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Ordem internacional liberal em apuros?

INTRODUÇÃO

Inicialmente o texto nos expõem à duvida da verdadeira existência de uma ordem internacional liberal,
suas fraquezas/falhas numa hegemonia unipolar dominada pelo EUA (estado democrata liberal) desde a
Segunda Guerra Mundial.
 A ordem da Guerra Fria, "ordem internacional liberal", não era nem liberal nem internacional,
limitada ao Ocidente
 A ordem pós-Guerra Fria - liberal e internacional (“a disseminação da democracia liberal” -
difícil e não realizáveis, causa de conflitos)

A ordem liberal e internacional pós-Guerra Fria estava fadada ao fracasso dentro de uma lógica da
Teoria Realista.
Pois faz entrar em conflito o nacionalismo (com considerações domésticas) e o globalismo ou
hiperglobalismo (com o seu “profundo compromisso com fronteiras livres”).

A hipergloabalização (que buscou minimizar as barreiras ao comércio e aos investimentos globais)


implicou em todo o mundo liberal:
 perda de empregos
 redução de salários
 aumento da desigualdade de renda

Por outro lado uma economia hiperglobalizada ajuda os países “além do unipolar, a se tornarem mais
poderosos, o que pode minar a unipolaridade e acabar com a ordem liberal”.

Para Mearsheimer a ascensão (económica, militar…) da China, juntamente com o renascimento do poder
russo, encerrou a era unipolar. Vendo assim emergência do mundo multipolar. Mesmo si o autor um
dado momento fala mas precisamente de um mundo bipolar entre Estados Unidos e a China, que
liderarão até mesmo os problemas comuns globais, como a mudança climática através de diferentes
instituições e tratados (ONU, OTAN, FMI, Pacto de Varsóvia, Acordo de Paris)

Nos nossos dias constatamos a interconetividade (económica, politica, cultural, climática, alianças
militares…). O autor defende uma “distribuição global de poder” (4° paragrafo). O texto nos fala que
existe (várias) ordens e que elas são necessárias para a interações entre os Estados (modernos) que são
independentes mas pode possuir interesses comuns.

AS ORDENS

Uma ordem internacional é necessária para gerenciar as relações interestatais num mundo altamente
interdependente. E deve incluir todas as grandes potências do mundo, no ideal
todos os países do sistema. As ordens internacionais podem organizar: realista, agnóstica ou ideológica
(incluindo a liberal). A questão fundamental é se o sistema é bipolar, multipolar ou unipolar. Se for
unipolar, a ideologia política do Estado dominante também é importante para determinar o tipo de ordem
internacional que se forma. No entanto, na bipolaridade e na multipolaridade, a ideologia política das
grandes potências é praticamente irrelevante.

Por outro lado, as ordens limitadas consistem em um conjunto de instituições que têm um número
limitado de membros aderentes. Elas não incluem todas as grandes potências e geralmente têm escopo
regional. As ordens limitadas são projetadas principalmente para permitir que as grandes potências rivais
disputem entre si a segurança, e não para promover a cooperação entre elas.

As ordens limitadas e internacionais, que operam lado a lado em um mundo realista.


A ordem será realista se o sistema for bipolar ou multipolar. Se houver duas ou mais grandes potências
no mundo, elas terão pouca escolha a não ser agir de acordo com os ditames realistas e se envolver em
uma competição de segurança entre si. O objetivo é ganhar poder às custas de seus adversários, mas, se
isso não for possível, garantir que o equilíbrio de poder não se desloque contra elas. Nessas
circunstâncias, as considerações ideológicas estão subordinadas às considerações de segurança. Isso seria
verdade mesmo se todas as grandes potências fossem Estados liberais.
As instituições que compõem essas ordens realistas - sejam elas internacionais ou limitadas - podem, às
vezes, ter características que são consistentes com os valores liberais, mas isso não é evidência de que a
ordem seja liberal.

O mundo unipolar não pode ser realista, não há petição de segurança, deste modo não interessa as ordens
limitadas que são projetadas para travar uma competição de segurança.

Na unipolaridade, uma ordem internacional pode assumir uma de duas formas: agnóstica ou ideológica
(depende, então, se têm ideologia universalista ou não). Se ideológica o polo único tentará disseminar
sua ideologia e refazer o mundo à sua própria imagem.

O liberalismo contém uma vertente universalista, que decorre de sua ênfase na importância dos
direitos individuais (individualista - cada pessoa tem um conjunto de direitos inalienáveis ou
naturais).
O Estado dominante no sistema obviamente deve ser uma democracia liberal e deve ter influência
nas principais instituições (compostas por outras democracias liberais - economicamente engajadas
por conjuntos de regras comuns) que compõem a ordem, numa economia mundial amplamente
aberta. Com objetivo de difundir a democracia e promover intercâmbio econômico e criar instituições
internacionais poderosas e eficazes, livre de guerras e gerará prosperidade para todos os seus
estados-membros.

O comunismo é outra ideologia universalista que poderia servir de base para a criação de uma
ordem ideológica internacional. O marxismo compartilha algumas semelhanças importantes com o
liberalismo ambos empenhados em transformar o mundo. Como diz John Gray, "ideologias… que
esperam uma civilização universal".
A dimensão universalista do comunismo baseia-se no conceito de classe, não de direitos. Marx e
seus seguidores sustentam que as classes sociais transcendem os grupos nacionais e as fronteiras
estatais. O mais importante é que eles argumentam que a exploração capitalista não é uma questão de
classe.

Sem a ideologia universalista e imposição dos valores políticos a ordem internacional será
agnóstica. Mas a potência dominante estaria profundamente envolvida tanto no gerenciamento das
instituições que compõem a ordem internacional quanto na moldagem da economia mundial para que
se ajustasse aos seus próprios interesses. No entanto, ele não estaria comprometido em moldar a
política local em escala global. Em vez disso, o polo único seria mais tolerante e pragmático em suas
relações com outros países. Se a Rússia, com seu sistema político atual, viesse a se tornar um unipolo,
o sistema internacional seria agnóstico, pois a Rússia não é movida por uma ideologia universalista.
O mesmo se aplica à China, onde a principal fonte de legitimidade do regime é o nacionalismo, não o
comunismo.

Uma terceira maneira de categorizar as ordens - sejam elas internacionais ou limitadas - é concentrar-
se na amplitude e na profundidade de sua cobertura das áreas mais importantes da atividade estatal.
Em relação à abrangência, a questão central é se uma ordem tem algum efeito sobre as principais
atividades econômicas e militares de seus estados-membros. Com relação à profundidade, a principal
questão é se as instituições da ordem exercem influência significativa sobre as ações de seus estados-
membros.

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