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século XVIII e XIX - LIBERALIsMO

LINHA DE TEMPO:
1. O surgimento do socialismo e a sua crítica ao Estado Liberal; 1 Guerra Mundial; crise dos anos 20; Crash da bolsa de 29; O New Deal de
Rooselvelt; O Keynesianismo; A emergência dos Estados Totalitários; Os países fascistas: Alemanha e Itália; A União Soviética de Stalin;
2 Guerra Mundial; Guerra fria; progressiva inclusão de questões da agenda social/trabalhista; Fim da Guerra Fria e a vitória do Estado
Liberal democrático; O neoliberalismo e a reforma do Estado.
LIBERALISMO: Para compreendermos o surgimento do Estado liberal, é necessário antes de mais nada compreendermos o surgimento do
liberalismo. O Liberalismo, em termos gerais, é a crença que o objetivo máximo da política é o de preservar os direitos individuais e o de maximizar
a liberdade de escolha. O liberalismo emerge da conjunção de três fatores: Iluminismo, Revolução Industrial e das revoluções políticas do século 17
e 18. Primado do privado sobre o público: consequência do surgimento do Estado Liberal. Ocorrem os limites dos poderes do Estado (Estado de
Direito) e os limites das suas funções (Estado mínimo).
● Definição Estado de Direito: Estado em que os poderes públicos são regulados por normas gerais e devem ser exercidos no âmbito das leis
que o regulam, salvo o direito do cidadão de recorrer a um juiz independente para que seja reconhecido e refutado o abuso de poder.
Neste contexto histórico, o debate entre a superioridade do governo das leis e a superioridade do governo dos homens acaba com a vitória do
primeiro. No Estado absolutista enquanto o soberano não estava sujeito às leis positivas que ele próprio emanava, mas estava sujeito às leis divinas
ou naturais e às leis fundamentais, no Estado Liberal verifica-se a constitucionalização dos direitos naturais, ou seja, a transformação desses direitos
em direitos jurídicos e logo, assegurados e protegidos.
Sobre a revolução - Hannah Arendt: A obra examina duas revoluções principais na história moderna: a Revolução Americana de 1776 e a
Revolução Francesa de 1789. A obra é uma reflexão profunda sobre os dilemas políticos enfrentados pelos movimentos revolucionários e as
consequências de suas escolhas.
INTRODUÇÃO: GUERRA E REVOLUÇÃO
● Arendt começa discutindo o significado da palavra "revolução": revolução significa começar algo novo, criar um novo começo, é uma
novidade histórica. Ela discute como as revoluções do século XX fracassaram em criar algo novo e caíram em padrões conhecidos. As
revoluções se tornaram um meio para fins políticos em vez de um novo começo. 0 aparecimento da liberdade. Liberdade diferente
Libertação. têm o potencial de transformar radicalmente a sociedade.
Natureza conflituosa da revolução: Arendt argumenta que a revolução é inerentemente conflituosa e tumultuosa. Ela descreve como as revoluções
muitas vezes envolvem a quebra das estruturas de poder existentes, levando a um estado de guerra civil e agitação.
Consequências da guerra revolucionária: A autora discute as consequências da guerra que frequentemente acompanham as revoluções. Isso inclui a
destruição física, a desintegração social e as mudanças drásticas na ordem política.
A tensão entre liberdade e autoridade: Arendt aborda a tensão entre a busca pela liberdade e a necessidade de autoridade durante as revoluções. Ela
destaca como encontrar um equilíbrio adequado entre esses elementos é um desafio fundamental.
● Arendt afirma que a Revolução Americana e a Revolução Francesa foram as únicas revoluções que criaram algo novo. Elas fundaram
novas instituições políticas baseadas nos princípios da liberdade e da igualdade. Enquanto a Revolução Russa de 1917, apesar de ter
grandes ideias, fracassou em criar algo novo e caiu em padrões totalitários. Isso porque a revolução russa se baseou em uma ideologia, em
vez de princípios políticos. Para uma revolução ser bem-sucedida, ela precisa criar novas instituições políticas duradouras baseadas em
princípios, não em ideologias.
Hannah Arendt acreditava que revolução e guerra eram dois fenômenos distintos, mas muitas vezes eram confundidos.
Arendt argumentou que a revolução era uma força positiva para a mudança, pois permitia a criação de novas estruturas políticas e o empoderamento
de grupos oprimidos. No entanto, ela também reconheceu que a revolução poderia levar à violência e destruição se não estivesse fundamentada em
um senso de responsabilidade e um compromisso com valores democráticos. A guerra, por outro lado, era sempre destrutiva e nunca poderia ser
justificada como um meio para um fim. Essa confusão entre guerra e revolução, minava a possibilidade de uma mudança política genuína.

A Crise Liberal e a Ascensão do totalitarismo

"Origens do Totalitarismo" é uma obra publicada em 1951. O livro examina as raízes e o desenvolvimento do totalitarismo no século XX, focando
especialmente no nazismo na Alemanha e no stalinismo na União Soviética. Totalitarismo não é movimento nacional mas internacionalista. É um
movimento ilimitado pois ele dá um significado para a vida das pessoas, e esse significado não pode terminar do nada, ele deve ser seguido de outras
formas. Prefácio: como o totalitarismo funciona em prática.
Arendt argumenta que o totalitarismo é uma forma muito perigosa de governo porque é baseado na ideia de que o ser humano não é um indivíduo
com seus próprios pensamentos e sentimentos, mas apenas uma peça na máquina do Estado. Arendt analisa as raízes do totalitarismo nazista e
stalinista, argumentando que ambos compartilhavam características fundamentais. Ela argumenta que o totalitarismo é uma forma única e terrível de
governo que procura controlar todos os aspectos da vida humana e esmagar a individualidade.
O livro é dividido em três partes: "Antissemitismo“ ; "Imperialismo" e "Totalitarismo": A primeira parte analisa as origens do antissemitismo
moderno. Arendt argumenta que o antissemitismo não é apenas preconceito, mas uma ideologia política.
A segunda parte examina o imperialismo europeu do século XIX e como isso levou ao declínio do Estado-nação e à crise da autoridade. Isso criou
um vácuo de poder que o totalitarismo procurou preencher.
A terceira descreve em detalhes como o totalitarismo nazista e stalinista emergiu e operou. Arendt descreve como o totalitarismo busca o domínio
total sobre a esfera pública e privada, esmagando a vontade individual e a dissidência.
3 elementos chaves do totalitarismo:
1. Ideologia: regimes totalitários são baseados em um única e abrangente ideologia que é utilizada para justificar as ações do regime;
2. Terror: regimes totalitários utilizam o terror para controlar e oprimir a população;
3. criação de movimentos de massa: regimes totalitários procuram mobilizar a população inteira para atingir os objetivos do regime.
o que é importante em nosso contexto é que o governo totalitário é diferente das tiranias e das ditaduras

O Pensamento dos EUA das Relações Internacionais na Guerra Fria


Neorrealismo
Kenneth Waltz, um dos proponentes mais proeminentes do neorrealismo, apresentou suas ideias fundamentais em seu livro "Teoria da Política
Internacional", publicado em 1979. Waltz parte da premissa de que o sistema internacional é anárquico, o que significa que não há uma autoridade
central que governa as interações entre os estados. Waltz argumenta que os sistemas bipolares são mais estáveis do que os sistemas multipolares. Ele
acredita que, em um sistema bipolar, os estados têm mais clareza sobre quem são seus aliados e inimigos potenciais, o que reduz a incerteza e a
probabilidade de conflito. O neorrealismo de Waltz assume que os estados agem de maneira racional, buscando garantir sua segurança em um
ambiente anárquico.
NEOLIBERALISMO (70/80)
Instituições Internacionais facilitam a cooperação entre os Estados. A cooperação é difícil em condições anárquicas mas as instituições permitem aos
Estados superarem os entraves de ação coletiva. A questão central do neoliberalismo é como as instituições podem ser redesenhadas para obter
resultados cooperativos mais eficientes. Neoliberais e Neorealistas (Waltz) concordam que a cooperação internacional é difícil de obter dentro de um
cenário constante de incerteza e medo. Perspectiva Estadocêntrica: Estados são atores maximizadores de utilidade e racionais. Estados tomam
decisões de acordo com suas prioridades e de acordo com uma análise estratégica de custo-benefício em relação a escolhas/decisões, reações e
resultados. Benefícios coletivos podem ser obtidos através de um maior uso da razão humana. Em comparação com o realismo, os neoliberais
possuem uma maior esperança na habilidade humana de obter resultados coletivos positivos, como promover a liberdade, paz, prosperidade e justiça
em escala global. A estrutura ou desenho de instituições internacionais possui um importante papel para determinar em que medida os objetivos
coletivos podem ser alcançados.
Os neoliberais argumentam que o ambiente anárquico imposto por Estados egoístas não impede necessariamente a cooperação no sistema
internacional. Para os Neoliberais anarquia é uma espécie de vácuo que vai sendo gradualmente preenchido por processos e instituições criadas por
humanos. A anarquia é reduzida ao longo do tempo. Os desenvolvimentos históricos do século XX fizeram com que o realismo se mostrasse
inadequado para explicar a política global contemporânea. Para os Neorrealistas anarquia é uma condição ou ambiente no qual os humanos buscam
sobreviver. Como reflexo, guerra e competição entre os Estados.
Desdobramentos Históricos
1. O aumento da interdependência em função dos avanços na tecnologia e na indústria. Alguns exemplos que obrigam os Estados a cooperar:
meio-ambiente, saúde, refugiados e imigração.
2. O período de estabilidade hegemônica que os EUA providenciaram no pós-II GM. O sistema das Nações Unidas, que serviu de guarda-chuva para
diversas iniciativas de cooperação. Economia capitalista e sistema de livre comércio com instituições formais como o FMI.
3. Mesmo que o poder relativo dos EUA tenha declinado, a interdependência providência incentivos estratégicos e racionais para Estados
continuarem cooperando. (KEOHANE)
4. Cooperação e em particular, cooperação econômica, pode ser obtida num sistema internacional anárquico na ausência ou declínio do hegemon.

DESAFIOS PARA A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: Ausência de informação ou transparência. Incentivos para “trapacear” e medo de ser
trapaceado. Instituições Internacionais incentivam a interação e providenciam informações acerca das intenções dos demais países, mitigando graças
a transparência, o medo dos Estados serem “trapaceados” em ações colaborativas. Neoliberais estudam quais desenhos de instituições são mais
efetivos para evitar “trapaças”.
Dificuldades para o desenho de instituições: Poder relativo e Barganha; Traição;“ carona”; Autonomia/soberania.
KEOHANE:
● Keohane argumenta que a interdependência global está em ascensão, e os Estados estão cada vez mais ligados entre si através de uma rede
complexa de relações econômicas, políticas e sociais. Essa interdependência crescente desafia as abordagens tradicionais que enfatizam a
autonomia e a soberania dos Estados.
Na política mundial, a interdependência se refere a situações caracterizadas por efeitos recíprocos entre países ou entre atores em diferentes países.
Esses efeitos muitas vezes resultam de transações internacionais - fluxos de dinheiro, bens, pessoas e mensagens através das fronteiras
internacionais. A interdependência estratégica entre a União Soviética e os Estados Unidos, decorria da ameaça mútua de destruição nuclear.
O poder pode ser considerado como a capacidade de um ator fazer com que os outros façam algo que eles não fariam de outra forma.
● Keohane distingue entre três tipos de interdependência: (a) interdependência econômica, que envolve a dependência mútua nas transações
econômicas; (b) interdependência social, que se refere à interação em questões culturais e sociais; e (c) interdependência política, que
surge quando os Estados estão ligados por acordos políticos formais.
● Keohane propõe a ideia de regimes internacionais como mecanismos que facilitam a cooperação entre Estados em um ambiente de
interdependência.
Para entender o papel do poder na interdependência, devemos distinguir entre duas dimensões: sensibilidade e vulnerabilidade. A sensibilidade
envolve quão rapidamente as mudanças em um país resultam em mudanças custosas em outro e quão grandes são os efeitos custosos. A
vulnerabilidade pode ser definida como a capacidade de um ator de sofrer custos impostos por eventos externos mesmo depois que as políticas foram
alteradas.
Pensamento Soviético das Relações Internacionais na Guerra Fria
KISSINGER: Na perspectiva de Nixon e seus assessores, a melhor estratégia era demonstrar que a capacidade da União Soviética de fomentar crises
não se equiparava à sua habilidade em solucioná-las.
Na busca desse objetivo, os Estados Unidos adotaram duas políticas complementares: bloquear todos os movimentos árabes resultantes do apoio
militar soviético ou que envolvessem uma ameaça militar soviética e assumir o processo de paz, quando a frustração com o impasse levara alguns
importantes líderes árabes a se dissociarem da União Soviética e voltarem-se para os Estados Unidos. Essas condições emergiram após a Guerra do
Oriente Médio, de 1973. A estratégia americana baseava- se na ideia de que a União Soviética precisava chegar à escolha de separar-se dos seus
clientes árabes radicais ou aceitar a redução de sua influência. No final, essa estratégia cortou a influência soviética e deixou os Estados Unidos
centrais na diplomacia do Oriente Médio.
Lênin: imperialismo, estágio superior do capitalismo: Para Lenin, o imperialismo é a fase superior do capitalismo, caracterizada pela
concentração de capitais, formação de monopólios e expansão territorial das potências capitalistas. Segundo ele, o imperialismo surge quando o
capitalismo atinge um estágio de desenvolvimento em que a competição entre as empresas se intensifica e leva à formação de monopólios. Esses
monopólios buscam expandir seus mercados e controlar recursos naturais em todo o mundo, resultando em uma divisão territorial entre as potências
imperialistas. O imperialismo também envolve a exportação de capitais para investimentos em outros países, visando obter lucros e explorar mão de
obra mais barata. Lenin argumenta que o imperialismo gera contradições e crises inerentes ao sistema capitalista, além de intensificar a luta de
classes entre a burguesia e o proletariado. Ele defende que a única solução para acabar com o imperialismo é a revolução socialista.

PERSPECTIVAS MARXISTAS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:


Enquanto realistas e liberais são retratados na política internacional de maneira a refletir as páginas da imprensa tradicional, teorias marxistas se
propõe a revelar uma verdade mais profunda: guerras, tratados, missões humanitárias, são decorrentes da estrutura capitalista do sistema
internacional, ou seja, as estruturas dos sistema capitalista global. Em síntese, para os marxistas, a política internacional só pode ser compreendida
em um sentido mais amplo no qual opera o capitalismo global. O conceito materialista da história: processos de transformação históricos refletem os
desenvolvimentos econômicos da sociedade. O desenvolvimento econômico é o motor da história. A dinâmica central identificada por Marx é a
tensão entre os meios e as relações de produção no capitalismo.
Teoria Crítica: movimento de inspiração marxista de filosofia política e econômica associado originalmente com a Escola de Frankfurt.
A teoria crítica possui como objetivo revelar a ideologia que falsamente justifica alguma forma de opressão econômica e/ou política para contribuir
justamente com o fim da opressão. Enquanto Marx manteve o foco concentrado na esfera econômica, os teóricos críticos estenderam as suas análises
para as esferas políticas e sociais. A importância da Teoria Crítica para as Relações Internacionais deriva do seu foco na análise dos efeitos do poder
sobre diferentes atores em controlarem suas próprias circunstâncias, além de providenciar um ímpeto para a ação política prática em desafiar,
confrontar e romper com as relações de poder existentes.
Novo Marxismo: Teoria dos Novos Marxistas acerca do Estado é construída diretamente sobre a perspectiva de classe da sociedade. O Estado não é
um ator imparcial que procura equilibrar as demandas de vários grupos sociais, mas é o meio pelo qual uma classe assegura seu domínio sobre as
demais. Considera amplas influências sociais e culturais que perpetuam a opressão da classe trabalhadora e se desloca da dimensão doméstica para a
internacional ao tratar de questões relacionadas à exploração, dominação e marginalização.
TEORIA DO SISTEMA MUNDO: Teoria do Sistema Mundo podem ser compreendidas como desdobramentos do trabalho de Lenin sobre o
Imperialismo e a Escola Latino Americana da Teoria da Dependência. Para tanto, o autor argumenta que a história testemunhou dois tipos de
sistemas mundiais: impérios mundiais e economias mundiais. A distinção é baseada na distribuição de recursos. O moderno sistema mundo é um
exemplo da economia global. O sistema emergiu na Europa e subsequentemente abrangeu o planeta por inteiro. O seu motor central é o capitalismo e
as interações entre centro-periferia-semi-periferia.
Pensamento brasileiro das Relações Internacionais na Guerra Fria
GOLBERY:
Para ele, no mundo contemporâneo, em que, com a nova situação da Guerra Fria, “não se sabe mais distinguir onde começa e onde termina a guerra”
(1952b), a estratégia torna-se uma política de segurança nacional. Neste contexto surge a necessidade da geopolítica, como fornecedora de
informações para que o governo tome as decisões políticas em relação aos objetivos e aos meios de alcançá-los.
O general Golbery é ferrenho defensor do planejamento econômico estatal , e crítico do liberalismo econômico clássico.
Quanto à visão das relações internacionais, nenhuma dificuldade temos para classificar Golbery entre os realistas . Para ele, o panorama
internacional continua a ser uma “paisagem anárquica”, apesar de todos os esforços em contrário; e a base da sociedade internacional é e continuará
a ser o Estado, que age através do poder.
Golbery discute o poder nacional em termos de potencial de guerra; o Estado forte é aquele que vence, e, por ampliação, aquele que tem condições
de vencer. Embora nesse campo o potencial militar e econômico seja fundamental, não estão descartadas outras formas de poder, como o poder
ideológico e o poder psicossocial.
descreva a Guerra Fria como uma luta entre “a civilização cristã do Ocidente e o materialismo comunista do Oriente”.
Para Golbery, uma “terceira posição” ou “neutralismo” é incompreensível: trata-se de uma disputa que a todos afeta, em especial à América Latina e
ao Brasil, integrantes do Ocidente ainda que periféricos , e da qual portanto não podemos nos retirar. Para esses países, buscar uma terceira via, como
o não alinhamento, não seria mais uma das estratégias abertas aos Estados na busca de seus interesses; seria uma traição aos valores da civilização
ocidental.
Também para o Brasil, a ameaça militar comunista é a principal. Diz o general que ela “sobreleva, inegavelmente, a quaisquer outras”
Os objetivos geopolíticos internacionais do Brasil, frente a essa ameaça, seriam então (a) combater o subdesenvolvimento, de preferência com o
apoio dos Estados Unidos.
Hélio Jaguaribe: autonomia versus dependência. Independência nacional; autodeterminação; universalidade e diversidade das relações exteriores;
solução pacífica de controvérsia; imperativo do desenvolvimento; inserção externa lastreada na integração sul-americana; superação da inserção
periférica na economia mundial. Em Nacionalismo na Atualidade Brasileira, de 1958, Helio Jaguaribe considera o nacionalismo brasileiro uma
“ideologia vaga, sem formulação teórica e carregada de contradições, que teria surgido antes de sua própria teoria, da caracterização de
seus fins e de seus planos”.O pensador adverte que somente logram eficácia histórica os movimentos que atingem suficiente grau de formulação e de
racionalidade. Trata de quatro temas: o nacionalismo no Brasil; o petróleo e a Petrobras; o capital estrangeiro; a política exterior brasileira.
Lula: visão nacionalista do Brasil, complementada pelo pleno desenvolvimento
socioeconômico e pela inserção internacional soberana. Defendeu pioneiramente a aliança do Brasil com a Argentina e a Integração da América do
Sul, bem como a diversificação de nossa relação com o mundo. [...] a preservação da autonomia é requisito absolutamente fundamental para que este
País tenha um destino próprio.
A nova política exterior brasileira, dentro do sistema sul‑americano que venha a ser instituído, deverá estreitar ainda mais suas relações econômicas e
culturais com os Estados Unidos. Na medida mesma que o fortalecimento internacional do Brasil e dos demais países sul americanos lhes permitir
negociar em termos de igualdade com os Estados Unidos, deverão ser expandidas as relações comerciais e ampliados os financiamentos para a área.

A TEORIA DA DEPENDÊNCIA - THEOTÔNIO DOS SANTOS:


DEPENDÊNCIA: Situações em que a economia de certos países é condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outra economia à qual está
subordinada (Países Desenvolvidos, PD)
INTERDEPENDÊNCIA: quando 2 ou mais economias se relacionam com o comércio internacional.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS: O SURGIMENTO DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO: A América Latina sente-se identificada com as
aspirações de independência econômica dos antigos povos coloniais e deseja também uma independência política real diante das pressões
diplomáticas e intervenções políticas e militares diretas da Inglaterra, sobretudo até 1930, e dos Estados Unidos. A modernidade deveria ser encarada
como um estágio social que todos os povos deveriam atingir, pois correspondia ao pleno desenvolvimento da sociedade democrática. Surge “teoria
do desenvolvimento”. conceber o desenvolvimento como a adoção de normas de comportamento, atitudes e valores identificados com a
racionalidade econômica moderna, caracterizada pela busca da produtividade máxima, a geração de poupança e a criação de investimentos que
levassem à acumulação da riqueza. A teoria do desenvolvimento buscou localizar os obstáculos à plena implantação da modernidade e definir os
instrumentos de intervenção, capazes de aproximar cada sociedade existente desta sociedade ideal. se considerava a sociedade moderna, que nascera
na Europa e se afirmava nos Estados Unidos da América, como um ideal a alcançar e uma meta sócio política a conquistar. Isto ficou mais evidente
com a necessidade de propor políticas coerentes de desenvolvimento que visassem elevar toda a população do mundo ao nível dos países
desenvolvidos, que haviam alcançado este estágio “superior” de organização social.Teoria de Desenvolvimento Capitalista admite a existência de
uma dependência “externa”. Relações comerciais baseadas em controle monopolístico do mercado implica em transferência do excedente/surplus
obtido nos PEDs aos PDs (dominantes) – REMESSA DE LUCROS. Para os países dependentes essas relações representam um dreno de lucros e
juros que carrega parte do excedente gerado internamente e leva a uma perda de controle sobre os recursos produtivos. Isso é chamado de
desenvolvimento combinado – desigualdades e transferência de recursos dos setores mais dependentes e atrasados para os mais avançados e
dominantes -- isso explica a desigualdade, aprofunda-a e transforma-a em um elemento estrutural e necessário para a economia mundial.
A TEORIA DA DEPENDÊNCIA: surgiu na América Latina nos anos 60, tenta explicar as novas característica do desenvolvimento dependente, que
já havia se implantado nestes países. Desde os anos 30, eles haviam se orientado na direção da industrialização caracterizada pela substituição de
produtos importados. Em seguida, restabelecia-se, através da hegemonia norte-americana, a integração da economia mundial. O capital, concentrado
então nos EUA, expandiu para o resto do mundo, na busca de oportunidades de investimento que se concentraram no setor industrial. A
oportunidade de um novo ciclo expansivo da economia mundial exigia a expansão destas características econômicas ao nível planetário. Era esta a
tarefa que o capital internacional assumia tendo como base de operação a enorme economia norte-americana e seu poderoso Estado Nacional, além
de um sistema de instituições internacionais estabelecido em Bretton Woods. a indústria nos países dependentes e coloniais serviu de base para o
novo desenvolvimento industrial do pós-guerra e terminou se articulando com o movimento de expansão do capital internacional, cujo núcleo eram
as empresas multinacionais criadas nas décadas de 40 a 60. a teoria da dependência, surgida na segunda metade da década de 1960-70, representou
um esforço crítico para compreender a limitação de um desenvolvimento iniciado num período histórico em que a economia mundial estava já
constituída sob a hegemonia de enormes grupos econômicos e poderosas forças imperialistas, mesmo quando uma parte deles entrava em crise e
abria oportunidade para o processo de descolonização. Eles resumem em quatro pontos as idéias centrais que os vários componentes da escola da
dependência defendem: i) O subdesenvolvimento está conectado de maneira estreita com a expansão dos países industrializados; ii) O
desenvolvimento e o subdesenvolvimento são aspectos diferentes do mesmo processo universal; iii) O subdesenvolvimento não pode ser considerado
como a condição primeira para um processo evolucionista; iv) A dependência, contudo, não é só um fenômeno externo mas ela se manifesta também
sob diferentes formas na estrutura interna (social, ideológica e política)”.
No período pós-guerra uma forma nova de dependência se consolidou, baseada em corporações multinacionais que começaram a investir em
industrias orientadas para o desenvolvimento do mercado interno dos PEDs. Esta forma de dependência é basicamente tecnológica-industrial
(1) dependência colonial: exportação de produtos in natura, aliança do capital financeira e comercial com o Estado colonialista dominou
relações econômicas entre Europa e as colônias – comércio monopolista, complementado por posse de terras, mineração, mão de obra servil ou
escrava nos países colonizados.
(2) dependência financeira-industrial, consolidada no final do século 19, caracterizada pela dominação do grande K no centros hegemônicos, e
expansão no estrangeiro através de investimentos na produção de matéria prima e produção agrícola para consumo nos centros hegemônicos.

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