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11 de maio de 1946
A luta pela libertação dos escravos que o dia 13 de maio faz recordar, durou
dezenas de anos e foi uma luta muito difícil, cuja história ainda está para ser
contada. Como acontece em todas as lutas sociais, ela não se desenvolveu em
linha reta, mas, pelo contrário, em linha acidentada, cheia de tropeços e
obstáculos.
Sabe-se que a lei de 1871, chamada de Ventre Livre, porque declarava livres
os filhos de escravos que nascessem a partir de 28 de setembro daquele ano, foi
apresentada ao Parlamento de então pelo Visconde do Rio Branco, chefe do
Partido Conservador. Pois os escravocratas disseram o diabo dele e de quantos
defendiam o seu projeto de lei, dentro e fora do Parlamento.
https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1946/05/11.htm 1/4
14/07/22, 00:43 Escravocratas de ontem e de hoje
https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1946/05/11.htm 2/4
14/07/22, 00:43 Escravocratas de ontem e de hoje
Isto em 1871. Mas a Lei do Ventre Livre passou e não aconteceu nenhuma
daquelas pavorosas profecias formuladas com tamanha cegueira pelos deputados
escravocratas. No entanto, em 1884, repetiu-se a celeuma em termos ainda
mais desabridos. Estava no governo o gabinete chefiado pelo Conselheiro Souza
Dantas, que submeteu à Câmara dos Deputados um projeto de lei propondo a
emancipação dos escravos que atingissem a idade de sessenta anos. Era uma
proposta extremamente moderada e sobre ela escreveu Rui Barbosa o famoso
parecer, em cujas páginas estou colhendo as citações aqui apresentadas.
Discordando de Rui outro deputado, o escravocrata Sousa carvalho, redigiu o seu
voto em separado.
E mais adiante:
https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1946/05/11.htm 3/4
14/07/22, 00:43 Escravocratas de ontem e de hoje
“... toda a nossa história, neste meio século, não registra orgia igual de
más paixões desalmadas, cenas de fúria, de demência, de perfídia
como as dessa epilepsia organizada, que se desencadeou contra o
governo abolicionista, desde os clubes secretos da lavoura até às
mancomunações de corredores, desde as vilanias sorrateiras até as
declarações apopléticas, desde as verrinas de antagonismo
parlamentar até o sussurro das conspirações de porão, desde a
babugem das lesmas subalternas até a esfuziada e contínua dos
pelotões mamelucos”.
O projeto de Souza Dantas caiu e com ele caiu também o gabinete, mas,
quatro anos mais tarde, viria a lei definitiva de 13 de maio. Os senhores de
escravos e seus agentes no Parlamento e na imprensa não puderam por mais
tempo barrar o curso da história.
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Inclusão: 05/07/2021
https://www.marxists.org/portugues/astrojildo/1946/05/11.htm 4/4