Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Stalin
A Atualidade de
Stalin
Klaus Scarmeloto
Copyright ©2021 – Todos os direitos reservados a Editora Raízes da Amé-
rica.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-994637-0-9.
CDD 320.531
CDU 316.323.72
Anexos 189
Sobre a ”tortura física” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Stalin e a Questão das Mulheres . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
Homossexualidade e Stalin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
A ATUALIDADE DE STALIN
6
KLAUS SCARMELOTO
7
A ATUALIDADE DE STALIN
9
A ATUALIDADE DE STALIN
2 NOREN, James. A Economia Soviética Vista Pelos Analistas da CIA. Disponível em: <
http://www.hist-socialismo.com/docs/EconomiaSovieticaCIA.pdf>. Pag. 1-2.
10
KLAUS SCARMELOTO
3 De acordo com uma recente pesquisa conduzida pelo Levada Center, mais de 70% dos
russos consideram positiva a figura do camarada Josef Stalin e seu papel na história do
país. Um verdadeiro recorde histórico, de acordo com uma pesquisa publicada na última
terça (16). A parcela de russos que respeitam Stalin cresceu 12% , enquanto a parcela da-
queles que percebem o líder soviético como indiferente ou negativo diminuiu em quase
três vezes desde 2015. 70% dos russos consideram o papel de Stalin na história do país
“bastante positivo”, elogiando-o por derrotar o nazismo. Enquanto isso, apenas 19% di-
zem que Stalin desempenhou um papel negativo. RECORD HISTÓRICO: 70% DOS RUS-
SOS APOIAM STALIN E O PAÍS DOS SOVIETES. Disponível em <https://vozoperari-
arj.com/2019/04/21/record-historico-70-dos-russos-apoiam-stalin-e-o-pais-dos-sovietes/>.
11
A ATUALIDADE DE STALIN
12
KLAUS SCARMELOTO
13
A ATUALIDADE DE STALIN
14
KLAUS SCARMELOTO
13 Arkhanguelskaia,
N.O. Sobre algumas causas da restauração do capitalismo na URSS:
As relações de produção na URSS (1960-1980). Disponível em: http://www.hist-
socialismo.com/docs/CausasrestauracaocapitalismoURSS.pdf. Acesso em 20 de novembro
de 2020. Pag. 4.
15
A ATUALIDADE DE STALIN
15 NOREN, James. A Economia Soviética Vista Pelos Analistas da CIA. Disponível em: <
http://www.hist-socialismo.com/docs/EconomiaSovieticaCIA.pdf>. Pag. 22-23. Acesso em
20 de maio de 2020.
17
A ATUALIDADE DE STALIN
18
KLAUS SCARMELOTO
17 Trotski: L’appareil policier du stalinisme, Ed. Union générale d’Editions, 1976, Col-
lection 10-18, p. 26 Apud in: Martens. Um outro Olhar sobre Estaline. Disponível:
https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/11.htm. Acesso em 12 de ja-
neiro de 2020.
18 Mandel, E. Inprecor, n.◦ 295, 16-29, Outubro, 1989, p. 20, Apud in: Martens.
Um outro Olhar sobre Estaline. Disponível: https://www.marxists.org/portugues/mar-
tens/1994/olhar/11.htm. Acesso em 12 de janeiro de 2020.
19
A ATUALIDADE DE STALIN
22
KLAUS SCARMELOTO
23
A ATUALIDADE DE STALIN
24
KLAUS SCARMELOTO
25
A ATUALIDADE DE STALIN
26
KLAUS SCARMELOTO
27
A ATUALIDADE DE STALIN
28
KLAUS SCARMELOTO
36 Tauger, Mark (2006). ”Arguing from errors: On certain issues in Robert Davies’ and
Stephen Wheatcroft’s analysis of the 1932 Soviet grain harvest and the Great Soviet famine
of 1931-1933”. 58 (6). Europe-Asia Studies: 975. doi:10.1080/09668130600831282. Dis-
ponível https://drive.google.com/drive/folders/18MVgSN1uC1xknFdRyp1xoJSQHAwAk-
teY. Acesso 20 de maio de 2020.
29
A ATUALIDADE DE STALIN
<https://ojcrb.wordpress.com/2020/09/04/urss-a-poderosa-potencia-industrial/>. Acesso
em 20 de novembro de 2020.
30
KLAUS SCARMELOTO
39 STRONG, Anne. The Stalin Era. Mainstream Publishers: New York, 1956. Pag. 33, 28-29
Disponível em: <http://209.151.22.101/Journalists/Strong-AL/TheStalinEra-AL-Strong-
1956.pdf>. Acesso em 20 de Fevereiro de 2020.
40 MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Rio de Janeiro, Revan, 1994. Pag 65.
31
A ATUALIDADE DE STALIN
32
KLAUS SCARMELOTO
42 SCOTT, John. Au-delà de 1’Oural, Ed. Marguerat, Lausanne, 1945, pp. 244-245. Apud
in Martens, L. Stalin um novo olhar. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 67.
43 Kuromiya. Stalin Industrial Revolution,op.cit pp. 305-306. Apud in Martens, L . Stalin um
33
A ATUALIDADE DE STALIN
35
A ATUALIDADE DE STALIN
37
A ATUALIDADE DE STALIN
sua suposta exasperação com Stálin surgiu de repente em forma documental enigmática,
na primavera e no verão de 1923. A peça central ficaria conhecida como o Testamento de
Lênin (zaveschánie) e foi apresentada pela esposa deste, Nadejda Krúpskaia, com a ajuda,
ou conluio, das mulheres que trabalhavam para Lênin, especialmente Maria Volóditcheva
e Lídia Fotíieva, a chefe da secretaria do líder bolchevique. Não subsistem originais dos
documentos mais importantes atribuídos a Lênin (que não tinham o título de “testamento”
— na verdade, não tinham nenhum título quando vieram à tona pela primeira vez). Sua
38
KLAUS SCARMELOTO
autenticidade nunca foi provada, como demonstrou um estudioso russo num exame escru-
pulosamente detalhado. Ele argumenta, corretamente, que, a menos que apareçam provas
documentais persuasivas que corroborem que Lênin ditou essas palavras, temos de tratar
sua autoria com cautela.3 Dito isso, o fato é que esses documentos — tenham derivado ou
não das palavras do próprio Lênin e, em caso afirmativo, de que forma — se tornaram uma
realidade na vida política soviética e, em particular, na vida de Stálin. Analisaremos os
documentos atribuídos a Lênin não por suas supostas datas de ditado, mas pelas datas e
pelo contexto em que foram divulgados e, sobretudo, por suas consequências. Sua frase
fundamental — “remover Stálin” — assombraria eventualmente a Eurásia Soviética e o resto
do mundo, mas, em primeira instância, assombraria o próprio Stálin. S. KOTIKIN. Stalin:
Paradoxos do poder 1879-1928. Companhia das Letras. São Paulo, 2015. Pag. 115.
57 EMELIANOV, Y. O TESTAMENTO DE LENIN. Disponível em: < https://www.cienciasre-
volucionarias.com/post/o-testamento-de-lenin-1>.
39
A ATUALIDADE DE STALIN
E por que seria importante ter uma visão correta deste fato para este
debate? Porque isso foi usado pela oposição na disputa do cargo de se-
cretariado geral nos anos 1920. Sem selarmos as desmistificações sobre o
“testamento” de Lenin58 e evidenciarmos as acusações falsas contra Stalin
de ser inimigo político e pessoal de Lenin, não seria possível entender até
onde se estendia a luta interna. Assim, por meio do testemunho de Maria
Ilyinichna Ulyanova, irmã casula de Lenin, demonstrou-se a proximidade
fraternal e ideológica de ambos Lenin e Stalin fato este que isolou ainda
mais a oposição.
O prego talvez mais importante no caixão da oposição foi realizado
ainda pela família de Lenin, a situação, um tanto delicada, foi levantada
contra Zinoviev e Kamenev, pela irmã casula de Lenin, Maria Ulyanov:
A oposição minoritária, dentro do Comitê Central, recentemente, rea-
lizou um sistemático ataque ao Camarada Stalin afirmando a “existência”
de uma ruptura política entre Lenin e Stalin nos últimos períodos da vida
Vladimir Ilyich Ulyanov. Com o objetivo de dizer a verdade, considero
esta minha obrigação, informarei aos camaradas, brevemente, como eram
as relações de Lenin e Stalin no período da doença de Vladimir Ilyich
Ulyanov, período em que eu estava com eles e cumpria diversas tarefas.
Não estou aqui para abordar o período anterior a doença Lenin, sobre o
qual eu tenho grande quantidade de provas da tocante fraternal relação
entre Vladimir Ilyich Ulyanov e Stalin, do qual os membros do comitê
central sabem muito menos do que eu.
Vladimir Ilyich Ulyanov realmente admirava Stalin. Por exemplo,
na primavera de 1922 e em dezembro do mesmo ano, respectivamente
quando Vladimir Ilyich Ulyanov teve o primeiro e o segundo quadro de
problemas em sua saúde, Lenin chamou Stalin e o encarregou das tarefas
mais pessoais. Os tipos de tarefas em que se atribui a pessoa em que se
tem total confiança no qual se considera um dedicado revolucionário e
um estimado camarada. Além disso, Ilyich insistia sempre em conversar
somente com Stalin e mais ninguém. Em geral, durante todo o período
de Doença, até que ele estivesse recuperado e até que pudesse se reunir
com os demais camaradas, ele convidava somente Stalin para vê-lo sem-
pre, fosse para o que for. E durante todo o período posterior, o de maior
gravidade de sua doença, ele intensificou o contato com Stalin, jamais
convidou um único membro do politburo, exceto, Stalin.
Houve um incidente entre Lenin e Stalin, mencionado pelo cama-
rada Zinoviev no seu discurso, pouco antes de Ilyich perder seu poder
58 IDEM, IBIDEM.
40
KLAUS SCARMELOTO
59 MI
Ulyanova. Sobre as Relações entre Lenin e Stalin. Apud in: Org. Klaus Scarmeloto.
Em defesa de Stalin: Textos Biográficos. São Paulo: ciências revolucionárias. Pag. 381-382.
41
A ATUALIDADE DE STALIN
43
A ATUALIDADE DE STALIN
zias.62
Historiadores que escreveram mais tarde e tiveram a oportunidade de
estudar o original do ”Diário”, por exemplo, D.A. Volkogonov, V.A. Ku-
manev e I.S. Kulikov não levantaram, como Sakharov, a questão dos pro-
blemas de estudo da fonte do Diário. A credibilidade deste documento é
a causa de muitos erros graves, por isso pretendemos familiarizar o leitor
mais de perto com sua versão arquivada.
O diário foi mantido na secretaria de V.I. Lênin em 21 de novembro
de 1922. Como fonte histórica, divide-se em duas partes, a fronteira entre
as quais está a anotação de 18 de dezembro de 1922. Até esta data, a au-
tenticidade do Diário como documento não suscita dúvidas: as anotações
são de natureza comercial, de escritório - instruções específicas, notas so-
bre seu desempenho. Sem “pular” datas, sem “digressões líricas”. Tudo
é escrito para organizar o fluxo de informações, não para a História.
A importância desse evento e da validade ou não do chamado testa-
mento, é mais significativa do que se imagina. Uma vez que a “falta”
de afinidade político-ideológico e pessoal de Lenin com Stalin foi o ob-
jeto do último confronto pacífico entre Stalin e a oposição isto significava
que, para época, estar com Lenin significava andar ao lado da razão. A
completa afinidade pessoal e política de Lenin com Stalin, foram e ainda
são a chave para entendermos porque a oposição perdeu a capacidade
de travar a luta interna de maneira pacífica, porque ao fim do debate,
a oposição não conseguiu demonstrar de fato que Stalin não fora o me-
lhor amigo pessoal de Lenin e politicamente o mais próximo, isto tendo
em vista que Lenin gozou nos anos 20 de grande prestigio, e quem es-
tivesse a seu lado teria maior aceitação. Assim podemos concluir que a
oposição, sem qualquer possibilidade de realizar a luta legal, democrática
e, acima de tudo, pacífica, sobretudo, porque a família de Lenin, como
demonstrou a passagem acima, majoritariamente detinha provas de que
fora Stalin seu maior aliado, tanto no campo de batalha como fora dele,
restava apenas uma última chance, ao qual muitos membros da oposição
conheciam de longa data: a luta clandestina.
Em meados de 1926, o CC do Partido constatou que a oposição trots-
kista e zinovievista realizava reuniões clandestinas em várias localidades,
agitando especialistas e organizando um partido paralelo, que incorpo-
rava os resquícios de grupos derrotados em debates anteriores e ensinava
44
KLAUS SCARMELOTO
45
A ATUALIDADE DE STALIN
ais, mas com opiniões imaginárias que não apoiamos e nunca apoiamos”;
no entanto, algumas linhas depois, eles insistiram que “para a construção
de uma sociedade socialista em nosso país, a vitória da revolução prole-
tária em um ou mais dos países capitalistas avançados é necessária.64
Ao saber que haviam organizado impressoras clandestinas para divul-
gar esta plataforma junto com outros materiais, o jornal dos democra-
tas constitucionais emigrados Poslednie Nóvosti expressou sua satisfação
pelo fato de a oposição bolchevique ter entrado na fase da imprensa clan-
destina. Temos esperança de que outras fases se seguirão. E assim seria.
Em 7 de novembro, por ocasião do décimo aniversário da Revolução
de Outubro, eles organizaram manifestações com fins insurrecionais con-
tra o Partido e o Governo, mas as massas de comunistas e operários as
dissolveram firmemente. A transformação do bloco Trotskista-Zinoviev
em uma organização anti-soviética e antibolchevique forçou a sessão ple-
nária do Comitê Central e da Comissão de Controle Central a expulsar
Trotsky e Zinoviev do partido e a excluir outros líderes da oposição desses
órgãos.65 O XV Congresso do PC (b) da URSS reuniu-se em dezembro
com um balanço inequivocamente claro da discussão das semanas anteri-
ores: as propostas majoritárias foram apoiadas por 724 mil militantes e as
da oposição conjunta por apenas 4.000. Ele concordou em expulsar cem
membros da oposição e adotar ”as medidas de influência ideológica sobre
os membros das fileiras da oposição trotskista a fim de convencê-los, ao
mesmo tempo purgando o partido de todos os elementos evidentemente
incorrigíveis do trotskista oposição. ”.
Stalin explicou como tinha passado o debate com o trotskismo: “O
exercício da democracia dentro do Partido, admitindo a crítica prática
das deficiências e erros do Partido, mas sem tolerar o menor fraciona-
mento e eliminando todo fracionário sob pena de expulsão do Partido.
Parte”66 . E destacou que, após cinco longos anos de debate permanente,
“O Partido quer acabar com a oposição e partir para um trabalho constru-
tivo. O Partido quer finalmente dissolver a oposição para que se dedique
inteiramente à nossa grande obra de construção”67 . O XV Congresso en-
46
KLAUS SCARMELOTO
47
A ATUALIDADE DE STALIN
72 Idem. Ibidem.
73 Idem Ibidem.
74 Idem, Ibidem.
75 Idem. Pag. 86.
76 Idem. Ibidem.
48
KLAUS SCARMELOTO
77 Idem. Ibidem.
78 Idem. Ibidem.
79 BROUÉ, Pierre. The ”Bloc”of the Oppositions against Stalin (January 1980).
https://www.marxists.org/archive/broue/1980/01/bloc.html. Consultado em 20 de julho
49
A ATUALIDADE DE STALIN
Trotsky, por sua vez, sempre afirmou que a luta contra “a oligarquia
burocrática” stalinista “não comporta solução pacífica” e que “o país se di-
rige notoriamente em direção à revolução no âmbito de uma guerra civil,
o assassinato de alguns opressores não diz respeito mais ao terrorismo in-
dividual”, mas é parte integrante da “luta mortal” entre os alinhamentos
opostos”80 , o mesmo argumento apresentado por Bukharin a Humbert-
Droz para justificar as ações terroristas e sabotadoras da oposição.
Á perspectiva era de choque não só político, mas também militar.
Em seu livro de memórias publicado nos Estados Unidos logo depois
do fim do segundo conflito mundial, Ruth Fischer, que fora figura
de primeiríssimo plano do comunismo alemão e membro do Presi-
dium do Komintern de 1922 à 1924, conta de que modo tinha, no
seu tempo, participado da organização na URSS da “resistência” con-
tra o “regime totalitário” que se instalara em Moscou. Estamos em
1926. Após ter rompido com Stalin no ano anterior, Zinoviey e Ka-
menev se aproximaram de Trotski: organiza-se o “bloco” para a con-
quista do poder. Desenvolve-se assim uma rede clandestina capilar
que se estende “até Vladivostok” e o Extremo Oriente: mensageiros
difundem documentos reservados do Partido e do Estado ou trans-
mitem mensagens cifradas; guardas pessoais armados dão vigilância
nos encontros secretos.“Os dirigentes do bloco se preparam para dar
os passos definitivos”; baseados no pressuposto de que o choque com
Stalin só pode ser resolvido com a “violência”, eles se encontram num
bosque nas vizinhanças de Moscou a fim de analisar profundamente
“o aspecto militar do seu programa”, a começar pelo “papel daquelas
unidades do exército” dispostas a apoiar o “golpe de Estado”. Fischer
prossegue assim:
Tratava-se de uma questão em grandíssima parte técnica, que devia
ser discutida entre os dois líderes militares, Trotsky e Lasevitch [vice-
comissário para à Guerra, que depois morre antes dos expurgos].
Dado que, como vicecomandante do Exército Vermelho ele estava
sempre numa posição legal mais favorável, Lasevitch ficou encarre-
gado de elaborar os planos para à ação militar contra Stalin. 81
Trotsky é expulso do Partido não só por alegar manter a oposição
mesmo em momentos delicados como a possibilidade de uma guerra
mundial, mas por também planejar um golpe de Estado:
Pag. 76.
50
KLAUS SCARMELOTO
51
A ATUALIDADE DE STALIN
52
KLAUS SCARMELOTO
rista” para o bloco, embora seu apelo por uma ”nova revolução polí-
tica”para remover “os quadros, a burocracia” pudesse muito bem ter
sido interpretado assim em Moscou. Há também razões para acredi-
tar que após a decapitação do bloco através da remoção de Zinoviev,
Kamenev, Smirnov e outros, a organização compreendia principal-
mente oposicionistas de nível inferior menos proeminente: seguido-
res de Zinoviev, com os quais Trotsky tentou manter contato direto.
(. . . ) As cartas para Sokolnikov e Preobrazhenskii foram enviadas
para Londres, aquela para Radek em Genebra. Outras cartas foram
enviadas à Kollontai e Litvinov. Cópias dessas cartas foram retiradas
dos papéis de Trotsky, mas quem as retirou não conseguiu recuperar e
eliminar os recibos de correio certificado assinados pelos secretários
de Trotsky.83
Assim, as cartas certamente enviadas em 1932 por Trotsky a Radek
e outros militantes trotskistas, incluindo Preobrazhensky, desapareceram
no ar com seu conteúdo, uma vez que delas apenas os recibos de remessa
para seus destinatários permaneceram. Estamos diante de uma interes-
sante anomalia que certamente teria intrigado o genial Edgar Allan Poe,
autor entre outras coisas da esplêndida história de detetive intitulada “A
carta roubada”. Além de J. Arch Getty, há mais evidências de expurgos
nos arquivos pessoais de Trotsky:
O memorando de McGregor n. º121, datado de 13 de julho de 1940
enviado a George P. Shaw ao Secretário de Estado, em 15 de julho de
1940, constando nos Arquivos Nacionais RG 84. Após o recebimento,
o Departamento de Estado transmitiu o memorando de McGregor ao
FBI. Sobre Trotsky, McGregor escreveu: “Trotsky, sem dúvida, se vê
como uma figura muito importante, em vez de um simples refugiado
no exílio. Ele descreve a política soviética em relação ao México como
sendo dirigida, em primeiro lugar, com um olho nos Estados Unidos
e, em segundo lugar, em sua direção. ” É interessante notar que no
diário de bordo de Trotsky, no qual todas as cartas enviadas foram
registradas, duas cartas foram registradas como tendo sido enviadas
para um Stewart; um de ”W”(presumivelmente Walter O’Rourke, se-
cretário de Trotsky) e o outro de Trotsky. Nenhum deles está no Ar-
quivo Trotsky. Se Stewart se refere ou não a James Stewart da equipe
do Consulado dos EUA é, portanto, impossível de determinar. Neste
momento, a equipe de Trotsky estava se preparando para enviar seus
artigos para a Universidade de Harvard. Mas, dada a aparente com-
pletude da correspondência relativa à venda e envio dos papéis para
Harvard, pode-se perguntar por que tais documentos não teriam sido
retidos. Não se pode, portanto, descartar a possibilidade de Trotsky
ter comunicado algo à equipe do Consulado antes do ataque de 24
de maio84 .
84 CHASE, W. Trotsky in Mexico: Toward a History of His Informal Contacts with the
U.S. Government, 1937-1940. Disponível em: <https://revolutionarydemocracy.org/ar-
chive/TrotskyMex.pdf>. Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
54
KLAUS SCARMELOTO
85 Cohen (1975). Pag. 344. Apud in: LOSURDO, D. Stalin: História Crítica de Uma lenda
Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 70.
86 Thurston (1996). PP.20-23. Apud LOSURDO, D. Stalin História Crítica de Uma lenda
Negra. Rio de Janeiro: Revan. Pag. 71.
55
A ATUALIDADE DE STALIN
56
KLAUS SCARMELOTO
57
A ATUALIDADE DE STALIN
58
KLAUS SCARMELOTO
88 IDEM.
89 MARTENS, Ludo. Stalin um novo olhar. Disponível em: <https://www.marxists.org/por-
tugues/martens/1994/olhar/06.htm>. Acesso em 1 de Abril de 2020.
59
A ATUALIDADE DE STALIN
Após a sua fuga para a Inglaterra, Tokáev publicou uma série de arti-
gos na imprensa ocidental e confessa ter sabotado o desenvolvimento
da aviação, justificando-se assim:
90 Idem.
91 Tokáev,Comrade X, Harvill Press, Londres, 1956, p. 33. Apud in: MARTENS, L.
Um outro Olhar sobre Estaline. Disponível em< https://www.marxists.org/portugues/mar-
tens/1994/olhar/14.htm>.
60
KLAUS SCARMELOTO
para o destino que Hitler reservou aos alemães. (...) É preciso abso-
lutamente que os ocidentais compreendam que Stálin não perseguia
senão um objetivo: a dominação do mundo por qualquer meio”.92
Em Outubro de 1932, Goltsman, um antigo trotskista, encontrou-se
secretamente em Berlim com Sedov, o filho de Trótski, para analisar a
proposta de Smírnov de criar um Bloco da Oposição Unificada, incluindo
trotskistas, zinovievistas e os partidários de Lominádze. Trótski insistia
na necessidade do ”anonimato e da clandestinidade”. Pouco depois, Se-
dov escreve ao pai comunicando-lhe que o bloco fora oficialmente cons-
tituído e que continuavam a fazer esforços para incluir o grupo de Sá-
farov—Tarkhanov. O Boletim de Trótski chegou a publicar relatórios de
Goltsman e Smírnov, assinados com pseudónimos! Há entre os trotskystas
quem sustente que esse encontro jamais ocorreu porque o Hotel Bristou
teria falido em 1917, no entanto, o ponto de encontro com o nome do
hotel Bristol era visível em 1932. Há uma foto de 1932 que comprova
este fato. “Como parecia de fora em 1932 na época da suposta visita de
Gol’tsman. A foto foi tirada em junho de 1929. Naquela época, o Grand
Hotel era administrado como uma pensão. A entrada do hotel estava
localizada abaixo da seta”93 . Assim, “com alguma dificuldade, podemos
ver a porta giratória - o mesmo tipo de porta que aparece no diagrama
em Arbejderbladet. O conhecido restaurante ”Den Gamle Braeddehytte”
pode ser visto parcialmente no canto esquerdo da foto”94 . Neste sentido
comprovamos que Goltsman não mentiu, e o brilhante artigo citado de
Sven-Eric Holmström refuta essa e outras questões mais ligadas a comis-
são de Dewey. Assim, a direção do Partido tinha perante si provas irre-
futáveis de uma conspiração que visava derrubar a direção bolchevique
e levar ao poder uma corja de oportunistas que eram instrumentos das
antigas classes exploradoras. A existência da conspiração era um sinal de
alarme de último grau. Sobre as ligações de nikolaiev com o restante da
oposição:
Pergunta: Que influência tiveram seus laços com os trotskistas da
oposição em sua decisão de matar Kirov?
Resposta: Minha decisão de matar Kirov foi influenciada por minhas
conexões com os trotskistas Shatsky, Kotolynov, Bardin e outros.
92 Idem. Ibidem
93 Sven-EricHolmström. New Evidence Concerning the “Hotel Bristol” Question in the First
Moscow Trial of 1936. Acesso em 20 de fevereiro de 2020. Disponível em:<https://neode-
mocracy.blogspot.com/2017/03/new-evidence-concerning-hotel-bristol.html>
94 Idem.
61
A ATUALIDADE DE STALIN
95 Idem.
62
KLAUS SCARMELOTO
63
A ATUALIDADE DE STALIN
64
KLAUS SCARMELOTO
65
A ATUALIDADE DE STALIN
outro deles, nenhum fez sinal de exprimir o desejo de ver essa pena
atenuada, nestas condições não podemos tirar outra conclusão que
não seja a de que confessaram porque eram culpados e não porque
houve ameaças ou qualquer outra violência. 98
67
A ATUALIDADE DE STALIN
68
KLAUS SCARMELOTO
101 Idem.
69
A ATUALIDADE DE STALIN
102 ZEMSKOV, V. Stalin e o povo. Por que não houve um levante?. Disponível em: https://sta-
linism.ru/dokumentyi/stalin-i-narod-pochemu-ne-bylo-vosstaniya.html?start=2. Acesso em
20 de Maio de 2020.
70
KLAUS SCARMELOTO
103 Alexandre Zinoviev. Les confessions d’um homme en trop. Ed. Olivier Orban, 1990,
pp.104, 120, Interview Humo, 25 Fevereiro de 1993, pp. 48-49. Apud in Martens, L.
Um outro olhar sobre Stalin. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/mar-
tens/1994/olhar/index.htm>. Acesso 20 de maio de 2020.
104 CHISTYI, Mikhail. Os Grandes Expurgos: a tentativa de golpe militar em 1937 a luz
71
A ATUALIDADE DE STALIN
Bukharin e Riutin
Bukharin também surge em torno da polêmica nos processos de mos-
cou, sobretudo, é condenado moralmente por um importante antistali-
nista, Humbert-Droz. Droz foi representante da terceira internacional
na Suíça, também avaliado pelo historiador Vladimir Brobov e Grover
Furr. Droz manifestou extremo desconforto e irritação ao ouvir da boca
do próprio Bukharin, que ele e a oposição estavam a praticar o terrorismo
e a sabotagem na URSS, e Droz, sempre detestou STALIN, ele acreditava
que Lenin havia deixado um testamento contra Stalin, e, portanto, esse
método violento de luta não seria necessário na URSS.:
Humbert-Droz encontrou-se e falou com Bukharin pela última vez no
inicio de 1929. O comunista suíço estava prestes a partir para uma
conferência dos partidos comunistas latino-americanos. Em suas me-
mórias, publicadas na Suíça em 1971, Humbert-Droz relembrou o
incidente da seguinte forma: Antes de partir, fui ver Bukharin pela
última vez, sem saber se o veria novamente quando voltasse.Tivemos
uma conversa longa e franca. Ele me atualizou sobre os contatos fei-
tos por seu grupo com a facção Zinoviev-Kamenev para coordenar
a luta contra o poder de Stalin. Não escondi dele que não concor-
dava com esse vínculo entre as oposições. “A luta contra Stalin não
é um programa político. Combatemos com razão o programa dos
trotskistas em questões essenciais, o perigo dos kulaks na Rússia, a
luta contra a frente única com os social-democratas, os problemas
chineses, a perspectiva revolucionária míope, etc. No dia seguinte
à vitória comum contra Stalin, os problemas políticos nos dividirão.
Este bloco é um bloco sem princípios que entrará em colapso antes
de alcançar qualquer resultado ”.”Bukharin também disse que eles
decidiram usar o terror individual para se livrar de Stalin. Sobre
este ponto, também expressei minhas reservas: a inserção do terror
110 Zhou
Em-lai. https://www.marxists.org/portugues/chu-en-lai/1929/10/trotskista.htm
111 VER: https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/sobre-o-uso-de-trotskistas-como-
espi% C3% B5es-japoneses-na-china. MAO ZEDONG. O USO DE TROTSKYSTAS COMO
ESPIÕES JAPONESES.
73
A ATUALIDADE DE STALIN
113 LOSURDO, D. Stalin: história crítica de uma lenda negra. Editora Revan: Rio de Janeiro,
2010. Pag. 81.
114 Furr, G. Remarks on the Moscow Trials, on Evidence, and Objectivity. Disponível em:
75
A ATUALIDADE DE STALIN
76
KLAUS SCARMELOTO
“Um dia, ele pediu-me que lhe procurasse o Boletim de Trótski para
poder ler os últimos números. Eu forneci-lhe igualmente publicações
socialistas, inclusive o Sostialistítcheski Véstnik.” “Um artigo no úl-
timo número continha uma análise do plano de Górki, que visava
reagrupar a intelligensia num partido separado para participar nas
eleições. Bukhárine declarou:É necessário um segundo Partido. Se
não existir, haverá uma só lista eleitoral, sem oposição, isso equivale
ao nazismo”.”
“Bukhárin puxou uma caneta. Foi com ela que a Nova Constituição
Soviética foi inteiramente redigida, da primeira à última palavra”.
Bukhárin estava muito orgulhoso dessa constituição. No seu con-
junto, era um quadro bem concebido para uma transição pacífica da
ditadura de um Partido para uma verdadeira democracia.”
«Interessando-se» pelas ideias de Trótski e dos sociais-democratas,
Bukhárine acaba por adoptar a tese principal sobre a necessidade de
um partido de oposição antibolchevique, que se tornaria inevitavel-
mente o ponto de convergência de todas as forças reaccionárias.117
Nikoláievski continua:
“O humanismo de Bukhárin devia-se em grande parte à crueldade
da coletivização e ao combate interno que ela desencadeou no in-
terior do Partido. (. . . )” Já não são seres humanos”, dizia Bukhá-
rine. “Tornaram-se engrenagens de uma máquina medonha. Está
em curso uma desumanização total das pessoas que trabalham no
seio do aparelho soviético”.”
“Nos começos da revolução bolchevique, Bogdánov tinha previsto o
nascimento da ditadura de uma nova classe de dirigentes econômi-
cos. Pensador original, e o segundo mais importante entre os bolche-
viques, Bogdánov desempenhou um grande papel na educação de
Bukhárin. Bukhárin não estava de acordo com as conclusões de Bog-
dánov, mas compreendia que o grande perigo do ”socialismo prema-
turo”, que os bolcheviques empreendiam, residia na criação de uma
ditadura da nova classe. Bukhárin e eu falamos longamente sobre
esta questão.”118
77
A ATUALIDADE DE STALIN
78
KLAUS SCARMELOTO
119 LOSURDO, Domênico. Stálin:história crítica de uma lenda negra. Rio de Janeiro: Revan,
2010. Pag. 81-83.
120 Bordyugov G., Kozlov V. Nikolay Bukharin. Episódios de uma biografia política Comunista.
79
A ATUALIDADE DE STALIN
O que fica claro é que duas pessoas com o mesmo capital “moral, po-
lítico e pessoal” de Stalin estão presentes nessa comissão: Krupskaya e
Maria Ulianova, respectivamente a viúva de Lenin e sua cunhada a irmã
casula de Lenin. Segundo o Historiador Igor Pikhalov, o antistalinismo
expresso pelo depoimento da viúva de Bukhárin não confirma as reu-
niões documentadas pela comissão dos expurgos e da investigação do caso
Bukharin. E ainda levantam questões importantes: se STALIN, não fora
favorável a pena capital, por que é que mesmo assim ela foi aplicada a
Bukharin? Ao passo que a resposta é mais simples do que se imagina,
ela é um tanto complexa e cara para o antistalinismo, afinal, o motivo é
deveras Simples: Stalin não era dono do partido, e essa documentação
prova isso.
O que é mais confiável: documentos ou histórias orais de ”prisio-
neiros do GULAG”? Analisemos, por exemplo, um episódio espe-
cífico de ”repressões stalinistas”. Como se sabe, durante o Plenário
de fevereiro-março de 1937 para desenvolver um projeto de resolu-
ção sobre o caso Bukharin e Rykov, foi criada uma comissão especial,
cujo presidente era Mikoyan,. (Ver citação anterior)
80
KLAUS SCARMELOTO
81
A ATUALIDADE DE STALIN
121 PIKHALOV, Igor. Mentiras E Verdades Sobre Stalin Yakir E Bukharin Fofocas E Docu-
mentos. Disponível em: <https://bit.ly/3qeYkD8>.Acesso e 20 de maio de 2020. Tradução
Nossa.
82
KLAUS SCARMELOTO
É curioso que esta opinião dos cientistas seja apoiada por algumas ou-
tras iniciativas stalinistas expressas no mesmo Plenário de fevereiro-
março. Assim, um dos dois discursos do dirigente foi dedicado aos
resultados da discussão sobre as ”lições de sabotagem, sabotagem e
espionagem dos agentes nipo-alemães-trotskistas nos comissariados
populares de indústria pesada e comunicações”. Este discurso [659] é
especialmente útil para todos os amantes de ”histórias de terror”so-
bre o ”grande terror”: as principais propostas de Stalin para superar
tendências sócio-políticas perigosas no país não se limitavam a prisões
e execuções em massa, mas à necessidade... de fortalecer o trabalho
dentro do PCUS ( b), com foco no desenvolvimento da democracia,
educação partidária e reciclagem ideológica do pessoal nos cursos le-
ninistas.
83
A ATUALIDADE DE STALIN
122 Idem.
123 DAVIES, J. Foreign Relations Of The United States, The Soviet Union, 1933–1939:
The Ambassador in the Soviet Union (Davies) to the Secretary of State. Disponí-
vel em:https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1933-39/d462. Tradução nossa.
Acesso em 20 de março de 2020.
84
KLAUS SCARMELOTO
O Caso Piatakov
Com um intérprete ao meu lado, segui o testemunho cuidadosamente. Natu-
ralmente, devo confessar que estava predisposto contra a credibilidade do de-
poimento desses réus. A unanimidade de suas confissões, o fato de sua longa
prisão (incomunicável) com a possibilidade de coação e coerção se estenderem
a eles próprios ou a suas famílias, todos me deram sérias dúvidas quanto à cre-
dibilidade que poderiam associar às suas declarações. Visto objetivamente, no
entanto, e com base na minha experiência no julgamento de casos e na apli-
cação dos testes de credibilidade que a experiência anterior me proporcionou,
cheguei à conclusão relutante de que o estado havia estabelecido seu caso, pelo
menos até o ponto de provando a existência de uma conspiração generalizada
e conspiração entre os líderes políticos contra o governo soviético, e que em
seus estatutos estabelecem os crimes previstos na acusação. Ainda resta em
minha mente, no entanto, alguma reserva com base nos fatos, de que tanto
o sistema de aplicação de penalidades por violação da lei quanto a psicologia
dessas pessoas são tão diferentes do nosso que talvez os testes que eu aplicaria
não seria preciso se aplicado aqui. Supondo, no entanto, que basicamente a
natureza humana é praticamente a mesma em todos os lugares, ainda estou
85
A ATUALIDADE DE STALIN
125 Idem,ibidem.
126 SIDOLE, Roberto. O voo de Piatakov. Disponível em: <https://www.robertosidoli.net/pub-
blicazioni/trotskij-tradito-da-trotskij/> acesso em 20 de novembro de 2020.
86
KLAUS SCARMELOTO
127 Gunther,J. Trotsky Interviwe elba 1932.Apud in: A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Cons-
piração: A Guerra Secreta Contra União Soviética. São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag. 203.
Sexta Edição.
87
A ATUALIDADE DE STALIN
tido um encontro em Berlim com o filho de Trótski, Sedov, e que lhe ha-
via transmitido, por incumbência de Trotsky, novas directivas. Smírnov
informou-me de que Sedov desejava muito ver-me. Piatakov foi ao en-
contro de Sedov que estava formado um centro trotskista; tratava-se da
unificação de todas as forças capazes de desenvolver a luta contra a di-
reção stalinista. Posteriormente, em 1935, Piatakov exigiu uma reunião
com Trotsky para dar prosseguimento ao plano, assim, viajou com pas-
saportes falsos até a Noruega, Onde encontrou Trotsky exatamente para
saber com mais detalhes a totalidade do Plano.
No decorrer do julgamento de Moscou em janeiro de 1937, GL Pyata-
kov, vice-ministro da indústria pesada soviética de 1932 a agosto de 1936,
afirmou que havia partido sorrateiramente de avião de Berlim nazista em
dezembro de 1935, também graças à ajuda dos hitleristas no poder, ater-
rissou na Noruega depois de algumas horas e se encontrar logo depois
secretamente com Trotsky, de quem afirmava ser, a partir da segunda
metade de 1931, um apoiador oculto e uma hábil ”toupeira”, bem inse-
rida por algum tempo no topo níveis do aparelho econômico da URSS
stalinista. De fato a entrada de Piatakov na oposição por meio de Radek,
ambos se implicaram mutuamente nos depoimentos nos julgamentos, é
comprovada pelos arquivos de Trotsky em Harvard:
Trotsky declarou que, pelo menos a partir de 1929 e sem nenhuma in-
terrupção, Pyatakov e Radek se tornaram seus inimigos políticos sem
interrupção em janeiro de 1937.. Porém, graças à pesquisa de JA
Getty, desde 1986 estamos de fato cientes do impressionante recebi-
mento de uma carta clandestina enviada por Trotsky a Karl Radek em
4 de março de 1932, preservada entre outras coisas nos arquivos de
Trotsky depositados desde 1940 em Universidade de Harvard: uma
carta de 1932 e, portanto, escrita em um ano em que Radek foi um
inimigo ”feroz e traiçoeiro”de Trotsky, pelo menos na opinião deste
último. 128
Muitos argumentam que o voo em si seria impossível, e isso não tem
base real. O aeroporto estava aberto o que possibilitava o pousar do avião.
Muitos pousos foram feitos naquela ocasião. Trotsky estava no local in-
dicado, no dia e horário, portanto, a probabilidade é bem grande.
Em primeiro lugar, era necessário provar que o voo de Pyatakov para
Oslo não era impossível em dezembro de 1935 e que, portanto, Pya-
89
A ATUALIDADE DE STALIN
grande valor porque sua obra é crítica ao comunismo, mas mesmo assim
ele mesmo quando fora da URSS jamais deixou de manter seu depoi-
mento igual, afirmando a justeza do processo. Littepage foi uma testemu-
nha inusitada nos processos de Moscou e que confirma, mesmo sem ser
comunista, as provas favoráveis aos soviéticos. Durante o processo de Ja-
neiro de 1937, o antigo trotskista Piatakov foi condenado como principal
responsável da sabotagem industrial. Littlepage teve ocasião de constatar
pessoalmente que Piatakov esteve envolvido em atividades clandestinas.
Eis o que relatou a este propósito:
Na Primavera de 1931, Serebróvski falou-me de uma missão de gran-
des compras que fora enviada a Berlim sob a direcção de Gueórgui
Piatakov, que era então vice-comissário da Indústria Pesada. Cheguei
a Berlim quase ao mesmo tempo que a missão. Entre outras ofertas
de compra, a missão encomendou várias dezenas de elevadores com
potências entre 100 e mil cavalos-vapor. Esses elevadores eram com-
postos habitualmente por tambores, vigamento, porta-cargas, engre-
nagens, etc., colocados sobre uma base de barras em I ou H.
A missão tinha pedido preços em pfennigs por quilograma. Várias
firmas apresentaram orçamentos, mas havia diferenças consideráveis
- de cinco a seis pfennigs por quilograma — entre a maior parte das
ofertas e duas que apresentaram preços bastantes mais baixos. Estas
diferenças levaram-me a examinar de perto as especificações. Desco-
bri então que aquelas duas empresas tinham substituído a base que
deveria ser em aço leve por outra em ferro, de maneira que, se as suas
propostas fossem aceites, os russos iriam pagar mais, já que a base em
ferro pesava muito mais que a de aço leve, mas pareceria que tinham
pago menos, considerando o preço em pfennigs por quilograma.
Tratava-se claramente de uma manigância e senti natural prazer ao
fazer tal descoberta. Relatei-a aos membros russos da missão com sa-
tisfação. Para meu espanto, não ficaram nada contentes. Chegaram
mesmo a pressionar-me para que eu aceitasse a compra, dizendo-me
que eu tinha compreendido mal a encomenda. Não conseguia expli-
car a sua atitude. Pensei que podia haver ali um caso de suborno.132
No decorrer do processo, Piatakov fez as seguintes falas diante do tri-
bunal:
Em 1931, eu estava numa missão de serviço em Berlim. Em pleno
Verão daquele ano, em Berlim, Ivan Nikítitch Smírnov informou-me
de que a luta trotskista ressurgira naquele momento com nova força
92
KLAUS SCARMELOTO
133 Idem.
135 Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold.. Disponível em: <https://archive.org/de-
tails/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up>. P.6. Tradução nossa. Acessado em 5
de Março.
136 Tzouliadis, Tim, The Forsaken, Penguin, New York, 2008, pp 164-166.
93
A ATUALIDADE DE STALIN
137 Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold.. Disponível em: <https://archive.org/de-
tails/in.ernet.dli.2015.80968/page/n15/mode/2up>. P.6. Tradução nossa. Acessado em 5
de Março.
138 Idem. Pag. 7.
139 Idem. 188-199
140 Idem. 99.
141 Tzouliadis, Tim, The Forsaken , Penguin, New York, 2008, pp 164-166
142 Idem, ibdem.
143 Idem, ibdem.
144 Littlepage, John (1937). In Search of Soviet Gold. Disponível em: <https://archive.org/de-
governo havia anunciado que a polícia federal não teria mais o poder de
prender e julgar pessoas sem julgamento público e aberto.
O sucesso de Littlepage lhe rendeu a Ordem da Bandeira Vermelha
do Trabalho e um “Ford” Modelo soviético, este último sendo conside-
rado como um dos presentes mais preciosos da época na URSS. Little-
page retornaria aos EUA várias vezes para recrutar mais engenheiros na
indústria soviética de minas de ouro: na época da Grande Depressão,
nunca havia falta de candidatos dispostos. Muitos dos milhares de tra-
balhadores dos EUA que emigraram para a URSS na época em busca de
trabalho posteriormente foram seduzidos pelo discurso da oposição e fo-
ram posteriormente julgados. 145
Littlepage trabalhou 10 anos na indústria mineira soviética, entre 1927
e 1937, principalmente, nas minas de ouro. No seu livro “In search of So-
viet gold” escreve, “Eu nunca tive interesse pela sutilidade das manobras
políticas na Rússia enquanto as podia evitar; mas tive que estudar o que
acontecia na indústria Soviética para poder fazer um bom trabalho. E es-
tou firmemente convencido de que Stalin e os seus colaboradores levaram
muito tempo até descobrir que os comunistas revolucionários desconten-
tes eram os seus inimigos mais perigosos”. Littlepage escreveu também
que a sua própria experiência confirmava as declarações oficiais de que
uma conspiração conduzida do exterior se utilizava de uma grande sa-
botagem industrial como uma parte de um processo para fazer cair o go-
verno. Já em 1931 Littlepage tinha sido obrigado a constatar isso durante
um trabalho nas minas de cobre e chumbo no Ural e no Cazaquistão. As
minas eram uma parte do grande complexo de cobre-chumbo cujo chefe
máximo era Piatakov, o vice comissário do povo para a indústria pesada.
O estado das minas era catastrófico no que diz respeito à produção e ao
bem-estar dos trabalhadores. A conclusão de Littlepage foi de que havia
uma sabotagem organizada proveniente da direção superior do complexo
de cobre-chumbo.
Surpreendentemente, Littlepage foi um dos poucos imigrantes dos
EUA autorizados a deixar a URSS durante o Terror porque jamais se en-
volvera em qualquer crime. Littlepage deixou a URSS logo após uma
entrevista na embaixada dos EUA em Moscou, em 22 de setembro de
1937, na qual afirmou sua opinião de que o comissário soviético da in-
dústria, Georgy Pyatakov, havia organizado ”destroços”em várias minas
de ouro. Em uma série de artigos para o Saturday Evening Post, Little-
5 de Março.
145 Tzouliadis,
Tim, The Forsaken , Penguin, New York, 2008, pp 164-166.
95
A ATUALIDADE DE STALIN
146 Idem,ibidem.
147 A,
KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética.
São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag. 264. Sexta Edição.
96
KLAUS SCARMELOTO
97
A ATUALIDADE DE STALIN
148 FURR, G. Trotsky Amalgms: Trotsky’s Lies, the Moscou Trials as Evidence, the Dewey
Commission. Volume One. Erythros Press and Media. PAG. 220-221.
98
KLAUS SCARMELOTO
149 RIESS,
C. Os Generais de Hitler Vistos Por Dentro. Editora Prometeu: São Paulo, 1990.
Pag. 205.
99
A ATUALIDADE DE STALIN
150 CHIAVENATO, J. O Inimigo Eleito. Editora Mercado aberto: Rio grande do Sul, 1985.
Pag, 174-175.
151 RIESS, C. Os Generais de Hitler Vistos Por Dentro. Editora Prometeu: São Paulo, 1990.
Pag.206-210.
152 Joseph Kahn foi um executivo da indústria naval que atuou como presidente da Seatrain
Lines, uma empresa inovadora na forma como os navios transportavam cargas. Kahn, imi-
grou para os Estados Unidos em 1930 da União Soviética. Kahn se alistou no Exército
dos Estados Unidos no início da Segunda Guerra Mundial, ascendendo na hierarquia de
soldado raso a primeiro-tenente.
153 A, KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética.
100
KLAUS SCARMELOTO
102
KLAUS SCARMELOTO
103
A ATUALIDADE DE STALIN
do golpe”161 .
Deve-se levar em conta também que Tukhachevsky e seus associados
contaram com o apoio dos círculos dirigentes da Alemanha nazista
para a realização de um golpe de estado. Assim, em 1936, sendo
Vice-Comissário do Povo para a Defesa da URSS, fez uma visita a Pa-
ris, durante a qual falou abertamente em apoio aos nazis. Assim, as
notas deixadas pelo chefe do departamento de imprensa da embai-
xada da Romênia em Paris E. Shakanan-Essez registram a conversa
de M.N. Tukhachevsky com o ministro das Relações Exteriores da
Romênia, Nikolai Titulescu, durante um jantar oficial na embaixada
soviética. Nesse evento, ele disse o seguinte: “Em vão, senhor minis-
tro, o senhor vincula sua carreira e o destino de seu país aos destinos
de Estados tão antigos e arruinados como a Grã-Bretanha e a França.
Devemos nos orientar para a nova Alemanha. Alemanha, pelo me-
nos por algum tempo, a hegemonia no continente europeu será man-
tida. Tenho certeza de que Hitler significa salvação para todos nós.”
A jornalista francesa Genevieve Tabuy, que esteve presente na recep-
ção, escreveu sobre o mesmo em seu livro ”They Call Me Cassandra”.
Ela observou que ”em um jantar na embaixada soviética, o marechal
russo conversou muito com Politis, Titulescu, Herriot e Boncourt...
Ele tinha acabado de visitar a Alemanha e foi espalhado em elogios
ferozes aos nazistas”. Ele lembra como Tukhachevsky falou sobre a
desejável aliança das grandes potências com Hitler, enfatizando sua
invencibilidade. Um dos participantes do jantar oficial, um ilustre
diplomata, em conversa com um jornalista ao sair da embaixada, ex-
pressou a esperança de que ”nem todos os russos pensem assim”. que
Hitler significa salvação para todos nós.162
As obras de Trotsky foram legalmente disseminadas sob os regimes
fascistas da Itália, Alemanha, Espanha e Polônia. O Diário de Goebbels
revela com propriedade algum nível de proximidade entre os nazistas
que operaram em nome de Trotsky na URSS, nesta avaliação, deve se
partir do pressuposto que seria impossível operar em nome de Trotsky
sem mínimo de colaboração mútua com o movimento trotskysta:
O nosso transmissor de rádio clandestino da Prússia Oriental para a
Rússia desperta enorme reboliço. Opera em nome de Trotsky e da
o que fazer a Stalin”. Logo depois do desencadeamento da opera-
ção barbarossa, o chefe dos serviços secretos de propaganda do III
161 Idem.
162 CHISTY, M. Os Grandes Expurgos: a tentativa de golpe militar em 1937 a luz de novos fa-
tos. Disponível em: < https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/os-grandes-expurgos-
a-tentativa-de-golpe-militar-em-1937-a-luz-de-novos-fatos>. Acesso em 20 de novembro de
2020.
104
KLAUS SCARMELOTO
163 Goebbels, apud in: LOSURDO, D. Stalin História Crítica de uma lenda negra. Rio de Ja-
neiro: revan, 2010. Pag 89-90.
164 CHISTY, M. Sobre o Conluio dos Contrarrevolucionarios de Trotsky e bukharin com os hi-
106
KLAUS SCARMELOTO
168 Idem.
169 A.B. Martirosyan escreve que o documento correspondente foi preparado “com base em
107
A ATUALIDADE DE STALIN
vários dados de inteligência obtidos pela inteligência militar, principalmente por meio de
agentes, inclusive documentais”. Além disso, o autor enfatiza que “a base principal do rela-
tório foi um memorando elaborado por ordem do Estado-Maior francês, cujo autor foi um
dos ex-oficiais da Guarda Branca.” Mais longe “O 2º Bureau do Estado-Maior da França
enviou uma cópia deste memorando à liderança da inteligência militar da Tchecoslováquia
como um serviço especial aliado. E que, por sua vez, no âmbito do então acordo de coopera-
ção com a inteligência militar da URSS - foi assinado como um anexo secreto ao tratado de
assistência mútua para repelir agressões - o apresentou ao conteúdo dos colegas soviéticos.”
É bastante claro que os ”líderes militares”significavam Tukhachevsky, Yakir, Uborevich e
outros. Sabe-se que foram representantes do bloco trotskista nas fileiras do Exército Ver-
melho. Fizeram preparativos para um golpe militar, coordenando suas ações com Trotsky,
com Krestninsky, com Bukharin, com Rosengolts e com outros líderes.
108
KLAUS SCARMELOTO
170 Idem.
171 Serviço secreto pessoal de Stalin (inteligência estratégica e contraonagem): coleta de
relatórios, mensagens especiais, certificados e dissertações de doutorado, pessoal de in-
teligência pessoal e contra-onagem Stalin / Vladimir Vakhaniya. - Moscou: Svarog, 2004
(GUP Smirnov, V.I. Tipo Regional Smirnov).Idem.;;
172 Idem.
173 Idem.
174 Idem.
109
A ATUALIDADE DE STALIN
175 Idem.
176 Idem.
177 Martin Bormann (Wegeleben, 17 de junho de 1900 — Berlim, 2 de maio de 1945) foi um des-
110
KLAUS SCARMELOTO
com a URSS. Segundo o autor, ele “fez de tudo para evitar a guerra, ou
pelo menos reduzir as consequências destrutivas em sua primeira fase,
considerando “a decisão de Hitler foi uma loucura”182 .
Com bases nessas informações, devemos concluir que “é possível que
eles possam transmitir informações à inteligência soviética sobre o acordo
concluído entre os trotskistas e o governo hitlerista, que, por sua vez, for-
mou a base da mensagem especial acima mencionada, transmitida pelo
agente I.V. Lavrov. a Stalin em fevereiro de 1936”183 .
Há também a entrevista de confirmação do Neto de Trotsky, que afir-
mou ou pelo menos teria deixado escapar a existência da conspiração:
Além da inteligência soviética e francesa acima, os materiais da inves-
tigação do caso de M.N. Tukhachevsky e G.G. Bagas, também temos
as informações da L.D. Trotsky Esteban Volkov. Na segunda edição
da revista ”Russian Yearbook”de 1990, você pode encontrar um ar-
tigo muito interessante chamado ”The Mystery House em Koyokan,
ou Leon Trotsky no exílio ...”. V. Leskov, correspondente do Ros-
siyskiy Yearnik, apresenta o conteúdo de uma entrevista com E. Vol-
kov,184 publicada na oitava edição da Moskovskiye Novosti em 1989.
Por exemplo, o neto de Bronstein disse que Lev Davidovich ”freqüen-
temente iniciava discussões em voz alta com seus camaradas, vivos e
mortos”.
Volkov se lembrou de alguns momentos das conversas de seu avô com
pessoas próximas a ele:
- “A esperança para as massas dos trabalhadores agora é ruim. A
classe trabalhadora agora está cheia de sentimentos reacionários, en-
tão às vezes isso vem contra nós. Devemos ser capazes de restringir o
trabalho fracional por um tempo, sem abandonar nossas ideias, ten-
tando ao mesmo tempo ganhar confiança de Stalin”;
- “opor-se a Stalin em tudo, culpá-lo pessoalmente por todos os fracas-
sos, mas ser sempre o primeiro a gritar da tribuna “Viva o camarada
Stalin! ”;185
182 Idem.
183 Idem.
184 Naquela época ele morava no México, cuidava da casa-museu de seu avô, que era subsidiado
pelo governo deste país / V. Leskov. ”The Mystery House in Koyokan, or Leon Trotsky in
Exile”// Russian Yearbook. Moscou, ”Rússia Soviética”, 1990. Idem.
185 Ou seja, confirma-se o fato da intenção dos associados de Trotsky na URSS de infiltrar
111
A ATUALIDADE DE STALIN
taram se infiltrar nas fileiras dos partidos comunistas dos países libertados pela União So-
viética da ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Idem.
112
KLAUS SCARMELOTO
189 Idem.
190 A,
KAHN; M, SAYERS. A Grande Conspiração: A Guerra Secreta Contra União Soviética.
São Paulo: Brasiliense. 1959. Pag 33. Sexta Edição.
113
A ATUALIDADE DE STALIN
191 Idem.
192 Idem. Pag. 206.
114
KLAUS SCARMELOTO
193 HAYWOOD, H. Dias de Trotsky no Tribunal apoud in: Sobre o Trotskysmo. Editora ciên-
cias revolucionárias: São Pauo. 2017, Pag. 100-110.
115
A ATUALIDADE DE STALIN
116
KLAUS SCARMELOTO
195 DU
BOIS, W.Sobre Stalin. Apud in: Em defesa de Stalin. Editora ciências revolucionarias.
2019. Pag 60.
117
A ATUALIDADE DE STALIN
118
KLAUS SCARMELOTO
119
A ATUALIDADE DE STALIN
120
KLAUS SCARMELOTO
121
A ATUALIDADE DE STALIN
197 SORIA, Georges. Trotskyism in the Service of Franco. Disponível em: < https://neo-
democracy.blogspot.com/2016/11/trotskyism-in-service-of-franco.html e http://neodemo-
cracy.blogspot.com/2016/11/trotskyism-in-service-of-franco-p2.html>. Acesso em 20 de fe-
vereiro de 2020.
122
KLAUS SCARMELOTO
124
KLAUS SCARMELOTO
127
A ATUALIDADE DE STALIN
129
A ATUALIDADE DE STALIN
fevereiro de 2020.
214 Arquivo Geral do Ministério das Relações Exteriores, série renovada de Barcelona,
130
KLAUS SCARMELOTO
também escreveu que a crise havia sido causada pelos anarquistas e pelo
POUM. . . Acredita-se geralmente que muitos deles eram agentes de Fran-
co”215 .
Hoje é comum que anarquistas e trotskistas se gabem de terem atra-
palhado o processo revolucionário na Espanha. ´Por meio da tentativa
de ressignificação da história a apresentam como uma daquelas revolu-
ções que, atualmente, convencionou-se chamar de “revolução colorida”
(conceito problemático, mas que será discutido em outra oportunidade).
E é mais surpreendente que essa “revolução” tenha sido celebrada e diri-
gida nas sedes de Hitler, Mussolini e Franco. Os fascistas tinham plena
consciência de que em Barcelona não havia nada com que se preocupar,
que o verdadeiro inimigo estava no campo de batalha e que a tentativa de
Barcelona só poderia beneficiá-los. Tudo o que prejudicou a República
e a Frente Popular interessou aos fascistas. É por isso que o governo re-
publicano e a Frente Popular — não apenas os comunistas — esmagaram
a traição. García Oliver escreve em suas memórias:
A revolução não poderia derivar dessa rebelião sem cabeça. A vitória
foi alcançada abafando aquela rebelião absurda. A vitória não poderia
vir daquela rebelião sem cabeça. A vitória foi alcançada sufocando aquela
rebelião absurda. Em breve encontro, os delegados da CNT e da UGT
concordaram que deveríamos entrar em contato com as pessoas das barri-
cadas e dos centros transformados em fortes. Entre em contato com eles
e peça que se desarmem, parem de lutar, diga-lhes que esperem até que
os problemas pendentes possam ser levantados e resolvidos nas conver-
sas que se iniciariam na Generalitat da Catalunha. Companys assentiu,
sem demonstrar entusiasmo. E foi então que falamos com os combaten-
tes pelo rádio. Um após o outro nós da CNT e da UGT falamos: ”Cessar
fogo!”era o slogan geral. Muitos foram os que apoiaram os apelos por
um cessar-fogo! Muitos que, das barricadas, foram para suas casas. Eles
foram falados em nome da CNT, da FAI e da Juventude Libertária. E em
nome da UGT.216
Os comunistas estavam — e nós — concordamos com isso: não foi uma
revolução, como agora afirmam os anarquistas e trotskistas, e teve de ser
sufocada. O arcabouço teórico antileninista possui, na sua essência, a dis-
215 BOWERS, C. My Mission to Spain: Watching the Rehearsal for World War II. Apud in:
POUM, Traición a la República. <https://bit.ly/3l63gt1>. Acesso em 20 de fevereiro de
2020.
216 GARCIA, Oliver. El eco de los passos. Ruedo Ibérico de edciones e publicaciones.
217 MOSELEY, Ray. O conde Ciano. A Sombra de Mussoline. Editora: globo, São Paulo. Pag.
71.
132
KLAUS SCARMELOTO
Stalin e Democracia
A URSS do período staliniano era o único país do mundo, naquele
período, onde o conceito de democracia era socialmente eficaz, onde um
verdadeiro poder popular foi criado, onde os valores humanos eram re-
alizados não no papel, mas na prática. Esses direitos do povo soviético
foram garantidos pela Constituição aprovada no VIII Congresso Extra-
ordinário dos Sovietes da URSS.
Vale ressaltar que 42% dos trabalhadores, 40% dos camponeses e 18%
dos empregados estiveram presentes no congresso.
A Constituição aprovada, neste congresso, foi a única Constituição do
mundo, talvez ainda hoje, que não declarou a si própria como um pro-
jeto para o futuro, comum interpretação viável ao fato de que a maioria
das constituições capitalistas contém pouca, ou nenhuma, eficácia social.
Os juristas como Canotilho, criaram todo um arcabouço teórico para es-
conder o fato de que, no capitalismo, as normas não possuem eficácia
social.
Apesar da realidade econômica e jurídica demonstrar no capitalismo
que a desigualdade vem aumentando, e que os mecanismos constitucio-
nais mais coabitam com ela do que a excluem, existem juristas que mais
218 CANALI, M. Le spie del regime. Biblioteca Storica Bolonha, 2004, página 170
133
A ATUALIDADE DE STALIN
justificam essas superestruturas para esconder que elas são geradas pela
estrutura econômica perversa que lhe é própria. A título de exemplo:
é o caso da corrente de pensamento que explica as Constituições como
“projetos para o futuro”, em função da falta de eficácia social de inúme-
ras normas que possuiriam caráter programático, trata-se da concepção
“Dirigente de Constituição”. “A Constituição ainda deve “constituir-a-
ação” onde nunca constituiu. Em seu texto, há um “núcleo essencial”,
não cumprido, contendo um conjunto de promessas da modernidade,
que necessita ser resgatado”219 .
A constituição dita “dirigente” — para autores do direito — se faz
como uma garantia para as alegações no plano real, o que também se
revela problemático, neste sentido, Gilberto Bercovici diz:
A batalha ideológica em torno da constituição (...) é cada vez mais acir-
rada. As críticas conservadoras todas podem ser solucionadas, formal-
mente, por uma hermenêutica constitucional leal à Constituição. Mas,
só isso não. Para resistir às críticas e às tentativas de enfraquecimento
e desfiguração da Constituição (...) é necessário sair do instrumenta-
lismo constitucional a que fomos jogados pela adoção exageradamente
acrítica da Teoria da Constituição Dirigente, que é uma teoria da Consti-
tuição autocentrada em si mesma. Ela é uma teoria “auto-suficiente” da
Constituição. Ou seja, criou-se uma teoria da constituição tão poderosa,
que a constituição, por si só, resolve todos os problemas. O instrumenta-
lismo constitucional é, dessa forma, favorecido: acredita-se que é possível
mudar a sociedade, transformar a realidade apenas com os dispositivos
constitucionais. Consequentemente, o Estado e a política são ignorados,
deixados de lado. A teoria da constituição dirigente é uma teoria da cons-
tituição sem teoria do Estado e sem política. E é justamente por meio da
política e do Estado que a constituição vai ser concretizada. 220
Sobre essa discussão acerca do Direito e o Estado, muitos dizem que
Stalin reduziu sua concepção de Direito ao mero positivismo, e alargou
o Estado ao invés de extingui-lo, mas, em realidade, Stalin sabia que en-
quanto o Imperialismo existisse, esse objetivo estratégico jamais poderia
ser traçado. Sobre isso, Engels dizia: “A palavra de ordem da abolição do
Estado esconde a fuga covarde das lutas imediatas que se apresentam; ou
223 WEBB, S, B. A URSS UMA NOVA CIVILIZAÇÃO. Editorial Calvino, rio de janeiro.1938.
Pag. 388. Disponível: <http://www.grabois.org.br/uploads/arquivos/1487180319.pdf>.
Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
136
KLAUS SCARMELOTO
bricas, Thurston lembra que era vigente e mesmo estimulada pelo PCUS
durante os anos de 1930, com discursos de Stalin enfatizando a necessi-
dade de o Partido estar ligado às massas e suas críticas para o desenvol-
vimento concreto do socialismo. Assim, os sindicatos de trabalhadores e
seus meios de imprensa (como jornais) podiam criticar abertamente suas
condições de vida, seus salários, a ineficiência dos gestores das indústrias
e diversas outras questões, sem nenhum problema com a repressão do
estado. Com exceção de altas lideranças do Presidium, quaisquer proble-
mas ou indivíduos da sociedade soviética eram passíveis de serem criti-
cados. Nesse sentido, a União Soviética era mais democrática em termos
trabalhistas do que os Estados Unidos
“Os limites do discurso permitiram uma discussão aberta de tópicos
profundamente significativos para os trabalhadores, incluindo alguns as-
pectos do profissional normas de produção, taxas e classificações salari-
ais, segurança no trabalho, moradia e tratamento por parte dos gestores.
Isso permitiu o discurso, e seus resultados, muitas vezes satisfatórios para
as mãos dos industriais, ocorreram em um momento em que os traba-
lhadores americanos em particular lutavam por um reconhecimento sin-
dical básico, que, mesmo quando o conquistaram, não forneceu neces-
sariamente muita influência formal no trabalho Lugar, colocar. Vários
homens que haviam trabalhado em fábricas soviéticas e americanas disse-
ram a entrevistadores nos Estados Unidos que as condições e a atmosfera
das instalações eram superiores na URSS. ”226 .
Essa liberdade de expressão solidificou um avanço jurídico das su-
perestruturas econômicas jamais vistas antes na história da humanidade
e alavancou transformações levadas a cabo pelo Estado para aumentar
qualitativamente as condições de trabalho, habitação, etc. No decorrer
da era Stalin, a liberdade de expressão foi um dos fatores que permitiu
ao regime soviético elevar substancialmente as condições de vida do povo.
Terror, no sentido de prisões injustas, aconteceram na URSS durante o
final dos anos 1930. Mas, argumenta Robert Thurston, Stalin não pre-
tendia aterrorizar o país e não precisava governar pelo medo. Memórias
e entrevistas com o povo soviético indicam que muitos mais acreditaram
na procura de Stalin para liquidar os inimigos internos do que temiam
de fato suas empreitadas. Baseando-se em arquivos soviéticos recente-
mente abertos e outras fontes, Thurston mostra que entre 1934 e 1936 a
polícia e a prática judiciária relaxaram significativamente. Em seguida,
uma série de eventos, juntamente a tensa situação internacional e memó-
226 THURSTON, R. Life and Terror in Stalin’s Russia. 1934-1941. New Haven, 1996. p. 192
138
KLAUS SCARMELOTO
139
A ATUALIDADE DE STALIN
227 DARCY, S. Como funcionava a democracia soviética nos anos 30. Disponível em:
<http://www.hist-socialismo.com/docs/DarcyDemocraciaURSS30.pdf>. Acesso em 20 de
março de 2020. Pag.2.
140
KLAUS SCARMELOTO
228 idem,ibdem
229 STRONG, A. AS MULHERES NA ERA STALIN <https://anovademocracia.com.br/no-
7/1217-as-mulheres-na-epoca-de-stalin>. Acesso em 20 de outubro de 2020.
141
A ATUALIDADE DE STALIN
142
KLAUS SCARMELOTO
guém pode ler isto quase sem recordar, mas em contraste ”A Canção da
Camisa”, de Thomas Hood, expressou como eram as fábricas inglesas de
hoje: ”Com dedos cansando e trabalhando/com as pálpebras pesadas e
vermelhas, uma mulher sentou, vestida de trapos/manipulando a agulha
e a linha. Pondo, ponto a ponto, em pobreza, fome e sujeira,/ e ainda,
com uma voz de doloroso cansaço/ela cantou a canção da camisa”. Na
Inglaterra capitalista, a fábrica apareceu como uma arma de exploração
para lucro. Na URSS, ela era não apenas um meio de riqueza coletiva,
mas, também, uma ferramenta conscientemente usada para quebrar as
algemas do passado.230
Os números em geral são bastante significativos. Na indústria sovié-
tica, milhares de mulheres eram gerentes de fábrica, capatazes e adjuntas.
Há 250.000 mulheres no vasto exército de técnicos. Milhares de mulheres
estão encarregadas de fazendas coletivas e outras milhares são líderes de
brigadas231 . A mulher soviética detinha excesso de representatividade.
Centenas de mulheres foram homenageadas com o título de Herói do
Trabalho Socialista por sua alta produtividade de trabalho232 . Assim po-
demos dizer que as mulheres tinham um poder inigualável para época,
e até mais avançado do que muitas sociedades atuais. Isso pode ser veri-
ficado pelo fato de que dos técnicos com formação universitária, 43 por
cento são mulheres. As 277 deputadas aos Sovietes Supremos da União
e Repúblicas Autônomas são a prova viva da plena igualdade política de
que goza a mulher soviética e da sua participação ativa na administração
do Estado233 . A Revolução mudou a vida das mulheres, e isso deve ser
dito, inclusive, sobre a Era Stalin.
Antes, as mulheres eram tratadas como bens semoventes, vendidas em
matrimônio. Mesmo assim, quando muito jovens, e nunca, depois disso,
eram vistas em público sem o horroroso paranja∗ — um longo véu preto
feito com crina de cavalo tecida, que cobria toda a face, dificultando a res-
piração e a visão das mulheres. A tradição conferia aos maridos o direito
de matar as esposas caso retirassem o véu e os mulás, sacerdotes muçul-
manos, justificavam tal prática através da religião. As russas trouxeram
a primeira mensagem de liberdade: elas montaram clínicas de bem-estar
para a criança e, através delas, as mulheres nativas retiraram o véu em
230 Idem.
231 POPOVA, N. Women of the World Fight for Democracy Against Warmongers. Disponível
em: <https://revolutionarydemocracy.org/archive/women.htm>. Acesso em 20 de janeiro
de 2020.
232 Idem.
233 Idem.
143
A ATUALIDADE DE STALIN
144
KLAUS SCARMELOTO
145
A ATUALIDADE DE STALIN
146
KLAUS SCARMELOTO
era gerente de uma empresa de energia elétrica. Pat Sloan se formou em Econo-
mia pela Universidade de Cambridge. Mais informações em: < https://grahamsteven-
son.me.uk/2013/08/23/sloan-pat/>
147
A ATUALIDADE DE STALIN
250 Texto integral do decreto: “Durante as últimas décadas, o número de mulheres que re-
corre à interrupção artificial da gravidez cresceu tanto no Ocidente como no nosso país.
A legislação de todos os países combate este mal mediante o castigo da mulher que decide
praticar um aborto e do médico que o pratica. Sem proporcionar resultados favoráveis, este
método de luta contra o aborto impulsionou a prática de abortos clandestinos e fez das
mulheres vítimas de charlatães mercenários – e, muitas das vezes, ignorantes – que fazem
das operações secretas uma profissão. Como resultado, quase 50% destas mulheres apa-
nham infecções no decorrer da operação, e quase 4% delas morrem. O Governo operário
e camponês está consciente do mal que esta situação causa à comunidade. Ele combate-o
através da propaganda contra os abortos entre as mulheres trabalhadoras. Ao trabalhar no
sentido do avanço para o socialismo e da introdução da proteção à maternidade e à infân-
cia, em grande escala, sente-se seguro de conseguir a desaparição gradual deste mal. Mas,
na medida em que ainda sobrevivem preconceitos morais do passado e dado que as difíceis
condições económicas existentes obrigam muitas mulheres a recorrer a esta operação, os
Comissariados do Povo da Saúde e da Justiça – desejando proteger a saúde das mulheres
e tendo em conta que o método baseado na repressão fracassou, por completo, no atingir
deste objetivo – decidiram:– Permitir que este tipo de operações seja praticado livremente e
sem nenhum custo, em todos os hospitais soviéticos onde as condições necessárias para mi-
nimizar o risco da operação estejam asseguradas.– Proibir absolutamente que quem não seja
médico possa levar a cabo esta operação.– Qualquer enfermeira ou parteira que seja con-
siderada culpada de realizar uma operação deste tipo será privada do direito à sua prática
profissional e julgada por um tribunal popular.– Um médico que leve a cabo um aborto,
na sua prática privada com fins mercenários, será chamado a prestar contas perante um
tribunal popular.”
251 Idem.
148
KLAUS SCARMELOTO
se da questão:
Mas o que significa o artigo 1 da lei, que abole a lei anterior para a
permissibilidade de abortos e proíbe abortos?
A lei sobre a permissibilidade de abortos foi aprovada em 1920 na
União Soviética sob a pressão de condições desfavoráveis específicas que
prevaleciam no país naquele momento. A Guerra Civil ainda não havia
terminado. Prevaleceram severas condições de vida econômica e a prin-
cipal tarefa do país que lutava por sua liberdade consistia em usar todas
as forças para a construção de uma nova ordem social. As mulheres como
cidadãs ativas do estado precisavam participar, mesmo que seus deveres
maternos fossem deixados para trás.
Embora o governo tenha reconhecido legalmente a maternidade em
função de mulheres de igual valor como seu trabalho para o estado, o
estado ainda não podia garantir suficientemente as mulheres como mães.
Assim, nessas condições, a lei que permitia o aborto foi aprovada.
Agora a população da União Soviética vive em condições completa-
mente diferentes, mais favoráveis e felizes. O bem-estar das pessoas na
cidade e, em particular, no campo, melhorou bastante nos últimos anos.
A posição das mulheres como em grupos de trabalho coletivo foi forta-
lecida. Chegou a hora do Estado e da sociedade fazerem tudo o que
podem e devem para dar às mulheres a oportunidade de não apenas ter
uma ocupação, mas também de serem mães. (. . . )
Não se pode comparar as condições sob as quais as mulheres na União
Soviética vivem e trabalham com as condições em outros países. Enquanto
o estado da União Soviética não fosse capaz de fornecer assistência com-
pleta, ampla e eficaz para a maternidade, e enquanto a prosperidade
econômica para as grandes massas da população da União Soviética não
fosse garantida, os abortos na União Soviética seriam permitidos por lei.
(. . . )
A lei de 27 de junho na União Soviética foi aprovada após uma ação
extremamente democrática do governo soviético. O projeto desta lei foi
discutido livremente durante um mês inteiro nas fábricas, escritórios, no
campo, etc. Milhares de cartas foram enviadas pelas próprias mulheres e
também pelos homens. A imprensa discutiu a favor e contra a lei e mui-
tas das propostas do projeto foram levadas em consideração na aprovação
da lei. A maioria das mulheres se manifestou a favor da nova lei, princi-
palmente, porque a lei teria um certo efeito na mentalidade dos homens;
devendo aumentar o sentimento de responsabilidade dos homens por cri-
anças e mulheres. As mulheres são calorosas defensoras desta lei. Mas,
149
A ATUALIDADE DE STALIN
252 KOLLONTAI, A. Sobre a Nova Lei do Aborto (17 de Junho de 1936). Dispo-
nível em: <https://www.cienciasrevolucionarias.com/post/2016/05/03/interview-with-an-
author-louis-louis>. Acesso em 20 de fevereiro de 2021.
150
KLAUS SCARMELOTO
253 Ludwig,E. Stalin. Apud In: Org. Scarmeloto, K. Em Defesa De Stalin: Textos Biográficos.
Ciências Revolucionárias. São Paulo, 2020. Pag. 181-182.
151
A ATUALIDADE DE STALIN
254 Stalin; Antissemitismo: Resposta a uma Consulta da Agência Judaica Telegráfica nos Es-
tados Unidos. Disponível em: <https://iglusubversivo.wordpress.com/2012/03/11/stalin-
antissemitismo-resposta-a-uma-consulta-da-agencia-judaica-telegrafica-nos-estados-
unidos/> Acesso em 20 de fevereiro de 2020.
152
KLAUS SCARMELOTO
pareciam ser os mais educados dos povos com os estranhos. Mas talvez
fosse porque éramos negros e, naquela época, com o caso Scottsboro em
julgamento mundial nos jornais de todos os lugares, e especialmente na
Rússia, as pessoas se esforçaram para nos mostrar cortesia. Em um ônibus
lotado, nove em cada dez vezes, algum russo diria: ”Negrochanski tova-
rish - camarada negro - sente-se!”Nas ruas, na fila de jornais, cigarros ou
refrigerantes, muitas vezes as pessoas na fila diziam: “Deixe o camarada
negro ir em frente”.255
Esse fato aconteceu em 1932! Em nenhum lugar dos EUA, ou do pla-
neta, os negros eram tratados assim em 1932, somente na URSS.Esse re-
lato reverbera latentemente a outros de afro-americanos que visitaram ou
se mudaram para a União Soviética. O depoimento de Langston Hughes
introduz a historia de homens em seu grupo namorando mulheres sovié-
ticas e nenhuma palavra sobre alguém pestanejar por tais casais, o que, na
decada de 1930, teria levado alguém ao linchamento nos Estados Unidos.
Era necessário não projetar o racismo estadunidense na União Soviética,
quando você simplesmente não tem as evidências para apoiá-lo. Como
WEB Dubois escreveu em sua terceira visita à URSS em 1949, “de todos
os países, só a Rússia tornou o preconceito racial um crime; de todos os
grandes imperialismos, a Rússia sozinha não possui colônias de servos
escuros ou brancos e o que é mais importante não tem investimentos em
colônias e não está levantando lucros ensanguentados com a mão de obra
barata na Ásia e na África ”. Segundo Du Bois:
Stalin não era um homem de conhecimento convencional; ele era
muito mais do que isso: ele era um homem que pensava profundamente,
lia com compreensão e ouvia a sabedoria, não importa de onde ela vi-
esse. Ele foi atacado e caluniado como poucos homens poderosos; no
entanto, raramente perdia a cortesia e o equilíbrio; nem permitiu que o
ataque o afastasse de suas convicções, nem o induzisse a renunciar a po-
sições que ele sabia serem corretas. Como uma das desprezadas minorias
humanas, ele primeiro colocou a Rússia no caminho para vencer o pre-
conceito racial e fazer uma nação de seus 140 grupos sem destruir sua
individualidade.256
Paul Robeson o grande ator negro americano diz:
“A humanidade nunca testemunhou algo igual a Constituição da URSS.
. . Em primeiro lugar, pelo significado que tem para o meu povo em ge-
ral. Em todos os outros lugares, fora do mundo soviético, os homens ne-
gros são um povo oprimido e explorado de forma desumana. Aqui, eles se
enquadram nas disposições do Artigo 123 do Capítulo X da Constituição,
que diz: “A igualdade de direitos dos cidadãos da URSS, independente-
mente de sua nacionalidade ou raça, em todos os campos do econômico,
estadual, cultural, social , e a vida política, é uma lei irrevogável. Qual-
quer restrição direta ou indireta desses direitos, ou inversamente, o esta-
belecimento de privilégios diretos ou indiretos para os cidadãos em razão
da raça ou nacionalidade a que pertencem, bem como a propagação de
excepcionalismo racial ou nacional, ou ódio e desprezo, são puníveis por
lei.257
Stalin também denunciou a lenda reacionária de que as nações são di-
vididas em raças superiores e inferiores: “Antigamente era a ’ideia aceita’
que o mundo se dividisse desde tempos imemoriais em raças inferiores e
superiores, em negros e brancos, dos quais os primeiros não são adequa-
dos para a civilização e estão condenados a serem objetos de exploração,
enquanto os últimos são os únicos veículos da civilização, cuja missão é
explorar o primeiro”258 . Stalin continua a rechaçar essa ideia absurda:
“Agora, essa lenda deve ser considerada destruída e descartada. Um dos
resultados mais importantes da Revolução de Outubro é que deu a esta
lenda um golpe mortal”259 , segundo as estimativas de Stalin, a revolu-
ção de outubro deu o primeiro passo para acabar com o projeto colonial
racista “tendo demonstrado na prática que nações não-europeias liberta-
das, arrastadas para o canal do desenvolvimento soviético, não são menos
capazes de promover um progresso realmente progressivo. cultura e uma
civilização realmente progressista do que as nações europeias.”260
154
KLAUS SCARMELOTO
155
A ATUALIDADE DE STALIN
156
KLAUS SCARMELOTO
157
A ATUALIDADE DE STALIN
261 Ibidem.
158
KLAUS SCARMELOTO
262 APPLEBAUM, Anne. GULAG Uma História dos Campos de Prisioneiros Soviéticos. São
Paulo: Ediouro. Pag. 37.
159
A ATUALIDADE DE STALIN
263 APPLEBAUM, Anne. GULAG Uma História dos Campos de Prisioneiros Soviéticos. São
Paulo: Ediouro. Pag. 92.
160
KLAUS SCARMELOTO
264 LOSURDO, Domênico. Stalin História Crítica de uma Lenda Negra. Rio de Janeiro: Re-
van, 2010. Pág. 166.
161
A ATUALIDADE DE STALIN
162
KLAUS SCARMELOTO
163
A ATUALIDADE DE STALIN
cristalizadas pela justiça social. E este governo era, sem dúvida, visto
pela majoritária leva de cidadãos soviéticos como o mais honesto de todo
o mundo.269
“Eles não entendem, por exemplo, como foi possível lutar pela terra
que as autoridades soviéticas privaram os camponeses de camponeses “,”
apreendidos “,” confiscados “,” expropriados “etc. No entanto, todo esse
argumento seria justo apenas no caso em que a terra “selecionada” se mu-
dou para alguns outros proprietários, mas foi deixada em posse coletiva
dos mesmos camponeses. Todo o conjunto de fontes históricas que pos-
suímos é prova irrefutável de que os camponeses soviéticos, em sua massa,
não consideravam a terra agrícola coletiva como ostensivamente estranha
e não a dariam sem uma luta contra os conquistadores estrangeiros”270 .
“É lógico que os ressentimentos antissoviéticos, antibolcheviques e anti-
stalinistas eram constatáveis na URSS. Porém, não se deve exacerbar sua
dimensão. O regime social e político que se criou na URSS era massiva-
mente apoiado – a majoritária leva de cidadãos, com orgulho, esforçava-se
pelo país e pelo sistema socialista. Ele foi incorporado no povo com os
ideais herdados da Revolução de Outubro de 1917, e o Estado soviético na
consciência de milhões de pessoas foi concebido como o exclusivo Estado
dos trabalhadores e camponeses do mundo. Logo, as pessoas na URSS
na hipótese de perigo militar estavam preparadas para lutar não apenas
sua pátria, nação e Então, independentemente de sua base política, mas
também o regime sociopolítico que se desenrolou na URSS, seu sistema
social e estatal”271
“Na realidade, na sexta parte do mundo, uma original civilização se
configurou. Era uma civilização exclusiva, não comparáveis na história
da humanidade nem no passado nem na atualidade”.
O massacre de Katyn
Um grande número de prisioneiros de guerra poloneses morreu no
massacre de Katyn em circunstâncias misteriosas. Acredita-se agora, em
todos os meios de comunicação, principalmente em todos os aparelhos
hegemônicos privados, que o NKVD soviético executou esses fuzilamen-
tos em massa. Mas esta é toda a verdade?
Quando se verifica a historiografia burguesa hoje, inevitavelmente,
272 FURR, G. The Mystery Of Katyn: The Evidence The Solution. Erythros Press and Media,
LLC 2018. Pag. 42,43.
273 GOEBBELS, J. The Goebbels Diaries 1942 – 1943. Doubleday 8c Company, Inc. Garden
viethistory.msu.edu/1943-2/katyn-forest-massacre/katyn-forest-massacre-texts/report-of-
soviet-special-commission/. Acesso em 20 de março de 2021.
165
A ATUALIDADE DE STALIN
plesmente assinaram seus nomes. Por este ato, eles rejeitaram o pedido
de Beria. Veja, se os membros do Politburo concordavam em mandar
uma ordem ou cumprir uma solicitação, era necessário que eles assinas-
sem o documento e escrevessem ao lado de suas assinaturas “acordado”
ou “depois”. Para que o pedido fosse aceite e a encomenda fosse enviada,
os membros deviam manifestar a sua concordância com a solicitação ou
com o envio de uma encomenda. Se eles simplesmente assinaram o pa-
pel, significa que os membros leram o documento, mas não concordaram
com ele e não enviaram quaisquer ordens. O falsificador obviamente não
sabia disso e cometeu o erro. Mesmo que este pedido seja autêntico,
Na primeira página do documento, junto com as quatro assinaturas
de Stalin, Molotov, Mikoyan e Voroshilov, o falsificador acrescentou os
nomes de Kaganovich e Kalinin abaixo delas. O que o falsificador não
sabia é que Kaganovich e Kalinin estavam ausentes da 13ª Sessão do Polit-
buro em março de 1940. Eles não poderiam ter colocado suas assinaturas
neste documento.
Os pedidos de Beria contêm ainda mais provas de que é uma falsifi-
cação. Os pedidos de Beria de que ele acha necessário que o NKVD faça
uma proposta ao NKVD não faz sentido. Por que Beria acharia necessá-
rio propor a Beria? Este é um erro que o falsificador cometeu acidental-
mente. Por que ele cometeu esse erro será discutido abaixo.
No terceiro pedido de Beria, ele pede a criação de uma “troika” de
três pessoas citadas nominalmente. Todo esse pedido não faz sentido.
Quando uma troika é criada, seus membros nunca são mencionados pelo
nome. Eles são mencionados por sua postagem. O que aconteceria se
um dos membros morresse ou fosse removido do cargo? A troika foi
destruída ou esta pessoa, que já não estava em posição, ainda estava na
troika? Não poderia ter sido feito dessa maneira. Como exemplo, o leitor
deve consultar a decisão acima da Comissão Especial do NKVD, onde seus
membros são identificados apenas por seus cargos. Não é importante
quem são os indivíduos. Os indivíduos nos postos podem mudar, mas a
troika continua de pé.
Além disso, este documento não dá nenhuma indicação sobre quem
deve receber ou ser informado da decisão do Politburo. A única pessoa
mencionada é L. Beria. Mas em um documento como este, os nomes das
pessoas que irão recebê-lo também estão incluídos. Caso contrário, como
Kabulov saberá que é membro da “troika”? Este documento é “Top Se-
cret”. É dado a ele apenas pelo Politburo. Além disso, os responsáveis
pela execução das ordens do Politburo, neste caso as pessoas ou órgãos en-
167
A ATUALIDADE DE STALIN
168
KLAUS SCARMELOTO
169
A ATUALIDADE DE STALIN
170
KLAUS SCARMELOTO
171
A ATUALIDADE DE STALIN
277 Mais informações sobre a análise de Molokov da “carta de Beria” podem ser encon-
tradas aqui neste link: “http://katynmassakern.blogspot.com/2010/07/katyn-berias-letter-
was-written-on-two.html”.
172
KLAUS SCARMELOTO
173
A ATUALIDADE DE STALIN
174
KLAUS SCARMELOTO
279 Smith Joseph, Portrait of a cold warrior, Ballantine books, Nova Iorque, 1976, pp. 164 e
80.
175
A ATUALIDADE DE STALIN
176
KLAUS SCARMELOTO
280 Ver LOSURDO, D.A produção das emoções é o novo Estágio de Controle da
Classe dominante. Disponível em <https://operamundi.uol.com.br/politica-e-
economia/31615/losurdo-producao-das-emocoes-e-novo-estagio-do-controle-da-classe-
dominante>. Acesso em 20 de maio de 2020.
177
A ATUALIDADE DE STALIN
178
KLAUS SCARMELOTO
179
A ATUALIDADE DE STALIN
180
KLAUS SCARMELOTO
res pagaram com a vida essa rivalidade entre colonialistas. Face a estas
realidades, o socialismo não podia nascer e manter-se senão através da
ditadura do proletariado, unindo todas as camadas populares contra a
burguesia.
A Primeira Guerra Mundial, por exemplo, foi um completo massa-
cre em que povos totalmente enlevados ao confronto foram compulsori-
amente levados ao campo de batalha. Como demonstrou o famoso histo-
riador britânico A. J. P. Taylor, “cerca de 50 milhões de africanos e 150
milhões de indianos foram envolvidos, sem consulta, em uma guerra a
respeito da qual não compreendiam nada”. Recolhidos, sem qualquer
voluntarismo, foram levados pelo Estado britânico e deportados a milha-
res de quilômetros de distância, dirigidos a uma “tenebrosa produção de
mortos” que agora fabricava a toda velocidade na Europa. Arrastados
como seres de uma “raça inferior”, que uma “raça superior” conseguia,
tranquilamente, sacrificar como bucha de canhão.281
Tendo no crédito de séculos de crimes o liberalismo, a exemplo do ser-
viço do império britânico contabiliza: a guerra na África do Sul, terror
nas Índias, I Guerra Mundial inter-imperialista, seguida da intervenção
militar contra a República Soviética, guerra contra o Iraque, terror no
Quénia, desencadeamento da guerra fria, agressão contra a Grécia anti-
fascista, guerra na argentina e etc., Churchill é, sem dúvida, a personifi-
cação de todos as mortes do liberalismo, o único político burguês deste
século a ser igualado Hitler.
Os escritos dos comunistas e dos intelectuais progressistas de esquerda
defendendo a experiência soviética devem deixar de constituir uma fraca
contraposição de defesa da verdade sobre a experiência soviética, ao con-
trário, devem formar uma contracorrente unívoca e massiva. Sabemos
que a partir de 1956, Khruchov e o Partido Comunista da União Sovié-
tica perfilharam, pedaço a pedaço, toda a historiografia burguesa sobre
o período de Stálin. Mas, hoje, a verdade é clara como o sol, já se sabe
hoje, a partir da liberação dos arquivos, que Khruschov conhecia os ar-
quivos e sabia que mentia, e não atoa os fechou. Segundo o historiador
Igor Pikhalov:
“O mais famoso dos documentos publicados contendo informações
resumidas sobre repressões é o seguinte memorando dirigido a N.S. Kh-
rushchev 2 :
Em 1º de fevereiro de 1954O Secretário do Comitê Central do PCUS,
281 LOSURDO, D. Guerra e revolução: o mundo um século após Outubro de 1917: São Paulo,
2018.Pag.176-7, 309 e 168.
181
A ATUALIDADE DE STALIN
Camarada NS Khrushchev
Em conexão com os sinais recebidos pelo Comitê Central do PCUS
de várias pessoas sobre condenações ilegais por crimes contrarrevoluci-
onários nos últimos anos pelo OGPU Collegium, NKVD troikas, uma
Reunião Especial, o Colégio Militar, cortes e tribunais militares e de
acordo com suas instruções sobre a necessidade de revisar os casos de
pessoas condenadas para crimes contrarrevolucionários e aqueles atual-
mente detidos em campos e prisões, relatamos: durante o período de
1921 até o presente, 3.777.380 pessoas foram condenadas por crimes
contra-revolucionários, incluindo 642.980 pessoas para o VMN, para de-
tenção em campos e prisões por um período de 25 anos e abaixo - 2.369.220,
no exílio e deportação - 765.180 pessoas.
Em conexão com os sinais recebidos pelo Comitê Central do PCUS de
várias pessoas sobre condenações ilegais por crimes contra-revolucionários
nos últimos anos pelo OGPU Collegium, NKVD troikas, uma Reunião Es-
pecial, o Colégio Militar, cortes e tribunais militares e de acordo com suas
instruções sobre a necessidade de revisar os casos de pessoas condena-
das para crimes contra-revolucionários e aqueles atualmente detidos em
campos e prisões, relatamos: durante o período de 1921 até o presente,
3.777.380 pessoas foram condenadas por crimes contra-revolucionários,
incluindo 642.980 pessoas para o VMN, para detenção em campos e pri-
sões por um período de 25 anos e abaixo - 2.369.220, no exílio e depor-
tação - 765.180 pessoas.
Do total de condenados, aproximadamente 2.900.000 foram conde-
nados pelo Colégio OGPU, as troikas NKVD e o Conselho Especial, e
877.000 pessoas - pelos tribunais, tribunais militares, Colégio Especial e
Colégio Militar.
... Deve-se notar que a Reunião Extraordinária do NKVD da URSS,
criada com base no Decreto do Comitê Executivo Central e do Conselho
dos Comissários do Povo da URSS de 5 de novembro de 1934, que durou
até 1º de setembro de 1953, condenou 442.531 pessoas, incluindo 10.101
pessoas ao VMN, à privação liberdade - 360.921 pessoas, ao exílio e de-
portação (dentro do país) - 57.539 pessoas e a outras penas (compensação
do tempo em custódia, expulsão para o exterior, tratamento compulsó-
rio) - 3.970 pessoas ...
Procurador-Geral R. Rudenko
Ministro da Administração Interna S. Kruglov
Ministro da Justiça K. Gorshenin
Assim, como se depreende do documento acima, somente de 1921 ao
182
KLAUS SCARMELOTO
282 PIKHALOV, IGOR. Qual a Escala das repressões de Stalin?. Disponível: https://stali-
nism.ru/repressii/kakovyi-masshtabyi-stalinskih-repressiy.html. Acesso em 20 de maio de
2020.
183
A ATUALIDADE DE STALIN
184
KLAUS SCARMELOTO
de críticas oportunistas.
Assim, por exemplo, os camaradas chineses afirmaram que Stálin, por
vezes, não distinguiu claramente dois tipos de contradições: as existentes
no seio do próprio povo, que podem ser superadas pela educação e pela
luta, e as que opõem o povo ao inimigo, que necessitam de formas de luta
adequadas.
Desta crítica global, alguns entenderam que Stálin não tinha tratado
bem as contradições com Bukhárin e acabaram por abraçar a linha polí-
tica social-democrata de Bukhárin.
Os camaradas chineses erroneamente afirmaram que Stálin se intro-
meteu muitas vezes nos assuntos de outros partidos e que lhes negava a
sua independência, o que é completo absurdo, haja vista que ele expres-
sou inúmeras vezes o direito das republicas soviéticas requererem sua in-
dependência, e nunca fez frente a soberania da Finlândia em 1917, da
Hungria em 1919, nem da Dinamarca e de uma série de ex-republicas
cujos czaristas exerceram domínio. Desta crítica geral, alguns concluí-
ram que Stálin tinha condenado equivocadamente a política de Tito e
terminaram por aceitar o titismo como a forma específica jugoslava sem
entender que o rompimento com os soviéticos se devia aos alinhamentos
com os EUA, que inclusive, atrapalharam em muito a revolução na Grécia
e na Itália.
As oscilações e os erros ideológicos sobre à questão de Stálin que
acabamos de referir seguiram-se em quase todos os partidos marxista-
leninistas.
Podemos tirar uma conclusão de ordem geral. Para ajuizarmos so-
bre todos os episódios do período 1923-1953 é necessário esforçarmo-nos
para conhecer integralmente a linha e a política defendidas pelo partido
bolchevique e por Stálin. Não se pode subscrever nenhuma crítica à obra
de Stálin sem verificar os dados fundamentais da questão e sem se conhe-
cer a versão apresentada pela direção bolchevique, os arquivos abertos
em 1991 e os historiadores que se debruçam sobre isso. Jamais devemos
estudar um país somente em vista do grande debate entre os países, é
necessário conhecer os meandros internos.
No fundo, todos esses problemas, aconteceram se valendo de Stalin
como bode expiatório, o revisionismo o acusou, mas a realidade o revisi-
onismo também negou. Por isso finalizamos este aporte afirmando que
o estudo criterioso da obra de J. V. Stalin, e do período em que ele vi-
veu sempre por fontes novas, longe de ser tarefa meramente acadêmica,
nem tampouco fonte para pinçar citações isoladas para defender posi-
185
A ATUALIDADE DE STALIN
186
Anexos
10.01.1939
N◦ 26
190
KLAUS SCARMELOTO
PCUS exige que os secretários dos comitês regionais e do Comitê Central dos Par-
tidos Comunistas Nacionais sejam guiados por esta explicação ao fiscalizarem os
empregados da NKVD.
191
A ATUALIDADE DE STALIN
192
KLAUS SCARMELOTO
26 de janeiro de 1939
�58
Extremamente secreto
ANDREY VYSHINSKY
Próximo documento
27 de janeiro de 1939.
Cópia.
193
A ATUALIDADE DE STALIN
283 Org.Scarmeloto, K. Em defesa de Stalin. Ciências Revolucionarias. São Paulo, 2020. PAG.
276-278.
194
KLAUS SCARMELOTO
Notas
195
A ATUALIDADE DE STALIN
Homossexualidade e Stalin
A Homofobia na era Stalin é um tema reiterado de confusões e opor-
tunismos utilizados para de um lado glorificar Lenin e de outro apedrejar
Stalin. O fato de uma simples lei ter vigorado nos tempos de Stalin acerca
da homossexualidade serve de pretexto para afirmar que ele odiava Gays.
Mas, pessoalmente, isso não verdade, conforme demonstraremos.
Em qualquer âmbito tal premissa é, por sua própria espécie, descon-
textualizada e enganadora. O que precisa ser evidenciado é que a opinião
médica e legal soviética sobre o assunto naquela época não era tão distante
do que ciência do período no mundo pregava, sobre a homossexualidade
era a falsa ideia de que se tratava de uma desordem psicossexual, uma
forma de transtorno mental. Além disso, homossexualidade era sinô-
nimo reiterado de pederastia, pedofilia, estupro, zoofilia, então a com-
preensão do conceito, levava a carga dessas palavras também. Assim, no
decorrer dos anos 1930 houvera “argumentos” bastante infundados de
que tentaram ligar a homossexualidade ao fascismo, considerando espe-
cialmente que muitos dos Camisas Marrons de Hitler eram homossexuais.
Péssimo como se apresenta atualmente, o problema deve ser visto his-
toricamente.
A ciência evoluiu muito, principalmente, após a morte de Stalin que
morreu antes da chamada revolução sexual e sequer chegou a conhecer
os percursores desses avanços
Foi somente no decorrer de 1975 que a Associação Americana de Psi-
cologia em si que parou de classificar homossexualidade como uma do-
ença mental. Cobrar que Stalin, ou a União Soviética dos anos 30, esti-
vessem a frente dessa luta para promover os avanços em ciência médica e
psicológica ocorridos em 40 anos no futuro é ou ingenuidade ou malícia.
É importante notar que a RDA (Alemanha Oriental) teve uma política
mais humana e positiva a respeito da homossexualidade. Isso explica
196
KLAUS SCARMELOTO
198
KLAUS SCARMELOTO
200
KLAUS SCARMELOTO
Isso com certeza não significa que houve qualquer efeito real. Isso cer-
tamente também não é um aspecto relevante sobre o qual se possa fazer
julgamentos objetivos e apurados a respeito da sociedade soviética.
Lembram-se de que quando leis proibitivas passavam na America dos
anos 1920? Ninguém dava a mínima e todos enchiam a cara de qualquer
forma e a mesma coisa está acontecendo hoje com um monte de leis cria-
das por todo o mundo; leis criadas com o exclusivo propósito de promoção
política e apaziguamento social ao invés de realmente tentar conquistar
algo prático em relação à sociedade na qual são implementadas. Haviam
gays na URSS independentemente de quaisquer leis aprovadas e se existe
qualquer documento provando que pessoas foram presas e perseguidas
por homossexualidade na URSS eu gostaria de vê-los, do contrário eu
nem sei do que estamos falando aqui
A lei contra sexo com menores foi incluída na pós-1933 proibição da
homossexualidade masculina enquanto uma lei contra lésbicas nunca foi
promulgada. Haviam lésbicas assumidas entre os membros do Partido
Comunista, assim como no exército soviético. Não existem documentos
provando que qualquer um foi preso por homossexualidade masculina
adulta, apenas por pedofilia, caso em que a pena era de 5 anos e continua
sendo de 5 anos. O diretor de filmes favorito de Stalin, Sergei Eisenstein
também era homossexual. Entretanto isso não o impediu de receber nu-
merosos prêmios soviéticos incluindo o Prêmio Stalin de Estado por suas
conquistas artísticas.
A lei promulgada em 1933 era vaga? Sim. Era retrógrada e inapu-
rada, submetida à exploração? Sim. A homofobia na URSS é descrita
de forma exagerada por parte de comunistas anti-soviéticos e por racistas
borderline russófobos? Com certeza sim. Eu tenho um amigo que viveu
em Kiev e visitou bares gays ocasionalmente e ele nunca percebeu qual-
quer homofobia que fosse excepcionalmente óbvia e singular para o povo
eslavo somente. Existem 3 baladas gays que estão a 15-20 minutos de
caminhada da Praça da Independência. Sim, gays crossdresser foram es-
pancados ocasionalmente nas ruas; e sim eu acredito que eslavos orientais
são menos abertos a atividade homossexual do que, digamos, pessoas em
Amsterdam, mas definitivamente não existe ofensiva governamental ou
nacional contra gays lá. A maioria das pessoas não poderia se importar
menos de qualquer forma.”
201
A ATUALIDADE DE STALIN
Ver Bibliografia
Halona, E. mulher trans e prima de Stálin, desmistifica o “terror” con-
tra os LGBTs na URSS: <https://groups.google.com/forum/# !topic/cuba-
coraje/LDSG-ZN-T84>
Qual foi o papel do próprio Stalin na (re) criminalização do aborto e
da homossexualidade ocorrida durante seu governo? Ele abordou qual-
quer um deles em seus escritos teóricos anteriores? Disponível em:
<https://stalinsociety.tumblr.com/post/100596496155/what-role-did-sta-
lin-himself-play-in-the>
BUONICORE, A. Os marxistas e a homossexualidade 27 de janeiro de
2020, disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/buonicore/2-
020/01/27.htm>
202