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História das Relações Internacionais-Resumos

História das Relações Internacionais (Universidade do Minho)

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Descarregado por Tiago Mendonça (fcomigoeassim@gmail.com)
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Conceitos introdutórios

Conceito “Relações Internacionais”: foi pela primeira vez utilizado por Jeremy Bentham.
Anteriormente apenas se usavam as expressões “relações entre Estados” ou “relações externas
entre Estados”. O conceito de Relações Internacionais apenas começou a ser utilizado após a 1ª
Guerra Mundial

Os limites das Relações Internacionais

Várias definições de Relações Internacionais

“um conjunto de ligações, de relações e de contactos que se estabelecem entre os Estados,


muito particularmente no âmbito da sua política externa”

Definição (restrita/tradicional):
“o estudo das relações diplomático estratégicas entre governos/países”

O dilema contemporâneo das RI:


O aumento gradual das interações globais, despertando questões de segurança e económicas,
e o progressivo enfraquecimento do papel dos Estados

As relações internacionais podem ser definidas num prisma mais acertado e completo pelo
“conjunto de relações e comunicações que se estabelecem entre vários grupos sociais,
atravessando as fronteiras.

Definição alargada:
As relações internacionais não estão apenas restritas às dinâmicas entre Estados ou Governos,
as organizações internacionais, as empresas multinacionais e os indivíduos fazem também
parte do âmbito desta área do conhecimento;

Na esfera internacional estes atores podem também interagir entre si, um espaço não só
desenvolvido por agentes políticos de Governos, mas também de outras estruturas
económicas, culturais, etc.;

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Há quem prefira considerar as RI como o estudo das “transações fronteiriças” (políticas,


económicas e sociais” ou até centrada na ideia de “globalização”.

“Tradicionalmente, as relações internacionais são consideradas coo um conjunto de ligações,


de relações e de contactos que se estabelecem entre os Estados, e dizem respeito à política
externa destes últimos”

“As relações internacionais podem ser definidas como o conjunto das relações e comunicações
que se estabelecem entre grupos sociais e atravessam as fronteiras”

A História nas Relações Internacionais

Pretende analisar, compreender e explicar a evolução histórica das relações entre estados,
povos e grupos organizados no âmbito da sociedade internacional.

Conceitos Fundamentais de RI

 Sistema Internacional
 Estrutura Internacional
 Anarquia, Comunidade e Sociedade Internacional
 Poder e Polaridade
 Balança de Poder
 Atores Internacionais
 Teorias: Realista, Liberal e Construtivista

Sistema e estrutura

Conjunto de disposições jurídicas, das instituições políticas, dos meios técnicos, dos métodos
de trabalho que constituem a organização política, económica e social de um país ou conjunto
de países.

Conjunto de elementos ligados por uma série de relações (estrutura) com interdependência
entre estrutura e funcionamento.

O Sistema Internacional

De acordo com a teoria de sistemas, o todo (sistema) é o produto de várias partes, unidades ou
objetos, que interagem de forma mais ou menos regular, e cuja análise/estudo deve incidir
sempre relacionando o funcionamento dessas partes ao seu conjunto.

Os sistemas estão separados por fronteiras, através das quais podem funcionar
trocas/dinâmicas. Um sistema pode esvanecer-se, o que significa que as mudanças são muito
importantes assim que um novo emerge.

“Uma forma de representar as relações entre um certo número de atores para lá das fronteiras
nacionais, tendo em atenção simultaneamente o quadro e o resultado dessas relações num
dado momento”

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O estudo da sociedade internacional

Em concreto, no âmbito das RI: O estudo da sociedade internacional pode ser realizado
considerando-a como um todo complexo (um sistema) constituído de inúmeras partes
(Estados, por exemplo) que interagem e que o compõem. Por outras palavras, um sistema
internacional constitui uma unidade formada por um conjunto de interações entre diversos
atores internacionais que agem de acordo com determinadas regras e processos.

Poder

Max Weber: corresponde a toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação
social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa possibilidade” (afetar o
comportamento dos outros).

Morgenthau: “ao falarmos de poder, referimo-nos ao controlo do homem sobre as mentes e


ações de outros homens”

Joseph Nye: O Poder é a capacidade para influenciar o que desejamos e, se necessário, alterar
o comportamento de outros para torná-lo possível.

Hard Power: capacidade de um corpo político (geralmente um Estado) de influenciar


ou exercer poder sobre o comportamento de outro, mediante o emprego de recursos militares
e económicos
vs.
Soft Power: capacidade de um corpo político (geralmente um Estado) para influenciar
indiretamente o comportamento ou interesses de outros corpos políticos através de meios
culturais ou ideológicos

Principais elementos constitutivos de poder, segundo Raymond Aron:


 Território
 População e povoamento
 Recursos
 Capacidade de desenvolvimento
 Valor moral
 Unidade nacional
 Sistema político
 Organização militar
 Relação com o estrangeiro

Polaridade

O sistema de polaridade refere-se ao número de blocos de estados que exercem poder no


sistema internacional.
A escola realista das relações internacionais preocupa-se com este fenómeno pela sua relação
com o poder.

Encontramos vários tipos diferenciados de sistemas de polaridade:


 Unipolar
 Bipolar e Tripolar
 Multipolar
 Apolar

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Polaridade no sistema internacional

Hegemonia

“Um Estado hegemónico exerce uma função hegemónica se ele conduz o sistema de Estados
na direção que ele escolhe e, ao mesmo tempo, se ele é percecionado como o defensor do
interesse universal”

“Os Estados mais fracos num sistema internacional seguirão a liderança dos Estados mais
poderosos, em parte porque eles aceitam a legitimidade e a utilidade da ordem existente”

Estrutura, hierarquia, ordem internacional e balança de poder

Atendendo à lógica da estrutura (configuração de poder e das regras impostas pelas potências),
assume-se a existência de uma hierarquia de estados e um equilíbrio de poder entre as
grandes potências que contribui para uma certa estabilidade (ordem internacional).

A ideia de equilíbrio no sistema internacional também é conhecida por “balança de poder”


(conceito que remonta a Tucídides).

Estratificação e polaridade

A estrutura do sistema internacional reflete tanto a estratificação como a polaridade. A


estratificação refere-se ao desigual acesso aos recursos por diferentes grupos de estados. O
sistema internacional está estratificado por estados com recursos naturais, tais como petróleo,
força militar ou poder económico (os mais desenvolvidos).
Na década de 1990, a maior parte das potências mundiais estava centrada no Norte – EUA, o
Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Rússia e China – retendo metade do total de PIB mundial,
enquanto os outros 180 estados partilhavam a outra metade (conflito norte-sul).

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Os desafios da estratificação

A estratificação pelos níveis de influência e recursos tem implicações na capacidade do sistema


se regular a si mesmo, bem como para a sua própria estabilidade.

Quando as potências dominantes são desafiadas pelos estados dos estádios inferiores devido à
procura de recursos, o sistema pode tornar-se instável.

Foi o que aconteceu, por exemplo, quando a Alemanha e o Japão na década de 1930
desenvolveram políticas de expansionismo pela procura e reclamação de recursos, o que
conduziu à II Guerra Mundial.

Contexto histórico das RI

Mundo pré-vestefaliano

A maior parte dos antecedentes do sistema internacional contemporâneo nasceram no centro


da Civilização Europeia (ainda que a Índia e a China sejam duas civilizações milenares).

A Grécia e o sistema de interações das cidades-Estado

Os gregos e o seu sistema de cidades-Estado independentes foram precursores na ordem de


Vestefália. Enquanto as mais beligerantes lutavam entre si, outras dedicavam-se sobretudo ao
comércio (paz, guerra e comércio).

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Roma: governar um império

O Império Romano serve de precursor aos sistemas políticos alargados. Os seus líderes
impunham a ordem e a unidade pela força em grandes áreas geográficas.
Desde a experiência romana que ficou conhecida a expressão “Império” e “diplomacia”.
Foram administradas várias formas de Governo, incluindo autonomia/concessão de cidadania
para regiões conquistadas.

Idade Média: centralização/descentralização

Depois do Império Romano ter caído, a autoridade descentralizou-se, mas foram desenvolvidas
outras formas de interação: viagens, comércio e comunicações.
A emergência do mundo árabe e do império bizantino (redes transnacionais).
Organização feudal (autoridade em mãos privadas) em resposta à desordem. O poder e a
autoridade aparecem em diferentes níveis.

Conquista de Constantinopla (1453) pelos turcos no despertar do


Renascimento

 Desenvolvimento de um espírito crítico


 Exaltação do indivíduo
 Mudanças sociais e políticas

Revolução religiosa na Europa (séc. XVI)

Nos inícios do século XVI deu-se na Europa uma grande revolução – a Reforma Protestante

Marcou o fim de uma era de civilização europeia e veio a constituir um facto muito importante
na História:
 Quebraram uma tradição de respeito pela autoridade religiosa
 Acabaram com a unidade da Cristandade
 Criaram novos conflitos políticos

Estavam a dar os primeiros e grandes passos em direção a:


 Maior liberdade individual de conduta
 Maior tolerância de opiniões diferentes
 Muito maior separação entre aspetos da vida secular e religiosa

Em 1500, a Europa ainda era totalmente cristã:


 A religião na Europa era o laço de união entre os Homens
 A cristandade era um conjunto indivisível, unido por uma fé comum e pela obra da
Igreja
 Era a única instituição legal europeia que abrangia todo o continente

Apesar da sua posição sem rival, no início do século XVI podiam ouvir-se muitas críticas à
Igreja:
 Ignorância do clero
 Mau uso que fazia do poder para lucro pessoal
 Seu envolvimento na vida mundana

Muitos destes males tinham sido atacados desde há muito;

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No entanto, o anticlericalismo não significava que os homens desejassem abandonar a Igreja


Alguns fatores que levaram à contestação da Igreja:
 Os próprios papas pareciam muitas vezes preocupar-se demasiado com a sua posição
de príncipes temporais
 O pluralismo (ter mais que um cargo e negligenciá-los) era outro problema que a Igreja
tinha à muito, mas que não era capaz de resolver
 Grandeza com que viviam muitos bispos e abades
 Extravagância da corte real em Roma
 O facto de o poder jurídico e espiritual ser utilizado para aumentar os recursos papais
era há muito denunciado e tinha as suas raízes na necessidade de obtenção de
recursos
 A nível das paróquias, o dinheiro também faltava, o que levou à obrigação do
pagamento das dizimas
→ Este facto levou a ressentimentos e resistências, o que levou o clero a procurar
assegurar os seus direitos ameaçando excomungar os que não pagassem
 A pobreza era também uma consequência da ignorância do dinheiro
 Quando o papado iniciou a construção da catedral de S. Pedro, teve que descobrir
novos meios de obter mais dinheiro
→ Um destes meios foi a autorização dada aos vendedores de “indulgências” –
davam a garantia do Papa de que os contribuintes permaneciam num lugar
onde a sua alma era limpa e purificada

As indulgências foram a faísca que fez estalar a revolução religiosa

1517 – Martinho Lutero decidiu protestar contra estas e contra outros
costumes do Papa, afixando 95 teses nas portas de uma Igreja na Alemanha

Início da Reforma Protestante

As querelas políticas que os ensinamentos de Lutero original entre os governantes alemães


resultaram em guerras e revoltas

Foi necessário um acordo – Paz de Ausburgo (1555) – onde se acordou que a Alemanha seria
dividida entre católicos e protestantes

O Protestantismo tendia a fragmentar-se à medida que cada vez mais gente começava a tomar
decisões sobre questões religiosas

Surgiram outros “Protestantes” que não compartilhavam as ideias de Lutero:


 Suécia, João Calvino → Calvinismo
 Inglaterra, Henrique VIII → Anglicanismo

O êxito do Protestantismo tornou necessária uma alteração da Igreja Católica Romana



“Contrarreforma”
→ Concílio de Trento (1545-1563), Inácio de Loiola
 Reformulou grande parte da doutrina da Igreja
 Estabeleceu novas regras para a preparação dos padres
 Reafirmou a autoridade do Papa

→ Destaque para o papel:


 Inquisição
 Índex Igreja perseguidora e autoritária

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 Jesuítas
A Reforma e a Contrarreforma dividiram a Europa em duas grandes Ligas:
 Liga Evangélica (príncipes protestantes)
 Liga Sagrada (príncipes católicos) Fim da unidade cristã

Por toda a parte onde existira uma Europa católica deram-se lutas religiosas;
Mas a religião não é a única explicação para estas guerras que devastaram a Europa entre 1550
e 1638. Por vezes, como sucedeu em França, o que na verdade se dava era uma luta pelo poder
entre grandes famílias aristocráticas que se identificavam com diferentes grupos religiosos.

O maior abuso da religião para fins políticos deu-se na Alemanha. As questões religiosas
sanadas em Augsburgo surgiram de novo quando um imperador Habsburgo do século XVII
tentou impor novamente o catolicismo

O resultado foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)

A França sob liderança política do cardeal Richelieu tinha como grande objetivo destronar a
hegemonia dos Habsburgos austríacos na Europa (contrarreforma)

A França aliou-se à Holanda protestante e declarou guerra à Espanha católica, governada por
outro ramo dinástico da família Habsburgo.

Os Habsburgos receberam o apoio dos países nórdicos, mas não conseguiram vencer a guerra e
foram obrigados a assinar a

Paz de Vestefália (1648)

Pôs fim à guerra e deu inicio a uma nova era;

Embora muitos homens considerassem a religião como algo por que valia a pena lutar ou
morrer, a maior parte dos governantes começou a tomar em consideração outros assuntos nas
suas relações com os outros

O mundo tornou-se um pouco mais civilizado quando voltaram a dar atenção a questões de
comércio e território, fora das questões religiosas

No século XVII a Europa estava dividida em Estados, a maioria dos quais não tolerava
oficialmente mais de uma religião dominante.

Paz de Vestefália (1648)

 Nova era no plano internacional


 Data simbólica num processo de descontinuidade histórica
 Marca os Tratados de Vestefália, tratados que falharam redondamente no seu objetivo
imediato, que era o de trazerem uma paz duradoura para a Europa no final da Guerra
dos Trinta Anos

Vestefália simboliza a inauguração da modernidade nas Relações Internacionais

Afirmação de algumas características que marcaram a sociedade internacional moderna:


 Desenvolvimento e a consolidação dos Estados modernos

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 Laicização do poder (independência dos poderes políticos em relação à Igreja)


 Emancipação em relação ao papado
 Evolução de uma diplomacia geopolítica
 Aparecimento de novas formas de relacionamento económico no enquadramento
territorial fornecido pelos novos Estados

A transição vestefaliana é caracterizada pelo gradual desaparecimento de uma ordem onde a


autoridade política do clero e da nobreza se fazia sentir de forma descentralizada

Em substituição dessa ordem, desenvolveu-se uma nova ordem mundial baseada em entidades
territoriais distintas e autónomas, começando primeiro na península italiana e alastrando
depois para outras partes da Europa

Dois princípios desta nova ordem:


1. Com a doutrina da independência dos poderes políticos em relação à Igreja, a ideia de
um império cristão unificado é abandonada
2. Os Estados não devem interferir nos assuntos internos de outros Estados

Estes dois princípios sustentam o aparecimento desta nova ordem mundial, uma
ordem claramente estadocêntrica

A importância da subordinação da Igreja Católica no processo de nascimento de uma nova era


é vital
→ doutrina “raison d’état”

Esta diminuição da influência da Igreja representa uma crise no sistema de regras


internacionais da época, já que, no período medieval, a Igreja era a autoridade suprema

A dupla qualidade do Estado moderno – superioridade interna e insubmissão externa –


caracteriza o principio organizador da ordem vestefaliana: o principio de soberania

Nos Tratados de Vestefália:


 A autoridade suprema do papa sobre príncipes e reis na Europa cede o seu lugar aos
princípios de soberania e de igualdade entre Estados
 Os Estados eram as únicas entidades que tinham o direito de celebrar contratos
→ Um dos critérios centrais para a participação na nova ordem jurídico-política
era o reconhecimento por parte dos Estados já estabelecidos

Princípios introduzidos formalmente na prática das RI pelos Tratados de Vestefália:


1. Os Estados da sociedade internacional, organizados territorialmente e com uma
hierarquia política interna, são soberanos
→ Nível interno: é a entidade política suprema
→ Nível externo: não é subordinado a nenhuma outra entidade
2. Os Estados têm o direito de não sofrer ingerências externas nos seus assuntos internos
e têm a obrigação correspondente de não interferir nos assuntos internos de outros
Estados
→ A principal preocupação vestefaliana é a manutenção da ordem entre Estados
3. Independentemente do tamanho, localização, população ou poderio militar, todos os
Estados passaram a ser considerados iguais no que diz respeito aos seus direitos e às
suas obrigações

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4. Todos os Estados soberanos têm a obrigação de respeitar os seus compromissos, pois


se não o fizessem, colocariam em causa a viabilidade do sistema internacional, já que
se trata de um sistema para a convivência de entidades juridicamente iguais, sem
nenhuma entidade superior

A atual relevância da ordem vestefaliana:


 É composto por um conjunto de regras jurídicas e preceitos não jurídicos que nem
sempre são respeitados. Não é uma descrição rígida da prática dos Estados; é um
conjunto de normas que acarreta custos quando não são respeitadas
 Não nasceu repentinamente em 1648, evoluiu gradualmente a partir do final da Idade
Média e nunca deixou desde evoluir, deixando intatos apenas alguns princípios

Europa séc. XVIII

 Revolução Americana (1776)


 Revolução Francesa (1789)

John Locke: critica o poder absoluto e a noção de direito divino dos soberanos. Locke
argumenta que o Estado é uma instituição benéfica, criada por homens racionais com vista à
proteção dos seus direitos naturais (vida, liberdade e propriedade) e dos seus interesses.
O ponto fulcral da ideia de Locke [herança do iluminismo e do contrato social], centra-se no
facto de que o poder político assenta no povo, em vez de estar centralizado no líder ou no
monarca. O monarca adquire a sua legitimidade através do consentimento dos governados.

 Nacionalismo
Outra característica relevante que emergiu no século XVIII-XIX, foi o nacionalismo, em
que as massas se identificam com o passado comum, a sua linguagem, costumes e
práticas.
O nacionalismo conduz as pessoas a participarem ativamente no processo político (ex.:
contexto da Revolução Francesa).

Em grande medida, a legitimidade e o nacionalismo, estiveram na base das revoluções


americana e francesa, e ajudariam a formar o contexto político do século XIX.

Guerras Napoleónicas (1803-1815)

Série de conflitos colocando o Império Francês, liderado por Napoleão Bonaparte, contra uma
série de alianças de nações europeias.

Este conflito foi uma continuação direta das chamadas Guerras Revolucionárias, que
começaram em 1792 durante a Revolução Francesa.

O poder francês no continente foi quebrado logo após a desastrosa invasão da Rússia em 1812.
Napoleão foi derrotado em 1814 e enviado para o exílio na ilha de Elba, na costa de Itália;
contudo, alguns meses mais tarde, ele conseguiu escapar, marchou em Paris e retomou o
poder na França, apenas para ser novamente destituído, em 1815, após a fracassada Batalha
de Waterloo.

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Congresso de Viena (1815): Concerto da Europa

A ordem internacional europeia era multipolar, mas após a Revolução Francesa este equilíbrio
foi alterado. A derrota de Napoleão e o Congresso de Viena tenderam para um novo
reequilíbrio de poderes no espaço europeu.

O Congresso procurou restaurar as antigas monarquias absolutistas, uma mudança da ordem


internacional e, sobretudo, europeia. Esta tentativa, no entanto, sairia defraudada face à
(re)emergência do princípio das nacionalidades e dos sentimentos nacionalistas.

O Congresso teve como grande resultado a criação de uma aliança – Santa Aliança – entre as
principais potências da época: Áustria, Prússia, Rússia e o Reino Unido, a que se juntou a
França derrotada.

A reorganização do mapa europeu, incluindo a divisão de poderes, incluiu-se na primeira


grande experiência da história de tutela internacional, denominado Concerto da Europa.

As potências, através de consultas mútuas e conferências internacionais (diplomacia


multilateral), procuraram a manter os acordos. Entre 1815-1854, a Europa não conheceu
conflitos bélicos de relevância, situação quebrada com a Guerra da Crimeia (1854).

O conflito foi originado quando a Rússia foi impedida
pelo Reino Unido e pela França de conquistar partes do Império Otomano

Outros conflitos: guerras da unificação italiana e alemã

“Os soberanos e os diplomatas reunidos com o intuito de excluir o direito de conquistas e a


redefinir uma ordem internacional, consideram, para este fim, dois princípios: o da
legitimidade e o da necessidade de uma aliança entre as nações”

Justificações para um novo contexto de paz:


 Fatores de solidariedade (civilizacionais);
 As elites políticas estavam unidas temendo a revolução pelas massas;
 As maiores problemáticas europeias estavam centradas em questões internas
(unificação da Itália e da Alemanha).
 A industrialização da Inglaterra

No século XIX a balança de poder significava que os estados independentes europeus, de


poder equivalente, temiam a emergência de um Estado predominante (hegemónico). Este
facto, conduziu à criação de novas alianças para contrabalançar qualquer tipo de emergência.

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A Santa Aliança foi uma coligação criada pelas


potências monárquicas da Europa: Império Russo,
Império Austríaco e Reino da Prússia, mais tarde
alargada à Grã-Bretanha.
Foi selada em Paris, no dia 26 de setembro de 1815,
após a derrota final de Napoleão Bonaparte pelo
Czar Alexandre I.

Contexto século XIX

Solidificação das alianças (final do séc. XIX)

Um novo contexto…

 Crescimento económico e tecnológico generalizado;


 Intensificação comercial;
 Aumento demográfico;
 Unificação da Itália (1871);
 Alemanha formada a partir de 39 “partes”;
 Holanda fraccionada em 1830 (Bélgica e Países Baixos);
 Império Otomano desintegrado;
 Independência da Grécia e da Roménia, em 1856

Balança de Poder

Nos finais do século XIX, o sistema da balança de poderes enfraquece e aumenta a competição
entre os estados:
 Tripla aliança: Alemanha, Áustria e Itália (1882).
 Aliança Dual: França e Rússia (1893).
 Tripla Entente: França, Inglaterra e Rússia (contra a Alemanha) (1907).
 Congresso de Berlim (1878) e Conferência de Berlim (1884-85)
 A Inglaterra junta-se ao Japão para travar o avanço da Rússia na China (1902). Apoia
um país asiático contra um aliado.

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Congresso de Berlim (1878)

Reunião de lideres das grandes potências europeias e o Império Otomano em Berlim.


Na consequência da guerra russo-turca de 1877-78, o objetivo da reunião foi o de reorganizar
os países da região dos Balcãs.

 A Bulgária é dividida numa província cristã e numa província muçulmana;


 a Áustria-Hungria obtém o direito de administrar a Bósnia-Herzegobina e um acesso ao
mar Egeu,
 a Grã-Bretanha recebe o Chipre (domínio Otomano).

O congresso reforça as aspirações nacionais nos Balcãs cujos povos não foram consultados no
processo de criação de novos estados.

A Alemanha de Bismarck, que se estava a tornar numa nova superpotência, não estava
satisfeita com as soluções encontradas no Congresso de Berlim (1878). Pretendia mais
território, podendo implicar um novo redesenho do mapa da Europa.

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Conferência de Berlim (1884-85)

Guerra dos Boers (1881-1902)

As guerras dos Boers [colonos de origem holandesa e francesa], que na África do Sul se
opuseram ao exército britânico. Os ingleses pretendiam controlar as minas de diamante e ouro.
Os primeiros acabaram controlados pelo segundo e criou-se a União Sul Africana [anexação das
repúblicas boeres do Transvaal e do Estado Livre de Orange].

A era Meiji no Japão (1868-1912)

O país é unificado, liberta-se do modelo feudal;


Inicia-se um período de reformas, modernização e industrialização;
O Estado procura seguir modelos de governação ocidentais;
Modernização militar (guerras com a China (1895) e a Rússia (1904));
O Japão torna-se uma potência imperialista

Guerra russo-japonesa (1904-1905) – 1ª maior guerra do séc. XX

Guerra entre o Império do Japão e o Império Russo que disputavam os territórios da Coreia e
da Manchúria
Esta guerra marcou o reconhecimento do Japão como potência imperialista, pelas diversas
nações da Europa, enquanto a derrota russa, por sua vez, patenteou a fraqueza do regime
czarista e iniciou a sua queda, concretizada na Revolução de 1917
A Inglaterra apoia o Japão contra a Rússia – apoia um país asiático contra um aliado

Fragmentação progressiva do Império Otomano

 1839 – Independência da Grécia;


 1878 – na sequência da guerra Russo-Turca, Sérvia, Montenegro e Roménia, tornam-se
independentes;
 Confrontos entre cristãos e muçulmanos na Bulgária e Bósnia-Herzegovina.

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Em 1908 é deposto Abdul Hamid II numa revolução liderada pela sociedade secreta de oficiais
“jovens turcos”. O irmão Maomet V substitui-o, ficando no poder até 1918, sob o controlo dos
revolucionários.

Neste período, o império Austro-Húngaro anexou a Bósnia-Herzegovina, e a Bulgária e Albânia


alcançaram a independência.

Luta pela supremacia no mundo


Início do século XX – ponto de vista económico

Do fim dos impérios à 1ª Guerra Mundial

Paz armada: corrida aos armamentos

No final do século XIX grande parte do orçamento europeu destina-se a pesquisa e produção
de material bélico, o que ocasionou um significativo aumento no fabrico de armamentos e
munições, resultante dos progressos da química, metalurgia, eletricidade e mecânica.
Por outro lado, todas as nações adotaram o serviço militar obrigatório, ampliando os seus
efetivos de defesa (herança de Clausewitz).

Agitação nos Balcãs como ensaio para a 1ª Guerra Mundial

O fim da hegemonia turca na península balcânica não significou o fim dos conflitos na região.
Os novos países, surgidos entre 1878 e 1912, além da Grécia, passaram a disputar territórios
entre si.
Foram as denominadas guerras balcânicas um verdadeiro ensaio para a I Guerra Mundial,
muito importantes no desenhar da geopolítica europeia do início do Sec. XX. Elas afetaram as
alianças e o equilíbrio de forças europeu.

Alteração das fronteiras

 A Sérvia e a Grécia dividiram a maior parte da Macedónia


 A Sérvia repartiu Novibazar com Montenegro
 A Grécia adquiriu Épiro, Creta e a maior parte das ilhas do Egeu.

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 A Sérvia culpava a Áustria-Hungria de ter frustrado as suas pretensões de anexação da


Bósnia-Hergezovina (Fernando I incorporou em 1908 nos seus domínios aquele
território)

Disputa por Marrocos

Luta de gatos: a tensão aumenta entre as grandes potências (1905), com Eduardo VII, o Kaiser
Guilherme II e o ministro dos negócios estrangeiros francês, Theophile Delcassé, a disputar
Marrocos.
Primeira Guerra Mundial

As duas alianças envolveram-se numa enorme competição, desfaz-se a balança de poder


(equilíbrio). Em 1890, Bismarck renunciou ao sistema de alianças, não estava muito satisfeito
com os resultados do Congresso de Berlim (1878) e da Conferência de Berlim (1884).

Com o assassinato do Arquiduque Fernando em Sarajevo (1914), herdeiro do trono austro-


húngaro, a Alemanha encorajou a Áustria a atacar a Sérvia acabando por despoletar um
conflito de proporções inigualáveis (efeito de “arrastamento” com rede de compromissos de
defesa mútua).

Francisco Fernando (Áustria-Hungria) planeava anexar todos os territórios eslavos sob a sua
coroa, o que a Sérvia considerava uma ameaça à sua independência.

O império Austro-húngaro

O Império Austro-húngaro resultou de um compromisso entre as nobrezas austríaca e húngara


[monarquia dualista] em 1867. Era um Estado aliado da Alemanha, que não pretendia
desintegrado, tendo incentivado a Áustria-Hungria a atacar à Servia. A Rússia, França,
Inglaterra apoiam a Sérvia e inicia-se o grande conflito armado, que muitos pensavam ser
passageiro. No final da IGM o império Austro-húngaro seria dissolvida com o armistício de
1918.

Primeira Guerra Mundial

Entre 1914-18, soldados de mais de doze países lutaram numa guerra desgastante de
trincheiras, passando pelos horrores da guerra química.

A I Guerra Mundial foi uma guerra industrial, em que cada país exibia o seu nível de evolução
técnica, económica e organizativa. A corrida armamentista produziu a espingarda automática, a
metralhadora, a granada de mão, o morteiro, o “canhão de paris” (capaz de atingir alvos a mais
de 100 km), os gases venenosos, os tanques de guerra, os submarinos, os couraçados,
pequenos aviões, caças com metralhadora, etc.

Intervenientes

 Alemanha
 Brasil
 Áustria-Hungria
 Estados Unidos da América
 França
 Império Britânico

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 Império Turco-Otomano
 Itália
 Japão
 Luxemburgo
 Países Baixos
 Portugal
 Reino da Romênia
 Reino da Sérvia
 Rússia
 Austrália
A Guerra e o Sindicalismo

Na primeira guerra mundial as empresas/autoridades levaram o esforço de trabalho até aos


seus limites legais, o que criou condições para a negociação e celebração de contratos coletivos
com as associações industriais e os sindicatos.

A partir da Primeira Guerra Mundial os estados passaram a contemplar acordos que atendiam
aos interesses dos trabalhadores (interesses diretos nas decisões políticas), despertando o
fervor sindicalista.

O governo passou a intervir nas ações reciprocas entre as partes sociais (representantes dos
trabalhadores e das entidades industriais/comerciais).

Taylorismo

Frederick Taylor desenvolveu as primeiras abordagens ao estudo da racionalização do processo


de trabalho (OCT – Organização Científica do Trabalho), prescindindo da análise do ambiente
externo da organização e do papel dos grupos informais no processo de trabalho.

Taylor procurou controlar o fator humano na lógica da produção. A natureza do trabalhador


resume-se à sua habilidade de possuir e controlar o conhecimento e a informação sobre os
métodos de produção (fonte de poder). Taylor defendia um equilíbrio de forças a favor do
capital, era necessário a eliminação da dependência ao know-how do trabalhador. Assumindo
o caráter de um objeto, o trabalho ficaria mais propenso à manipulação e à maleabilidade.

Estandardização

A organização racional do trabalho não só se preocupa com a análise do trabalho, o estudo dos
tempos e movimentos, a fadiga do operário, a divisão do trabalho, a especialização do operário
e os planos de incentivos salariais, mas também com a estandardização dos métodos e
processos de trabalho, a estandardização das máquinas, instrumentos de trabalho, matérias
primas e componentes. A ideia era reduzir a variabilidade e diversidade do processo produtivo
e, por conseguinte, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência.

O conceito de Homo Economicus

Com a administração científica de Taylor implantou-se o conceito de homo economicus, isto é,


em que se acredita que a pessoa se sente motivada unicamente por recompensas salariais,
económicas e materiais. O homem procura o trabalho não porque gosta, mas como meio para
ganhar a vida.

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Por consequência, as recompensas salariais e os prémios de produção influenciam


profundamente os esforços individuais no trabalho e procuram que o operário alcance o
máximo da sua capacidade (princípio do trabalho por objetivos de Peter Druker).

Fordismo

O fordismo é uma forma de organização de produção em massa aplicada por Henry Ford no
início do século XX na linha de automóveis do modelo T.

Ford adaptou linhas rolantes para construir um sistema de deslocamento de objetos que são
movidos mecanicamente, constituindo uma cadeia de montagem. Este sistema já existia
noutras industrias americanas. O mérito de Ford foi generalizar o uso deste processo numa
mesma empresa e sob a mesma coordenação.

Revolução Russa (1917)

Os russos estavam divididos pelo Partido Democrático Constitucional (burguesia); pelos


mencheviques (minoritários), contrários à guerra, defendiam um governo de alianças com os
liberais e os bolcheviques (maioritários), que defendiam a paz imediata com a Alemanha, a
confiscação das grandes propriedades e o controlo operário das indústrias.

Controlavam sovietes importantes, formados por soldados, operários e camponeses.

Uma guerra civil arrasta-se até 1921. Em 1918, a família real é executada. Os comunistas saem
vitoriosos, mas o país estava destroçado.

Período entre guerras

Com o fim da Primeira Guerra Mundial desapareceram impérios e emergiram novos


nacionalismos.

A guerra produziu milhões de mortos e feridos e arrasou a economia europeia. Dá-se uma
“viragem” da Europa para os EUA em termos de liderança mundial.

A Revolução Russa (1917);

A Conferência de Versalhes (1919) impõe fortes condições à Alemanha, as quais terão grande
influência na eclosão da Segunda Guerra Mundial;

Criação da Sociedade das Nações (organismo intergovernamental para prevenir futuras


guerras, mas muito débil): embora pensada por Woodrow Wilson (catorze pontos), o
Congresso não autorizaria o país a entrar naquele organismo.

Liberalismo e idealismo seriam substituídos pelo realismo como teoria dominante das RI.

Tratado de Versalhes (1919)

Impôs severas sanções à Alemanha, considerada a culpada da guerra.


O país ficou obrigado ao pagamento de pesadas indemnizações aos vencedores
Os alemães perderam 1/7 do seu território, além das colónias africanas e do Pacífico.
O exército ficou reduzido a 100 mil homens.

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O fim da guerra e a República de Weimar

Em 1918, a situação alemã era delicada. Os seus aliados – império austro-húngaro e turco
estavam militarmente arrasados, rendendo-se. As tropas aliadas desencadearam uma
contraofensiva que culminou com a derrota alemã em Amiens.

A 9 de novembro o kaiser Guilherme II abdicou e surgiu a República de Weimar, o novo


governo alemão, assinou a rendição.
República de Weimar (cidade onde foi assinada a nova Constituição) refere-se à República
estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, a qual perdurou até ao início do
regime nazi (1933), com um sistema de governo baseado numa democracia representativa
semipresidencial:
 Presidente nomeava um Chanceler (poder executivo)
 O poder legislativo constituído por um parlamento (Reichstag)

EUA no pós-guerra

Os Estados Unidos tornaram-se a maior potência capitalista do mundo, passando a dominar


os mercados antes submetidos aos países europeus.

A década de 1920 representou anos de euforia, do american way of life, e do regresso ao


tradicional isolacionismo (não assinou o Tratado de Versalhes, nem participou na
Liga/Sociedade das Nações).

Houve progresso técnico, superprodução industrial, agrícola e crescimento do mercado


consumidor, além da especulação financeira.

A paz e o idealismo

Os países vencedores ficam de acordo em construir uma paz duradoura, impondo as suas
opiniões aos pequenos estados e aos vencidos, mas pouco entendem de repartição de
territórios e da organização do futuro sistema internacional.

Dos EUA surge uma posição idealista, ao contrário de uma visão mais realista entre os países
vencedores (França, Reino Unido e Itália).

A visão idealista marcou o período das duas guerras (1914-18/1939-1945). Defendia-se a ideia
de uma distribuição de poderes entre as novas organizações internacionais, capazes de criar
um quadro normativo para melhorar o entendimento entre os estados, representando a
Sociedade das Nações o centro desse modelo (a criação de normas como fator de contenção).

Uma ideia “revolucionária” (herdada do abade de Saint-Pierre) para alterar o modelo de


sociedade dividida em estado nação rivais por uma sociedade onde reina uma ordem mundial.

Esta ordem supõe a aceitação de uma ideologia política e de uma cultura comuns, a introdução
de um sistema capaz de satisfazer as necessidades idênticas dos povos, uma configuração de
unidades políticas, sem soberania absoluta e o estabelecimento de um estatuto político da
humanidade (constituição planetária).

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A conceção idealista (herança kantiana: pela federação de estados e no recurso à razão na


procura da paz) visa a transformação do sistema internacional (estruturação do mundo) pelo
estabelecimento de condições para a criação de uma paz perpétua.

A guerra é a maior ameaça à sociedade internacional, pelo que se torna necessário o


estabelecimento de uma ordem internacional justa e racional onde a paz seja preservada.

O contexto do Idealismo

O idealismo salienta a lei internacional, a moralidade e as organizações internacionais, em vez


do poder manifesto de um só país.

Os idealistas consideram a natureza humana como sendo “boa”. Acreditam que com educação,
bons hábitos e apropriadas estruturas internacionais, a natureza humana tornar-se-á a base da
cooperação internacional. Os idealistas olham para o sistema internacional como a base de
uma “comunidade de estados” com potencial para trabalharem juntos e superar os problemas
comuns.

Os idealistas foram particularmente ativos depois da cruel I Guerra Mundial. O presidente


Woodrow Wilson e outros idealistas depositaram a sua esperança na construção de uma Liga
das Nações como estrutura formal para a formação de uma “comunidade de nações” (“sonho”
desfeito com as intervenções militares alemãs e japonesas).

Pontos essenciais de Wilson ao Congresso (1918)

1. Exigência da eliminação da diplomacia secreta, a favor de uma diplomacia aberta


baseada em acordos públicos;
2. Liberdade de navegação nos mares e aguas fora do território nacional;
3. Abolição das barreiras económicas entre os países e o estabelecimento de princípios
de igualdade comercial;
4. Redução/controle dos armamentos nacionais;
5. Redefinição da política colonial (imparcial), levando em consideração o interesse dos
povos colonizados;
6. Retirada dos exércitos do território russo;
7. Restauração da independência/soberania da Bélgica;
8. Restituição da Alsácia e Lorena à França;
9. Reformulação das fronteiras italianas;
10. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autónomo dos povos da Áustria
Hungria;
11. Retirada das tropas estrangeiras da Roménia, da Sérvia e de Montenegro, restauração
dos territórios invadidos e o direito de acesso ao mar para a Sérvia;
12. Reconhecimento da autonomia da Turquia e abertura permanente dos estreitos que
ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo;
13. Independência da Polónia;
14. Criação da Sociedade das Nações.

A Sociedade das Nações (1919-1946)

A SDN desintegrou-se em pouco tempo. Apesar de alguns sucessos, a organização ficaria


abalada com a invasão da Manchúria pelo Japão, em 1931; a conquista da Etiópia (1935) e da
Albânia (1938) pela Itália e da Alemanha na circunvizinhança.

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Liberalismo Económico

Os republicanos, partidários do liberalismo económico, estavam no poder, e abstinham-se do


intervencionismo na economia.

No final da década surgiram sinais da fragilidade do sistema capitalista – retração dos


mercados externo e interno, os quais deixaram de absorver grande parte da produção, que se
tornara excessiva.

A valorização artificial das ações, baseada na especulação, provocou o crash na Bolsa de Nova
Iorque (outubro, 1929).

Contexto económico americano no pós- I Guerra Mundial:

 Hegemonia do dólar;
 Exportações em massa para a Europa (reconstrução);
 Exportações para a Améria Latina;
 Auge do crédito;
 Explosão do setor automóvel (fordismo) e da construção civil;
 Aterragem suave da economia, manutenção do otimismo nas bolsas [popularidade
geral do investimento na bolsa]

Crash de 1929

Quinta-feira, 24 de outubro de 1929


O Pânico varreu a bolsa de Nova Iorque em Wall Street quando as cotações do mercado
bateram no fundo. Os investidores deram aos intermediários ordem de venda imediata a
qualquer preço. Desapareceram grandes fortunas, 11 pessoas suicidaram-se.

A desvalorização dos títulos levou bancos e empresas à falência, afetou a agricultura e todo o
sector industrial, provocando desempregos e retração económica. A depressão afetou os
mercados de todo o mundo.

A Crise de 1929 vai quebrar a dinâmica de paz, suscitando uma guerra económica, tensões
políticas, confrontações nacionalistas e ideológicas crescentes.

Consequências:
 Desvalorização da lei da gravidade na bolsa: “tudo o que sobe desce”;
 Eliminação depostos de trabalho;
 Encerramento de bancos;
 Extinção do direito de resgatar hipotecas;
 Falência de milhares de empresas
 Perda de confiança, percebe-se, afinal, que a nação era igual às outras…

Políticas económicas insatisfatórias de Herbert Hoover (1929-1933)

Hoover tentou combater a Grande Depressão através de projetos governamentais, aplicação


de tarifas como a Smoot–Hawley (protecionismo) e o aumento de impostos.

John Maynard Keynes (1883 - 1946)

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Na concretização do New Deal (Roosevelt) para saída da Grande Depressão, pesou a influência
normativa das ideias de Keynes;

Aproveitou um contexto favorável de uma política de investimento público e de aumento da


despesa para estimular a procura.

Keynes preocupou-se com a questão do equilíbrio interno – desemprego – e o equilíbrio


externo, o padrão-ouro.

Explica que o capitalismo não dá origem espontaneamente ao pleno emprego.

Keynes defende a intervenção do Estado, devendo regular o sistema, de forma a evitar que não
se desmorone e seja substituído pelo bolchevismo ou pelo fascismo.

Conferência de Lausanne (1932) e o fim das ilusões

Foi um encontro de representantes da Grã-Bretanha, Alemanha e França, que resultou num


acordo para suspender as indemnizações relativas à Primeira Guerra Mundial impostas aos
países derrotados.

Resultou de uma moratória do presidente Hoover de forma a proporcionar condições para a


recuperação económica, na sequência da crise de 1929. Mas as dívidas dos Aliados não foram
suprimidas, colocando os americanos num isolacionismo perigoso.

New Deal

A partir de 1933, o presidente democrata Franklin Roosevelt, assessorado por tecnocratas,


colocou em prática uma política intervencionista – o New Deal.

Trata-se de um plano de recuperação económico-social, que incluía a concessão de


empréstimos a agricultores arruinados, a fixação de cotas de produção, reorganização da
indústria privada, além do estabelecimento de seguros para os depósitos bancários.

No plano das políticas sociais, estabeleceram-se o seguro emprego, o salário mínimo, a jornada
de 40 horas semanais e a legislação sindical, entre outros.

Nova luta contra o protecionismo

A escalada protecionista manifesta-se desde a crise de 1929. Em 1939, cerca de metade do


comércio mundial está afetado por elevadas barreiras alfandegárias. Em junho de 1930 os EUA
adotam a tarifa Smoot-Hawley, que conduz ao aumento exponencial dos direitos aduaneiros
sobre grande parte dos produtos industriais importados (a tarifa prevê direitos aduaneiros que
podem chegar aos 90%).

As medidas aceleram a depressão e conduzem o mundo para um novo conflito. Segundo


Richard N. Cooper (1988): “as sementes do segundo conflito mundial (…) foram semeadas pela
assinatura da pauta Smoot-Hawley por Hoover. O erro mais desastroso alguma vez comigo por
um presidente dos EUA no âmbito das RI”

O imperialismo japonês na Ásia

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Em 1931 os japoneses vão fazer uma incursão na China, seguido pela criação de um estado
vassalo e um “imperador fantoche”.

O japão sai da SDN em 1933, o mesmo ano em que Hitler chega ao poder.

Crise e novas ideologias autoritárias

A crise mundial provocou um enfraquecimento geral da democracia, considerada responsável


pelas desordens económicas e sociais, o que vai facilitar o aparecimento de novas ideologias
autoritárias, que utilizam o nacionalismo como meio de ascensão ao poder ou como fuga aos
problemas internos.

Fascismo, Salazarismo e Franquismo

Os regimes totalitários nascem com a grave crise económica gerada pela I Guerra Mundial e
acentuada com a Depressão de 1929: Itália, Alemanha, Portugal, Espanha, Polónia, Hungria,
Áustria e Grécia.

Fascismo

Em 1919, Benito Mussolini criou o partido fascista. O contexto socioeconómico italiano era
caracterizado pelo movimento grevista de camponeses e operários.

A guerra era defendida como a única forma de recuperar para a Itália a glória dos tempos do
Império Romano.

O feixe (fascio, em italiano) era o símbolo do movimento. Os “camisas negras”, como ficaram
conhecidos os fascistas, atacavam as sedes de partidos e organizações de esquerda, matando
ou torturando os seus dirigentes.

Em 1925, o duce (guia), estabeleceu a ditadura, retirou os poderes ao parlamento e implantou


o regime de partido único, assumindo o total controlo do estado.

A política expansionista de Mussolini foi marcada pela invasão da Abissínia (atual Etiópia), em
1935, e pela aliança com os nazis, em 1940.

Nazismo

O Nazismo alemão representou o vértice dos regimes totalitários, centrado no


ultranacionalismo, na oposição ao comunismo e à democracia. No ano seguinte, Adolf Hitler
assume a liderança do partido. Em 1919 foi fundado o Partido Trabalhista Alemão, mais tarde o
Partido Nacional-Socialista dos trabalhadores alemães, que reunia nacionalistas descontentes
com as imposições do Tratado de Versalhes e que atribuía a responsabilidade pela derrota na I
Guerra Mundial aos judeus, à esquerda e aos democratas.

O ex-combatente Adolf Hitler assumiu a liderança do Partido Trabalhista Alemão em 1923 e


tenta um golpe, em Munique, que fracassou. Na prisão escreve o Mein Kampf (A Minha Luta),
em que expressa as ideias nazis.
A vitória dos nazis nas eleições parlamentares resultam na nomeação de Hitler como Chanceler
em 1933.

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Os nazis incendeiam o Reichstag (Parlamento), atribuindo as culpas aos comunistas, o que


facilitou a política de suspensão das garantias individuais e civis e a censura da imprensa.

Hitler proíbe todos os partidos políticos. Em 1934, com a morte do presidente Himdemburg,
assume também a presidência, dando início à ditadura nazi, como führer (guia).

Recuperação Económica da Alemanha

O intervencionismo do estado recuperou a economia e eliminou o desemprego. A produção


industrial, sobretudo na área bélica, registou grandes avanços.

Entre 1934 e 1945, o estado Nazi controlou a administração apoiado nas SS (Schutzstaffel), isto
é, brigadas de segurança, e na Gestapo, órgão de repressão.

Em 1935, Hitler restitui o serviço militar obrigatório, desrespeitando o Tratado de Versalhes.

Propaganda

Hitler institui a educação obrigatória e faz do controlo da informação e da propaganda um eixo


fundamental do poder nazi.

Perseguição aos judeus

O nazismo de Adolf Hitler estava assente na crença da superioridade da raça ariana e defendia
a perseguição às minorias – entre elas os judeus, os ciganos, os comunistas e os homossexuais.

Quando ascendeu ao poder, Hitler iniciou a repressão das consideradas “raças inferiores”. Em
1935, foram suspensos os direitos civis dos judeus. Foi o começo de uma perseguição que se
tornaria cada vez mais brutal com o passar do tempo.

O espaço vital

O nazismo não se contenta em criar uma Nova Alemanha, baseada no racismo e autoritarismo,
pretende também remodelar o mapa mundo em proveito do Reich – o espaço vital – e em
detrimento das democracias e dos “povos inferiores”, especialmente os eslavos.

É nesta sequência que a Alemanha abandona a Conferência de Desarmamento e a SDN (uma


diplomacia internacional frágil). Em 1934, Hitler assina um acordo de não-agressão com a
Polónia e tenta o Anschluss (anexação político-militar) com a Áustria, interrompido com a
oposição de Mussolini.

A Alemanha assume-se neutra na questão da Abíssinia, de forma a trazer Mussolini para o seu
lado. A Itália é condenada pela SDN.

O Japão assina com o Reich um pacto antikomitern (1936), que visava uma aliança indireta
contra a França. A adesão da Itália a este pacto (1937), cristaliza o nascimento de um bloco
diplomático novo.
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939)

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Conflito entre as forças nacionalistas/fascistas, aliadas às classes e instituições tradicionais da


Espanha - os militares, a Igreja e os latifundiários - e do outro a Frente Popular que formava o
Governo Republicano, representando os sindicatos, os partidos de esquerda e os partidários da
democracia. A guerra culminou com a vitória dos militares e a instauração de um regime
ditatorial fascista, liderado pelo general Francisco Franco.

Hitler e Mussolini vão ajudar o governo de Franco. Os republicanos, privados de qualquer


auxílio franco-inglês, não podem contar senão com as brigadas internacionais e a URSS. Assim,
a Itália e a Alemanha avaliam forças e ajudam a instalar um regime “ amigo” às portas de
França.

Salazarismo

Em Portugal é estabelecida uma ditadura militar em 1926, pelo general António Carmona. Em
1928, Carmona nomeia António de Oliveira Salazar ministro das finanças.

Em 1932, Salazar tornou-se o Presidente do Conselho de Ministros e propôs a organização de


um estado conservador, católico, antiliberal, antidemocrático, e antissocialista.

O Estado Novo foi instaurado em 1933, ano em que foi promulgada a Constituição, e estendeu-
se até 1974.

Após a segurança diplomática e estrutura militar, Hitler passa à ofensiva. O seu primeiro
objetivo é o Auschluss. Demite o chanceler austríaco e substitui-o por um nazi, procedendo à
anexação da Áustria. Mussolini não interfere, as democracias limitam-se a protestar.

Segue-se a Checoslováquia, sob o pretexto de ajudar a minoria alemã dos sudetas, acabando
por ser anexados ao reich.

A Anchluss e o Acordo Munique 1938

A Alemanha anexa a Áustria ( Anchluss), e assina com a Itália, a Grã-Bretanha e a França o


Acordo de Munique, o qual força a República Checoslovaca a ceder à Alemanha nazi a região
das Sudetas.

História das Relações Internacionais, séculos XIX e XX

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Da concertação europeia à constituição das novas nações


(1815-1870)
O Congresso de Viena e as suas consequências: a luta entre a
legitimidade e a nacionalidade
Após uma longa sucessão de guerras revolucionárias e napoleónicas,

1815 → reunião do Congresso de Viena



nova era nas relações internacionais

Objetivos:
 Excluir o direito de conquista
 Redefinir uma ordem internacional
↓ através de dois princípios

 Legitimidade
 Necessidade de uma aliança entre as nações: “concertação europeia”

Resultados:
 Novo mapa da Europa

França impedida de prejudicar as outras nações

 Aspirações dos povos nunca foram consideradas



Conflito entre legitimidade e nacionalidade

Situação diplomática em 1815

Atores do sistema diplomático

Vencedores:
 Grã-Bretanha
 Rússia tentam colocar a França derrotada sob tutela
 Áustria
 Prússia

Grã-Bretanha:
 Formulam poucas exigências territoriais
 Atentos para que o seu país conserve as bases estratégicas necessárias à hegemonia
marítima → a liberdade de circulação nos mares constituirá a base da sua diplomacia

Rússia:

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 O czar Alexandre I não se desinteressará de possíveis conquistas territoriais (ex.:


Finlândia)
 O controlo dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mar Egeu é algo importante

Áustria:
 O Chanceler Metternich exige a restituição de terras polacas
 Procura compensações que permitiriam ao império dos Habsbourg ser mais
concentrado (províncias italianas)

Prússia:
 Reivindica a Saxónia (parte da Alemanha)
 Torna-se num estado hegemónico no seio das cortes alemãs, o que inquieta a Áustria

A situação da França parece difícil:


 Perde a Saboia, o Sarre e as praças-fortes do Leste
 Indemnização
 Ocupação militar

A questão do Império Otomano:


 Participou no Congresso de Viena a título de ator secundário
 Divergências internas
 Alvo de cobiça por parte dos outros países

Fundamentos do jogo diplomático

Rússia Rússia
Prússia Santa Aliança Prússia Quádrupla Aliança
Áustria Áustria
Grã-Bretanha

 Aproximação dos monarcas legítimos


 Maior isolamento dos soberanos franceses

Princípio do equilíbrio:
 Nenhuma potência deve exercer uma hegemonia sobre o continente, sob pena de
coligação das outras
 A execução do equilibro implica a responsabilidade comum das potências na
manutenção da ordem

Principio do equilíbrio → aplicado à custa de adaptações



Principio da legitimidade → aparece como um desafio ao direito dos povos

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Disposições essenciais do Congresso de Viena

Distribuição de territórios entre os vencedores:

 Rússia: Finlândia, províncias polacas e a Bessarábia

 Prússia: Saxónia e uma parte da marguem esquerda do Reno

 Áustria: perde o sul dos Países Baixos; assume controlo do reino lombardo-veneziano e
a presidência da Confederação Germânica (reduzida a 39 Estados)

 Grã-Bretanha: multiplica dos pontos de apoio que acrescentados às suas colónias do


Cabo e do Ceilão, lhe conferem a supremacia marítima

o França: rodeada de estados-tampão (Países Baixos, Confederação helvética, reino de


Sardenha) e isolada

país situado entre duas grandes potências previsivelmente hostis;


poderá prevenir algum conflito entre as mesmas
A França será
tentava a trabalhar para que o tratado seja revisto;

 A distribuição dos povos em função de dados estatísticos revela-se cheia de armadilhas



As disposições em Viena surgem mais como “um armistício do que como um tratado de paz”
Luta entre legitimidade e nacionalidade

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De 1816 a 1840, a Europa conhece mudanças multiformes

Política → O liberalismo encontra ecos alargados:


Trabalham para a concretização das liberdades públicas e do sufrágio universal

Economia → A modernização industrial iniciada pelos britânicos chega às províncias belgas,


depois à França e aos Estados alemães
Devido ao desenvolvimento da produção, os governos interessam-se pela
conquista de mercados (principalmente o britânico)

A desunião acentua-se aquando dos surtos revolucionários dos


anos 1830-1832

Holandeses vs. Belgas: religião, tradições, interesses económicos e causas políticas



Bélgica proclamam a sua independência (1830)

A Grã-Bretanha apela que se esmague a rebelião; a Rússia e a Prússia também concordam; a
França e a Grã-Bretanha recusam-se a intervir, mas não podem deixar o terreno livre aos
Russos e aos Prussianos
↓ Consequências

 A instituição de Estados-tampão em torno da França chega ao fim


 Aproximação franco-inglesa cria dificuldades à “concertação europeia”

Polónia proclama a sua independência (1831) e reivindica aos povos estrangeiros o seu apoio;
A Prússia e a Áustria fecham as suas fronteiras; Franceses e ingleses a favor dos revoltosos

Rússia cerca Varsóvia

Movimentos de contestação

A “concertação europeia” não durou:


 Estados conservadores reafirmam a sua oposição aos movimentos nacionais
 França e Grã-Bretanha conhecem um primeiro “entendimento cordial”, apesar de
divergências pontuais

As questões mediterrânicas (1815-1856)


À medida que se afastam do espírito de equilíbrio que havia em 1815, as potências já não
escondem os seus apetites expansionistas:

 Rússia – vigia os Estreitos com o intuito de adquirir uma saída marítima


 Reino Unido – interessado na manutenção da liberdade de comercio no Mediterrâneo
oriental, que é a porta para as Índias
 França – tenta recuperar um papel internacional

Origens comuns dos conflitos mediterrânicos: a fragilidade do Império


Otomano

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Império Otomano:
 Extensão territorial
 Diversidades dos povos
 Anarquia interna
 Mosaico étnico: árabes, turcos e eslavos
 Mosaico religioso: muçulmanos, cristãos ortodoxos, maronitas e católicos

Ausência de coesão do Império incentiva as potências europeias a intervir

Independência da Grécia

A comunidade helénica do império é forte em número e na sua homogeneidade religiosa,


económica e intelectual
→ Eles mostram-se mais favoráveis às ideias que prezam a independência,
a liberdade e a democracia

1821 – contestação surgida em Odessa, pretende obter a autonomia dos territórios gregos

Gregos proclamam a sua independência (1822)

Grécia torna-se independente (1830)

Rússia:
 Obtém posses territoriais
 Liberdade de comércio no Império Otomano
 Liberdade de atravessar os Estreitos → vantagem preciosa sobre a Grã-Bretanha

Questão egípcia

O governador estava desejoso de ser recompensado pelo auxílio prestado contra os Gregos, e
queria alargar o seu território e fazer do Mediterrâneo um “lago egípcio”

Estas ambições inquietam os Estados europeus:


 Rússia – receia um vizinho poderoso
 Grã-Bretanha – considera que o Império Otomano restringe as ambições russas na
região dos Estreitos
 França – está contente pelo facto de o Egipto constituir um ponto de apoio no
momento em que começa a colonização da Argélia

Consequências:
 Rússia – privado do acesso ao Mediterrâneo
 Grã-Bretanha – recuperou as suas posições no Mediterrâneo
 França – vê reconhecida a sua posse da Argélia, mas vê negada a sua influência para
além dela

Depois de 1841 – as potências continuam a cobiçar o Império Otomano

Guerra da Crimeira (1853-1856): Otomanos vs. Russos

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Também se juntam ao conflito:


 Grã-Bretanha – interesse económico e estratégico
 França – busca de prestígio

Congresso de Paris (1856): acordo de paz após a guerra, em que a Rússia é derrotada:
 O mar Negro é neutralizado – russos já não podem manter-se aí
 As outras nações estão satisfeitas:
o Áustria – obtém a liberdade de navegar no Danúbio
o França – recupera um papel internacional
o Grã-Bretanha – tenciona conhecer “dez anos de tranquilidade nos Estreitos”

A modificação das relações de poder nos anos 1840-1860: o problema


das nações não-europeias e perturbações no velho continente
Ascensão à independência da América Latina
Expansão territorial dos Estados Unidos novas relações de poder nos anos 1840-1860
Abertura da China e do Japão ao Ocidente

A Europa continua a ser o palco principal dos acontecimentos;

Os assuntos diplomáticos mudam de mãos: passam da Grã-Bretanha para a França, depois da


Prússia

Problemas das nações não europeias

Independência da América Latina

Regresso ao poder de Fernando VII (rei de Espanha)


Envio de tropas metropolitanas

Restabelecimento da ordem antiga:
 Princípio da continuidade preconizado na Europa também prevalece aqui
 Futuro dos territórios espanhóis não foi questionado no Congresso de Viena

Uma segunda rebelião leva à fundação:


 Colômbia
 Bolívia
 México

Rebelião do exército espanhol


Recusa do rei em negociar com os monárquicos da América Latina a cedência do trono a
príncipes espanhóis

Irritaram ainda mais os revoltosos

Brasil consegue independência de maneira pacífica:


D. Pedro sagra-se imperador (1822) e proclama a independência do Brasil, embora Portugal só
reconheça esta independência em 1825

A criação de Estados independentes na América Latina interessa à…

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Grã-Bretanha:
 “licença de navegação”
 Beneficia de vantagens comerciais

França:
 Imensas possibilidades de comércio existentes

Estados Unidos: assustam-se com a influência britânica nestas regiões

Grã-Bretanha reconhece os jovens Estados americanos e apoia o pedido de independência do


Brasil;

Estados Unidos ignoram o Congresso organizados no Panamá com a finalidade de criar uma
confederação sul-americana (cujo eventual poder eles receiam)

Reino Unido – principal beneficiário da criação dos Estados americanos: privilégios económicos

Expansão territorial dos Estados Unidos

Questão do Texas:
1835 – declara-se independente (do México) e requer a sua integração na confederação

Estados Unidos mostram-se hesitantes, mas decidem anexá-la (1845)

Os britânicos estão atentos, mas não intervêm; nem na guerra méxico-americana (1846-48)

Como venceram, ganharam também a Califórnia e o Novo México

Os EUA ambicionam também instalar-se em Cuba;

Atitude conciliadora dos Europeus com os EUA:


 Grã-Bretanha: motivos económicos
 França: motivos ideológicos – fascinada pela democracia americana
 “Doutrina de Monroe”
“América para Americanos” – isolamento dos EUA; não intervenção em
assuntos/conflitos europeus → eliminar eventuais inquietações

Abertura do Extremo Oriente

Expansão ocidental no Oriente: razões económicas, religiosas e estratégicas

China:
 Continua fechada ao resto do mundo
 Evitam as propostas de negociação ocidentais
 Limitam as importações às relações entre a Companhia Britânica das Índias Orientais e
a Associação dos Comerciantes de Cantão

Reino Unido:

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 Vitorioso na “guerra do ópio” (guerra anglo-chinesa)



Tratado de Nanquim (1842)
Acesso a novos portos
Limitação das taxas aduaneiras
Concessão de Hong-Kong

China:
 Não é objeto de competição entre Europeus
 Invasão ocidental → problemas políticos e sociais

Ocidentais aproveitam-se para reforçar os seus direitos adquiridos

Tratado de Pequim (1860)


 Abre aos estrangeiros novos portos
 Liberdade de navegação no Yang-Tsé-Kiang
 Liberdade de circulação de missionários
 Estabelecimento de relações diplomáticas
 Concessão de privilégios de jurisdição

A expansão Ocidental prossegue sem entraves:


 Reino Unido: instala-se na Birmânia e no Sião
 França: protetorado sore o Annam e o Cambodja

Como os americanos estão distantes da Europa (doutrina de Monroe), a Ásia é que sofre com a
chegada dos Europeus

Movimentos nacionais na Europa

Desde 1840 – princípios clássicos:


 Equilíbrio
 Partilha de terras

Aparecimento de nacionalismos

Amplitude das mudanças

Economia:
 Desenvolvimento dos transportes

Intensificação das relações económicas

 Renovação e aumento da produção



Rápido crescimento do capitalismo

 Multiplicação das sociedades anónimas e dos bancos de negócio



Modernização do crédito

Política:

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 Principio da soberania dos povos


 Reivindicação do sufrágio universal
 Ideia de nacionalidade começa a ganhar forma
 Duas conceções entram em confronto:
1. A nação assenta sobre uma comunidade de língua ou de costumes relativamente
à qual a vontade popular não tem nenhuma importância

2. O sentimento nacional provém de uma vontade de viver em comum, que é a
expressão do direito soberano dos povos a dispor deles próprios;
A pertença nacional alimentada por tradições comuns deve exprimir as
aspirações dos povos

Geografia:
 Confederação Germânica → as aspirações de liberdade aliam-se às aspirações de
unidade, com certos Estados mais virados na direção tomada pela Áustria, outros pela
Prússia
 Itália → todos os Estados recusam a tutela austríaca sobre a Lombardia-Venécia
 Áustria → vários movimentos nacionais:
o Checos e croatas reivindicam a autonomia
o Húngaros defendem uma representação própria

aumentam a agitação mais do que ameaçam a monarquia

Primeiras tentativas de unidade (1848-1850)

Alemães: divididos quanto à extensão da futura união, restrita em torno da Prússia ou ampla
em torno da Áustria, e sobre o papel dos respetivos Estados

Reino Unido, França, Rússia: estão de acordo na desconfiança relativamente à criação de uma
Alemanha unida e forte

Reino Unido: teme um enfraquecimento da Áustria de que a Rússia poderia tirar proveito

(1848)
Itália: Aparecimento de movimentos liberais nos ducados e em Roma
Áustria: vitória da batalha de Novara (1849)

Batalha travada entre o Império Austríaco e o Reino de Sardenha-Piemonte durante a primeira
guerra de independência italiana, dentro da era de unificação italiana, com o objetivo de
anexar os territórios do Reino Lombardo-Veneziano (sob controlo da Áustria desde 1815)

Unificação italiana (1871)

O fracasso da batalha de Novara reforça a sua vontade de concretizar a unidade

Apesar dos apelos à prudência feitos pelos Reino Unido e pelos Estados alemães, o Reino de
Sardenha-Piemonte envolve o seu país num conflito com a Áustria

Paz de Zurique (1859): Áustria cedeu a Lombardia-Veneziana ao Reino de Sardenha-Piemonte

Os Estados da Itália central reclamaram a sua união à Sardenha-Piemonte

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A integração da Itália do Sul foi uma manobra mais delicada: a oposição vinha dos republicanos
italianos que ocupavam já uma parte da Sicília e Nápoles

A ligação da Itália central e do sul é oficializada pela proclamação do reino de Itália (1861)

Falta apenas Venécia e Roma, que mais tarde irão ser cedidas pela Áustria e pela França,
respetivamente

Unificação alemã (1871)

Bismarck (1862)
 Pretende afastar a Áustria e depois a França
↓ através
Sentimento nacional dos seus compatriotas
Ignora a hostilidade dos liberais à reorganização do exército

 Dispõe-se a isolar os Habsbourg


↓ através
Neutralidade de Napoleão III
Faz um pacto com Itália, destinado a afastar a Áustria da Venécia
Acredita que a Grã-Bretanha não se envolverá

Dissolução da Confederação germânica (1866)



Constituição de uma confederação da Alemanha do Norte liderada pela Prússia (1867)

A passividade das potências europeias enfraqueceu a Áustria, que irá juntar-se à Hungria e
formar o império Austro-húngaro (1867), visto que a Áustria estava em progressivo declínio

A habilidade do Bismarck manifesta-se na guerra franco-prussiana/germânica (1870-71)



Vitória dos alemães
Tratado de Frankfurt (1871), aplicado à França:
 Pagamento de uma indemnização
 Ocupação e perda da Alsácia e da Lorena → caráter conflituoso latente nas relações
franco-germânicas

O equilíbrio europeu encontra-se completamente alterado:


 Supremacia da Prússia
 O aparecimento de novos Estados
o Enfraquece a monarquia da Áustria
o Exclui a França das manobras diplomáticas
 Não-intervenção da Rússia As potências que permitiram Bismarck agir têm a sua
 Passividade do Reino Unido parte de responsabilidade nesta transformação

Itália e Rússia: tiram proveito desta transformação


Império Austro-húngaro e a Grã-Bretanha: aceitam mal a proeminência alemã

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Da hegemonia europeia à globalização das relações


internacionais (1870-1905)
Hegemonia europeia (1870-1890)
1870 – relações internacionais europeias pareciam ter-se estabilizado

política intensiva de colonização multiplica rivalidades

Nova partilha de poderes europeia: a supremacia alemã

Bismark:
 Renuncia a aquisição de novos territórios
 Esforça-se por elaborar construções diplomáticas “sistemas bismarquianos”

Preservar o Reich da hostilidade dos seus vizinhos
Isolar a França
 A política externa alemã passou de ofensiva para defensiva

Primeiro sistema bismarquiano

Nações europeias redefinem a sua atitude em função da criação do Reich:


 Reino Unido: não se mostra hostil ao conflito entre continentais, que eram a garantia
de um equilibro relativo entre as potências, contando que conservasse o domínio dos
mares
 Áustria-Hungria: interessa-se sempre pelas províncias balcânicas que lhes possam
fornecer oportunidades marítimas
 Rússia: estão divididos quanto aos objetivos da diplomacia
 França: regressa à situação pós-Congresso de Viena – empobrecida, dilacerada pela
guerra civil; vontade de vingança

Primeiro sistema bismarquiano:


 Aproximação entre Estados conservadores concretizada pelo encontro dos Três
Imperadores em Berlim (1872)
 São assinados acordos militares germano-russos e austro-russos (a Aliança dos Três
Imperadores)
 Itália junta-se à Aliança em 1874

Esta conciliação assenta numa frente anti-francesa → constitui uma fonte de tensões

Esta frente desagrega-se aquando da crise balcânica dos anos (1875-1878)

Bismarck reúne em Berlim, 1878 – Congresso de Berlim (1878)

Reunião de lideres das grandes potências europeias e o Império Otomano em Berlim.


Na consequência da guerra russo-turca de 1877-78, o objetivo da reunião foi o de reorganizar
os países da região dos Balcãs.

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Bismark comprometeu-se a equilibrar os interesses do Reino Unido, da Rússia e da Áustria-


Hungria. Como resultado, no entanto, as diferenças entre a Rússia e a Áustria-Hungria foi
intensificada, assim como as questões de nacionalidade dos Balcãs.
Mudanças geográficas nos Balcãs:
 Bulgária é dividida
 Áustria-Hungria obtém o direito de administrar a Bósnia-Herzegovina e um acesso ao
mar Egeu
 Grã-Bretanha recebe o Chipre (domínio Otomano)

Este Congresso reforça as aspirações nacionais dos Balcãs cujos povos não foram consultados a
propósito da criação de novos Estados → rejeição do principio da autodeterminação dos povos

Segundo e terceiro sistemas bismarquianos

Apesar dos resultados do Congresso de Berlim, Bismarck não pretende renunciar à dupla
aliança com a Rússia e a Áustria-Hungria

Segundo sistema bismarquiano:


 Assenta na Dúplice (1879): ajuda mútua austro-alemã no caso de um ataque russo
 Cria a aliança dos Impérios Centrais (que existirá até ao fim da 1ªGM)
 À Dúplice junta-se a aliança dos Três Imperadores reconduzida pelos diplomatas
russos por razões de política interna

esta aliança garante ao Reich a neutralidade russa em caso de conflito com a França
 A Itália firma com os Impérios Centrais a Tripla-Aliança (1882) que organiza um auxílio
mútuo no caso de um ataque francês
Império Alemão
Império Austro-húngaro
Itália

Este sistema consegue isolar a França, o que não tinha acontecido anteriormente;

A aliança dos Três Imperadores esmorece aquando da crise balcânica de 1885

Terceiro sistema bismarquiano:


 Inclui a Tripla-Aliança (1887)
 Tratado germano-russo (1887)→ os dois países comprometem-se a manter-se neutros,
nos casos de ataques franceses ou austríacos
 Conclusão dos acordos mediterrâneos (1887) → compromisso da Itália e do Reino
Unido de defender o statu quo do Mediterrâneo

A frança fica vulnerável a leste e isolada do Mediterrâneo, porque a Espanha também adere
aos acordos de 1887;

Construções bismarquianas:
 Provocar uma aliança de Estados conservadores contra a França e limitar os conflitos a
uma única frente
 A paz reinou entre 1871-1890
 Esta politica subestima as aspirações nacionais e permite que os focos de tensão se
desenvolvam

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 Não avalia corretamente os fatores económicos e financeiros nas negociações


diplomáticas
 Avalia mal as consequências da expansão colonial

Expansão europeia no mundo

Razões da vaga expansionista

Demográficas:
 Aumento da população
 Rápido declínio da taxa de mortalidade
 Entre 1850 e 1914 emigraram milhões de pessoas em busca de melhores condições de
vida; a Grã-Bretanha é a mais afetada por este fenómeno

Económicas:
 Diversificação dos produtos industriais

Necessidade de matérias-primas e de exportações
“a política colonial é filha da política industrial” – pressão para multiplicar as colónias
 Aperfeiçoamento do sistema de crédito

Orientar os investimentos para os outros países

Políticas:
 Visão de relações interestatais em que o mais importante são os interesses próprios de
cada potência
 A conquista contribui para o prestígio e a primazia

A colonização não se efetua ao acaso:
Cada nação tem preocupações estratégicas e pretende proteger os seus direitos
adquiridos ou as vias de acesso às suas possessões

Ideológicas:
 A colonização, fator de poder, é acompanhada pela vontade de difundir a civilização

Exógenas:
 Técnicas militares europeias – uso da espingarda
 Os EUA valorizam o seu território e continuam fieis à “doutrina de Monroe”

A opinião pública está longe de apoiar a expansão colonial;

“A colonização prejudica a reconquista das províncias perdidas”


 Itália, Bélgica e Alemanha – apoiam este argumento
 Reino Unido – oposição discreta

Rivalidades coloniais

Desde 1815, a França e a Grã-Bretanha aumentaram os seus domínios coloniais

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Perante esta “febre colonial”, torna-se indispensável definir as condições e as regras de


ocupação de territórios em África

Conferência de Berlim (1884-85):


 Começa por resolver o contencioso franco-belga relativo à ocupação do Congo
 Prevê que toda a ocupação territorial deverá ser comunicada às outras potências e ser
acompanhada de uma presença efetiva nos vários locais

o A partilha de África continua materializada por convenções que reconhecem


aos países zonas de influência;
o Quando as rivalidades atingem níveis preocupantes, os colonizadores criam
Estados-tampão

Estas potências tinham ainda de conseguir derrotar o projeto expansionista de Portugal –


“Mapa Cor-de-Rosa”
 Colonizar os territórios de Angola à contracosta, ficando com o domínio de uma faixa
do continente africano

Maiores oportunidades de comércio
Matérias-primas
Ligação continental entre os dois oceanos

A Inglaterra foi a maior opositora a este projeto:


1890 – lança um ultimato, segundo o qual Portugal deveria ceder os territórios ou preparar-se
para a guerra

Portugal cede o controlo dos territórios → revolta interna

As nações europeias dominam o planeta através da colonização:


 Esta expansão aumenta a competição entre os países
 A atitude distante do Reino Unidos em relação às tensões continentais também
contribuiu para esta situação

Rumo a novos equilíbrios (1890-1905)


Europa: constituição de blocos antagónicos
Fora da Europa: afirmação de novas potências

Mudança de orientação das relações internacionais

Condições económicas, demográficas e ideológicas

Económicas:
 Produção industrial desenvolve-se graças à:
o descoberta do petróleo e da eletricidade
o aplicação de técnicas elaboradas de fabricação
 Aperfeiçoamento dos meios de transportes → escoamento de produtos para todo o
mundo
 Hierarquia das nações industrializadas: Grã-Bretanha tem a concorrência do Reich para
o segundo lugar

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 Países de economia tradicional (Rússia, Japão): não escapam à industrialização e


procuram capitais que lhes permitam equipar-se

o Rápido crescimento da produção


- Força as nações a vender os seus bens manufaturados e a
- Comprar matérias-primas e produtos em bruto;

o Conquista de mercados
Controlo das zonas detentoras de matérias-primas

despertam antagonismos interestatais

A existência de domínios coloniais interfere demasiado no contexto económico geral:


Os territórios não podem ser adquiridos senão à custa de vidas humanas e meios financeiros

Os Estados europeus preferem a via do imperialismo económico → eles asseguram para os


seus cidadãos:
 Direitos de exploração
 Concessões de equipamento
 Contratos de fornecimento de bens

Demográficas:
 Explosão humana no fim do século (50%)

movimentos migratórios de que os Estados Unidos colónias britânicas beneficiam

Ideológicas:
 Todos contribuem voluntariamente ou não para propagar as ideias, os interesses, e o
género de vida da sua terra de origem no país de acolhimento
Ex.: residentes britânicos no Oriente

Nacionalismo:
 Exprime o protesto das minorias, que lhes é:
o recusado um lugar nos Estados pluriétnicos
o negado o direito de manter a sua cultura e as suas tradições
Ex.: pressões nacionalistas nos territórios checos, nas regiões polacas…

Os governos, doravante atentos à opinião pública, têm uma margem de ação limitada porque
os parlamentos e os grupos de pressão procuram fazer prevalecer as suas opiniões

Aliança franco-russa

As suas origens políticas devem-se às mudanças ocorridas na Alemanha

Recondução antecipada da Tripla-Aliança (1891) → ministro russo inicia conversações com a


França

Negociações: convenção militar que prevê o envio de reforços no caso de ataque alemão ou de
uma mobilização no caso de uma das potências da Tríplice se mobilizasse ela própria

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Pela primeira vez desde 1971, a França já não está isolada no continente

Os anos 1895-1898 não permitem julgar o alcance efetivo da aliança franco-russa, pois as
potências continentais evitam ao máximo qualquer compromisso
Viragem dos anos 1898-1900

Grã-Bretanha:
 Tem de lidar com as dificuldades coloniais
 Reconsidera as suas relações com os continentais
 Tem dificuldades em manter o seu domínio sobre o sul de África
 Envolvida numa guerra contra os colonos anglo-holandeses
 Influência na Ásia enfraquecida devido à presença dos Russos
 Incentivam a apostar no Japão, tornado um país moderno
 Aliança anglo-japonesa (1902) → meio de repressão sobre a política russa no Extremo
Oriente: em caso de ataque por duas potências, a outra parte intervenha e neutralize a
aliança franco-russa, em caso de conflito russo-japonês

Reequilíbrio europeu

Aliança cordial, produto da evolução das relações anglo-alemãs

Os alemães manifestam aptidões especificas para dominar o mundo



Inquietação da opinião britânica → deteta intenções hegemónicas, se não guerreiras

A Inglaterra tenta com o Reich:


 Um acordo
 Um tratado que organiza a partilha das colónias portuguesas de África entre os dois
países (1898)
 Renuncia à doutrina de isolamento e propõe também uma aliança

As negociações fracassam porque o chanceler exigiu que a Inglaterra se juntasse à Tríplice

O caminho está agora aberto para a aliança com a França:


 A rivalidade anglo-alemã oferece à diplomacia francesa uma oportunidade de se
afirmar num momento em que as tensões anglo-russas no Extremo Oriente correm o
risco de resultar num conflito aberto

“Aliança Cordial” (1904)


 França abandona os seus direitos de pesca na Terra-Nova contra concessões em África
 França e Inglaterra reconhecem a sua influência respetiva no Egito e em Marrocos

É reforçava por uma reviravolta das relações franco-italianas



A Itália não rompe com os seus aliados austro-húngaros e alemães;
Adere à renovação da Tríplice (1902)
Prometia a sua neutralidade em caso de conflito franco-alemão

Crise de 1905 e a Tripla Aliança

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A Alemanha testa, várias vezes, as relações dos novos aliados

A riqueza de Marrocos desperta a cobiça do Reino Unido, da Itália, da Espanha e da Alemanha

França tem consciência disso e negoceia reconhecimento de direitos com estes Estados
Alemanha receia um protetorado disfarçado e tenta insurgir o Reino Unido contra a França (de
modo a acabar com a Aliança Cordial)

Crise marroquina constitui um fracasso para o Reich:


 Procura quebrar a aliança franco-russa (não aconteceu)
 Impõe à Rússia uma convenção defensiva, na qual ele propõe à França que se junte à
aliança (não aconteceu)

França recusa
Inglaterra oferece apoio militar à França em caso de guerra no continente

A Tripla-Aliança é doravante contrabalançada pelo conjunto de acordo que ligam a França, a


Rússia e o Reino Unido;

Relação de forças é reequilibrada pela constituição de dois blocos:

Tríplice Aliança Tríplice Entente


Potências Centrais Aliados
Império Alemão Império Russo
Império Austro-húngaro Reino Unido
Itália França

Afirmação de novas potências

Estados Unidos abrem-se ao mundo

 Protetores do continente americano


 Intensão de participar na vida internacional

Deve-se mais a razões políticas do que a motivos económicos (dispõem ainda de
grandes possibilidades de mercado interno

No momento em que as antigas potências imperiais (ex.: Grã-Bretanha) se deparam com


dificuldades, parecia possível se não substitui-las, pelo menos conseguir um lugar entre elas

Sem reação europeia, os Americanos:


 Desembarcam em Cuba
 Ocupam o Porto Rico e as ilhas Filipinas
 Anexam as ilhas do Havai

Rede de bases navais / pontos de apoio capazes de fortalecer as suas relações com o resto do
mundo

Tendência imperialista da diplomacia americana: acentua-se durante a presidência de


Roosevelt:
 Mar das Antilhas torna-se um “lago americano”
 Instauração de um protetorado sobre Cuba e Porto Rico

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 Insistência na questão do Panamá (pertencente à Colômbia) – o controlo do canal


constitui a sua maior aposta

Conseguiu ocupar o Panamá – concessão de uma zona geográfica suficientemente
vasta para nela escavar o canal e edificar as bases militares (1903)
Ação internacional dos EUA:
 América: imperialismo apoiado em meios militares ou financeiros
 Mundo: política de presença como na crise marroquina ou a guerra russo-japonesa

As nações europeias não lhe são favoráveis, mas também não contrariam

Renovação do Japão

China:
 Recusa qualquer modernização
 Sofre algumas revoltas que a destabilizam

Japão:
 Inicia uma política de reformas (era Meji)

Enfrentar o Ocidente com as mesmas armas

Mudanças no Império nipónico:


 Estruturas de economia feudal são destruídas
 Estado transforma-se em empresário industrial
 Técnicas mais recentes
 Exército e armada moderna são organizados
 Instrução é tornada obrigatória

1894 – guerra entre a China e o Japão em busca da soberania sobre a Coreia



Vitória japonesa

Guerra russo-japonesa (1904-1905) → vitória japonesa


 Os nipónicos humilhados alimentam um rancor fervoroso contra os Europeus;
 Europeus entram em acordo para dividir ainda mais a China com concessões
ferroviárias e arrendamento de territórios
 Japoneses irritam-se sobretudo com a presença económica dos Russos na Manchúria,
enquanto eles próprios procuram encontrar mercados continentais para as suas
produções

O conflito rebenta devido à destruição da armada russa (1904)

Japão usufrui:
o Superioridade técnica
o Conhecimento do terreno
o Possibilidade de encaminhar os seus reforços
o Estrategas experimentados

Rússia:
o Penalizada pela distância a que ficam as suas bases

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Consequência deste conflito:


 Japão: ascensão à categoria de potência importante devido à sua vitória sobre um
povo de raça branca e da anarquia que reina na China
 Rússia: enfraquecida pela sua derrota também no plano interno
retoma novamente a sua busca de influência balcânica
Começa a era da colonização nipónica:
 Estabelecem-se na Manchúria
 Anexam a Coreia
 Investem na China
 Interessam-se pelas ilhas do Havai e Filipinas → Americanos ficam alarmados

O tempo das crises e das guerras (1905-1945)


Fim de um mundo: as relações internacionais de 1905 a 1918

A caminho da guerra (1905-1914)

Estado do mundo

A partir de 1905 – a sociedade internacional destabiliza-se progressivamente

Fatores de paz:
 Solidariedade monárquica de uma Europa que conta apenas com três repúblicas
(França, Suíça e Portugal)
 Cooperação internacional em assuntos aduaneiros, monetários, humanitários e
judiciários
 Cientismo humanista
 Espírito missionário das Igrejas
 Pacifismo militante dos movimentos revolucionários, socialistas e sindicais

Fatores de guerra:
 Exaltação nacionalista própria dos Estados que veem na política externa um reflexo do
seu poder interno e um elemento de legitimação ideológica
 Patriotismo cultural e político de numerosas correntes intelectuais e partidárias
 Pulsões centrífugas dos povos submetidos a Estados multiétnicos (Rússia, Áustria-
Hungria, Turquia)
 Vontade centrípeta dos povos que tendem a unir-se (Polacos, Eslavos do Sul)
 Xenofobia dos povos hostis ao domínio branco (China, Japão)
 Rivalidades territoriais, económicas, colocais ou militares que opõem povos e Estados
 Domínio da Europa sobre o mundo
 Divisão da Europa em duas redes de alianças rivais

Crises e desencadear da guerra

Crise bósnia (1908-1909)


Bósnia-Herzegovina anexada pela Áustria desde 1878

Novas tensões surgem nos Balcãs:


 Áustria pretende reagir para destruir definitivamente o expansionismo sérvio e
contrariar a influência russa em toda a região

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1. Sérvia apela à Rússia, que reclama uma conferência internacional


2. Áustria (apoiada pela Alemanha) dirige um ultimato aos sérvios e aos russos
3. Tudo dependia da França: recusa apoiar a Rússia

Vitória da Áustria – continua a ser frágil:


o Sérvia não renunciou as suas esperanças
o Rússia pretende vingar-se
o Itália está descontente por não ter recebido compensações
o Agitação nacionalista persiste na própria Áustria

Guerras balcânicas (1912-1913)


A situação do Império otomano reacende a tensão nos Balcãs
A sua fraqueza desperta as cobiças dos Estados balcânicos, dos Italianos e dos Russos

Derrota turca:
 Formação da Liga balcânica (1912): Sérvia, Bulgária, Montenegro e Grécia
 Nesse mesmo ano, a Liga derrota a Turquia

Crise do verão de 1914 e o desencadear da guerra


A sucessão de crises agrava a psicose da guerra:
 França, Alemanha, Áustria e Rússia: reforçam os seus dispositivos militares
 Alianças são renovadas (Tríplice, aliança franco-russa)
 Itália e Inglaterra mantêm a prudência
 A maior parte dos outros países prepara-se para uma guerra

24 junho 1914 – assassinato do arquiduque herdeiro da Áustria em Sarajevo:


1. Viena responsabiliza imediatamente a Sérvia pelo atentado

Pretende destruir definitivamente a ameava sérvia
2. Dirige um ultimato inaceitável a Belgrado
3. Sérvia aceita-o, exceto num ponto, o que permite a Viena considerar a resposta como
uma recusa e mobilizar
4. Áustria declara guerra à Sérvia e bombardeia Belgrado
5. Rússia quer evitar a derrota da sua aliada e também se mobiliza
6. Berlim exige através de um ultimato a desmobilização russa e explicações à França
7. Assassinato de Jaurès
8. Berlim declara guerra à Rússia e depois à França
9. Alemanha invadiu a Bélgica (neutra) na tentativa de realizar o seu plano de batalha
10. Entrada na guerra da Inglaterra
11. Um pouco mais tarde, entrada do Japão, que pretende agir no Extremo Oriente
12. Só os EUA e a Itália se mantêm neutros
13. Verão de 1914 – guerra que começou nos Balcãs torna-se mundial

Primeira guerra mundial (1914-1918)

A caminho da grande guerra (1914-1918)

 Estabilização das frentes tanto a oeste como a leste


 A esperança de uma guerra-relâmpago desvanece-se
 Adversários entram em guerra prolongada e mortífera

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 Mobilizam todas as suas forças e todos os seus trunfos


o A diplomacia é um desses trunfos
→ Atrair novos aliados
→ Definir objetivos de guerra atrativos
→ Apoiar moralmente as populações
Mobilizar as suas opiniões públicas
Fazer oposição aos pacifistas
Responder às primeiras propostas de negociação

Governos definem os seus objetivos de guerra:


Impérios Centrais Aliança
A paz deve conduzir à construção de uma A paz assume um aspeto “moral”;
“Mitteleuropa” sob o comando germânico, Todas as nacionalidades da Áustria, da
sem atender às nacionalidades e ao Turquia e da Alemanha devem ser
equilíbrio das potências libertadas;
O militarismo eliminado;
O triunfo do direito estabelecido

1917, o ano conturbado

O balanço das operações é aparentemente favorável aos Impérios Centrais; mas estes êxitos
não são decisivos

Embora enfraquecidos pelos seus insucessos e por uma profunda crise moral, os Aliados não
conheceram senão desastres

Entrada na guerra dos EUA, ao lado da Aliança
 Provocado pelo desencadear da guerra submarina por parte da Alemanha

O compromisso americano consolida a posição dos Aliados a vários níveis: material, humano,
ideológico e moral

Mas os efeitos destas diversas adesões não são imediatos

Fim da guerra

Impérios centrais tomam a iniciativa a oeste:


 Paz separada de Brest-Litosk (1918) – retirada da Rússia da guerra
 Capitulação romena

Os seus ataques são bloqueados pela resistência dos Aliados → iniciam a ofensiva em todas as
frentes no verão

No outono, a vitória está alcançada

Bulgária assina o armistício, seguida pela Turquia, pela Áustria-Hungria e pela Alemanha

Fim da Primeira Guerra Mundial

O período entre-duas-guerras (1918-1939)

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Estabelecimento da paz (1918-1925)

Balanço diplomático da guerra

Consequências da guerra:
 Enormes perdas humanas
 Profundas perturbações económicas, políticas e sociais
 Destruiu o sistema diplomático tradicional
o Queda do Império russo, alemão e áustro-hungaro

Abalou a solidariedade monárquica
o Desmantelamento parcial/total destes países e o aparecimento de novos

Tornaram as noções de equilíbrio e de convenção europeias ultrapassadas
o Progressão rápida do Japão e dos Estados Unidos

Enfraquecimento do papel internacional da Europa
o A vitória Aliada não poderia fazer esquecer o desafio ideológico e diplomático
que representa o sucesso da revolução bolchevique na Rússia (1917)

O seu expansionismo inquieta a comunidade internacional

A resolução do conflito revela-se delicada,


Os Quatro Grandes (França, Estados Unidos, Reino Unido e Itália)
 estão de acordo: impor as suas opiniões aos pequenos Estados e aos vencidos para
construir uma paz duradoura
 não estão de acordo: quanto à repartição dos territórios
organização do futuro sistema internacional

Tratados de paz

Resultam do compromisso final entre os vencedores:


 pequenos Estados obrigados a aceitar as conclusões
 vencidos viram estas serem-lhes impostas

Tratado de Versalhes (1919), fixa o destino da Alemanha:


 perde 1/7 do seu solo
 perde 1/10 da sua população
 França recupera a Alsácia-Lorena e recebe o controlo do Sarre
 Perde as colónias – repartidas sob forma de mandatos entre os vencedores e seus
aliados
 É desarmada
 Vê a sua futura defesa reduzida
 Tem de aceitar a responsabilidade da guerra e dos prejuízos
 Tem de pagar as reparações da guerra, cujo montante ainda está por definir

Tratados de Saint-Germain (1919) e de Trianon (1920):


 Consagram o desaparecimento da Áustria-Hungria

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 São agora dois pequenos Estados fechados


 Reduzidos aos limites das nacionalidades alemãs e húngara
 A Áustria vê proibida a sua união com a Alemanha
 À Hungria é proibido qualquer restabelecimento dos Habsbourg
 A Sérvia expande-se com a Eslovénia, o Montenegro e a Croácia e torna-se o reino da
Jugoslávia
Tratado de Neuilly (1919):
 Obrigada a Bulgária desarmada a ceder uma parte da Macedónia à Jugoslávia, etc.

Tratado de Sévres (1920):


 Desmembra o Império Otomano
 Os territórios do Próximo Oriente são partilhados em mandatos em beneficio da
França e da Inglaterra
 A França, a Grécia e a Itália recebem zonas de influência na Ásia Menor
 Turquia é desarmada
 Estreitos são neutralizados

A todos estes tratados está anexo o Pacto da Sociedade das Nações (SDN):
 Criação de uma Assembleia Geral em Genebra
 Vencidos são provisoriamente excluídos dela
 Rússia não foi convidada para ela
 Conselho de:
o Cinco membros permanentes
→ Estados Unidos
→ França encarregues da preparação
→ Itália e de execução das
→ Reino Unido decisões da Assembleia
→ Japão
o Quatro membros não permanentes
o Um secretariado

Organização do sistema (1919-1925)

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Primeiro problema – fronteiras russas:


 Os Russos reconhecem a independência da Finlândia e dos Estados bálticos (Estónia,
Letônia e Lituánia)
 Concedem à Polónia uma grande porção de territórios – bielorrussos e ucranianos
 Abandonaram a Bessarábia à Roménia

URSS:
 Restabelece a sua unidade interna anexando a Ucrânia, a Geórgia e o Azerbaijão, que
se tinham proclamado independentes (1920-21)

Apesar da adesão tática de Lenine à “coabitação pacífica”, o Estado bolchevique continua a


despertar desconfiança

Para os Soviéticos a ameaça do capitalismo e imperialismo continua a ser uma obsessão

Outros problemas resultam dos diversos tratados:


 Subsistem muitas minorias cujo destino não está resolvido (apesar de concebidas as
satisfações aos Polacos, Checos, Romenos, Eslavos do Sul, Italianos e Bálticos)
 Frustrações dos países que não obtiveram satisfação total (Itália)
 Rancor dos vencidos (Áustria, Hungria, Bulgária, Turquia e Alemanha)
 Inquietações de certos vencedores quando à segurança futura (França)
 Divergências entre antigos Aliados
o Entre a França e a Inglaterra quando ao futuro da Alemanha
o Questões do Próximo Oriente
 Recusa da ratificação dos tratados pelo Senado americano está carregado de ameaças
o SDN perde o seu melhor apoio
o França vê desaparecer a garantia anglo-saxónica da sua segurança

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o Inglaterra aproveita o recuo americano para se libertar de qualquer obrigação

A situação acaba por acalmar:


 França consegue consolidar a sua segurança
 Plano Dawes (1924) – O valor das indemnizações alemãs é fixado
 Tratado de Rappallo (1922) – regula o contencioso entre a Alemanha e a URSS
 Reconhecimento do regime soviético por todos os Aliados, exceto pelos Estados
Unidos

Fora da Europa, o contencioso franco-britânico no Próximo Oriente acalma-se

Apesar do começo difícil, a SDN consegue funcionar

A partir de 1925, o pós-guerra termina

Diplomacia da paz (1925-1933)

 Ambiente favorável
 Estabilidade política
 Alargamento da democracia
 Prosperidade económica
 Melhoramento das condições sociais e culturais

Chegou a hora da paz – baseada na segurança coletiva e no progresso
Tempo dos pactos (1925-1930)

Pacto de Locarno (1925):


 Aliança franco-alemã
 Reconhecimento mútuo das fronteiras ocidentais da Alemanha, garantidas pela
Inglaterra e a Itália, visto que Berlim aceita as cláusulas dos tratados
 Permite a entrada da Alemanha na SDN em 1926: já não há clivagem entre vencedores
e vencidos, mas uma parceria entre iguais

Pacto Briand-Kellog (1928):


 Nova etapa de reconciliação internacional
 Exclui qualquer recurso à guerra
 Impõe a todos os signatários a arbitragem, sob autoridade da SDN, para resolver os
desacordos internacionais

Plano Young (1929) – pelos EUA:


 Reduziram ainda mais as indemnizações alemãs

Estes acordos exprimem a vontade de instaurar uma paz duradoura

Plano Briand (1929):


 Negociações sobre um desarmamento geral
 Esboço de integração europeia

Reforçam ainda mais estas esperanças

Fim das ilusões (1930-1933)

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Crise económica de 1929 → vai quebrar a dinâmica de paz



Guerra económica
Tensões políticas
Confrontações nacionalistas e ideológicas

Anulamento das indemnizações alemãs, sem por isso suprimir as dívidas dos Aliados para com
os Estados Unidos

 Os projetos de desarmamento e de união europeia afundaram → Plano Briand


 Reapareceram as ambições expansionistas da Alemanha, Itália e Japão
o Ataque da China pelo Japão
o Retirada do Japão da SDN
 Chegada de Hitler ao poder → fim do sistema de segurança coletiva

Tempo das crises (1933-1936)

Cristalização dos perigos (1933-1936)

A crise mundial provocou um enfraquecimento da democracia:


 Responsável pelas desordens económicas e sociais
 Facilitou o aparecimento de novas ideologias autoritárias

Utilizam o nacionalismo como meio de ascensão ao poder ou como fuga aos
problemas internos
o Nazismo representa o perigo mais grave

Pretende remodelar o mapa do mundo em proveito do Reich (o espaço vital)
Enfraquecer as democracias e os povos “inferiores”

1933, o plano nazi entra em ação:


 Alemanha abandona a Conferência de Desarmamento e a SDN
 Hitler assina um acordo de não-agressão com a Polónia
 Tenta uma anexação político-militar com a Áustria, interrompido pela oposição de
Mussolini
 Hitler faz do plebiscito do Sarre um triunfo – autoriza-o a restabelecer gradualmente o
serviço militar na Alemanha e a criar uma aviação de guerra

Esta política agressiva suscita apenas reações limitadas da parte das democracias:
o Inglaterra: imobilista
o Estados Unidos: isolacionistas
o França: mais inquieta, limita-se a uma ação diplomática

Outras complicações:
 A entrada da URSS na SDN não vem reforçar a organização internacional
 Pacto franco-soviético → a sua eficácia é comprometida pela ausência de uma fronteira
comum e pela desconfiança dos Polacos relativamente a qualquer passagem de tropas
soviéticas pelo seu solo

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 Conferência de Stresa (1935) → organizada pela Inglaterra, França e Itália para contra-
atacar as ameaças hitlerianas, já não permite consolidar a solidariedade das
democracias e manter Mussolini no campo ocidental
 Ausência de reação que não seja verbal à remilitarização da Renânia, por Hitler

Um dos sinais mais evidentes da fraqueza das democracias – tão grave que aflige a
URSS e os pequenos Estados

Criação do Eixo

Hitler tinha de quebrar a “frente de Stresa” e trazer Mussolini para o seu lado

A guerra civil espanhola vai servir de catalisador para a guerra civil entre republicanos e
nacionalistas

Apesar de um acordo internacional de não-intervenção, Hitler e Mussolini reconhecem o


governo de Franco e ajudam-no em vários aspetos (1936)

Republicanos – apoiados pelas Brigadas Internacionais e a URSS


Nacionalistas – apoiados por Hitler e Mussolini

A guerra civil Espanhola permitiu:


 Consolidar o acordo entre a Itália e a Alemanha
 Testar as suas forças
 Instalar um regime amigo mesmo às portas da França

1936, proclamação do Eixo Roma-Berlim:


 Reviravolta das alianças
 A cobardia das democracias foi novamente posta em causa

Os desenvolvimentos da situação no Extremo Oriente vão reforçar a posição de Hitler:


 Japão e Itália assinam o Pacto Anti-Komintern com a Alemanha

Nascimento de um novo bloco diplomático – capaz de modificar a ordem internacional

Caminhada para a guerra (1938-1939)

Hitler passa à ofensiva:


 Seu primeiro objetivo: anexação político-militar da Áustria (1938)

Mussolini não interferiu
Democracias limitam-se a protestar
 Volta-se para a Checoslováquia – sob pretexto de ajudar a minoria alemã dos Sudetas

Checos pedem auxílio, mas a França hesita, a Grã-Bretanha prefere “acalmar” Hitler, e
a URSS não consegue obter o direito de passagem pela Polónia ou pela Roménia

Hitler aproveita-se disso para exigir a anexação dos Sudetas ao Reich (1938)

Alemães acabam por provocar a inflexibilidade dos Ingleses e a ameaça de uma guerra
em geral

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Acordo de Munique (1938)
Mediante algumas concessões, as democracias aceitam a anexação dos Sudetas
A URSS e a Checoslováquia foram excluídas
Julgando ter garantido a paz, as democracias assinam pactos de não-agressão com
Hitler
o Este episódio ilustra bem a “política de apaziguamento”

 Exige a anexação da Dantzig e um direito de passagem pelo corredor polaco (1939)



Inglaterra decide garantir a integridade da Polónia

Privadas do apoio soviético, a França e a Inglaterra conformam-se com o pior:
o Invasão da Polónia

França e Inglaterra declaram guerra à Alemanha
Itália proclama-se neutra

Início da Segunda Guerra Mundial
 Já não se trata só de uma “guerra de potências” como a de 1914: trata-
se de um conflito ideológico entre o totalitarismo e a democracia
 O combate não poderá terminar senão pela destruição de um ou do
outro adversário

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