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13/07/22, 13:13 A Classe Operária

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A Classe Operária
Astrojildo Pereira

1926

Referência: PEREIRA, Astrojildo. Formação do PCB: 1922/1928. Rio de Janeiro: Vitória, 1962.
(pag. 72 a 74)

Maurício Grabois
Fonte: Fundação
Transcrição e HTML: Fernando A.
S. Araújo.
Direitos de Reprodução:

licenciado sob uma Licença Creative Commons.

A publicação de A Classe Operária, em 1925, resultou de um plano


maduramente pensado e traçado pela direção do Partido. Tratava-se de lançar
um jornal de massas - um "Jornal de trabalhadores, feito para trabalhadores".
Estávamos em estado de sítio— decretado em 5 de julho de 1924 e
sucessivamente prorrogado até 31 de dezembro de 1926 —, o que tornava ainda
mais difíceis as naturais dificuldades de um empreendimento dessa natureza.
Vencidas, porém, as dificuldades mais imediatas, pôs-se na rua o primeiro
número do Jornal, a
1º de maio de 1925. Sua tiragem, 5000 exemplares,
relativamente considerável, esgotou-se logo, e foi sendo aumentada mais e mais
a partir do segundo número, Vendia-se diretamente nas fábricas e locais de
trabalho, bem como nas sedes dos sindicatos operários, por membros do Partido
e simpatizantes, alargando-se de semana em semana o circulo dos seus leitores.
O êxito obtido ultrapassava, em suma, os cálculos mais otimistas. E isto
significava que A Classe Operária, com todas as suas insuficiências e deficiências,
correspondia a uma necessidade sentida pela massa operária, aparecendo e
impondo-se como um genuíno porta-voz dos trabalhadores.

A reação compreendeu-o multo bem — tanto assim que proibiu a sua


circulação quando atingia o número 12, menos de três meses depois do número
inaugural.(1)

Sabe-se que o seu reaparecimento só se tornou possível em 1928, com a


mesma feição primitiva de jornal legal de massas. Durou isso um ano e tanto.
Em meados de 1929 foi a sua redação invadida e depredada, o mesmo
aliás
acontecendo a numerosos sindicatos operários: nova e furiosa onda
reacionária
caia sôbre as massas trabalhadores, que se organizavam e lutavam por suas
reivindicações... Mas data de então, justamente, a luta
heróica de A Classe
contra a reação policial. Travou-se entre ambas um verdadeiro duelo, que durou
mais de 15 anos. Dezenas de tipografias, ora
pertencentes a amigos do Partido,
ora de propriedade do Partido, foram invadidas e empasteladas; muitas dezenas
de camaradas, incumbidos de sua
redação ou da sua administração, caíram nas
garras da reação, submetidos às piores torturas; mas A Classe Operária
https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1926/mes/classe.htm 1/3
13/07/22, 13:13 A Classe Operária

reaparecia sempre, e
já então propriamente como órgão central do Partido
Comunista do Brasil. As condições criadas pela rigorosa clandestinidade levaram
a essa mudança em sua feição primitiva.

Neste caráter pôde A Classe, durante os mais negros anos do Estado Novo,
manter viva a chama do comunismo, levando aos trabalhadores de todo o país,
nas cidades e nos campos, a palavra do seu Partido, a palavra de fé e confiança
em melhores dias. Melhores dias chegaram, com efeito, e com êles surgiu de
novo A Classe Operária para a vida legal. Os tempos, no entanto, eram outros,
exigindo o cumprimento de outras e novas tarefas. Em março de 1946
encontrava-se instalada, sôbre os escombros do
Estado Novo, a Assembléia
Nacional Constituinte — e nesta assembléia havia quinze constituintes
comunistas eleitos pelo povo brasileiro. Só a
enunciação dêste fato basta para
mostrar a profunda diferença existente
entre 1948 e os anos passados de
Ilegalidade do Partido Comunista e do seu órgão central.

Hoje, A Classe Operária realiza uma obra diversa daquela de outrora, que
era
mais de pura agitação: sua missão precípua consiste agora em educar, orientar e
organizar o proletariado — isso na sua qualidade de órgão central de um Partido
Comunista de massas, que representa importante papel histórico no presente
período de luta pacífica pela consolidação da democracia.

A festa do primeiro aniversário da nova fase legal de A Classe Operária é


motivo de especial satisfação e alegria para todos os comunistas. Lembramo-nos
com verdadeira ternura da nossa velha Classe, e honramos a memória dos
camaradas que por ela e pelo Partido tombaram nos dias terríveis da ilegalidade.
Mas é bom acrescentar: sem nenhum saudosismo, sem nenhum pieguismo.
Olhamos para o passado não pelo passado em si mesmo, por mais venerável que
seja, mas buscando nêle e na sua lembrança
a Inspiração, a lição, o estímulo
para as novas, mais belas e mais importantes jornadas que temos pela frente.
Esta compreensão do passado é
que explica o "milagre" do permanente
rejuvenescimento do comunismo e do trabalho comunista, e eis porque A Classe
Operária nos parece muito mais jovem e vigorosa à medida que os anos vão
passando na trama inexorável e renovadora da história.

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Notas de rodapé:

(1) Proibida de circular A Classe Operária, a direção do Partido utilizou as possibilidades que lhe
ofereciam os pequenos jornais sindicais, principalmente no Rio, São Paulo e Santos, fazendo
estampar em suas colunas não só artigos como também importantes materiais de agitação e
propaganda do Partido. Em 7 de novembro de 1925,
a direção do publicou uma folha de 4
paginas com o titulo precisamente de 7 de novembro, dedicado ao 8º aniversario da Revolução
de outubro, com as Teses da IC para o trabalho de propaganda em torno da Revolução, artigos
de Lênin, etc. Publicação idêntica fez por ocasião do 2º aniversário da morte de Lênin, como
título Wladimir Ilitch e contendo as
Teses sobre a data elaboradas pelo Secretariado
Sulamericano da IC, além de vários artigos sobre a personalidade de Lênin, etc. (retornar ao
texto)
Fonte
https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1926/mes/classe.htm 2/3
13/07/22, 13:13 A Classe Operária

Inclusão 18/11/2013

https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1926/mes/classe.htm 3/3

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