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DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA

Há a possibilidade da realização da democracia num momento em que


todo o tempo da vida, ou grande parte dele é tempo de trabalho,
sobrando poucas horas para a reflexão e tomada de consciência,
capazes de restituírem a humanidade do homem?

Demos significa povo, distrito; kratos significa


domínio, poder
DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA

unicamp.br/cienciaemrevista/2015/04/16/divulga-leitura-revolucao-americana-e-historia/
A concepção de democracia moderna ressurgiu a
partir do século XVIII, com as revoluções
burguesas que derrubaram as monarquias
absolutistas (as principais referências são a
Revolução Americana de 1776 e Revolução
Francesa de 1789).
Com as revoluções passou-se a defender o
princípio da cidadania, onde as pessoas, A tela retrata George Washington, um dos
principais líderes da Revolução
progressivamente deixaram de ser súditas Americana, cruzando o rio Delaware,
durante a Batalha de Trenton. Batizada
subordinados a um rei, para se transformarem como “Washington Crossing the
em cidadãos. Delaware”, é de autoria de Emanuel
Gottlieb Leutze, e foi pintada em 1851.
DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA
➔ Todos os votos têm o mesmo peso e os eleitores são livres para exercer o
seu direito segundo a sua própria opinião, frente a uma disputa livre,
honesta e pacífica entre partidos políticos que pleiteiam os cargos
representativos;

➔ Vencem as eleições os partidos e/ou candidatos que atingirem a maioria


numérica dos votos (ainda que possam ser estabelecidos diferentes
critérios para se determinar a maioria);

➔ As decisões tomadas pela maioria não podem ameaçar os direitos básicos


das minorias.
“Na institucionalização da universalização do voto, curiosamente,
se cria a democracia representativa e que, neste caso particular,
cada indivíduo atua isoladamente, portanto já não é o corpo social
que aparece em primeiro plano. É a ideia de “povo” como
abstração que emerge. Substitui-se, assim, uma prática cujos
termos deveriam estar assentados na coletividade. É desse modo
que a política despolitiza a sociedade e é também dessa maneira
que fica patente a diferença entre a democracia grega (mesmo
com algumas de suas restrições) considerada ativa e direta em
relação às democracias modernas, agora consideradas indiretas e
passivas, marcando a primazia da junção entre poder político e
poder econômico.”
WOOD, Ellen Meiksins. Democracia contra o Capitalismo: a renovação do materialismo histórico. São Paulo: Boitempo, 2010. DESVELANDO A DEMOCRACIA
NO ÂMBITO DA VIDA COTIDIANA por Luciano Ximenes Aragão
Na sociedade capitalista a posição socioeconômica não
afeta nosso direito a cidadania.

Porém, essa igualdade cívica não faz com que sejamos de


fato iguais, pois não afeta a desigualdade de classes.
ATIVIDADE 05 min

Estudante, com base no que estudamos, estabeleça as diferenças entre


democracia direta e representativa e escreva em seu caderno, fazendo
uma síntese para preencher um quadro como o mostrado abaixo.

Democracia Direta Democracia Representativa


HANNAH ARENDT E A BANALIDADE DO MAL

• Totalitarismo e a banalidade do mal


• Você já pensou sobre o que faz
alguém obedecer ordens ou seguir
determinada ideologia?
• Ideologia: Totalidade das formas
de consciência social, o que
abrange o sistema de ideias que
legitima o poder econômico da
classe dominante (ideologia
burguesa) e o que expressa os
interesses revolucionários da
classe dominada (ideologia
proletária)
Hannah Arendt foi uma filósofa e teórica política
contemporânea. De origem judaica, nasceu em
Hannover, na Alemanha e vivenciou os horrores
da política de perseguição aos judeus durante o
governo de Adolf Hitler. Quando a perseguição
nazista aos judeus começou Arendt se exilou
em Paris.

Seu principal trabalho é As Origens do


Totalitarismo, publicado em 1951, no qual busca
compreender o fenômeno do totalitarismo como
um problema filosófico.

O totalitarismo é um sistema político em que o


Estado tem controle absoluto sobre todos os
aspectos da vida dos cidadãos, incluindo a
economia, a cultura e a mídia. O governo
totalitário é caracterizado pela concentração do
poder nas mãos de uma única pessoa ou partido
Segundo Arendt, o
totalitarismo é a elevação
de dois fenômenos: o
medo e o terror. A fusão
desses dois elementos
levou a criação de um
sistema extremamente
burocrático em que o
Estado total transformou a
coletividade em um único
corpo.
A propaganda não é apenas uma forma de
comunicação que busca persuadir as pessoas a
adotar determinada visão de mundo ou a apoiar
determinado regime político. Ela é, sobretudo, uma
forma de criar realidades fictícias que substituem a
experiência direta e a verdade dos fatos.

Hannah Arendt identificou


o desenvolvimento de
técnicas de propaganda
para disseminação da
ideologia e manipulação
das massas:
UMA REFLEXÃO: A BANALIDADE DO MAL
• Arendt foi a Jerusalém em 1961 para assistir o julgamento de Adolf Eichmann, que durante o governo
nazista teve participação ativa no extermínio dos judeus.
• A filósofa elaborou o conceito de banalidade do mal. Eichmann, um dos responsáveis pela solução final,
não é olhado como um monstro, mas apenas como um funcionário zeloso que foi incapaz de resistir às
ordens que recebeu. No pensamento da autora, o mal torna-se assim banal.

• Ao analisar esse personagem, Arendt defende a ideia de que


quando menos politizados e críticos forem os indivíduos, mais
completamente se deixarão sujeitar às regras cujos
fundamentos não buscam conhecer.

• Assim a autora alerta para o risco de reaparecimento de


movimentos totalitários, em especial com o ressurgimento de
ideias xenófobas, racistas e ultraconservadoras.

Foi um SS-Obersturmbannführer (tenente-coronel) da Alemanha Nazista, e um dos principais


organizadores do Holocausto. Eichmann foi designado pelo SS-Obergruppenführer (
general/tenente-general) Reinhard Heydrich para gerir a logística das deportações em massa dos judeus
para os guetos e campos de extermínio das zonas ocupadas pelos alemães no Leste Europeu durante a
Segunda Guerra Mundial. Em 1960, foi capturado na Argentina pela Mossad, o serviço secreto de Israel.
Após um julgamento de grande publicidade em Israel, foi considerado culpado por crimes de guerra e
O conceito de "banalidade do mal" se refere à ideia de que a maldade
extrema e os atos terríveis não são exclusivamente cometidos por
indivíduos psicopáticos ou monstruosos, mas podem ser perpetrados
por pessoas comuns que seguem ordens e cumprem suas funções
burocráticas sem questionamento moral. Arendt argumenta que
Eichmann não era um monstro, mas um burocrata obediente que estava
disposto a realizar as tarefas mais cruéis em nome do regime nazista.
• Uma das críticas que são frequentemente direcionadas a ela é sua comparação entre o nazismo e o
stalinismo. Arendt argumentou que ambos os sistemas totalitários compartilhavam algumas
características essenciais, como a criação de um ambiente de terror, a instrumentalização do Estado para
fins de controle absoluto e a supressão das liberdades individuais. No entanto, essa comparação entre o
nazismo e o stalinismo também foi alvo de críticas.

• Diferenças ideológicas: Muitos críticos argumentam que o nazismo e o stalinismo tinham fundamentos
ideológicos e objetivos muito diferentes. O nazismo era baseado em ideias de superioridade racial e busca
de dominação territorial, enquanto o stalinismo estava ligado a uma visão de comunismo internacional e
luta de classes. Argumenta-se que as motivações subjacentes eram distintas e não podem ser igualadas
• Escala de atrocidades
• Contexto histórico
• Enfoque nas vítimas
• Complexidade política e social
É importante lembrar que o socialismo não é um sistema monolítico, e os regimes
socialistas variaram em sua natureza, abordagem e impacto. Nem todos os
regimes socialistas foram igualmente repressivos
“Stalinismo” nunca existiu de fato, pois não se trata de uma corrente específica
que trabalha uma própria interpretação do marxismo. Além disso, não foram os
supostos devotos de Stalin que criaram o “stalinismo”, reivindicando uma
interpretação própria do socialismo e de Marx, na realidade, o termo foi forjado
pelo anticomunismo com o único intuito de, em meio a uma guerra de narrativas,
pintar a democracia burguesa (do tipo norte-americana) como a única alternativa
possível; e nisso, Hannah Arendt está diretamente envolvida.
• “Esse subtítulo talvez pareça um pouco conspiracionista, mas é fato que Hannah Arendt foi
financiada pela CIA, não só ela, mas muitos outros intelectuais que demonstravam ter um bom
potencial anticomunista. No livro Quem Pagou a Conta da historiadora e jornalista britânica Frances
Saunders, é explorado justamente essa questão de a agência norte-americana utilizar-se dos escritos
de intelectuais influentes para propagandear anticomunismo em todo o Ocidente. Para ser justa, nem
todas as pessoas financiadas sabiam, diretamente, que estavam sendo cooptadas pela CIA;”
• “Obviamente os escritos de Hannah Arendt, assim como tudo nessa vida, possuem um viés
ideológico, mas o jeito que ela escreve sua obra, possibilita essa transformação de seus escritos em
“universais” e “não ideológicos”. Melhor dizendo, Arendt intencionalmente quis que seus conceitos
parecessem neutros e que se tratassem de uma defesa universal da democracia, pois isso faria com
que eles fossem mais facilmente aceitos e amplamente divulgados.”

Por que parte da esquerda abraça a conservadora Hannah Arendt? Por Verônica Maria Domingues
• Cartaz com
mensagens racistas e
xenófobas em
Portugal

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