordo com os níveis de análise: individual, estatal e sistémico.

Segundo Sousa, (2001:5), por actores das relações internacionais entende-se


todos os agentes ou protagonistas com capacidade para influenciar e decidir as
relações de força no sistema internacional, isto é, agentes com poder para
intervir e decidir as relações internacionais aos seus mais variados níveis, de
forma a poderem atingir os seus objectivos.

Dias (2010:61-62) define actor internacional como sendo a unidade cujo


comportamento ou acção incide sobre a vida internacional. É a autoridade,
organização, grupo e toda pessoa capaz de desempenhar uma função no campo
internacional, que pode ser a tomada de uma decisão ou o exercício de influência
sobre os detentores do poder de decisão e da força material.

Estados

O Estado é a noção mais abstracta, mas a mais central na análise do Sistema


Internacional. Este actor dominou as relações internacionais, pelo menos até ao
século XX. Na perspectiva moderna, Dias (2012:23) aponta que o Estado é uma
organização política que exerce a sua autoridade sobre um território concreto.
Isto significa que para termos um Estado é necessário que haja três elementos
fundamentais: Um elemento espacial (território), um elemento pessoal
(povo/população), um elemento organizacional (Soberania interna e externa).

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Formações tipo Estado

As formações tipo Estado são aquelas que estão em processo de formação de


um Estado de facto. Ao contrário dos Estados, essas não possuem os três
elementos clássicos.

Multinacionais e Corporações Transnacionais

As multinacionais surgiram no século XIX e, durante o século XX, aumentaram


gradualmente a sua importância e papel na Sociedade Internacional. Estas
empresas produzem diversos efeitos sobre a Sociedade Internacional, nos
campos económico, político, social, cultural, ambiental, entre outros, afectando
os Estados onde actuam e reforçando a interdependência desigual entre os
Estados ricos e pobres, porque têm a sua origem nos Estados desenvolvidos. A
atividade destas instituições reflecte-se na cooperação, uma vez que elas
colaboram com projectos, acções humanitárias, campanhas publicitárias de
cunho social, ambiental, a transferência de tecnologia entre outras (Dias,
2010:69).

Não há consenso quanto à definição das multinacionais, tendo em conta aos


vários critérios usados. Como Strenger (1998:217), a maioria dos autores refere
que uma empresa multinacional é uma sociedade que tem actividades
produtivas ou somente vende os seus produtos em mais um Estado. Estas
empresas são corporações que operam econômica e comercialmente, com
interesses comuns, em diversos Estados, segundo ordens jurídicas locais,
influenciadas vinculativamente por comando do centro único e dominante, de
irradicação política e administrativa.

Contudo, de uma forma simples, as multinacionais são firmas ou corporações


que possuem subsidiárias ou sucursais no estrangeiro.

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